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13/02/10
• Telebrás, Eletronet e PNBL (173) - Um pequeno "fato irrelevante" no Plano de Banda Larga da Austrália
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br,
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 13 de fevereiro de 2010 19:10
assunto Telebrás, Eletronet e PNBL (173) - Um pequeno "fato irrelevante" no
Plano de Banda Larga da Austrália
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
- Fala baixo, disfarça, esquece, faz de conta
que não sabe... :-)
Todo mundo já passou por isso em alguma tipo de conversa com amigos.
É o caso do Plano de Banda Larga da Austrália.
"Vira e mexe, algum representante do Poder Executivo
brasileiro cita a iniciativa do governo australiano, que decidiu criar uma
empresa estatal para universalizar a banda larga, para justificar a intenção de
usar a Telebrás como a nova empresa estatal de comunicação de dados."
Alguns figurões da República foram até lá pra conferir.
"O Secretário de Logística e Informática do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, um dos principais articuladores do movimento
pró-uma rede pública de telecom do governo, o secretário da Secretaria de
Política de Informática do MCT, Augusto Gadelha, e o conselheiro da Anatel,
Plínio Aguiar, estiveram na Austrália, para conhecer o projeto de rede estatal,
desenvolvido pelo Poder Executivo.
Mas tem um pequeno detalhe, provavelmente
irrelevante, que muita gente sabe mas não toca no assunto. "Caluda!" diriam
jurássicos como eu... :-)
Sem mais suspense lá vai, tirado de um artigo do Tele.Síntese:
(...) Na Austrália, já foi decidido também
que, após cinco anos de pleno funcionamento como empresa estatal, essa
“vendedora de capacidade de rede” será privatizada (...)
Pois é, a "Telebrás australiana" já nasceu com data certa de privatização.
Um belo "pulo do gato" democrático. Ou seria um "salto do canguru"? :-)
02.
De qualquer modo, vamos lembrar ou conhecer o Plano Australiano, OK? :-)
Aqui estão os "posts" sobre o tema e mais abaixo os artigos enfocados:
30/09/09
•
Telebrás e Eletronet: de novo... (75) -Tele.Síntese: "Telebrás e a Austrália" +
"O PL 29 e o Plano Nacional de Banda Larga"
20/07/09
•
Telebrás e Eletronet: de novo... (54) - Mais uma "fonte": "... de fato, uma Nova
Telebrás está sendo criada" + "Governo conhece projeto 'Telebrás' da Austrália"
30/11/09
•
Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (100) - Artigo sobre "Plano de
Banda Larga da Austrália": "Modelo canguru" - por Samuel Possebon
Comentários? Análises? Reflexões?
Ao debate!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
------------------------------
Fonte: Tele.Síntese
[28/09/09]
Telebrás e a Austrália - por
Miriam Aquino
Recentemente, o assessor especial da Presidência da República, Cezar Alvarez, em
evento do setor de telecomunicação, afirmava que aqueles que eram contrários à
reativação de uma empresa estatal de comunicação de dados o faziam apenas por
questões ideológicas, e não por razões objetivas.Como não tenho problemas
ideológicos em relação a empresas estatais, vou apresentar algumas preocupações
sobre essa proposta.
Acho que precisa ser melhor definida a missão desta nova empresa. A explicação
de que ela irá fazer o transporte de comunicação de dados do governo, porque são
informações estratégicas, não convence. Afinal, o que há de estratégico nas
informações do INSS, do SUS e de outras instituições do governo que migrarão
para esta rede? Se forem estratégicas, não poderão ficar nesta rede e terão que
ter uma rede privativa, como os militares têm a banda X, dos satélites, de sua
exclusiva utilização.
Se o governo quisesse uma rede própria para levar o Estado aonde ele não existe,
aí, sim, seria uma medida fantástica. Quem mais precisa de atenção ou tem que
pagar pela internet nas lans houses espalhadas pelo país, ou, o pior, tem que se
deslocar para a capital do estado para poder tirar um documento.
A questão, contudo, é que esta rede, conforme as notícias veiculadas, irá
começar nas grandes cidades – São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte – exatamente onde funcionam as sedes das instituições que “tiram
documento”; e justamente nas cidades onde existe uma grande quantidade de cabos
de redes privadas, que poderiam ser alugados numa mega-licitação unificada e,
consequentemente, o preço cair muito.
Austrália
Vira e mexe, algum representante do Poder Executivo brasileiro cita a iniciativa
do governo australiano, que decidiu criar uma empresa estatal para universalizar
a banda larga, para justificar a intenção de usar a Telebrás como a nova empresa
estatal de comunicação de dados.
Mas a única coincidência entre o modelo australiano e a vontade brasileira está
no fato de se querer contar com uma empresa estatal. Fora isto, não há nada
parecido entre os dois modelos.
Na Austrália, duas são as premissas para justificar os investimentos de US$ 48
bilhões: o Estado definiu que vai levar banda larga para todo o seu vasto país
(quase do tamanho territorial do Brasil, mas com muito menor densidade
populacional) a 100 Mbps e estabeleceu que esta rede estatal só poderá vender no
atacado. Ou seja, a infraestrutura será estatal, mas a oferta do serviço ao
cliente final será feita por empresas privadas.
No Brasil, a Telebrás começa a prestar serviço para o próprio governo, proposta
completamente diferente do modelo australiano. No futuro, o que se imagina é que
a Telebrás começará a prestar serviços, de governo, também para a população,
sabe-se lá a que velocidades. A nossa estatal vai estar ausente dos rincões e
locais mais afastados, onde não há mercado, mas há Brasil.
Na Austrália, já foi decidido também que, após cinco anos
de pleno funcionamento como empresa estatal, essa “vendedora de capacidade de
rede” será privatizada.
Há quem diga no governo brasileiro que a intenção, no futuro, é fazer com que
essa Telebrás também venda capacidade para novos entrantes, proposta que será
preciso ver para crer. Em todo o mundo é bem complexa a operação para fazer com
que uma mesma empresa que vende o serviço de telecom venda também a sua
capacidade de rede para competidores.
E por aqui, uma estatal nunca foi recriada com a intenção de ser privatizada
depois, o que remete a uma grande quantidade de perguntas:
-Esta estatal irá se submeter à lei de licitações, a 8666, e colocar a sua
eficiência em risco?
-A Telebrás e as suas subsidárias foram vendidas com mais de 100 mil
funcionários.A estatal vai terceirizar a sua mão-de-obra? Vai contratar quantos
profissionais?
-No orçamento de 2010 não há ainda um tostão sequer para essa nova rede, que não
se constrói com os R$ 250 milhões alocados este ano para a Telebrás. Haverá
força política para injetar mais recursos? Qual será a fonte do financiamento? O
dinheiro do Fust, que é recolhido pelas operadoras privadas de telecomunicações,
poderá ser usado para isto?
-A Telebrás, que nunca morreu, tem até hoje ações em bolsa. O governo vai
recriar uma estatal estratégica cujo capital estrangeiro pode deter até 49% das
ações?
Essas são algumas das inúmeras questões que precisam estar no debate.
---------------------------
Fonte: Revista Teletime
[Out 2009]
Modelo canguru - por Samuel Possebon
A discussão sobre um Plano Nacional de Banda Larga não é uma nova no mundo.
Muitos são os casos de políticas públicas voltadas ao fomento do mercado de
Internet. Algumas já têm quase uma década, como as implementadas na Coreia
do Sul, que em 2000 viu seu governo investir cerca de US$ 3 bilhões no
financiamento de empresas que quisessem prover acesso banda larga. O
resultado foi espantoso. Em 2002 a Coréia já tinha 50% dos lares cobertos
por redes banda larga. Hoje esse número já passa de 95%, segundo dados da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com uma
penetração do serviço de banda larga de 33 por cem habitantes. Naquela
época, poucos foram os países do mundo que deram prioridade à banda larga em
suas políticas.
Mas existe um novo movimento, uma nova onda de implementação de políticas
públicas de banda larga que parece estar varrendo o mundo, e é nesse
contexto que o Brasil se encontra. Existem quase duas dezenas de países que
apresentaram planos específicos para o desenvolvimento de sua plataforma de
banda larga e onde as políticas estão em fase de implementação. O
interessante dessa onda é que ela marca um movimento similar ao que
aconteceu nos anos 90, quando todos os países passaram a adotar políticas
públicas para as telecomunicações. Naquele momento, modelos baseados na
privatização de monopólios estatais eram regra. Na onda da banda larga
atual, contudo, o que se percebe é um movimento em que a atuação estatal
ganha força, seja como operador ou investidor na implantação das políticas.
Outra característica interessante é que as políticas que se apresentam no
momento atual surgem também como uma resposta à crise econômica global
enfrentada a partir de setembro de 2008 e que só agora começa a dar sinais
de arrefecimento. Estas políticas parecem, de maneira geral, buscar uma
resposta à necessidade de fortalecimento econômico dos países e a diminuição
das defasagens digitais.
TELETIME analisará, nas próximas edições, alguns casos específicos de
políticas que estão sendo adotadas em diferentes países. Nesta edição,
analisaremos o modelo que está sendo implementado no fomento ao mercado de
banda larga da Austrália, um país desenvolvido social e economicamente, mas
que enfrenta desafios importantes no que diz respeito à competição e à
universalização dos serviços, dada sua gigantesca extensão territorial e
desigualdades econômicas entre as diferentes regiões. Além disso, o modelo
australiano é um dos que estão sendo observados pelas diferentes instâncias
do governo que, ainda de maneira dispersa, trabalham na formulação das
primeiras linhas do que será o Plano Nacional de Banda Larga.
A discussão sobre um novo modelo de telecomunicações na Austrália com ênfase
na questão digital está colocada desde 2007. Naquela ocasião, a mudança de
governo se deu com eleições em que a política para a banda larga ocupou um
eixo importante da campanha do grupo vencedor.
Investimentos
A proposta efetivamente foi colocada em 2008, e no último dia 15 de setembro
ganhou a forma de um pacote de mudanças regulatórias que visam implementar o
novo modelo. Em linhas gerais, o governo australiano pretende criar uma rede
nacional de banda larga National Broadband Network (NBB) e para isso está
criando uma estatal que consumirá investimentos da ordem de 42 bilhões de
dólares australianos, o que equivale a R$ 65 bilhões, garantidos pelo
governo. Essa estatal construirá uma rede aberta e que fornecerá capacidade
banda larga no atacado, para ser explorada por empresas privadas que queiram
prestar o serviço para empresas e residências. No futuro, a ideia é vender a
estatal, e nada impede que ela receba, já na primeira fase, aportes de
investidores privados. O que existe é a garantia de investimentos do estado,
que será o principal acionista e pretende vender a sua parte a partir do
quinto ano em que a rede estiver construída e operacional. Essa presença
estatal determinada por tanto tempo se deve, segundo o governo, a uma
necessidade de garantir que a rede será aberta a concorrentes e oferecida no
atacado como forma de equilibrar a competição.
A rede será baseada em fibra óptica e busca atender não apenas às
necessidades atuais da Austrália (que está em 18º lugar do ranking de países
com maior penetração de banda larga analisados pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mas, sobretudo, as necessidades
futuras.
Esta rede de fibra deve chegar em 90% dos lares e empresas daquele país no
prazo de oito anos a partir do início da construção, a partir de julho de
2010. A velocidade mínima pretendida é de 100 Mbps e a tecnologia já
definida pelo governo é a de FTTP (Fiber to the Premises), por ser
considerada a mais eficiente e mais adequada ao princípio de uma rede
aberta. Nas áreas rurais e remotas o acesso será wireless e por satélites,
com velocidades de 12 Mbps. Haverá uma separação estrutural plena, e o
governo não entrará na oferta do serviço, só da infraestrutura. Outro
aspecto interessante é que a rede começará a ser implementada em todas as
regiões do país simultaneamente, e não apenas pelas áreas mais concentradas
em termos populacionais. Mas a prioridade serão justamente as chamadas
“manchas negras”, onde a infraestrutura de banda larga é pouca ou
inexistente.
Haverá, também, uma ampla reforma regulatória revendo alguns aspectos
vigentes no modelo australiano de telecomunicações desde 1997, quando o
monopólio estatal foi privatizado. Essa é considerada, pelo governo, a maior
reforma no marco regulatório das telecomunicações que o país vive nos
últimos 20 anos.
A análise do governo daquele país é que o modelo implementado gerou
excessiva concentração de mercado, com um predomínio da incumbent Telstra na
oferta de rede de par trançado em quase todos os lares, controle da maior
rede HFC (TV a cabo), 50% da Foxtel (principal operadora de cabo do país).
Existem ainda vários pequenos operadores locais e quatro operadores móveis
que atendem todo o país, incluindo a própria Telstra.
O governo australiano lê os indicadores de penetração, preço e capacidade de
suas redes banda larga em comparação aos pares em países desenvolvidos e
diz, claramente, que está ficando para trás. A rede nacional de banda larga,
ou NBN, como está sendo chamada a nova empresa, visa justamente reverter
esse quadro.
Tele estatal vs. tele privada
O governo entende que o modelo regulatório existente dá margem para manobras
protelatórias à entrada de novos competidores e também dá à Telstra
capacidade de concentrar excessivamente o mercado. Por isso, uma das ideias
propostas nas mudanças regulatórias é obrigar uma separação funcional da
incumbent, em que fiquem claras as relações entre os diferentes serviços
prestados pela empresa e a infraestrutura controlada por ela, e assim
garantir condições isonômicas a concorrentes.
Outra preocupação é assegurar na legislação mecanismos para que a
infraestrutura de banda larga possa ser rapidamente construída, o que
envolve direitos de passagem em propriedades privadas e estatais e acesso a
postes e dutos. Tudo isso será flexibilizado na legislação.
Para a montagem da empresa que explorará a NBN, o governo determinou também
estudos de governança para a administração da empresa e modelos de
financiamento que permitam a atração de capital privado. O órgão antitruste
australiano, a ACCC, será o responsável por assegurar as condições de acesso
da infraestrutura estatal.
Também as operadoras privadas deverão enfrentar novas regras concorrenciais.
Há uma preocupação muito grande do governo com a morosidade e complexidade
na solução dos impasses concorrenciais, que em geral passam por longos
processos de arbitragem. O objetivo é reformar a regulamentação para
permitir maior agilidade das autoridades na solução dos impasses e para
desencorajar a Telstra de recorrer a meca¬nismos regulatórios visando
simplesmente protelar a atuação de competidores. A Telstra, hoje, está
submetida a um regime de separação operacional, ou seja, cada serviço
precisa ser prestado por uma divisão diferente da empresa. A ideia é
expandir essa obrigação para a separação funcional, em que a oferta de rede
precisa ser feita por uma empresa para a própria incumbent, e para as
concorrentes precisa ser feita por uma empresa separada. A separação
estrutural, em que a empresa de infraestrutura e a prestadora de serviços
precisam ser separadas (como acontecerá com a rede estatal) também é uma
opção que a Telstra poderá seguir voluntariamente na proposta de reforma
regulatória, ou será forçada à separação funcional.
Outra discussão é a possibilidade de a Telstra investir em redes de banda
larga concorrentes à sua ou mesmo a possibilidade dela controlar redes de
cabo como faz atualmente, por exemplo. Com isso, a incumbent teria que sair
desses investimentos. A ideia é que a Telstra não possa adquirir mais
espectro caso mantenha os investimentos atuais em redes de cabo e banda
larga
A reforma regulatória também passa por uma discussão sobre alocação do
espectro, especialmente a reserva de parte das frequências para que possam
ser utilizadas pela NBN, assim como uma discussão sobre o escopo do serviço
universal. Uma das propostas é expandir este escopo para a banda larga e
serviços móveis.
Essa reforma que a Austrália terá de promover também visa ajustar a situação
futura, com a presença de uma rede estatal, à legislação vigente. Hoje, por
exemplo, as tarifas de uso de rede para o atacado são reguladas, o que pode
não fazer mais sentido se houver uma opção estatal competitiva.
Do ponto de vista da Telstra, o pacote de reformas desagradou. Em um
comunicado à imprensa o presidente da operadora, David Thodey, deixa claro o
descontentamento da empresa: “Embora estejamos desapontados que o governo
tenha sentido a necessidade de introduzir essa nova legislação, estamos
comprometidos em encontrar uma solução que agrade a indústria, o país, a
Telstra e os nossos acionistas. Muitos aspectos do pacote regulatório são
desnecessários diante do surgimento da National Broadband Network, ideia
apoiada pela Telstra”, diz o executivo.
Já o senador Stephen Conroy, responsável pelo Ministério da Banda Larga,
Comunicações e Economia Digital da Austrália, disse que “as reformas
propostas endereçam problemas no modelo que há muito tempo se colocam, e que
objetivam a redução de preços, a melhoria da qualidade e a introdução de
serviços mais inovadores”.
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