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25/02/10
• Telebrás, Eletronet e PNBL (190) - Texto contundente do jornalista Carlos Alberto Sardenberg + Matérias de hoje do Estadão, Tele.Síntese, Blog do Noblat e Blog do Leonardo Araujo
Olá, ComUnidade
WirelessBRASIL!
01.
Transcrevo mais abaixo, um texto corajoso e contundente do jornalista
Carlos Alberto Sardenberg:
Fonte: A Varanda - Origem: O Globo
[25/02/10]
Novos cotistas - por Carlos Alberto Sardenberg
02.
Antes...
O que se segue é um texto de ficção, com base nas linhas e entrelinhas
do noticiário.
Não recebi contribuições de "fontes anônimas" nem de "gargantas profundas". E
se tivesse recebido, mesmo não sendo jornalista, não as revelaria, nem sob
tortura... :-))
...............................
O "governo" (outra "peça de
ficção" no momento pois o país está literalmente desgovernado) e o "comando da
campanha" tomaram um susto daqueles com a recente exposição na mídia do
PNBL, em elaboração secreta, e dos bastidores nebulosos da Telebrás e da
Eletronet.
A pressão sobre a "equipe de planejamento" aumentou e está no limite do
suportável.
Na medida em que a mídia começa a fazer um trabalho investigativo todos tomam
consciência das dificuldades legais quase insuperáveis - pelo menos no curto
prazo - para fazer um PNBL centrado numa ressurrecta Telebrás e nas fibras
acesas e apagadas da quase finada Eletronet.
O PNBL apresentado na reunião do dia 10 simplesmente não avança devido à estas
dificuldades e agora, a ordem é tentar equacionar tudo para o lançamento nos
dias úteis da Semana Santa, para evitar muito repercussão.
O "comando da campanha" decidiu atuar na mídia e na blogosfera "amiga e
simpatizante" de modo a evitar mais repercussões, numa espécie de "pauta
negativa".
Melhor do que contra-atacar, é silenciar, obsequiosamente.
O "bloco" governista na Câmara e no Senado inicia articulações para desativar
tentativas de convocações de autoridades, audiências públicas e aberturas de
CPIs.
Abre-se uma nova frente de preocupação: a Anatel, que ensaia uma participação
mais ativa no PNBL.
E a CVM está também sob forte pressão pois as investigações envolvem empresas vinculadas ao governo e as eventuais sanções serão contra autoridades tagarelas, incluindo o Presidente, cujas declarações causam fortes movimentos nas bolsas de valores.
Dentro do governo começa a ser avaliada seriamente a possibilidade de um PNBL sem Telebrás...
...........................................
Como disse, para não deixar dúvidas, o texto acima é pura ficção, um mero exercício de especulação e de premonição. :-)) :-))
03.
Outras transcrições:
Fonte: Estadão
[25/02/10]
Sócio da Eletronet pode ser beneficiado - por Renato Cruz
Fonte: Último Segundo -
Origem: Estadão
[25/02/10]
Governo dá como certo retorno da rede óptica - por Renato Andrade
Fonte: Último Segundo -
Origem: Estadão
[25/02/10]
Dívida da Eletronet não está definida, diz Mantega - por Raquel Massote
Fonte: Clipping MP -
Origem: Estadão
[25/02/10] ''Os
sócios da Eletronet não vão receber nada'' (Entrevista com Luís Inácio
Adams: advogado-geral da União) - por Renato Andrade
Recorte:
(...) Num cenário hipotético, se o governo lançar o plano de banda larga
hoje, ele já poderia utilizar a rede de fibras ópticas?
É claro que não é tão simples assim, mas, se o governo decidir lançar o plano, a
rede está disponível para isso. (...)
Fonte: Tele.Síntese
[25/02/10]
Credores contestam AGU e negam depósito de caução por Eletronet
Recorte:
(...) Segundo ele, os autos do processo foram verificados na tarde de ontem e
"não há caução feita no processo". A caução foi estabelecida pela Justiça do
Rio, que acatou petição dos credores e fixou o valor em R$ 270 milhões para que
as empresas do sistema Telebrás retomassem a posse da rede da Eletronet.
O advogado diz que tampouco houve a imissão na posse da rede de fibras ópticas,
que continua sendo operada pela Eletronet. (...)
Fonte: Blog do Noblat
[25/02/10]
Eletronet quase foi ressuscitada
04.
Para formar opinião, completem suas leituras no
Blog do Leonardo
Araujo:
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: A Varanda -
Origem: O Globo
[25/02/10]
Novos cotistas - Carlos Alberto Sardenberg
No tempo em que as siderúrgicas eram estatais, lá pelos anos 70 e 80, um dos
grandes negócios da praça era ter uma cota de venda de aço. O dono da cota era o
intermediário entre a estatal e o comprador, obviamente ganhando uma comissão
por isso. Na teoria, se dizia que os intermediários eram especialistas nesse
mercado, sabendo como colocar a mercadoria em melhores condições.
Na prática, o sujeito ganhava o direito de vender tantas toneladas de aço,
montava um escritoriozinho e colocava lá uma pessoa para atender telefone, o que
não era fácil, dada a escassez de linhas, então também operadas por estatais.
Como se ganhava a cota? Não, não era concurso, nem licitação, nem outro método
imparcial. Era uma escolha dos donos do poder.
Na última terça-feira, José Dirceu, defendendo-se da denúncia de estar fazendo
lobby para um empresário, no caso Telebrás, disse que tudo se explicava pela
“oposição política e ideológica” ao plano do governo Lula de recriar uma grande
tele estatal.
Solicitado a especificar essa oposição, disse: “Evidentemente existe interesse
das telefônicas, das TVs abertas, porque do quê estamos falando? De um mercado
de bilhões e bilhões de reais. Vamos supor que se crie a Telebrás. Se as
empresas do governo passam a trabalhar com a Telebrás, [isso] sai das empresas
de telefonia.
É disso que se trata a discussão.” O presidente Lula já havia anunciado sua
disposição de restabelecer a Telebrás com o objetivo de entregar banda larga
mais barata no país todo, pois entende que as empresas privadas não dão conta
desse objetivo.
Disse ainda que as privadas teriam que concorrer com a estatal.
Isso, claro, levanta questões importantes.
A primeira delas: em quais condições se dará essa competição? Sabe-se, por
exemplo, que um imenso obstáculo para o barateamento da banda larga — e das
comunicações em geral — está nos impostos elevados pagos pelo setor. Há impostos
pesados sobre os equipamentos — inclusive no modem — e sobre os serviços.
A estatal pagaria os mesmos impostos? Disputaria os clientes em igualdade de
condições? O comentário de Dirceu acrescentou outra questão, enorme. Levanta a
hipótese de que o governo pode determinar às suas empresas que contratem
exclusivamente a Telebrás para seus sistemas de comunicação, o que retiraria das
privadas o tal mercado “de bilhões e bilhões de reais”.
Analistas dizem que isso não seria possível, pois as empresas públicas estariam
obrigadas a abrir licitação para contratar tais serviços, e que estatais e
privadas deveriam ser tratadas igualmente nesses processos.
Mas, convenhamos. Se for para criar uma Telebrás que funcione com as mesmas
regras, restrições e impostos das companhias privadas, disputando “mano a mano”,
para quê fazê-lo? Começa que a competição será difícil — as outras já estão aí,
equipadas e funcionando — e a estatal, tendo de seguir as determinações do TCU,
por exemplo, estará, na verdade, em desvantagem.
Por outro lado, convenhamos, Dirceu é um quadro bem informado.
Além disso, a hipótese que ele levantou faz sentido com outras ações do governo,
como a ampliação dos poderes da Petrobras e a exclusividade, sem competição,
para explorar o pré-sal.
Por que não faria a mesma coisa com uma super-Telebrás, sobretudo neste momento
em que o governo, o PT e sua candidata estão anunciando o”Estado forte” e criam
estatais?
Na verdade, todo esse caso Telebrás é um sinal do que se está criando: uma
mistura de governo e seu imenso poder com um cipoal de interesses privados, dos
“novos cotistas”, o pessoal que consegue, digamos, trabalhar com o Estado e suas
companhias.
Mesmo que não haja roubalheira, haverá um vício insanável para a eficiência da
economia em geral: contatos em Brasília valerão mais que uma produção
competitiva.
Numa economia de mercado, o Estado tem o papel de regular, fiscalizar, induzir e
prestar serviços públicos essenciais. Quando há estatais, estas têm que ser
separadas do governo de plantão e submetidas a regras de atuação claras e
equilibradas com o setor privado.
O que se está fazendo aqui é uma economia de negócios — uma mistura de governo e
interesses privados, determinados interesses. É a pior combinação. E a que dá
mais dinheiro para quem está por dentro.
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Fonte: Estadão
[25/02/10]
Sócio da Eletronet pode ser beneficiado - por Renato Cruz
Empresa sem dívidas traria possibilidade de ganhos
O principal argumento dos credores no processo de falência da Eletronet é que a
empresa, apesar de ter sido criada com 51% de participação da americana AES e
49% da Eletrobrás, é uma empresa pública. O principal argumento para isso é que
a AES foi afastada da gestão após deixar de fazer os aportes previstos em
contrato e, quando foi declarada a autofalência da companhia, quem estava no seu
comando era a Lightpar, empresa da Eletrobrás.
Caso esse argumento vingue, o processo de falência da Eletronet deixará de
existir, porque uma estatal não poderia ter feito o pedido de autofalência.
Dessa forma, o governo arcaria com as dívidas.
O Nelson dos Santos, que comprou a participação da AES por R$ 1, ficaria com uma
empresa saneada, pronta para ser vendida, ou poderia acabar vendendo a sua
participação de volta ao governo.
As dívidas da Eletronet estão em cerca de R$ 800 milhões. A Furukawa e a Alcatel
Lucent, que forneceram equipamentos e cabos para a operadora, têm cerca de 80%
do total. A caução exigida pela Justiça seria usada para cobrir a dívida.
Segundo Domingos Refinetti, advogado da Furukawa, ainda não foi depositada a
caução. "Não constam dos autos nem a caução nem a posse das fibras para o
governo."
A Eletronet tem uma rede de 16 mil quilômetros de fibras ópticas, que cobrem 18
Estados. Várias operadoras privadas estudaram a compra da Eletronet, sem fechar
negócio. "Estivemos analisando a aquisição muito tempo atrás, antes de eu voltar
para o Brasil", afirmou Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica.
Valente assumiu o comando da operação brasileira há três anos. Anteriormente,
foi presidente da subsidiária peruana da Telefônica. Segundo ele, o negócio não
foi para a frente porque a situação era complicada.
"Digo isso pelo processo de falência", explicou o executivo, acrescentando que
não tem conhecimento das implicações políticas divulgadas nos últimos dias. Para
Valente, a possibilidade de usar a infraestrutura da Eletronet para ampliar a
oferta de banda larga no País é "muito positiva, pelo menos em termos técnicos".
Ele disse que a Oi, a Embratel, a Intelig e a GVT (que comprou a Geodex) têm
redes nacionais comparáveis à rede da Eletronet, mas hoje é muito difícil
avaliar a situação da rede da operadora falida.
Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, afirmou que "a Eletronet não era
considerado um bom negócio desde que foi criada, há 10 anos".
Segundo o consultor, isso decorre do valor que precisaria ser pago às empresas
da Eletrobrás pelo direito de uso da infraestrutura, caso o governo deixasse de
ser acionista da empresa.
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Fonte: Último Segundo - Origem: Estadão
[25/02/10]
Governo dá como certo retorno da rede óptica - por Renato Andrade
A retomada do controle da rede de fibras ópticas da Eletronet é considerada fato
consumado pelo governo. Com isso, o Palácio do Planalto remove um dos entraves
para lançar o plano de oferta de serviços de internet por banda larga pública.
Para o governo, a solução também acaba com as especulações de possíveis
favorecimentos aos acionistas da empresa que atualmente administra a rede, como
o empresário Nelson dos Santos, que pagou ao ex-ministro José Dirceu R$ 620 mil
por serviços de consultoria.
O governo se apoia em um contrato assinado em 1999 pela Eletrobrás e a
Eletronet, empresa criada naquele ano para gerir a rede de fibra óptica que se
encontra em processo de falência. Segundo o advogado-geral da União, Luís Inácio
Adams, o documento deixa claro que a Eletronet tinha só o direito de uso dos
cabos. Na eventualidade de sua falência, a rede seria retomada pelas centrais
elétricas federais, efetivas proprietárias dos 16 mil quilômetros de cabos de
fibras ópticas que correm por 18 Estados.
Segundo Adams, os sócios da Eletronet não terão ganhos financeiros com a
revitalização da Telebrás. "Os sócios da Eletronet não vão receber nada.
Especular que esse rapaz (Nelson dos Santos) vai receber uma fatia de R$ 200
milhões é absolutamente inverídico", disse.
O objetivo central do contrato assinado em 1999 era garantir o "direito de
acesso" da Eletronet à infraestrutura de cabos ópticos do sistema de transmissão
de energia. Na época, o governo Fernando Henrique Cardoso considerou que a
empresa poderia aproveitar o sistema para transmitir dados de outras empresas, o
que renderia recursos para os cofres públicos. Os problemas financeiros da AES,
parceira da Eletrobrás no negócio, inviabilizaram a empresa, que entrou com um
pedido de autofalência em 2003, processo que se arrasta até hoje.
Uma das cláusulas do contrato garantiu às centrais elétricas (Furnas, Chesf,
Eletronorte e Eletrosul) que o documento seria rescindido em caso de falência da
empresa e uma das consequências da rescisão seria o retorno imediato dos bens
para os antigos gerenciadores da rede. "Objetivamente, esse patrimônio pertence
ao sistema elétrico. A Eletronet tinha, não têm, um contrato de cessão onerosa
em que teria a competência de administrar toda a rede", afirmou Adams.
PORTA FECHADA
Apesar das discussões na Justiça sobre as dívidas da Eletronet, Adams acredita
que a partir do momento em que o governo decidiu retomar o controle da rede,
evitando a recuperação da empresa, foram fechadas todas as possibilidades de
algum ganho para os sócios da companhia.
Na terça-feira, a Folha de S. Paulo afirmou que uma possível recuperação da
Eletronet poderia render a Nelson dos Santos cerca de R$ 200 milhões. Anos
atrás, com a empresa já falida, ele pagou R$ 1 para virar sócio da Eletronet.
"A única alternativa para ele poder receber isso seria, eventualmente, a
Eletronet sair da falência, o que não é sequer cogitado", afirmou Adams. A
incorporação da empresa pela Telebrás numa possível revitalização da estatal
para conduzir o plano de banda larga também seria outra possibilidade de ganho
para Santos, mas o titular da AGU garantiu que essa também não é uma
alternativa.
Segundo o advogado Márcio André Mendes da Costa, contratado pelas centrais
elétricas no processo de falência da Eletronet, o governo quase favoreceu o
ex-cliente de Dirceu. "O governo quase entrou numa roubada, mesmo", disse.
Segundo ele, em 2006 havia uma orientação para que o governo usasse uma estatal
para assumir o pagamento dos fornecedores da Eletronet e suspender a falência.
Alertado pela AGU, em 2007, o governo mudou de estratégia e enterrou as
possibilidades de ganho para os sócios da empresa falida. As informações são do
jornal O Estado de S.Paulo.
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Fonte: Último Segundo - Origem: Estadão
[25/02/10]
Dívida da Eletronet não está definida, diz Mantega - por Raquel Massote
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem, ao ser questionado se o
governo pretende assumir dívida da Eletronet, avaliada em R$ 800 milhões, que
"não há definição sobre essa questão". O principal ativo da empresa, que está em
processo de falência, são 16 mil quilômetros de fibras óticas que poderiam ser
utilizadas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), do governo federal, que
incluiria a reativação da Telebrás.
O ministro foi também questionado sobre as denúncias de que a reativação da
estatal de telefonia favoreceria o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu.
Segundo essas denúncias, Dirceu teria prestado consultoria à Star Overseas, que
possui atualmente participação na Eletronet. "Não tenho informações sobre esse
assunto", disse Mantega, que participou de almoço, ao lado do presidente da
República em exercício, José Alencar, oferecido pela Associação Comercial de
Minas.
A falência da Eletronet foi pedida em março de 2003 pela Lightpar, holding de
participações da Eletrobrás, que tinha 49% do bloco de controle da empresa, ao
lado do grupo americano AES, com 51%. Na época, a empresa americana, em crise de
liquidez, vendeu sua fatia por R$ 1 ao empresário Nelson dos Santos, dono da
Star Overseas, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
Desde que a falência foi decretada, os credores da Eletronet tentam receber a
dívida de cerca de R$ 800 milhões. Juntas, as fornecedoras de equipamentos de
telecomunicações Furukawa e Alcatel-Lucent respondem por 80% dos débitos, o que
equivale a R$ 600 milhões.
Em dezembro de 2009, a Justiça do Rio concedeu ao governo o direito de utilizar
as fibras ópticas da Eletronet. A Advocacia-Geral da União informou que o
governo retomou na Justiça apenas a posse da rede de cabos e não a dívida da
empresa falida, e depositou uma caução de R$ 270 milhões, em títulos públicos,
respeitando decisão judicial de junho de 2008.
No entanto, os credores afirmam que o depósito ainda não foi realizado.
Recentemente, os advogados dos credores encaminharam à Justiça petição
solicitando que as redes sejam liberadas somente após o pagamento. As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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Fonte: Clipping MP - Origem: Estadão
[25/02/10] ''Os
sócios da Eletronet não vão receber nada'' (Entrevista com Luís Inácio
Adams: advogado-geral da União) - por Renato Andrade
Advocacia-Geral da União admite, porém, que credores da Eletronet podem receber
'alguma coisa' como pagamento
A Advocacia-Geral da União (AGU) está segura de que os cabos de fibra óptica
administrados pela Eletronet são propriedade das centrais elétricas federais e o
processo de falência da empresa não resultará em despesas a serem assumidas
pelos cofres públicos. Nesta entrevista ao Estado, o titular da AGU, Luís Inácio
Adams, reconhece que os credores têm direito a receber "alguma coisa" da
Eletronet, mas ressalta que os sócios da companhia, incluído o empresário Nelson
dos Santos, não vão receber "nada" quando o processo de falência for concluído.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Em algum momento o governo cogitou a ideia de recuperar a Eletronet ou
incorporar a empresa à estatal que conduzirá o plano de banda larga?
No início se avaliaram várias possibilidades, inclusive levantar a falência, mas
no decorrer do exame identificamos que a rede de fibra óptica, que era o
interesse principal desse processo - porque é ela que viabiliza o projeto de
banda larga público - não pertencia à Eletronet. Pertencia, sim, às empresas do
setor elétrico.
A possibilidade de suspender a falência e recuperar a Eletronet ainda está no
radar do governo?
Não está. A AGU disse ao governo, em 2007, que, se o objetivo era tomar a posse
da rede, contratualmente esses cabos já pertenciam à União. A decisão do governo
foi dar prosseguimento ao que estava garantido no contrato.
As empresas credoras argumentam que as dívidas da Eletronet somam R$ 800
milhões. Esse valor é correto? O governo terá de assumir parte dessa despesa?
Como a AGU não atua no processo de falência, não temos essa informação, mas o
governo não assume a dívida. Não se pode negar que existe o crédito dos credores
da Eletronet. Eles têm direito a receber alguma coisa. Pode não ser o quanto
eles pretendem, mas eles têm direito a receber alguma coisa da massa falida.
Os sócios da empresa vão faturar alguma coisa?
Esse é um ponto que tem que ficar claro. Temos os credores da Eletronet e os
sócios. São coisas totalmente diferentes. Os sócios não vão receber nada desse
processo.
Existe alguma possibilidade de os sócios receberem algum recurso?
A única alternativa seria, eventualmente, a Eletronet sair da falência, o que
não é sequer cogitado como alternativa. Não há como levantar a falência hoje.
Isso só aconteceria se o valor do patrimônio fosse superior ao valor a ser pago
aos credores.
A incorporação da Eletronet pela futura gestora da rede também seria uma
alternativa de ganho para os sócios, não?
Mas essa não é uma alternativa. A alternativa adotada foi retomar o patrimônio
nos termos do contrato existente. Com o pagamento dos credores, não vai sobrar
um centavo. Na eventualidade de sobrar algum dinheiro, esse recurso poderia ser
repartido entre os sócios, mas seria a primeira falência na história em que isso
iria acontecer.
O governo já fez a caução das garantias para retomada da rede?
A caução já foi dada. São títulos que o sistema elétrico tem e foram prestados
em garantia junto à massa falida. Essa garantia não é pagamento. Ao final da
discussão sobre as pretensões dos credores, se elas forem acatadas, a caução
será apropriada para pagamento.
Num cenário hipotético, se o governo lançar o plano de banda larga hoje, ele
já poderia utilizar a rede de fibras ópticas?
É claro que não é tão simples assim, mas, se o governo decidir lançar o plano, a
rede está disponível para isso.
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Fonte: Tele.Síntese
[25/02/10]
Credores contestam AGU e negam depósito de caução por Eletronet
Os credores da Eletronet contestam a informação divulgada esta semana pela
Advocacia Geral da União (AGU), segundo a qual a Eletrobrás já apresentou caução
para a retomada da posse da rede da Eletronet. "Até onde temos conhecimento isso
não corresponde aos fatos", afirmou ao Tele.Síntese o advogado Domingos
Refinetti, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Ópice, que representa a
Furukawa no processo. Segundo ele, os autos do processo foram verificados na
tarde de ontem e "não há caução feita no processo". A caução foi estabelecida
pela Justiça do Rio, que acatou petição dos credores e fixou o valor em R$ 270
milhões para que as empresas do sistema Telebrás retomassem a posse da rede da
Eletronet.
O advogado diz que tampouco houve a imissão na posse da rede de fibras ópticas,
que continua sendo operada pela Eletronet. Na nota divulgada na terça-feira, dia
23, a AGU afirma que a União obteve, em reclamação apresentada ao Tribunal
Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em dezembro de 2009, a retomada da posse
das fibras ópticas do sistema de transmissão e distribuição de energia. A rede
pertence às empresas do sistema Eletrobrás (Chesf, Furnas, Eletronorte e
Eletrosul) e, por meio de contrato, é operada pela massa falida da Eletronet.
(Da redação)
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Fonte: Blog do Noblat
[25/02/10]
Eletronet quase foi ressuscitada
Governo federal chegou a considerar compra de dívida da empresa
De Gustavo Paul:
Star Overseas, empresa que contratou o ex-ministro José Dirceu como consultor,
esteve bem próxima de transformar o R$ 1 que pagou em 2005 pela participação na
Eletronet em alguns milhões de reais. Entre outubro de 2006 e maio de 2007, o
governo estava decidido a fazer com que a Eletrobrás comprasse a dívida da
Eletronet com seus credores, permitindo assim que ela voltasse a funcionar
normalmente.
Dessa forma, a rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica — que
pertence à estatal elétrica mas era gerida pela Eletronet — poderia ser
incorporada à estratégia federal de expansão da banda larga no país.
Além de faturar com a volta à ativa, o provável contrato com o governo para
expansão dos serviços de telecomunicações resultaria em uma grande valorização
das ações da Eletronet e, em consequência, em lucros para Nelson dos Santos,
dono da Star Overseas. As negociações com os principais credores, a japonesa
Furukawa e a francesa Alcatel-Lucent, fornecedoras da empresa, levaram ao
desconto generoso na dívida, de R$ 628 milhões para R$ 134 milhões.
Em maio de 2007, porém, dois meses depois de Dirceu ter sido contratado, a Casa
Civil da Presidência da República reviu a estratégia, e decidiu brigar na
Justiça para retomar o direito de uso da rede sem pagar por ela. A avaliação foi
que a compra da dívida poderia ser questionada judicialmente depois,
representando uma grande dor de cabeça para o Palácio do Planalto.
"Essa bomba iria estourar no meu colo", teria dito a ministra da Casa Civil,
Dilma Rousseff, em tom de agradecimento, durante a reunião ministerial que
decidiu não mais comprar os créditos, segundo um dos presentes.
A decisão de comprar a dívida da Eletronet, que havia pedido autofalência em
2003, foi embasada no parecer do advogado Modesto Carvalhosa, especialista em
direito societário, contratado pela Eletrobrás para achar uma solução que
permitisse o uso da rede de fibra óptica. Ele recomendou que as quatro
subsidiárias da estatal (Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul) comprassem os
títulos da falência da empresa, tornando-se as únicas credoras. Assim, poderiam
levantar a falência e decidir os rumos da Eletronet.
— Meu parecer apontava para uma solução viável e palpável. Era legal e poderia
ser feita. Na prática destravava o processo de falência. Não sei por que o
governo não levou adiante, pois não me envolvi mais no assunto — disse
Carvalhosa ao GLOBO.
Na ocasião, o contrato de Cessão de Direito de Uso da Infraestrutura ainda teria
uma vigência de pelo menos mais 12 anos. Em 1999, quando a Eletronet leiloou 51%
das suas ações para a americana AES, foi fechado um contrato de concessão de 20
anos.
Entre fevereiro e maio de 2007, foram feitas pelo menos oito reuniões no Palácio
do Planalto para tratar da compra da dívida. Em maio, porém, as conversas
travaram. Houve resistências do Serpro, empresa federal de transmissão de dados,
escolhida então para assumir a rede, e do Ministério da Fazenda, que considerava
inadequado desembolsar tanto dinheiro pelas linhas.
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