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Fevereiro 2010               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!


26/02/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (192) - A "massa falida" + Textos de Ethevaldo Siqueira, Eduardo Gomes, Eduardo Prado, Luís Minoru e Alexandru Solomon

de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 26 de fevereiro de 2010 19:04
assunto Telebrás, Eletronet e PNBL (192) - A "massa falida" + Textos de Ethevaldo Siqueira, Eduardo Gomes, Eduardo Prado, Luís Minoru e Alexandru Solomon

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

01.
O debate se amplia e isto é muito bom!
Novos sites, portais e articulistas chegam ao tema!

O "governo" está sem argumentos para debater pois, inexplicavelmente, não deixa vazar os detalhes do PNBL em elaboração.
Este secretismo que envolve a gestação do Plano deixa o governo acuado.
Seus interlocutores oficiais não possuem um discurso afinado, indicando nitidamente graves divergências intestinas entre seus formuladores e as dificuldades de toda ordem a serem vencidas.
O governo não dá o braço a torcer mas a saída deste imbróglio é dividir a responsabilidade com o Congresso.
É preciso admitir que o Projeto, nitidamente eleitoreiro, foge gradativamente do controle da "campanha", e já não pertence mais ao Governo e sim à Sociedade.

A Eletronet está na berlinda por conta das figuras de José Dirceu e seu amigo Nelson dos Santos e sua famosa nota de R$ 1,00.

Mas a mídia e o Congresso precisam "holofotar" ainda a própria Telebrás, seu discretíssimo presidente, o jornalista Jorge da Motta e Silva e seu staff.
É preciso esmiuçar esta empresa que, em última análise, pertence ao Povo devido ao seu vínculo com o Governo.
Quais são sua pendências jurídicas e contábeis?

Não se pode esquecer também do síndico da "massa falida" da Eletronet, Isaac Motel Zveiter, advogado especialista em falências.
O que este "super-discretíssimo" senhor tem a nos contar sobre a "massa falida"?
Que figura é esta de "massa falida"? Tem personalidade jurídica? Tem contabilidade?
É a "massa falida" que aluga as fibras da Eletronet que estão em uso?
Quem são os usuários? Quanto pagam de aluguel?
Há um responsável técnico? Qual a situação real da fibras em termos de manutenção e conservação?
Ufa!  :-)

02.
Ethevaldo Siqueira sói (!) antecipar em seu site, nas sextas-feiras, a sua coluna de domingo no Estadão. :-)
O nosso José Roberto S. Pinto faz a indicação e convida a todos para intensificar o debate:
Site do Ethevaldo Siqueira
[28/02/10] As duras lições da recriação da Telebrás - por Ethevaldo Siqueira

Em sintonia com nossos pensamentos, Ethevaldo cita:
(...) O melhor caminho para debater e esclarecer a questão da banda larga passa pelo Congresso Nacional. Seria oportuno, portanto, que deputados e senadores discutam em profundidade o Plano Nacional de Banda Larga e a reativação da Telebrás.(...)

03.
Recebo em "pvt" a indicação de um bom texto de um parlamentar publicado hoje na Folha de S.Paulo:
Fonte: Clipping MP - Origem: Folha de S. Paulo
[26/02/10]   “As inconveniências da Telebrás - por Eduardo Gomes

04.
O consultor de mercado em mobilidade e convergência, Eduardo Prado, que esteve ativo em nossos fóruns por vários anos, também aborda o tema, sem meias palavras:
Fonte: IT Web
[26/02/10]   A politização do Plano de Banda Larga no Brasil

05.
Conhecemos
Luís Minoru Shibata de artigos e referências ao longo do tempo no site e-Thesis, da nossa Jana de Paula.
Minoru é diretor de consultoria da PromonLogicalis. Antes, atuou como diretor executivo e membro do board da Ipsos no Brasil e foi managing director para a América Latina do Yankee Group, onde trabalhou por 7 anos.
Luis Minoru também dá sua contribuição ao debate:
Fonte: Blog de Luís Minoru Shibata
[25/02/10]  PNBL, Telebrás e Eletronet - por Luís Minoru Shibata

06.
Ainda no site do Ehevaldo, anotamos a opinião de
Alexandru Solomon, engenheiro de telecomunicações e escritor:
Fonte: Site do Ethevaldo Siqueira
[25/02/10   Telebrás: o meu, o teu, o nosso dinheiro pelo ralo - por Alexandru Solomon

07.
"Posts" de hoje no Blog Insight - Laboratório de Idéias: Reativação da Telebrás e PNBL de Leonardo Araújo:

Retomar Telebrás seria chance de impor mínima disciplina ao mercado

Veja mapa de fibra óptica da Eletronet

08.
Não esquecer do web site comunitario Telebrás, Eletronet e PNBL... :-)

Ao debate!!!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Site do Ethevaldo
[28/02/10] As duras lições da recriação da Telebrás - por Ethevaldo Siqueira

Fico imaginando qual seria a verdadeira intenção de alguém que compra uma dívida de mais de R$ 200 milhões por uma pequena moeda de R$ 1, e assume esse ônus em lugar da sócia estrangeira (AES) da estatal falida, Eletronet, dona de uma rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibras ópticas.

No entanto, foi exatamente o que fez Nelson dos Santos, dono da empresa Star Overseas, cliente dos serviços de consultoria do ex-ministro José Dirceu, de quem se diz amigo. Esse investidor ousado pagou no mínimo R$ 620 mil, entre 2007 e 2009, ao consultor, ex-ministro e ex deputado cassado sob a suspeita de chefiar o mensalão.

Meu primeiro espanto é que poucos consultores brasileiros de grande competência e notório saber ganham tanto por um trabalho de consultoria, cujo conteúdo ninguém conhece. José Dirceu é exceção. É claro que o investidor e o ex-ministro estão altamente interessados na reativação da Telebrás – que, segundo planos do governo, deverá assumir a rede de fibras ópticas da falida Eletronet.

Como jornalista especializado desta área, eu já havia informado, pelo menos três vezes, que um aventureiro havia comprado as dívidas da estatal falida por apenas R$ 1, fato agora reconhecido por sua empresa. Mas Nelson dos Santos não quis falar ao Estado.

Seria ingenuidade pedir explicações ao presidente da República sobre os aspectos estranhos dessa história, visto que, quase sempre, ele confessa não saber de nada a respeito dos fatos mais graves que ocorrem no governo. Ou diz que foi traído por aloprados das telecomunicações.

CONGRESSO
O melhor caminho para debater e esclarecer a questão da banda larga passa pelo Congresso Nacional. Seria oportuno, portanto, que deputados e senadores discutam em profundidade o Plano Nacional de Banda Larga e a reativação da Telebrás.

Cabe, também, aos parlamentares esclarecer três questões básicas relacionadas com o escândalo em gestação:
1) Que tipo de consultoria e relacionamento vem mantendo José Dirceu com um investidor que compra uma dívida de milhões por apenas um real?
2) Que interesse poderia ter um ex-deputado cassado no negócio da Eletronet e na recriação da Telebrás?
3) Finalmente, a quem beneficia a indecorosa elevação de 35.000% da cotação das ações da moribunda Telebrás, no governo Lula, com valorização totalmente manipulada pelas declarações dos interessados?

Diante desse último fato, qualquer estudante de economia perguntaria: “Como podem valorizar tanto as ações de uma empresa em liquidação, sem receita, cheia de dívidas judiciais – a não ser por meios heterodoxos?”

Fiz essa pergunta a um assessor do Ministério do Planejamento e a resposta cínica foi a seguinte: “As ações da Telebrás podem valorizar, sim, com base no valor futuro da empresa”. Isso só seria possível no caso de uma empresa petrolífera que, mesmo em situação financeira difícil, tivesse descoberto reservas de óleo superiores às do pré-sal.

A Telebrás não tem nenhuma perspectiva de lucratividade ou de sucesso econômico. Não há, portanto, nenhum valor futuro a respaldar a explosão de suas ações.

A face imoral dessa história é o fato de, ao longo dos últimos sete anos, muita gente ter obtido e ainda estar obtendo ganhos escandalosos com a manipulação das ações da Telebrás, com base em especulações, boatos e rumores. Quem comprou por últimos tais papéis, contudo, poderá ficar com o mico.

BALANÇO TRÁGICO
A banda larga está sendo tratada como “grande ativo de campanha da companheira Dilma”, diz um dirigente petista, para quem o presidente Lula e sua ministra da Casa Civil “vão passar à história como os líderes que deflagaram uma nova revolução nas telecomunicações, ao democratizar o acesso à banda larga a todos os brasileiros”. É algo puramente eleitoreiro e escandaloso.

O açodamento dos defensores da volta da Telebrás decorre ainda do fato de, ao longo de mais de 7 anos de governo, o presidente Lula ter ignorado solenemente as grandes prioridades das telecomunicações, em especial a necessidade de completar a reestruturação legal das diversas áreas sob responsabiliade do Ministério das Comunicações.

Além disso, esvaziou políticamente a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), bem como outras agências, ao desprofissionalizar seus quadros. Lembram-se do que ocorreu com a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nos tempos do apagão aéreo de 2007/2008?

Mesmo sabendo que o projeto da banda larga não foi discutido no Congresso nem pela opinião pública, o presidente afirmou, por estar mal assessorado, em recente entrevista ao Estadão, que o governo já promoveu suficiente debate de todos os aspectos do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Além disso, ao apoiar a volta da Telebrás, mesmo depois da revelação das estranhas negociações que estão por trás do projeto, o presidente da República prova mais uma vez que não conhece os bastidores de seu próprio governo. No final, é provável que talvez diga que “não sabia de nada”. Ou que foi traído.

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Fonte: Clipping MP - Origem: Folha de S. Paulo
[26/02/10]   “As inconveniências da Telebrás - por Eduardo Gomes

Eduardo Gomes , deputado federal pelo PSDB-TO, é presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados

É urgente universalizar o acesso à internet no Brasil, mas a estratégia adotada pelo governo é ineficiente, ineficaz e onerosa para o país
O GOVERNO federal pretende, sob o pretexto inadmitido, mas ostensivamente eleitoreiro, de universalização do acesso à internet em banda larga, reativar uma holding sem subsidiárias e juntá-la com a infraestrutura de uma outra empresa falida para oferecer links de conexão à internet em regiões não atendidas pela infraestrutura atual.

Que é urgente universalizar o acesso à internet no Brasil não resta a menor dúvida. Mas a estratégia adotada é ineficiente, ineficaz e onerosa para o país, sobretudo pelo fato de que essa nova “prioridade” vem de um governo que não gastou nem um centavo dos mais de R$ 8 bilhões de reais do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações).

O modelo que o governo pretende para a internet é o mesmo aplicado à telefonia na época em que o setor de telecomunicações no Brasil era estatal e que durante mais de 30 anos não ofertou mais que 10 milhões de telefones fixos e 1 milhão de celulares.
Decorridos quase 15 anos de sua reformulação, quando o Estado deixou a função de executor, dispomos de mais de 40 milhões de linhas fixas e mais de 175 milhões de celulares.

Universalizou-se a telefonia, mostrando que o modelo baseado em competição de mercado é mais eficiente na universalização das telecomunicações, fato que o governo parece não reconhecer.

Mas esse não é o único inconveniente. A Telebrás só subsiste hoje pois mantém cedidos técnicos essenciais ao funcionamento da Anatel. A Telebrás não dispõe de estrutura física, lógica, técnica e humana com capacidade para operar um sistema de telecomunicações moderno. Na realidade, nunca teve, tendo em vista que era uma holding das telefônicas estaduais, sem nunca ter operado diretamente nenhuma rede.
Associe-se a isso a complexidade que representa a operação de uma empresa de telecomunicações, que exige equipes especializadas de monitoramento e suporte para garantia da disponibilidade dos serviços, de engenharia e desenvolvimento para atualização constante dos sistemas e de orçamento, marketing e vendas para garantir a viabilidade da operação.

Um “staff” desse tipo não passa de sonho distante para a Telebrás, sonho este que, diga-se de passagem, não se materializa com decretos ou voluntarismo político.
Como se esses aspectos não bastassem, o governo ainda não mostrou uma avaliação técnica que ateste que os 16 mil quilômetros de fibras óticas da falida Eletronet, que foram instalados para atender sistemas de gerenciamento de sistemas de energia, serão capazes de suportar um tráfego de dados incomensuravelmente maior decorrente de milhões de usuários em banda larga.

A avaliação sob o prisma econômico mostra ainda mais contradições: o modelo em gestação pelo governo é incompatível com o marco regulatório do setor. Não há espaço para um ente estatal que introduza na economia do setor subsídios cruzados ou preços que distorçam o equilíbrio estabelecido, pois isso levará à retração dos investimentos e, consequentemente, menor oferta, menor qualidade e maiores preços. Levará, portanto, à não universalização.
Como considerava o ilustríssimo e saudoso Roberto Campos, “empresas privadas são aquelas que o governo controla, empresas estatais são aquelas que ninguém controla”.

Dadas as tentativas do governo - frustradas, felizmente - de impor óbices ao livre trânsito da informação, não é difícil supor que interesses subjacentes e antidemocráticos fundamentem a proposta do governo: controle estatal sobre a sociedade, quando a democracia exige controle social do Estado.

Por fim, o governo parece desconhecer que universalizar banda larga é um objetivo que pode ser atingido com os instrumentos legais, econômicos e regulatórios vigentes. Por meio de decreto presidencial, poderia ser criado o serviço de banda larga em regime público, por meio de concessão, com objetivos de universalização estabelecidos em um Plano Nacional de Universalização de Banda Larga.

O Brasil está diante de um desafio premente: universalizar a banda larga. A sociedade, o Parlamento e o governo precisam decidir se essa demanda social será atendida por uma política pública eficiente e eficaz, como a que construímos para o segmento de telefonia, ou se, ao contrário, como mostra a contraproducente reativação da Telebrás, será usada como subterfúgio para atender objetivos privados, políticos e eleitorais.

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Fonte: IT Web
[26/02/10]   A politização do Plano de Banda Larga no Brasil - por Eduardo Prado*

* Eduardo Prado é consultor de mercado em mobilidade e convergência.

Especial para IT Web Prescindir da participação das telcos na elaboração de uma Política de BL demonstra uma grande insanidade

É com determinado ceticismo que estamos acompanhando a evolução do PNBL (Plano de Banda Larga) no nosso País. Depois da polarização inicial entre dois grupos distintos, a modelagem do Plano está sendo preparada pelo Grupo da Casa Civil sem uma participação efetiva do Grupo do MiniCom & as Telcos. Parece que o Nosso Cara [como o autor chama o Luiz Inácio Lula da Silva] agendou uma reunião no início de Março de 2010 para "bater o martelo" no Plano. Esperemos com fé, Tomé!

Uma coisa nos espanta: é a lerdeza e miopia do Nosso Cara (e de sua assessoria próxima) em relação a um Planejamento Estratégico profissional de médio e longo prazos nos segmentos de tecnologia e telecomunicações. Falta no Brasil uma Política mais assertiva em pesquisa e desenvolvimento tecnológico (ver Altos e Baixos do Governo Lula, O Globo, 16/fev/2008). Este governo é mais "fanfarrão e marqueteiro" do que de ação profissional. Se você não concorda, veja o que acontece com as construções de cãs populares do programa "Minha Casa, Minha Vida". Eles não conseguem construir as casas, pois não constroem antes a infraestrutura de água e esgoto (sic!) (ver Sem saneamento, sem casa própria, O Globo, 14/fev/2010).

Veja esta cena pitoresca aqui no You Tube que ocorreu no último G20 em Londres em Abril de 2009 (quando Obama ainda não conhecia bem o Lula): Lula & Obama - "Esse é o meu cara!. Lula compartilhava uma "roda de conversa" com o primeiro ministro australiano, Kevin Rudd, e Barack Obama presidente dos EUA. Curiosamente, a Austrália e os EUA estão empenhando-se fortemente em banda larga (BL). Veja os planos da Austrália nestas referências: Australia Plans Nationwide 100Mbps Fiber Net, Dailywireless, 07/abril/2009 e UK and AU Develop National Broadband Plans, Dailywireless, 24/set/2009. Os EUA estão trabalhando fortemente na estruturação da sua Política Nacional de BL sob a "tutela" do Obama (ver link).

Na era Bush, BL nunca foi foco do governo americano, tanto que os EUA estão fora do ranking dos dez primeiros países da OECD em penetração de BL.O Nosso Cara já governou sete dos oito anos dos seus dois mandatos de presidente. Por que só agora, há quatro, ele resolveu apoiar a elaboração de uma política de BL no nosso País?  Simplesmente por interesses eleitoreiros (leia-se a eleição de Dilma Roussef) e também para "massagear o seu grande ego" e capturar a alcunha de "Pai da BL no Brasil" (ou, se você preferir, o "Pai da Internet para Todos"). Apesar do Nosso Cara ter acordado para a importância da BL, ele conduz a modelagem do Plano brasileiro de forma atabalhoada.

Outro senão: a visão retrógada (ou falta de capacitação) do Nosso Cara em gestão leva-o a acreditar que o Estado tem que ser muito forte em detrimento do mercado privado e regulado, motivou-o a esvaziar a Anatel e ser "dono dos cabrestos" dos Conselheiros que ele indica, tendo uma influência extremamente nociva na regulamentação das telecomunicações no nosso País. Um país sem um órgão regulador de telecom independente tem problemas muito sérios na captura de investimentos das empresas privadas neste setor, atrasando o nosso desenvolvimento tecnológico. Como se não bastasse, ele delegou a condução do PNBL a "companheiros chegados do Partido" próximos a ele, quando poderia ter delegado a condução deste Plano a ANATEL - como é feito em vários países do mundo. Mais uma do Nosso Cara: dar poder e emprego para a "amigos do peito" dele!

O Nosso Cara está cometendo outro grande erro no PNBL: apostar na Telebrás (uma empresa sem capacitação profissional para conduzir algo moderno em BL) e resolver utilizar a infraestrutura da Eletronet (uma velharia tecnológica de "não sei quantos anos atrás") completamente desatualizada tecnologicamente. Atualmente - em termos de BL - o mundo todo está apostando em fibra óptica (por exemplo, FTTH) e não no legado da Eletronet (ver Fiber Price War Comes Home in UK, Dailywireless, 25/fev./2010 e Google: Fiber to the Home?, Dailywireless, 10/fev/2010).

Vários países - entre eles Suécia e Coréia do Sul, para citar apenas alguns - consideram ADSL (a BL fixa atual no Brasil) um "nome proibido". Todos estão apostando em FTTH. A Finlândia já considera a BL uma utility e um direito de todos os cidadãos (ver Finland: Broadband is a Right, Dailywireless, 20/out./2009) e aqui no Brasil temos o Nosso Cara "inflando" a Telebrás com seu casting de profisssionais de "cabelos esbranquiçados"!

Neste ponto de tecnologia de ponta, o Nosso Cara está cometendo um grande erro quando ele (e sua turma) alija da estruturação do Plano as telcos brasileiras. Vários países no mundo têm estimulado a elaboração de uma Política de BL onde o Governo, o Órgão Regulador e as Telcos trabalham juntos. Quando o governo quer um mercado com mais competição, ele atua via Órgão Regulador em cima das telcos. No entanto, prescindir da participação das telcos na elaboração de uma Política de BL demonstra uma grande insanidade!

Por último, vimos recentemente na mídia brasileira o caso da participação do Grão-Mor José Dirceu no caso da Eletronet em que o executivo Nelson dos Santos da Star Overseas contratou os seus serviços de "consultoria" (sic!) dois meses depois de o governo decidir, em 2007, utilizar a Eletronet na disseminação de BL no País. Este é mais um grande senão na identificação de "nuvens turvas" que pairam sobre o PNBL (ver Eletronet quase foi ressuscitada, O Globo, 25/fev/2010 e Internet aberta, Folha de São Paulo, 24/fev/2010).

Parece que o velho dogma do Estado cada vez mais forte está sendo ressuscitado da Cartilha do Partido, principalmente depois da grande crise econômica mundial de 2008-2009 (ver Velhos dogmas petistas revisitados, Folha, 25/fev/2010).

Vamos, então, esperar e ver se o velho sonho da Banda Larga para Todos se realizará - de fato - e de que forma e com que custo ... Quem viver verá!

Aqui temos uma boa referência sobre Política de BL de futura geração: Next Generation  Connectivity: A review of broadband Internet transitions and policy from around the world, Harvard University, October 2009).

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Fonte: Blog de Luís Minoru Shibata
[25/02/10]  PNBL, Telebrás e Eletronet - por Luís Minoru Shibata

Luís Minoru Shibata é diretor de consultoria da PromonLogicalis. Antes, o executivo atuou como diretor executivo e membro do board da Ipsos no Brasil e foi managing director para a América Latina do Yankee Group, onde trabalhou por 7 anos. Este é um blog pessoal e as opiniões aqui descritas não são necessariamente a visão da PromonLogicalis. Se você quiser um contato profissional com a PromonLogicalis, escreva para: luis.minoru@br.promonlogicalis.com.

Antes de mais nada é preciso lembrar que PNBL, Telebrás e Eletronet são coisas totalmente independentes. Uma coisa não precisa necessariamente estar ligada a outra, assim como é atualmente.

Uma coisa é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Outra coisa é reativar a Telebrás, para ser utilizada como operadora que faz a oferta de banda larga. E a Eletronet é a empresa que detém uma rede de aproximadamente 16.000 km de fibras ópticas.

Criar um PNBL é o que diversos governos ao redor do mundo estão fazendo. Teria certamente grande valor para a sociedade Brasileira, pois atua na inclusão digital e consequente inclusão social da população menos favorecida. Dada a dispersão geográfica, é natural imaginar que nas regiões remotas a tecnologia sem fio sirva como rede de acesso, mas sem dúvida a dificuldade hoje é chegar com rede de longa-distância de alta capacidade (fibras ópticas) até essas localidades.
O maior questionamento e que está causando muita confusão e tanta discussão, é como o PNBL está sendo arquitetado pelo governo.

Algumas das alternativas possíveis do PNBL no Brasil sendo divulgadas na mídia:

• Oferta dos serviços de atacado e varejo pela Telebrás
• Oferta dos serviços utilizando a rede da Eletronet
• Oferta dos serviços em caráter público-privado, com a participação das operadoras atuantes no mercado
• Oferta dos serviços pelas operadoras atuantes no mercado com incentivo do governo

Aparentemente o governo tem mostrado simpatia por utilizar o tema PNBL para ressuscitar a Telebrás, que ofereceria serviços de atacado e varejo, utilizando da rede de fibra óptica da Eletronet para competir com as operadoras já atuantes no mercado.

Considerando que estamos num ano de eleições presidenciais, aumentam as margens para as mais variadas interpretações. Não resta dúvidas que PNBL é importante para o país. E com isso, certamente existe um interesse muito grande da propriedade sobre o tema, já que pode soar simpático na arrecadação de votos. Isso o governo atual já está conseguindo para em alguns anos afirmar “Nunca antes na história desse país... “
A seguir cenas dos próximos capítulos...

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Fonte: Site do Ethevaldo Siqueira
[25/02/10   Telebrás: o meu, o teu, o nosso dinheiro pelo ralo - por Alexandru Solomon

Alexandru Solomon, engenheiro de telecomunicações e escritor

Vamos pensar um minuto. A Telebrás, mesmo na época de seu esplendor, jamais instalou sequer um telefone público (TP). Ela sempre foi uma holding, que talvez nem fosse nascer, não houvesse uma briguinha entre os altos níveis da Embratel e o ministro Corsetti (era o que se dizia no século passado). A estrutura atual nada tem a ver com uma operadora de qualquer coisa. Sobrou um punhado de pessoas que tentam resolver pendências trabalhistas – ou estão perdidas na anêmica (por culpa de quem?) Anatel.

Logo, haverá contratações, com meu, o teu, o nosso dinheiro. No edital, o requisito necessário: carteirinha do PT. A Telebrás entrará apenas com uma razão social (e com os objetivos alterados). Telebrás, Telebaby, Telebandidagemlarga, à vontade do freguês.

Existe essa rede da Eletronet, algo como uns 10% das redes das concessionárias. Essa rede não possui capilaridade, a famosa last mile. De onde surgirá? De acordos operacionais com as teles, ou vamos reinventar tudo? Tudo wireless?

O dinheiro parece não interessar. A Furukawa e a Lucent não pensam assim. Se há quem opere, haja quem pague: 800 milhões! Tudo bem. O governo injeta.

Injeta de onde? Vai pegar no Santander? Não, será o meu, o teu, o nosso que está numa rubrica orçamentária. Se não estiver, crie-se. Afinal, tem o Fust ... Por onde andarão os 10 bi do Fust? Não me atrevo a dizer que serão lavados, porque não tenho a menor prova. Já se disse que a Eletronet tinha apenas o direito ao uso, mas alguém contratou a Furukawa, a Alcatel e as empreiteiras, que, superfaturando ou não – vá saber –, apelarão à nossa Justiça. Momento, preciso dar risada!

Essa grande empresa que atenderá os desvalidos será rentável? Sim! Daqui a dez anos (se for daqui a sete, peço desculpas). Até lá, dá-lhe dinheiro pelo ralo. Já sabe: o meu, o teu, o nosso.

Não é mais prático impor metas às teles? Nãããããoooo. Claro que não. É preciso encher aquele prédio amarelo de Brasília (era amarelo no meu tempo, agora, não sei, nem me interessa). Mas, por que não colocar as teles no colo e impor metas? Acha que se furtarão, com o risco de perder as concessões? A “privataria” funciona assim. Anatel manda, negocia-se e cumpre-se.

Uma empresa subsidiada, para quem o dinheiro não conta porque sai do cofre da viúva, pode fazer uma concorrência honesta (falir)? Imagine os “menos favorecidos” indo com a canequinha apanhar bits na tubulação master! Nem falo da especulação com as ações, porque muita gente vai quebrar a cara, mas eles são maiores de idade.

Obrigado pelo minuto concedido. Esta conversa poderia levar horas.


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