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27/02/10
• Telebrás, Eletronet e PNBL (195) - Texto de Jana de Paula, "owner" do e-Thesis
de Jana de Paula <jana@e-thesis.inf.br>
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br, Celld-group@yahoogrupos.com.br
data 27 de fevereiro de 2010 11:50
assunto [Celld-group] Re: [wireless.br] Telebrás, Eletronet e PNBL (193) -
Revista Época: A horripilante volta da Telebrás
"Povos e Povas",
Em geral, prefiro ficar quieta em relação às discussões, embora acompanhe a
todas atentamente. Mas a 'lógica' deste artigo é extremamente falha e me vejo
obrigada a manifestar minha opinião. A comparação da volta da Telebrás com
assombrações é infeliz e o texto já começa com afirmações tendenciosas. Há
muitas histórias e biografias (tanto documentais quanto lendárias) que nos
mostram figuras e ideias que atravessaram séculos influenciando de forma
positiva geração após geração. Há mesmo casos de personagens cujas ideias só
foram valorizadas após suas mortes, muitas vezes causadas por assassinatos
perpetrados por este ou aquele grupo, em geral com poder político ou econômico
(ou ambos). Há, também, ocorrências em que a busca por uma realidade que
transcendesse os próprios interesses (seus ou de grupos) foi feita de forma
solitária, trágica ou ingênua.
A disseminação de uma ideia depende muito do argumento, da causa sobre a qual se
sustenta. Assim a ideia é plantada, germina e medra. Parece que a ideia deste
artigo é contrariar a tendência re-estatizante da volta da Telebrás, mas se eu
fizesse parte deste grupo (contrário ao fortalecimento da presença do estado nas
telecomunicações) eu preferiria não ter este artigo como instrumento de defesa.
Primeiro porque penso que a época do libelo já passou. Não combina com o Novo
Milênio. Libelos em geral representam opiniões polarizadas. E quando se trata de
utilizar algum engenho, técnica ou tecnologia supostamente para benefício da
maioria – e não mais para beneficiar este ou aquele grupo político-econômico – o
que se deve é justamente evitar polaridade. A massa é o conjunto encorpado de
pessoas que, embora possam ter ideias diferentes quanto a uma série de questões,
precisam indiscriminadamente do referido engenho. A tendência da massa é tornar
os engenhos que o homem cria acessíveis a todos. Antes, o fogo (um tremendo
‘engenho’) tinha seu acesso restrito ao líder da tribo, que era sacerdote e
comandante. Mas, o fogo se disseminou e, hoje, fogões, chuveiros, caldeiras e um
enorme etc. aquecem a vida de gregos e troianos, tucanos e petistas.
Assim é com a banda larga. Seu processo de massificação é irreversível e, em
essência, independe da ingerência de grupos político-econômicos. Resta saber por
quanto tempo ainda os grupos que controlam o poderio político-econômico do país
conseguirão travar esta massificação em benefício próprio. Pois a questão, com
este tipo de argumento proposto pelo artigo citado e tantas outras polarizações
de opiniões aqui expostas, é somente esta: a defesa selvagem de interesses de
grupos opostos, antagônicos que lutam com unhas e dentes para manter o controle
o máximo de tempo possível.
Mas, ao contrário de muitos, não penso que a massa seja ignorante, sempre
manobrável. Afinal, faço parte dela. Nestes textos de ferrenhas defesas e
ataques aqui expostos me fica a sensação de que, com este tipo de discussão,
perdemos o essencial. O essencial é entender que as coisas mudaram, mudam e vão
continuar mudando, movimento este que independe de quaisquer esforços
isolacionistas, colonialistas ou radicalistas.
O que me salta aos olhos é que este desperdício de energia nos desvia do
crucial: a mudança radical que atravessa o setor de telecomunicações e
tecnologia da informação. Pode-se mesmo dizer que 2010 marca uma nova linha do
tempo para os dois setores. Minha percepção é que já se ultrapassou a fase de
‘previsões’ e se atravessa a passos largos a fase de ‘tendências’ rumo à
consolidação de um cenário realmente novo. Nunca antes foi tão necessária – e
saudável – a interseção de tantas áreas antes estanques. Nunca antes o
ecossistema se apresentou tão variado, com a presença de organismos vivos
originários de ambientes tão distintos - do modo de se administrar patentes à
importância do usuário, passando pela imensa diversidade da colossal rede
mundial de comunicações. Mas, é bom lembrar, embora distintos na aparência e no
modo de intervenção neste universo, são todos dependentes de H²o...
Neste ponto, quero apresentar minha concordância com o Smolka e suas mensagens
da série “Detesto lembrar que eu avisei”. E, assim, fecho meu argumento. Pelas
linhas e entrelinhas das mensagens do Smolka, sei que temos convicções políticas
opostas, antagônicas. Mas nem me passa pela cabeça insistir nisso, já que este
aparente antagonismo apenas ‘esbarra’ na essência da questão. O que importa é:
já houve a virada, a brisa que sopra, agora, vem de outra direção. Basta apenas
decidir a quantas RPM vamos acompanhá-la. Vamos escolher estar à sua frente,
como arautos? Ficar passo a passo colhendo seus frutos? Ou a reboque, catando os
restos?
E já que o tempo é de Quaresma, ao invés de lembrar os “ossos dos mortos”,
prefiro recordar as ideias que frutificaram, dos homens, mulheres e crianças que
ressuscitaram através de suas ideias e preferiram sacrificar questões de menor
importância (e para muitos dentre eles a vida estava incluída nesta lista) para
promover mudanças necessárias no rumo da humanidade.
Jana de Paula
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