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Janeiro 2010 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
01/01/10
• Rádio Digital (53) - Prazo do "Aviso/Consulta" termina dia 17 + Testes com DRM em andamento
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
01.
Leituras de Festas... :-)
Mais abaixo estão transcritas estas matérias:
Fonte: Circuito - Blog de Cristina de Luca
[29/12/09] Padrão para rádio
digital sai até fevereiro - por Cristina de Luca
Fonte: PY4ZBZ
[sem data] Rádio digital : IBOC
versus DRM - por Roland Zurmely, PY4ZBZ (http://www.qsl.net/py4zbz/)
Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[04/07/08]
Ministério e Anatel não se entendem sobre rádio digital - por Lucas Krauss
Este artigo técnico não está transcrito (mas vale conferir!):
[Mai 2007] O
sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale)
02.
Acompanhamos o assunto "Rádio Digital" desde
2005, quando a
Anatel
autorizou os primeiros testes de rádio digital.
Não como engenheiro mas como cidadão, leitor e eleitor, permito-me opinar de
modo bem informal:
O Brasil não está necessitado do Rádio Digital "pra ontem", como querem
alguns elementos do governo e empresários.
E também não precisa de tecnologias de Rádio Digital "não estabilizadas" e em
desenvolvimento no exterior.
Precisa, sim, que nossa competente Academia, com incentivos governamentais, faça
um estudo sério sobre o assunto, com prazos razoáveis.
Quem sabe, neste processo, pode até surgir padrão brasileiro...
03.
A atuação do ministro Helio Costa, desde o
início do processo, até dezembro de 2008, pode ser resumida neste trecho de um
artigo do jornalista Ethevaldo Siqueira:
"Hélio Costa precisa convencer-se de que é ministro não da Radiodifusão, mas das
Comunicações. Mais do que isso, que não lhe cabe defender um segmento, mas toda
a sociedade brasileira. Não lhe cabe exercer nenhum papel de lobista ou de
representante de um grupo de emissoras, contra o interesse de outras. Ou o
interesse de uma associação contra o de outras. Cabe-lhe exercer seu mandato com
o máximo de isenção, equilíbrio e independência. E, se possível, com o máximo de
competência".
O
ministro, que defendeu com unhas e dentes, descarada e
escandalosamente (vejam os
títulos dos "posts"!) o sistema americano IBOC, protagonizou uma "manobra"
surpreendente ao praticamente abandonar o projeto do Rádio Digital no final de
dezembro de 2008, quando criticou o sistema americano, em texto de próprio
punho. A redação ambígua permitia a interpretação que também desistia da
implantação imediata do Rádio Digital.
Mais tarde, no entanto, voltou à cena, para anunciar uma "consulta pública" patrocinada
pelo Minicom, para "oficializar" a entrada do DRM na disputa.
A mídia repercutiu muito pouco a "desistência" do ministro que também foi muito
pouco lembrada quando a "consulta" foi anunciada.
A consulta materializou-se como um "Aviso de Chamamento Público
nº
1/2009" publicado em 22 de maio de 2009 pelo Minicom, para realização de
"experimentos com sistemas de rádio
digital nas diversas faixas de frequência das respectivas modalidades (OM, OT,
OC e FM) do Serviço de Radiodifusão"
Em setembro, durante a vigência da "Aviso", "em entrevista ao programa Estação Mídia, da Rádio Senado, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, reconheceu a preferência pelo modelo europeu, por ser o único que contempla transmissões nas faixas de AM e FM e também de ondas curtas". (Telecomonline).
Ninguém acreditou muito, mas há poucos dias,
Daniel Savieiro, todo-poderoso presidente da ABERT, também "parece" ter mudado
de posição:
"O que aconteceu é que os testes que fizemos apontaram que mesmo o sistema
americano Iboc, que está anos-luz à frente do DRM, também tem suas deficiências,
em especial na transmissão AM", diz Daniel Slaviero. "Chegamos à conclusão de
que o padrão americano ainda precisa de mais investimento, robustez e garantia
de cobertura."
[Abin]
04.
Não dá para ter pena dos radiodifusores que investiram na compra e nos "testes":
todos sabiam que não havia decisão do padrão e optaram pelo risco.
Também não dá pra acreditar que foi uma atitude altruísta para ajudar a decisão
governamental; se a decisão fosse favorável ao IBOC, já sairiam na dianteira da
concorrência.
Ms
o Sr. Slavieiro já resolveu.
"Seja qual for a tecnologia escolhida, Slaviero, da Abert, diz que as emissoras
que se adiantaram não têm razões para se preocupar. "Eles podem ficar tranquilos,
nenhuma emissora terá prejuízo."
[Abin]
Ganhou na mega-sena, Sr. Slavieiro, em jogo duplo com Helio Costa? Ou vai sobrar
para os contribuintes?
O Presidente Helio Costa reuniu-se com seus
Ministros - Ops! - digo, o ministro empresário Helio Costa reuniu-se com
empresários radiodifusores e pode-se especular que já está tudo combinado, sem a
participação da sociedade e do Congresso.
IBOC? DRM? IBOC/DRM?
06.
Comentarios?
Boa leitura!
Ótimo 2010!!!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Circuito - Blog de
Cristina de Luca
[29/12/09] Padrão para rádio
digital sai até fevereiro - por Cristina de Luca
Cristina De Luca: Jornalista, Diretora de
Conteúdo do Grupo Now!Digital, é formada em Comunicação com Master em Marketing
pela PUC do Rio de Janeiro e ganhadora do Prêmio Comunique-se de 2005 na
categoria Tecnologia.
Palavra do Ministério das Comunicações. "A decisão será tomada pelo governo
ouvindo os radiodifusores", garantiu o ministro Hélio Costa a sete empresários e
dirigentes de associações de radiodifusão, em encontro na sede do Ministério das
Comunicações, ontem à tarde.
Junto com técnicos da Secretaria de Comunicação Eletrônica, o ministro explicou
o atual estágio dos testes e avaliações dos padrões de rádio digital, tanto do
sistema americano IBOC (In-Band-On-Chanel) quanto o europeu DRM (Digital Radio
Mondiale). E informou a todos que novos testes deverão ser realizados nas
próximas semanas, com transmissões digitais da Rádio Cultura e da CBN de São
Paulo, além de emissoras de Belo Horizonte. O objetivo é verificar o
funcionamento da recepção e transmissão do DRM em ondas médias e FM. Durante a
reunião, empresários presentes tiveram a oportunidade de ouvir transmissões em
ondas curtas feitas pela Rádio Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC),
desde a Guiana Francesa, distante 2,8 mil quilômetros de Brasília.
No início de novembro, o Minicom prorrogou por 60 dias a realização de testes
com sistemas de rádio digital. A intenção é concluir os testes até 17 de janeiro
de 2010.
Exatamente um ano atrás, depois de ter defendido abertamente durante quase três
anos e meio o padrão de rádio digital norte-americano (Iboc ou HD),
apresentando-o como o único aceitável para o Brasil, preferido também pela
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o ministro
Hélio Costa desmentiu em artigo publicado no jornal Estado de Minas (edição de
21/12/08) que o Minicom tivesse proposto qualquer parceria com a empresa
americana IBiquity, detentora do padrão.
O que o ministério sugeriu foi que as indústrias brasileiras de
eletroeletrônicos procurassem os detentores das patentes dos sistemas
norte-americano e europeus para discutir a transferência de tecnologia e os
direitos de uso, especialmente do IBOC estadunidense, um sistema proprietário e
com várias ferramentas exclusivas que demandam pagamento de royalties. Os mais
recentes testes do rádio digital, realizados na cidade de São Paulo pela
Universidade Mackenzie, concluíram, em julho último, que o IBOC, em ondas
médias, apresenta sérios problemas de propagação, com áreas de sombra maiores do
que as que são observadas no sistema analógico. O sistema europeu, DRM, por sua
vez, só agora anuncia que está trabalhando com a possibilidade de transmissão em
FM, no mesmo canal. Ainda ao contrário do que diz a articulista, o Ministério
das Comunicações não defendeu, e nem defende, a adoção de qualquer dos sistemas
estudados enquanto os técnicos do Minicom e da Anatel não estiverem satisfeitos
com os testes que estão sendo realizados no Brasil e forem criteriosamente
avaliadas as experiências com o rádio digital nos EUA e na Europa. Certamente,
precisamos modernizar o rádio, mas só podemos fazer isso quando os sistemas
estiverem funcionando a contento, seguindo as normas técnicas exigidas no
exterior e no Brasil
Foi o que afirmou o ministro, na época. Desde então, vários testes vêm sendo
feitos também com o padrão DRM (europeu)
A torcida, agora, é para que a escolha seja a melhor para o país. Sabe-se que a
Abert continua empenhada na defesa do padrão IBOC.
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Fonte: PY4ZBZ (http://www.qsl.net/py4zbz/)
Rádio digital : IBOC versus DRM - por
Roland Zurmely, PY4ZBZ
Não é preciso explicar, eu só queria entender...
Depois de o Brasil ter escolhido o padrão para o sistema de TV digital
terrestre, chega a vez de escolher o padrão para radiodifusão digital terrestre,
que agora está em fase de testes. As últimas notícias na mídia reportam, entre
outras coisas, as duas informações reproduzidas a seguir :
(Fonte: http://sbtvd.cpqd.com.br/ )
Noticia 1 : Telecom Urgente
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) solicitou
ontem, 20, ao Ministério das Comunicações autorização para que emissoras de
rádio possam utilizar, antes mesmo da escolha oficial do padrão, o sistema
americano IBOC (in-band on-channel). O pedido foi feito pessoalmente ao ministro
Hélio Costa pelo novo presidente da entidade, Daniel Pimentel Slaviero. Segundo
ele, a medida não atropelaria o processo de escolha do governo, que analisa
também o padrão europeu, o DRM (Digital Radio Mondiale). Caso o governo viesse a
optar pelo padrão europeu, as emissoras fariam a migração normalmente. Hoje 15
emissoras já fazem testes do IBOC com autorização da Anatel. Com o DRM, há
apenas duas experiências em curso.
Noticia 2: Intervozes
A hora do rádio digital?
Não bastasse ter sido atendida em todas as suas reivindicações centrais em
relação à TV digital, a Abert agora parte para a ofensiva em relação ao rádio.
Pedem os radiodifusores que o Minicom oficialize o padrão americano IBOC (In-band
on-channel) nas transmissões digitais de rádio.
Como se trata de um assunto relativamente novo, vejamos as diferenças básicas
entre IBOC e DRM.
O DRM (Digital Radio Mondiale) não é apenas um sistema Europeu, especificado
pela ETSI (European Telecommunications Standards Institute) , mas, como o nome
já diz, é um sistema mundial, normalizado pela ITU (International
Telecommunication Union).
O IBOC é um padrão americano, que permite transmitir sinais digitais junto com
os sinais atuais analógicos de AM (Amplitude Modulada). Com isso, o ouvinte que
tem um rádio AM comum continua ouvindo o sinal AM normalmente, e quem tem um
receptor digital, vai ouvir a transmissão digital em alta fidelidade,
sintonizando a mesma freqüência da emissora AM. Na verdade, o sinal digital é
situado em duas bandas de cada lado das bandas laterais do sinal AM, para não
interferir nelas, mas que acaba causando inevitáveis interferências em outras
emissoras de AM nos canais adjacentes.
O IBOC é um sistema híbrido e foi criado para ser usado na fase de transição do
atual sistema AM para o sistema digital, e permitir que o ouvinte de rádio
digital possa sintonizar as mesmas freqüências que costumava sintonizar em AM.
Eu acho isso no mínimo muito estranho !
Vou dar um exemplo que pode até ser engraçado, mas ilustra bem o caso. Quando
foi lançado o CD (Compact Disk), ele não foi feito de forma híbrida, como o IBOC.
Ou seja, não tinha um lado do CD que pudesse ser tocado em antigos toca-discos
com agulha, e o outro lado para ser lido de forma digital num leitor de CD !
Não faz muito sentido essa passagem híbrida de analógico para digital.
E nem a desculpa, de que o usuário não ter que memorizar novas freqüências de
rádios digitais, não faz sentido, pois em rádio digital, não se sintoniza uma
emissora pela sua freqüência, mas pelo seu nome. O rádio digital não tem mais
aquele antigo “dial” ou um indicador de freqüência, mas apresenta numa telinha
(tipo cristal liquido), os nomes das emissoras que ele está captando, bastando
ao ouvinte selecionar o nome correspondente, sem se preocupar com freqüência. O
rádio digital procura automaticamente em todo o espectro de ondas longas, médias
e curtas, em qual freqüência a emissora desejada é melhor recebida, e ainda muda
de freqüência automaticamente, sem o usuário perceber, em caso de qualquer
problema de propagação (sistema AFS, Alternative Frequency Signalling).
Portanto, velhos hábitos adquiridos na era do AM não devem e nem podem ser
mantidos num sistema digital, muito mais eficiente e mais simples para o
usuário. Em rádio digital, não é preciso perder tempo ouvindo uma determinada
emissora, até o locutor resolver informar o seu prefixo ou nome, para se saber
se é realmente essa a emissora que queremos ouvir, pois em rádio digital, essa
informação, entre muitas outras, como a programação (EPG Electronic Programme
Guide), pequenos textos com noticias e imagens fixas (MM multimídia), são
transmitidas continuamente e simultaneamente com a programação de áudio.
Outra desculpa dos defensores do IBOC, é que segundo eles, o DRM não permite
transmissão simultânea (híbrida) de AM junto com digital na mesma freqüência.
Será que só fingem não saber que em DRM, esse modo existe e é chamado de
”Simulcast” ?
Outro ponto negativo, além dos sérios problemas de interferência pelos quais
passa o IBOC nos Estados Unidos (único pais a usá-lo), é que ele é um sistema
fechado, proprietário, que ninguém pode modificar ou melhorar, a não ser os seus
donos (no caso a iBiquity Digital Corporation), que evidentemente cobram
“royalties” que o Brasil terá que pagar.
Já o DRM é um sistema aberto, de uso livre, com especificações técnicas claras e
disponíveis para todo mundo. Na Europa e em muitos países de outros continentes,
já existem muitas emissoras DRM, e que optaram não usar sistema híbrido, mas
passar diretamente para o sistema exclusivamente digital, em novas freqüências.
Nisso, o IBOC (ou o Simulcast DRM) só leva a vantagem de não necessitar de novas
freqüências e as respectivas licenças, mas acontece que cada emissora IBOC vai
ocupar pelo menos o dobro da banda atual AM, causando interferências em outras
emissoras já licenciadas, principalmente à noite, em ondas médias. E para DRM,
existem programas “freeware” que permitem demodular o sinal digital DRM com um
conversor ligado à placa de som do computador.
Então porque, no Brasil, pedem os radiodifusores que o Minicom oficialize o
padrão americano IBOC (In-band on-channel) nas transmissões digitais de rádio ?
Porque pagar por um sistema problemático, se tem outro que funciona bem e é
livre ?
Como diria o filósofo Barão de Itararé: “Há alguma coisa no ar e não são os
aviões de carreira...”
Veja mais sobre DRM no site:
http://www.qsl.net/py4zbz/
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Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[04/07/08]
Ministério e Anatel não se entendem sobre rádio digital - por Lucas Krauss
O Ministério das Comunicações e a Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) não vêm se entendendo muito bem sobre a
definição do padrão de rádio digital a ser adotado no Brasil. O ministro Hélio
Costa afirma que a decisão sobre a tecnologia a ser adotada ocorrerá ainda no
segundo semestre a partir dos testes feitos por empresas privadas e avalizados
pelo órgão regulador. Só que o ministro, ao que tudo indica, esqueceu de
combinar com a agência reguladora. A Anatel informa que não tem acompanhado tais
testes e ainda espera receber informações do ministério.
Em 24 de junho, Costa declarou que até setembro deverá enviar ao presidente Lula
o parecer que definirá a escolha do Executivo -- provavelmente o norte-americano
HD Radio IBOC para as faixas AM e FM e o padrão europeu DRM (sigla para Digital
Radio Mondale) para as transmissões em Ondas Curtas. Em entrevista ao programa
“Bom dia, ministro”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Costa disse ainda
que testes recentes feitos pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert) teriam sido acompanhados por “diversas entidades”, incluindo o
Instituto Mackenzie, de São Paulo, além do Ministério das Comunicações e da
Anatel.
Na tentativa de entrevistar o engenheiro Ara Minassian, superintendente de
Comunicação de Massa da Anatel, o Observatório do Direito à Comunicação obteve a
seguinte declaração da assessoria de imprensa: “O superintendente não vai falar
porque não acompanhou esses testes. Ninguém aqui acompanhou esses testes. O
relatório da Abert e do Mackenzie será entregue para nós e, então, faremos o
nosso para depois encaminharmos ao Ministério.”
Desde o final do ano passado, o entrosamento entre governo e Anatel não é dos
melhores quando a questão da digitalização do rádio vem à tona. Pressionado
pelos radiodifusores comerciais, Hélio Costa vem tentando há tempos convencer a
agência de que o padrão Iboc é a melhor alternativa para o país. Os engenheiros
da Anatel, no entanto, protelam sua avaliação. Eles pedem mais tempo para o
desenvolvimento dos testes com as cerca de 20 emissoras comerciais que pediram
autorização governamental para realizá-los.
Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em setembro do ano passado,
Minassian disse que os resultados até então apresentados à agência não
garantiriam tecnicamente a implementação do padrão Iboc. Além de reconhecer as
boas resoluções que o padrão DRM obteve em outros países, disse ainda que novas
pesquisas poderiam ser pedidas à universidades e centros de pesquisa. Uma das
preocupações do engenheiro à época dizia respeito ao alcance do sinal digital.
“Ninguém conseguiu responder se uma rádio analógica, hoje com alcance de 70
quilômetros, cobrirá com o sinal digital essa mesma distância ou se parte dos
ouvintes ficará sem o sinal”, afirmou. A preocupação do engenheiro mantêm-se até
hoje, já que passados 9 meses o problema não foi solucionado. “No analógico, o
normal é atingir até 50 quilômetros de cobertura. No digital, atingimos uns 20
quilômetros. Num raio de 4 a 5 quilômetros vai bem, mas depois começa a esbarrar
com outras”, diz o engenheiro Alfredo Marcouizos, do grupo CBS de São Paulo.
Sem critérios públicos
É bom lembrar que em março de 2007 a Anatel abriu consulta pública para definir
a metodologia a ser utilizada nos testes feitos com o Iboc-AM. Além dos
resultados não terem sido divulgados até hoje, sequer foram abertas consultas
públicas para a metodologia de testes com FM e Ondas Curtas. “Não há parâmetros
públicos. As consultas públicas da Anatel sinalizaram uma política de Estado
para se ter regras mínimas para a realização de experimentos. Mas o que o
Ministério faz? Terceiriza os testes para a Abert, diz Diogo Moyses, do
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. “Ou seja, o Estado
brasileiro não vai ter opinião. Se a Abert disser que tudo bem, então o Iboc
será o escolhido.”
Se ainda não há plena aceitação dos radiodifusores comerciais com o padrão
norte-americano, as poucas experiências feitas com o padrão DRM no Brasil também
ainda não foram concluídas. Os testes, iniciados ano passado pela Universidade
de Brasília (UnB), sob coordenação do professor Lúcio Martins, foram
praticamente abandonados. “Foram feitos testes em Ondas Curtas e Médias (AM),
sendo que os de Ondas Médias foram interrompidos no meio do processo.
Precisaríamos de mais tempo e seriam necessários mais testes”, diz Martins.
Para ele, o argumento do Ministério das Comunicações e da Abert de que o Iboc é
o único sistema que opera em FM, já não tem mais sustentação. “O consórcio DRM
elaborou um sistema para o FM, que transmite analógico e digital juntos, que não
está sendo considerado. Ele foi testado em alguns países da Europa e tudo indica
que seja um sistema mais flexível que o americano”, diz.
Para este ano, porém, o professor não acredita que os testes na UnB serão
reiniciados. “Não há vontade por parte do Ministério das Comunicações. Ano
passado, a UnB tomou a iniciativa e entrou em contato com o consórcio europeu
para a realização dos testes. Agora, não temos mais recursos e a Universidade
não tomará mais a iniciativa”, completa.
Testes sem isenção
Já que ainda há testes de emissoras comerciais com o Iboc que não foram
entregues à Anatel e que os experimentos com o padrão DRM foram desconsiderados
pelo mnistério, a solução emergencial apresentada por Hélio Costa e Abert foi
recorrer ao Instituto Mackenzie, de São Paulo. De março a junho deste ano, foram
realizados testes de campo nas cidades de São Paulo, Ribeirão Preto e Belo
Horizonte, comandados por Ronald Barbosa, engenheiro de telecomunicações da
Abert, e acompanhados pelo Laboratório de TV e Rádio Digital do Mackenzie.
Os testes feitos com o padrão Iboc em AM e FM já foram concluídos e estão em
fase de finalização dos relatórios. Segundo matéria publicada no site da Abert
no dia 30 de junho, os resultados finais serão entregues nas próximas semanas.
Se a intenção da entidade é clara, as dúvidas em relação aos testes ficam por
conta da participação do Instituto Mackenzie. “O professor que vem conduzindo os
trabalhos lá é uma pessoa séria, mas talvez ele esteja sendo muito cauteloso.
Ele não vai querer bater de frente com os interesses da Ibiquity (empresa
proprietária do Iboc)”, diz o colunista do jornal O Estado de São Paulo,
Ethevaldo Siqueira. “Sabe-se que ele vai registrar os problemas, mas as
conclusões serão redigidas pela Abert e aí não há isenção.”
Para Diogo Moyses, do Intervozes, a Abert pode elaborar quaisquer tipos de
pareceres, sejam eles jurídicos, técnicos, e enviar ao ministério. “O que não
pode é o Estado brasileiro aceitar tais relatórios como definidores para a
decisão pelo padrão. A Abert é um grupo de interesse, ela não representa o
interesse público”, diz.
Para a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), uma decisão
arbitrária, se concretizada, deverá resultar em ações do Ministério Público
Federal. “Essa pressa sem necessidade vai permitir que se consigam decisões
judiciais para barrar isso. Vai atingir a questão do direito do consumidor, do
livre mercado. É ilegal”, diz Joaquim Carlos Carvalho, ex-assessor jurídico da
entidade. “O padrão Iboc não atende os interesses da sociedade brasileira”,
avalia.
Problemas para as pequenas emissoras
Carvalho refere-se ao fato de que a tecnologia desenvolvida pela Ibiquity para o
Iboc “seqüestra” espectro. Para transmitir uma programação em FM hoje, o sinal
analógico ocupa uma faixa de 200 khz. A transmissão no padrão Ibco deverá ocupar
uma faixa de 400khz. “Haverá desperdício de banda com o Iboc”, afirma Lúcio
Martins.
Para o professor da UnB, o FM desenvolvido pelo padrão europeu – que, em
princípio, ocuparia uma faixa de 100 khz para cada programação – deve ser melhor
estudado justamente para evitar essa maior concentração do espectro e a
conseqüente eliminação da possibilidade de entrada de novos atores. “A questão é
que no Brasil a decisão política poderá se sobrepor aos fatores técnicos. Se
isso acontecer, boa parte da população sairá prejudicada, inclusive boa parte
dos radiodifusores”, analisa.
Carvalho compartilha da mesma opinião. Para ele, a defesa do padrão americano
não está sendo feita pela entidade Abert, mas sim por um grupo dominante na
associação. “Acredito que os pequenos e médios radiodifusores, que são maioria
na Abert, não estejam acompanhando essa discussão. O grupo que está no poder não
deve estar repassando informações do que realmente pode acontecer com a maioria,
que não vai ter dinheiro para a transição”, diz.
A título de exemplo, a tese de mestrado “Implantação do Rádio Digital no Brasil:
Testes, Impacto e Perspectivas”, da jornalista Patrícia Rangel, defendida na
Faculdade Cásper Líbero em 2007, mostra bem o tamanho do obstáculo. O
investimento total realizado pela Rádio CBN, de São Paulo, para a transição,
chegou a US$ 150 mil, o equivalente a cerca de R$ 240 mil. Detalhe: nem mesmo a
emissora comercial conseguiu financiamento e teve que arcar todas as despesas
com recursos próprios.
Dúvidas sobre a demanda
Além da preocupação com o preço dos transmissores, há ainda o fator produção em
escala. Se a tecnologia Iboc for mesmo a escolhida, o preço dos aparelhos
receptores poderá chegar a R$ 400,00 e, se não houver interesse na compra, o
preço não diminuirá com o passar do tempo. “O usuário ainda não vê nenhuma
vantagem no digital. Eu entrevistei alguns ouvintes e eles não estão
interessados em comprar um novo rádio digital”, diz Ethevaldo Siqueira.
Para demonstrar a dificuldade que será a produção em grande escala dos aparelhos
digitais, Siqueira apresenta os números nos EUA, pátria mãe do IBOC: “Das 15 mil
emissoras que atuam lá, 90% não aderiram ao padrão. Apenas 2% dos consumidores
compraram o HD Radio. A Ibiquity não consegue massificar a produção”, diz.
Mesmo que o governo brasileiro ofereça subsídios aos radiodifusores ou às
empresas fabricantes de receptores no Brasil, os problemas técnicos referentes
ao padrão persistem (saiba mais ) e dificilmente serão solucionados no curto
prazo.
Mas perguntas anteriores precisam ser feitas, segundo Diogo Moyses, do
Intervozes. “Na TV Digital você tinha um processo de digitalização mundial
acontecendo. No rádio não há nem isso”, avalia Moyses, lembrando ainda que em
nenhum país a digitalização do rádio avançou simplesmente porque não há demanda.
“As próprias pesquisas andam a passo de tartaruga porque não há demanda, não há
justificativa para uma migração para o rádio digital que mantenha o mesmo modelo
que nós temos hoje. Qual o interesse público na digitalização do rádio hoje no
Brasil?”, pergunta.
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