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Janeiro 2010 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
01/01/10
• Rádio Digital (54) - A omissão e o cansaço da sociedade e do Congresso permitem que empresários decidam o padrão de Rádio Digital
Olá, ComUnidade
WirelessBRASIL!
01.
Temos uma longa tradição da ComUnidade de acompanhar atividades e programas
governamentais que interessam, de algum modo, à nossa área de atuação (TI e
Telecom). E fazemos isso com cuidado para não resvalar para a política
partidária, o que é difícil quando o governo se confunde com um partido
político.
Mas vamos em frente!
Particularmente em 2009, intensificamos uma
espécie de "ativismo" visando incentivar uma maior participação individual
usando as facilidades atuais proporcionadas pelos meios de comunicação que
permitem ligação ou interação direta do indivíduo com "atores" das empresas,
mídia e governo.
Todos conhecem esta frase atribuída à Edmund Burke: "Para o triunfo do
mal, basta que os bons nada façam".
Podemos adaptá-la para as "atividades governamentais" que não sofrem a devida
fiscalização da sociedade: certos "atores" não desistem nunca na busca de seus
objetivos e contam sempre com a omissão e o cansaço de entidades e do
público, mesmo os mais interessados.
02.
Assim:
- No processo de escolha do padrão de Rádio Digital, ao longo do caminho, a
Anatel foi alijada das discussões e até mesmo dos "testes".
- Do mesmo modo, uma certa "Frente
Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital"
deixou de atuar.
- E também um tal de "Conselho Consultivo do Rádio Digital" criado por
Helio Costa na sua gestão no Minicom evaporou-se.
- A ARPUB - Associação das Rádios Públicas do Brasil, que em dezembro de
2007, em Assembléia Geral deliberou e distribui um manifesto sobre Rádio
Digital, aparentemente também retraiu-se.
- "Um grupo de pesquisadores de rádio e mídia sonora, aqui incluídos os
responsáveis por parcela majoritária da bibliografia produzida em nosso país
nestas áreas dentro do campo da Comunicação Social" também deixou de
manifestar-se após o envio de uma carta ao ministro, assinada por 89 pessoas!
- A Subcomissão de Radiodifusão da Câmara dos Deputados aparentemente
deixou de interessar-se pelo tema.
Mas o ministro-radiodifusor Helio Costa, Daniel Slaviero,
presidente da ABERT e demais empresários não desistem nunca e estão em vias de
decidir um padrão de Rádio Digital à revelia da sociedade.
03.
Sumário das transcrições relacionadas ao texto acima:
Fonte: UNB
[13/03/07]
Portaria de Criação do Conselho Consultivo do Rádio Digital
Fonte: FNDC
[24/03/07]
Conselho Consultivo do Rádio Digital tem encontro preliminar - por Laura
Schenkel - FNDC
Fonte: ARPUB
[13/12/07]
Resolução Política: A ARPUB e o Rádio Digital
Fonte:
http://www.convergencia.jor.br/carta.htm
[13/12/07]
Correspondência enviada ao Ministro das Comunicações
Fonte: CPqD
[15/05/07]
Subcomissão discutirá implantação de rádio digital no país
Fonte: Jornal da Midia
[15/08/09]
Ministro isolou legislativo da escolha do padrão, diz Erundina
Ao debate!
Boa leitura!
Ótimo 2010!!!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: UNB
[13/03/07]
Portaria de Criação do Conselho Consultivo do Rádio Digital
MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES
GABINETE DO MINISTRO
PORTARIA Nº 83, DE 13 DE MARÇO DE 2007.
Cria o Conselho Consultivo do Rádio Digital com o objetivo de
assessorar o Ministro de Estado das Comunicações na
elaboração do planejamento para implantação do Rádio Digital
no Brasil.
O MINISTRO DE ESTADO DAS COMUNICAÇÕES, no uso das atribuições que lhe confere o
art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, resolve:
Art. 1o
Criar o Conselho Consultivo do Rádio Digital, constituído de vinte e seis
conselheiros, na forma do art. 2o, com o objetivo de assessorar o Ministro de
Estado das
Comunicações na elaboração do Plano de Desenvolvimento do Rádio Digital no
Brasil.
Art. 2o
Assegurar a participação no Conselho Consultivo do Rádio Digital de
representantes:
I - da União:
a) Ministério das Comunicações;
b) Casa Civil da Presidência da República;
c) Ministério da Cultura;
d) Ministério da Educação;
e) Ministério da Ciência e Tecnologia
f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
g) Agência Nacional de Telecomunicações; e
h) Conselho de Comunicação Social;
II - da radiodifusão:
a) comercial;
b) educativa;
c) comunitária; e
d) pública;
III - da indústria:
a) recepção;
b) transmissão; e
c) audiovisual;
IV - dos usuários;
V - da academia; e
VI - dos anunciantes.
§ 1o O Os membros do Conselho Consultivo do Rádio Digital serão indicados pelos
titulares dos órgãos e entidades referidos no inciso I e por entidades
representativas dos setores referidos nos incisos II a VI deste artigo e
designados pelo Ministro de Estado das Comunicações.
§ 2o O Ministro de Estado das Comunicações poderá convidar especialistas de
notório saber para compor o Conselho.
§ 3o As entidades representativas dos setores referidos nos incisos II a VI
deste artigo deverão apresentar suas indicações no prazo de trinta dias contados
da publicação desta Portaria.
Art. 3o
O Conselho poderá constituir câmaras temáticas com a finalidade de desenvolver
estudos e propostas específicas em cumprimento aos objetivos estabelecidos nesta
Portaria.
Parágrafo único. O Ministério das Comunicações coordenará e prestará apoio
técnico e administrativo às atividades do Conselho e de suas câmaras temáticas.
Art. 4o
A participação em quaisquer atividades do Conselho será considerada prestação de
serviço relevante, e não será remunerada.
Art. 5o
As recomendações do Conselho serão apresentadas ao Ministro de Estado das
Comunicações, na forma de relatório final, no prazo de até seis meses, contados
da
publicação desta Portaria.
Parágrafo único. Para integrar o relatório final dos trabalhos do Conselho,
qualquer recomendação deverá ser aprovada pela maioria absoluta do colegiado.
Art. 6o
Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
HÉLIO COSTA
---------------------
Fonte: FNDC
[24/03/07]
Conselho Consultivo do Rádio Digital tem encontro preliminar - por Laura
Schenkel - FNDC
Representantes do governo, da sociedade civil, das universidades, e dos
radiodifusores, integtrantes do Conselho Consultivo do Rádio Digital,
reuniram-se com o ministro das Comunicações Hélio Costa. Participaram do
encontro Nélia del Bianco, pesquisadora da Universidade Federal de Brasília e
José Guilherme Castro, dirigente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias
(Abraço), que analisam criticamente os rumos do rádio digital no Brasil.
Convidado a participar em nome da Abraço, José Guilherme Castro, que também é
secretário-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC),
reivindicou a participação de entidades de trabalhadores do setor, como a
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Federação Interestadual dos
Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert) e Federação Interestadual dos
Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel) nas reuniões do grupo. “É preciso ter
participação dos movimentos sociais nesse Conselho.” O ideal, observa, seria a
realização de uma Conferência Nacional de Comunicações para debater a
digitalização, entre outros temas. “Apesar do governo federal incentivar a
participação pública, isso não ocorreu na área da comunicação.”
“A pressão das grandes emissoras comerciais é pela implantação do IBOC, uma
tecnologia robusta que ocupa grande parte do espectro eletromagnético disponível
para a rádio”, afirma Nélia del Bianco, professora da Universidade Federal de
Brasília, que esteve presente no encontro. A pesquisadora participou dos estudos
do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), agora chamado de ISDTV e
acompanha estudos sobre os testes de rádio digital no Brasil.
O ministro declarou, contraditoriamente, que não tem preferência por nenhum
padrão, embora tenha declarado sua preferência pelo IBOC, após encontrar-se com
membros da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão(ABERT), no
ano passado (leia matéria). Nélia reiterou que é necessário analisar as
particularidades de cada modelo em relação à qualidade de som, possibilidade de
acesso gratuito, tecnologia que possa ser convergente num futuro próximo e cuja
migração e manutenção sejam viáveis economicamente. “Cerca de 70% das emissoras
de rádio são pequenas e médias e utilizam transmissor valvular, que não permite
transmitir analógica e digitalmente ao mesmo tempo, o que só o transmissor
modular faz.” Esse último equipamento custa em torno de R$200 mil, segundo a
professora.
Sem grandes novidades
Para José Guilherme Castro, o motivo político da reunião foi o temor da maioria
das rádios comerciais, associadas à Associação Brasileira de Radiodifusores
(ABRA) e ABERT, frente à operação no sistema digital desenhado até o momento.
“As rádios estão desesperadas com a falta de investimento, envelhecimento e
falta de renovação do público ouvinte. Por outro lado, faltam pesquisas para
fundamentar o estudo da implantação do sistema digital de rádio no país”,
complementa Nélia. Vale lembrar que a condução do processo sobre o rádio digital
já surgiu de forma contestada, sempre favorecendo a escolha do padrão americano
pelos radiodifusores (leia mais).
Na opinião de José Guilherme, o encontro não muda em nada as perspectivas em
relação à definição da tecnologia a ser adotada. “Estamos tendo, ao final do
processo, um espaço de discussão mínimo, que permite diminuir os erros.” É
preciso, de acordo com o representante da Abraço, assegurar a participação da
indústria brasileira. “Além da tecnologia não ser nacional, ela tem um único
proprietário, que pode cobrar qualquer valor por seu uso.”
Fomento para comunitárias
O início das operações da nova tecnologia no Brasil deverá ocorrer em 2008,
segundo Costa. "É essencial que as rádios comunitárias sejam incluídas em todo o
processo. Esse é um dos fatores para analisar a transferência tecnológica e o
desenvolvimento de pesquisas no Brasil. Dessa forma poderemos produzir aqui
equipamentos com custos viáveis para as rádios comunitárias", afirmou o
ministro. Seria criado um financiamento do Governo Federal para processo de
digitalização do sistema dessas emissoras.
Discussão míope
A professora da UnB observa que muitos participantes da reunião estavam fazendo
uma discussão secundária sobre a tecnologia, enxergando somente um uso do rádio
da população mais elitizada. “Muito estavam discutindo sobre o rádio digital em
carros, mas é necessário lembrar que a maior parte da audiência no brasil é
domiciliar.” Há problemas ainda fora do debate, além da questão financeira, como
a fraca portabilidade do sistema IBOC (leia matéria relacionada).
----------------------
Fonte: ARPUB
[13/12/07]
Resolução Política: A ARPUB e o Rádio Digital
RESOLUÇÃO POLÍTICA: A ARPUB E O RÁDIO DIGITAL
1. Panorama mundial do rádio digital.
O processo de transição da radiodifusão do sistema analógico para o sistema
digital é um processo acelerado em todo o mundo, tanto na área de televisão
quanto de rádio. O rádio digital já está implantado, ou em fase de implantação
em 35 países, e já atinge um público superior a 284 milhões de pessoas. Este
público recebe programações diversas, emitidas por mais de 400 emissoras de
rádio, que já operam em sistema digital. Esse público consumidor tem receptores
de rádio digital sendo fabricados por 22 marcas diferentes. A utilização desse
sistema digital permite oferecer programas de áudio com excelente qualidade
sonora, livre de interferências, e também permite uma grande capacidade de
transmissão simultânea de dados. Na linguagem popular, é comum se ouvir dizer
que o áudio de uma rádio AM fica com qualidade de FM, e o áudio de uma rádio FM
com qualidade de um CD player.
Existem diversos padrões de rádio digital no mundo. Os principais são o
DAB-EUREKA, o DSR, o DRM, o ISDB e o IBOC. O DAB (Digital Áudio Broadcasting)
foi o primeiro padrão a surgir, através do projeto EUREKA, na Grã-Bretanha. É
utilizado para transmissores na banda FM e é essencialmente um sistema
terrestre. Oferece multi-serviços de transmissão de dados, veiculados através de
um display de cristal líquido no receptor de rádio. O modelo original é pouco
flexível. A Coréia está tentando desenvolver um novo modelo, o DMB, para superar
essa limitação. O padrão DSR (Digital Satélite Radio) é uma vertente satelital
do DAB. Na Europa, apenas duas empresas estão operando com esse sistema: a
Global Radio e a Alcatel World Space. O padrão ISDB (Integrated Services Digital
Broadcast) é utilizado penas no Japão, trafega nas faixas 189-192 MHz e 2,535 a
2,655 GHz. É flexível, permite recepção móvel para áudio e dados, é considerado
o sistema mais flexível. Mas, é muito mais que rádio. Destina-se à transmissão
terrestre de TV digital.
O padrão IBOC (In Band – On Channel), foi desenvolvido pelo consórcio
norte-americano I-Biquity Digital. Está implantado nos EUA. Apenas 300, das 14
mil emissoras de rádio norte-americanas, já utilizam o sistema. A conversão
custa cerca de US$30 mil para cada radiodifusor. É um sistema híbrido, pois
permite o funcionamento junto com o padrão analógico. Isso significa que a
transição do analógico para o digital pode ser mais suave, menos traumática. Foi
desenvolvido para o canal de FM, mas pode usar um canal adjacente de AM, embora
apresente sérios problemas de recepção no AM, e tem um menor alcance. Ocupa uma
faixa larga do espectro, necessitando ampliar sua banda, o que diminui a
disponibilidade de espectro para outros atores. É um sistema proprietário (I-Biquity),
caro, custa cerca de US$5 mil por licença. Em levantamento feito no ano passado,
o FNDC estimou que a transição para o padrão proprietário IBOC poderá custar
R$15,7 bilhões ao cidadão e R$1,3 bilhão às emissoras. Entretanto, é um sistema
que não necessita de nova concessão, não altera freqüência e chamada.
Finalmente, o padrão DRM (Digital Radio Mondiale), desenvolvido por um consórcio
europeu, formado por rádios públicas como BBC, Radio France, Deutsche Welle, RAI,
RTP, além de ter o apoio de governos como China e Equador. É o padrão mais
recente, surgido em 1996. Por enquanto, opera em AM, OC, e OT; ainda não opera
em FM, mas as pesquisas para desenvolver esta alternativa estão avançadas. É um
sistema não-proprietário.
2. O panorama do rádio digital no Brasil.
Desde o segundo semestre do ano passado, a ANATEL liberou a implantação do rádio
digital em 12 capitais brasileiras, em caráter experimental. Os radiodifusores
privados, imediatamente demonstraram a sua preferência, e iniciaram os testes
com o padrão norte-americano I-BOC. Hoje, segundo o MINICOM, cerca de 16
emissoras já estão realizando estes testes. O próprio Ministro das Comunicações,
em repetidas entrevistas, deixou claro sua preferência pelo padrão
norte-americano. O consórcio europeu DRM estabeleceu um convênio com a UNB e com
a Radiobrás, para realizar os testes do seu padrão no Brasil. Até agora, só
conseguiu timidamente realizar os primeiros testes em OC. Uma série de
complicações adiou a chegada ao Brasil do transmissor da DRM em canal AM , para
realizar os testes previstos. Em 18 de abril, o Ministro Hélio Costa reuniu-se
com os representantes da DRM no evento anual da NAB, em Lãs Vegas , e agendaram
definitivamente a vinda da DRM ao Brasil em junho, para os testes.
Em 05 de março, a ANATEL abriu a Consulta Pública n. 771, que deveria se
encerrar em 24 de abril, para colher contribuições sobre os testes de rádio
digital que estão sendo realizados no Brasil, em outras palavras, para avaliar
os testes do I-BOC, único padrão que está sendo realmente testado em nosso país
até o momento. Tudo parece caminhar para um jogo de cartas marcadas, onde o
padrão norte-americano já estaria sendo escolhido antes mesmo de qualquer debate
com a sociedade.
Nesse ínterim, o MINICOM anunciou em 21 de março, que realizara naquele dia uma
reunião preliminar do Conselho Consultivo do Rádio Digital, que deveria ter sido
formalmente constituído em 14 de abril (adiado em função da ida do Ministro à
NAB), cuja composição deveria ser de 26 pessoas, representando os diversos
setores do governo, da indústria, da radiodifusão (comercial, comunitária e
pública), da academia e dos anunciantes. Em 29 de março a ARPUB protocolou
ofício no MINICOM demandando assento no Conselho Consultivo do Rádio Digital.
Tal Conselho teria um prazo recorde de 60 dias, com prorrogação de mais 30, para
chegar às conclusões sobre o padrão de sistema digital a ser adotado no país. O
Ministro Hélio Costa deu a entender que as discussões no interior do Conselho
abordariam aspectos meramente tecnológicos. E adiantou que prevê um cronograma
de implantação do rádio digital no Brasil que poderia começar em dezembro deste
ano, nas capitais, ou no máximo no primeiro semestre de 2008.
Diante desses informes, a IV Assembléia Geral da ARPUB delibera:
Continuar reivindicando assento para um representante da ARPUB no Conselho
Consultivo do Rádio Digital. Caso tal reivindicação seja acatada pelo MINICOM, a
ARPUB indicaria o nome de Orlando Guilhon para essa representação, e como
suplente acata o nome do responsável técnico a ser indicado pela Rádio
Inconfidência-MG.
Reivindicar a ampliação da composição do Conselho Consultivo do Rádio Digital,
no sentido de garantir uma maior representação de setores não ligados à
radiodifusão, da sociedade civil em geral e da cidadania.
Lutar para ampliar o prazo do cronograma aprovado pelo MINICOM, de 60 a 90 dias
de trabalhos do Conselho, considerando que, dada a complexidade do assunto, a
pressa na decisão a ser tomada poderá trazer enormes prejuízos à sociedade
brasileira.
Incentivar que este debate sobre o processo de implantação do rádio digital no
Brasil ultrapasse as fronteiras limitadas do Conselho Consultivo, e chegue às
universidades, aos centros de pesquisa, aos meios de comunicação em geral, às
entidades da sociedade civil, ao Congresso Nacional, de tal forma que ele possa
configurar-se enquanto um processo realmente democrático, transparente e
responsável.
Lutar pela criação de um Sistema Brasileiro de Rádio Digital, que inclua a
disponibilização de recursos para pesquisa de um padrão tecnológico brasileiro e
a formulação, a partir de um debate democrático, de um modelo de referência
sobre a cadeia produtiva e a exploração do serviço.
Lutar para que a escolha do novo padrão de rádio digital a ser adotado no Brasil
não seja feita antes que o consórcio europeu DRM consiga realizar seus testes em
nosso país; para tal, a ARPUB fará uma solicitação formal à DRM.
Denunciar as limitações da adoção do padrão norte-americano I-BOC, por três
razões básicas: a) é um sistema proprietário e muito caro; b) seu resultado no
canal AM vem recebendo críticas até do FCC norte-americano; c) sua exigência de
banda mais larga tende a excluir a participação de outros atores sociais (rádios
públicas, comunitárias e rádios comerciais pequenas).
O debate que ora se inicia deve levar em consideração questões como: a
flexibilidade, o modelo de transição, a questão da democratização do acesso à
informação (novos canais e política de concessão), a questão da qualidade e
diversidade do conteúdo, o modelo de negócios, o interesse público, a questão da
planta industrial, o tema da pesquisa e o desenvolvimento científico, assim como
a questão da convergência de mídia.
Aprovado na IV Assembléia Geral da ARPUB, Rio de Janeiro, 27 de abril de 2007.
Este documento será amplamente distribuído pela sociedade (mídia, entidades,
movimentos, poderes públicos, etc).
-----------------------------
Fonte:
http://www.convergencia.jor.br/carta.htm
[13/12/07]
Correspondência enviada ao Ministro das Comunicações
Ao
Exmo.sr. Hélio Costa
Ministro de Estado das Comunicações
Prezado senhor:
Nós, um grupo de pesquisadores de rádio e mídia sonora, aqui incluídos os
responsáveis por parcela majoritária da bibliografia produzida em nosso país
nestas áreas dentro do campo da Comunicação Social, vimos, respeitosamente,
sugerir ao senhor ministro das Comunicações, Hélio Costa, uma série de
providências a respeito da implantação dos sistemas de transmissão e recepção
digital na radiodifusão sonora. Todas as propostas aqui incluídas foram
debatidas e partem do documento Carta dos Pesquisadores de Rádio e Mídia Sonora
do Brasil, anteriormente divulgado por nós e repassado a Vossa Excelência e à
sociedade brasileira.
1. A respeito dos testes com os sistemas existentes, propomos a criação de um
Comitê de Assessoramento Científico, dando suporte ao Conselho Consultivo do
Rádio Digital, estabelecido pela portaria ministerial número 83, de 13 de março
de 2007. Seus integrantes seriam indicados por instâncias governamentais e/ou
instituições da sociedade civil como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; a Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); a Sociedade Brasileira de
Engenharia de Televisão (SET); a Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação (Intercom)...
2. A este comitê caberá a definição dos padrões dos testes a serem realizados de
forma mais sistemática, incluindo, neste processo, o estabelecimento de uma
metodologia adequada e comum a todas as estações participantes e oferecendo
ainda subsídios para a definição de um cronograma de implantação do sistema ou
dos sistemas de rádio digital. Também o comitê vai se encarregar da ponderação
dos resultados provenientes de emissoras de natureza diversa: comerciais,
educativas e/ou comunitárias; de pequeno, médio e/ou grande porte; e de
amplitude modulada e/ou de freqüência modulada... Esta instância poderá sugerir
novas propostas para o rádio como produtor e emissor de conteúdo, a partir da
base tecnológica digital.
3. Sugere-se que, dando suporte às iniciativas do Comitê de Assessoramento
Científico, este aponte, com o apoio do Ministério da Educação, instituições de
ensino superior aptas a analisar, em cada região, os dados provenientes dos
testes ali realizados. Pretende-se, deste modo, ampliar o debate e as instâncias
de análise, além de valorizar o imenso capital humano existente nas
universidades brasileiras. Neste sentido, é fundamental a realização de
audiências públicas descentralizadas. Considera-se como necessária a ocorrência
de pelo menos uma em cada região do país e nos estados de maior concentração da
produção radiofônica, propondo-se como locais universidades federais ou
estaduais.
4. Deve-se ressaltar também, como é do conhecimento de Vossa Excelência, a
imensa diversidade territorial do Brasil. Por este motivo, propomos a realização
de testes, se necessário por emissora ligada ao governo federal, em pontos das
regiões Centro-oeste, Nordeste e Norte, não apenas no Sul e no Sudeste, onde se
concentram as experiências hoje realizadas de forma assistemática por estações
que adquiriram os equipamentos de HD Radio do consórcio estado-unidense iBiquity.
Da mesma forma, salientamos a obrigatoriedade de realizar testes nas mais
diversas condições meteorológicas e topográficas.
5. Após o primeiro período de experimentos, seguir-se-ia uma cuidadosa análise
por este comitê e, quando necessário, para a validação científica dos
experimentos, ocorreria a repetição dos mesmos, todos realizados sob a
fiscalização desta instância e com resultados tornados públicos por meio do
Conselho Consultivo do Rádio Digital.
6. Para a definição do sistema ou dos sistemas, sugerimos que sejam consideradas
as sete diretrizes para a implantação do rádio digital no Brasil a seguir
relacionadas e explicadas:
6.1. Manutenção da gratuidade do acesso ao rádio.
Adotar um sistema que favoreça a oferta gratuita de programação é fundamental
para o rádio. Estabelecer o princípio da gratuidade significa manter aberto o
acesso à programação radiofônica centrada em notícia, entretenimento, esporte e
utilidade pública.
6.2. Transmissão de áudio com qualidade em qualquer situação de recepção.
A tecnologia a ser adotada precisa garantir qualidade de som em diferentes
situações de audição: móvel e doméstica. Necessita também ser capaz de garantir
eficiência de transmissão em cidades com diferentes características topográficas
e condições de uso do espectro eletromagnético, especialmente naquelas que
apresentam elevados índices de poluição radioelétrica.
6.3. Adaptabilidade do padrão ao parque técnico instalado.
As emissoras brasileiras diferem quanto ao tipo de freqüência, potência dos
transmissores, tipo de transmissor (valvular ou modular), infra-estrutura
técnica de produção, equipe de pessoal técnico e de produção. Há diferenças a
serem consideradas na forma de exploração e forma de financiamento: comerciais,
educativas, culturais, legislativas, estatais, institucionais e comunitárias. A
tecnologia de transmissão precisa ter em si este potencial de adaptabilidade em
diferentes situações. Talvez seja conveniente pensar que um único padrão não
será suficiente para atender à diversidade existente. Os testes devem, portanto,
considerar a possibilidade de adoção de um sistema híbrido.
6.4. Coevolução e coexistência do digital com o analógico.
No processo de mudança, é necessário haver um período de transmissão simultânea
de conteúdos em formato analógico e digital, até o momento em que ocorra a
popularização dos receptores digitais. Para tanto, os testes devem atentar para
possíveis interferências entre o novo sinal digital e o analógico tradicional.
6.5. Aparelho receptor com potencial de popularização.
A preocupação com a popularização do rádio digital é procedente porque a adoção
de uma nova tecnologia não pode criar uma divisória digital intransponível entre
os que terão acesso ao aparelho receptor digital e os outros que permanecerão no
analógico por falta de recursos para adquirir um novo aparelho. E isto contraria
o espírito popular e abrangente conquistado pelo rádio na era eletrônica. Ter
aparelhos acessíveis no mercado requer implementar políticas públicas de
incentivo para que a cadeia produtiva da área elétrica e eletrônica possa
disponibilizá-los a preços atraentes para o consumidor final. Desta política,
pode depender o sucesso da mudança.
6.6. Tecnologia não-proprietária.
O pagamento pela tecnologia digital de transmissão pode inviabilizar sua adoção
por parte de emissoras comunitárias, educativas ou mesmo comerciais de pequeno
porte. Esta condição deixa os radiodifusores sujeitos aos ditames de uma empresa
que administra os direitos de uso da tecnologia, podendo estes perder o controle
sob o gerenciamento do processo de instalação e definição de equipamentos.
6.7. Escolher uma tecnologia que tenha potencial de integração do rádio com
outras mídias digitais.
O digital é por natureza uma tecnologia flexível, porque permite combinar,
interligar, organizar e integrar serviços, que antes estavam separados. A sua
disseminação tem contribuído para forjar uma base material que favorece
hibridação das infra-estruturas indispensáveis à geração e à transmissão de
dados, sons e imagens em proporções incalculáveis e em alta velocidade graças
aos processos de compressão e descompressão de dados. Com esta tecnologia, é
possível caminhar para a convergência de setores antes distintos – a
informática, as telecomunicações e a comunicação – num só campo técnico
denominado de multimídia, uma estrutura de comunicação integrada, digital e
interativa. O rádio digital não poderá ficar isolado do movimento convergente. A
tecnologia de transmissão a ser escolhida terá de ser flexível a ponto de
favorecer a integração do meio com as demais mídias e com sistemas de redes
informatizadas.
7. Independentemente do sistema a ser adotado, observamos a necessidade de que
sejam estabelecidas pelo governo federal duas frentes de linhas de custeio: a
primeira delas destinada às emissoras comerciais de pequeno porte, comunitárias
e educativas, usando como balizadora a potência não superior a 5 kW e não sendo,
no caso de estação comercial, propriedade de indivíduo sócio de outros
empreendimentos na área; e a segunda voltada à indústria eletrônica para a
produção de aparelhos com tecnologia digital de transmissão e recepção para
radiodifusão sonora. Nesta última, incluir-se-ia a obrigatoriedade da presença
da amplitude modulada em qualquer equipamento (celular, MP3 player etc.) que
disponibilizar ao ouvinte a faixa de freqüência modulada. Observa-se, ainda, a
necessidade de apoio financeiro do governo para a cobertura dos custos
provenientes da manutenção do Comitê de Assessoramento Científico.
Com estas medidas, cremos que o rádio brasileiro terá garantida, em sua
diversidade, a continuação progressiva e segura do seu desenvolvimento
histórico. Ficamos, assim, à disposição através de nossos representantes, os
professores Luiz Artur Ferraretto, Nair Prata e Nélia Del Bianco, e
subscrevemo-nos:
(89 assinaturas - Ver relação em
Correspondência enviada ao
Ministro das Comunicações)
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Fonte: CPqD
[15/05/07]
Subcomissão discutirá implantação de rádio digital no país
A Subcomissão de Radiodifusão da Câmara dos Deputados decidiu realizar audiência
pública para debater a implantação do rádio digital no Brasil. O pedido foi
feito pela relatora da subcomissão, deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG), e
aprovado na quarta-feira (9/5). A deputada argumenta que, desde 26 de setembro
de 2006, em comemoração aos 84 anos do rádio no Brasil, um grupo de emissoras
passou a transmitir sua programação por meio de tecnologia digital em caráter
experimental, "impondo ao Parlamento celeridade na discussão do tema". A data da
audiência ainda não foi marcada.
Desde a década de 1980, explicou a relatora, a tecnologia digital vem permitindo
a melhoria da qualidade de transmissão. "Essas inovações permitem muito mais que
qualidade de som, ao propiciar uma diversificação de novos serviços no segmento
das rádios. Isso permitiria ao ouvinte ir além das músicas e notícias, podendo
receber dados com os mais diversos tipos de informações", afirmou.
A deputada lembrou ainda que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
atua em duas frentes no processo de implantação da radiodifusão sonora digital.
A primeira utiliza a faixa de freqüência analógica, com possibilidade de
melhoria da qualidade do som na faixa de AM. Ela diz, porém, que é pequena a
melhoria na faixa de FM, além da limitada capacidade de transmissão de dados. “A
segunda utiliza novas faixas de freqüências e é mais complexa porque requer um
minucioso estudo de viabilidade e coordenação de freqüências.”
Maria do Carmo sugeriu que sejam convidados para a audiência o consultor
jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara; o presidente da Anatel,
Plínio Aguiar; o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV
(Abert), Daniel Pimentel Slaviero; o coordenador jurídico da Associação
Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), Joaquim Carvalho; o pesquisador
do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Takashi
Tome; e o professor do Grupo de Estudos de Rádio Digital do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília.
Fonte: TI Inside
------------------
Fonte: Jornal da Midia
[15/08/09]
Ministro isolou legislativo da escolha do padrão, diz Erundina
Brasília - A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), presidente da subcomissão de
Radiodifusão da Câmara dos Deputados, criticou o ministro das Comunicações,
Hélio Costa. Segundo ela, Costa afastou o legislativo das discussões sobre o
modelo de rádio digital que será adotado pelo país. 'Nem o Congresso Nacional,
nem a Comissão de Ciência e Tecnologia, que deveriam ter sido consultados, foram
ouvidos. Apesar da reivindicação que fizemos reiteradamente, não houve a
possibilidade de que o legislativo fosse ouvido, afirmou.
A deputada foi a autora do pedido para realização de um debate público sobre os
procedimentos de outorga, fiscalização e legislação de radiodifusão comunitária,
ocorrido hoje na comissão. Segundo Erundina, a atitude do ministro do ministro
pode prejudicar a democracia nos meios de comunicação. 'A gente sabe que, se ele
tiver o poder que vem tendo até agora para, por conta própria, unilateralmente,
e sem nenhuma consulta ao Poder Legislativo, com certeza, as distorções,
desequilíbrios e as concentração deste poder fantástico da comunicação da
informação vai se tornar ainda pior a partir da incorporação dessas
tecnologias'.
Segundo Erundina, 'o ministro vem precipitando isso há muito tempo. Por isso,
estamos juntos com a sociedade civil organizada propondo a realização de uma
Conferência Nacional para discutir a democratização dos meios de comunicação
social.A subcomissão de radiodifusão trabalha na revisão de todo marco
regulatório da radiodifusão no Brasil. 'Ao se rever os procedimentos, é preciso
preventivamente evitar que haja uma maior concentração de poder da informação
com a inovação que essas novas tecnologias trazem', explica a deputada.
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