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Janeiro 2010               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!


21/01/10

• Rádio Digital (58) - O prazo da "Consulta" terminou dia 17 mas a "novela" continua

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

01.
Recebi algumas mensagens de participantes recém-chegados, intrigados com as atividades comunitárias. :-)
Sobre este assunto costumo repetir algumas ladainhas e uma delas está aqui: Sobre os debates em nossos Grupos.

Quem for conferir, por favor, anote esta atualização: hoje somos 4812 participantes, somados os efetivos dos dois Grupos vinculados. Mesmo sabendo que alguns participam dos dois fóruns, o número é bastante significativo!

Quando eu e alguns membros nos ocupamos de "atividades e programas governamentais" relacionados à nossa área de atuação, isto se dá em prosseguimento à uma tradição na ComUnidade de fazer um acompanhamento crítico "não para detonar mas para ajudar a dar certo".

Como a "campanha" eleitoral de 2010 está nas ruas e na mídia há um bom tempo, isto pode confundir os recém-chegados: acompanhamos e criticamos, não raro com alguma contundência, mas sem fazer política partidária.

"Rádio Digital" é um desses assuntos.

02.
No dia 17 próximo passado terminou o segundo prazo da "consulta" batizada pelo Minicom de "Aviso de Chamamento Público
nº 1/2009" publicado em 22 de maio de 2009, para realização de  "experimentos com sistemas de rádio digital nas diversas faixas de frequência das respectivas modalidades (OM, OT, OC e FM) do Serviço de Radiodifusão".

Sabe-se, pela mídia, que o Aviso de Chamamento Público nº 1/2009 foi planejado para introduzir novamente o "sistema europeu" DRM na competição.

03.
Em 11 de dezembro de 2008 a ABERT entregou ao ministro (em cerimônia pública) o relatório dos testes a cargo do Instituto Mackenzie sobre o IBOC
"Com cerca de 500 páginas, o documento é resultado de nove meses de trabalho de campo e análise de especialistas do Instituto e da própria entidade".

Como já citei inúmeras vezes, independente do conteúdo, considero a conclusão deste relatório "sob suspeição".
E explico, transcrevendo trechos de "posts" anteriores.

Recorto de uma das matérias este trecho contundente sobre a ABERT e os "testes mackenzianos" (o grifo é meu):
Fonte: Estadão
[26/08/09]  
Escolha de rádio digital abre polêmica por Ethevaldo Siqueira
(...) O Instituto Mackenzie concluiu os testes sobre o desempenho do padrão norte-americano de rádio digital Iboc (In Band on Channel, ou HD Radio) feitos sob a direção do professor Gunnar Bedicks, mas não recomenda sua adoção pelo Brasil sem que se façam testes comparativos com outros padrões. Essa é a razão por que o Mackenzie se recusa a assinar o relatório final dos testes, nos termos solicitados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Defensora ardorosa do padrão norte-americano, a Abert insiste na adoção dessa tecnologia digital pelo Brasil, independentemente de qualquer comparação com outros padrões. Para tanto, vai elaborar relatório final sobre os testes feitos pelo Mackenzie e levar o documento ao Ministério das Comunicações. 
O Instituto Mackenzie não considera correto nem possível recomendar um padrão sem conhecer o desempenho dos demais com a mesma profundidade. (...)

Nas "Festas" de 2008, o Ministro veio à publico e, em artigo do próprio punho, desistiu do Rádio Digital.
Eis um "recorte":
(...) Os mais recentes testes do rádio digital, realizados na cidade de São Paulo pela Universidade Mackenzie, concluíram, em julho último, que o IBOC, em ondas médias, apresenta sérios problemas de propagação, com áreas de sombra maiores do que as que são observadas no sistema analógico. (...)

No site da ABERT encontrei o Relatório de Rádio Digital, em formato PDF.
Recorto das "Conclusões":
(...) Os resultados alcançados pelo padrão IBOC nos testes realizados no Brasil, nos permitem concluir que ele é adequado à necessidade premente de digitalização das estações brasileiras. (...)
E também recorto das "Recomendações":
(...) A principal recomendação ao final deste trabalho é que seja adotado o padrão de transmissão IBOC no Brasil, tanto para AM quanto para FM, permitindo às emissoras colocarem a tecnologia digital nas suas transmissões.(...)

O Relatório esta assinado por Engª TEREZA DE MACEDO MONDINO, TM Consultoria em Telecomunicações Ltda; Prof. GUNNAR BEDICKS, Instituto Presbiteriano Mackenzie e Engº RONALD SIQUEIRA BARBOSA, Associação Brasileira de Emissoras de Radio e Televisão.

A "desistência" do ministro Costa e a "condenação" do IBOC foram feitas com pleno conhecimento deste relatório!

Constatação: O Instituto Presbiteriano Mackenzie que "não considerava correto nem possível recomendar um padrão sem conhecer o desempenho dos demais com a mesma profundidade" mudou de ideia e assinou o relatório.
O conceito e a credibilidade do Instituto exigem uma explicação pública!

04.
Especulemos.
"Condenado" o IBOC, tornou-se necessário sacar do baú o "plano B", no caso o "europeu DRM (alguns questionam este termo pois "europeu" seria o DAB enquanto o DRM seria, como o nome já adianta, "mondiale", ou seja, de um consórcio mundial).

Assim, o tal "Aviso de Chamamento Público nº 1/2009" permite a volta do DRM ao páreo.
A possibilidade desta  "consulta" foi aventada em março de 2009, a publicação deu-se em maio, mas consta que os testes do DRM começaram realmente em novembro.

Não há noticias sobre um novo teste do "condenado" IBOC no âmbito desta "Consulta/Aviso".
E seria razoável esperar que fosse testado novamente. Se não foi, então é razoável considerar que continua "condenado"!  Elementar...  :-)

As escassas notícias, no entanto, dão conta que a ABERT continua pressionando pelo adoção do IBOC:
"
Ronald Siqueira Barbosa, engenheiro técnico da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), ficou surpreso com a possível escolha do modelo europeu de rádio digital. “A gente continua optando pelo modelo americano. Ao optar por uma tecnologia, temos que levar em conta vários fatores: ter receptores no mercado, facilidade de acesso e tecnologia de transmissão. O americano é o melhor”, afirmou".

O próprio ministro, em setembro de 2009, em pleno andamento da "consulta" inaugurou uma rádio IBOC em Uberlândia!
Na época, comentei: "
O ministro Costa aparentemente faz um jogo duplo e continua devendo muitas explicações à sociedade, pois não deixa de ser um funcionário do povo!!!"

Hoje, especulações de bastidores informam que nada mudou e que os testes com O DRM servem apenas como termo de comparação para se poder optar pelo IBOC, independente de suas falhas.
Logo vamos descobrir...

05.
Lamento ter lido esta declaração:
"Para Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, o mais importante é decidir rapidamente. “O principal é definir logo. As redes AM dependem muito de ter a digitalização para ter qualidade semelhante à FM”, ressaltou."

Lamento e discordo.
Não há nenhum dado ou informação que comprove que o Brasil tenha necessidade urgente de implantar o "Rádio Digital", a toque de caixa.
O que sabemos é que o ministro Calixto da Costa e o Sr. Pimentel Slaviero, da ABERT, estes sim, estão "muito, muito necessitados"!

Lembro o que comentei em "post" anterior:
(...)
Este trecho de uma matéria do Valor Econômico é estarrecedor:
(...) Além de confrontar os sistemas Ibiquity (americano) e DRM (europeu), um dos principais objetivos será verificar se as emissoras nacionais estão dispostas a tolerar uma "falha" da nova tecnologia para entrar na era digital: tido como favorito e mais moderno que o europeu, o padrão americano ainda tem "áreas de sombra" em concentrações urbanas, devido ao elevado número de edifícios e construções, o que simplesmente impede que o sinal AM seja detectado. (...)
(...)  Após a realização de reuniões com os detentores dos sistemas e de testes por institutos especializados, dizer se vale a pena ou não tolerar as falhas detectadas para adotar logo a rádio digital depende de questões como isenção de royalties em toda a cadeia e, sobretudo, da demonstração de como serão feitas as inovações necessárias para corrigir os problemas atuais. (...) [Governo abrirá consulta sobre padrão de rádio digital]
 
O objetivo é verificar se as emissoras nacionais estão dispostas a tolerar uma "falha" da nova tecnologia?
E os usuários? 
Isto é uma total inversão do papel do ministro! 
Pelo visto, Helio Costa comunga no altar da Zélia Cardoso de Melo: "O povo é apenas um detalhes".
O ministro, por suas palavras e ações, parece que também é usuário da lixa.
(...)

06.
Até o momento, podemos dizer que todo este processo está eivado de escusos interesses comerciais e contaminado por relações espúrias entre membros do governo e representantes empresarias. É um escândalo! É uma vergonha!
A escolha de um padrão para o Rádio Digital é mais uma decisão que se pretende tomar sem amplo debate e que a Academia, o Congresso e a Sociedade continuam sendo solenemente ignoradas.

Lembro que não estou sozinho nesta opinião:
(...) Há pelo menos dois anos, André Barbosa, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, bate na mesma tecla: usar o mesmo processo de escolha da TV Digital para o rádio digital, envolvendo universidades e indústrias nos testes, além dos radiodifusores, para análise abrangente e proposição e incorporação de possíveis melhorias técnicas adequadas ás necessidades brasileiras (Fonte: Universidade Presbiteriana Mackenzie).
(...) "Nenhum dos padrões de rádio digital existentes hoje no mundo teve sucesso comercial. Todos têm algum problema sério de cobertura, interferências, excessivo consumo de baterias dos receptores, e por aí vai... "Isso abre para nós uma oportunidade, como tivemos com a TV Digital. A academia precisa participar mais ativamente desse processo", explica Barbosa, que por muitas vezes já revelou sua preocupação com as possíveis conseqüências da adoção de um padrão de rádio digital ainda sujeito a essas intempéries, capazes de trazer muito mais conseqüências negativas do que benefícios às emissoras e aos ouvintes. 
Com chapéu da Casa Civil, Barbosa continua defendendo a criação de um grupo incumbido de testar e comparar os resultados das tecnologias DAB (Inglaterra), HD Radio e IBOC (americanas), ISBD-T (Japão) e DRM (européia), com participação majoritária de cientistas e acadêmicos da Universidade brasileira e do CPqD.(...)

07.
Transcrevo abaixo estes artigos e notícias recentes:
Fonte: Blog de Sidney Rezende
[19/01/10]   Termina prazo de consulta pública para rádio digital brasileiro - por Luiz André Ferreira
Fonte: Correio Braziliense
[20/01/10]   Rádio digital no Brasil deverá ter padrão europeu Governo estaria propenso a adotar o modelo, mas a Abert prefere o sistema americano - por Karla Mendes
Fonte: Baixaqui
[12/01/10]   2010, o ano da Rádio Digital no Brasil - por Felipe Gugelmin
Fonte: Observatório do Direito à ComUnicação
[07/01/10]   Rádio digital no País está entre os EUA e Europa - por Gerusa Marques - Agência Estado
Blog Radio Base Urgente
[07/01/10]   Definição de sistema de rádio digital continua indefinido - Redação Portal IMPRENSA

Ao debate!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Fonte: Blog de Sidney Rezende
[19/01/10]   Termina prazo de consulta pública para rádio digital brasileiro - por Luiz André Ferreira

Encerrou essa semana o prazo da consulta pública aberta pelo Ministério das Comunicações para apresentações de propostas e discussões sobre o modelo a ser adotado no processo de digitalização do rádio brasileiro.

"A consulta pública teve o prazo de seis meses que foi prorrogado por mais seis e, agora, venceu. A expectativa do mercado é de que essa decisão venha a ser tomada ainda no governo Lula para que o rádio brasileiro venha a entrar na Era da modernização por que vive o mundo inteiro. " explica Ronald Siqueira - Engenheiro-técnico da Associação Brasileira de Rádio e televisão.

Ao contrário da televisão, cujo processo de implantação do sistema digital completou dois anos em dezembro, o mercado de rádio caminha a passos lentos desde 2007.

Segundo especialistas o calcanhar de Aquiles é o alto custo, seguido pelas dificuldades em atender satisfatoriamente a todas as faixas. Por isso, estuda-se ainda a possibilidade de que dois modelos possam ser implantados: o americano (In-band on-channel - IBOC) para AM e FM, e o europeu, para Ondas Curtas.

O último prazo dado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, para definição tinha sido fevereiro, para que fosse anunciado pelo presidente Lula. Pelo andar da carruagem, o prazo, não deve ser cumprido já que, segundos técnicos, necessitam ser realizados novos testes. Segundo dados do Ministério das Comunicações, atualmente existem 4,3 mil emissoras comerciais e 3,8 mil rádios comunitárias.

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Fonte: Correio Braziliense
[20/01/10]  Rádio digital no Brasil deverá ter padrão europeu Governo estaria propenso a adotar o modelo, mas a Abert prefere o sistema americano - por Karla Mendes

Tudo indica que o governo brasileiro vai adotar o modelo europeu de rádio digital. O prazo para a entrega do relatório final dos testes com a tecnologia europeia de radiodifusão terminou na segunda-feira e, segundo um funcionário do alto escalão do governo, o anúncio deve ocorrer em fevereiro. Segundo a fonte, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ficou impressionado com a qualidade das transmissões tanto em FM quanto em AM, consideradas “muito satisfatórias”. Outra vantagem do modelo europeu, segundo o funcionário, é que cada aparelho receptor de rádio digital é praticamente uma central multimídia, que permitirá não só a transmissão de áudio, mas também a de imagem.

“Com a adesão ao sistema europeu, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a Rádio Nacional vão poder fazer transmissões para o país inteiro”, destacou a fonte. Os testes com o Digital Radio Mondiale (DRM), denominação técnica do modelo europeu (leia quadro) foram feitos em São Paulo. Agora, serão executados também em Belo Horizonte. Quando a transição do modelo de rádio analógico para digital começou a ser discutida, a tendência era que fosse escolhido um padrão norte-americano. Porém, como os testes detectaram muita interferência nas transmissões em AM, a tecnologia teria sido abandonada.

Ronald Siqueira Barbosa, engenheiro técnico da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert), ficou surpreso com a possível escolha do modelo europeu de rádio digital. “A gente continua optando pelo modelo americano. Ao optar por uma tecnologia, temos que levar em conta vários fatores: ter receptores no mercado, facilidade de acesso e tecnologia de transmissão. O americano é o melhor”, afirmou. Ele observa que no europeu existe essa dificuldade, pois há menos de 100 estações em operação no mundo. “Nossa preocupação é que o modelo europeu está aprovado desde 2003 e não deslancha nem na Europa.”

Preço
Outra preocupação da Abert é com o custo. Enquanto os equipamentos de transmissão do modelo americano custam cerca de US$ 35 mil, o europeu fica entre US$ 70 mil e US$ 90 mil. Barbosa alerta ainda que essa proporção deve ser repetir para os receptores, ou seja, o rádio que o consumidor ouve. “Essa é a nossa preocupação. Rádio é o produto mais barato do mundo que usa radiofrequência. Só no Brasil, são cerca de 250 milhões”, pondera.

Arthur Luis Cardoso, gerente das rádios dos Diários Associados no Distrito Federal, observa que as emissoras terão que fazer grandes investimentos e questiona até que ponto eles trazem retorno para as empresas. “Com exceção do Japão — onde além de a população ter uma renda alta, há um forte consumo de tecnologia —, nos lugares onde a rádio digital foi implantada não houve aumento de audiência para as emissoras”, compara. Para Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, o mais importante é decidir rapidamente. “O principal é definir logo. As redes AM dependem muito de ter a digitalização para ter qualidade semelhante à FM”, ressaltou.

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Fonte: Baixaqui
[12/01/10]   2010, o ano da Rádio Digital no Brasil - por Felipe Gugelmin

Novo sistema de radiodifusão oferece uma maior qualidade de recepção, além de permitir que emissoras transmitam vários programas simultaneamente.

Quando os primeiros testes com o rádio digital começaram no Brasil, em 2005, a perspectiva é que ainda naquele ano diversas emissoras estariam adaptadas ao novo sistema e já seria possível encontrar à venda aparelhos adaptados à tecnologia.

Fora algumas notícias pouco animadoras, pouco se ouviu falar de rádio digital até o ano de 2007, em que mais uma vez surgiu a promessa de que, em pouco tempo, as transmissões digitais já seriam algo comum. O que se seguiu desde então foi um longo período de testes, e mais um longo período sem que houvesse notícias sobre a implementação da tecnologia do país.

Apesar das perspectivas desanimadoras que a falta de notícias pode trazer, tudo indica que 2010 será o ano em que a rádio digital vai decolar no país. Foi o que anunciou no final de 2009 o ministro das Comunicações, Hélio Costa, em reunião com empresários e dirigentes de associações de radiodifusão. Segundo o ministro, até metade de fevereiro deve ser anunciado qual o sistema de rádio que deverá ser adotado pelo Brasil.

Problemas na definição do padrão

O principal obstáculo para a adoção do rádio digital em grande escala no Brasil está na definição de qual deve ser o padrão adotado pelas emissoras e fabricantes de equipamentos. Assim como aconteceu com a televisão digital, o governo tem a opção de adotar um entre diversos padrões de transmissão diferentes, cada um com pontos fortes e fracos que devem ser considerados antes de uma decisão.

Os principais concorrentes na briga para definir qual o padrão de rádio digital que deve ser implementado no Brasil são o sistema norte-americano IBOC (In-Band-On-Channel) e o europeu DRM (Digital Radio Mondiale). Apesar de em essência oferecerem os mesmos serviços para o usuário final, a diferença na qualidade de transmissão de sinais AM e FM ainda gera dúvidas e incerteza para as emissoras brasileiras.

Enquanto em 2007 tudo indicava que o IBOC seria escolhido por sua versatilidade, que permite enviar sinais analógicos e digitais de maneira simultânea, os testes realizados com o sistema mostraram que a qualidade das transmissões AM ficava aquém do esperado. Já o sistema DRM se mostrou competente na transmissão de ondas curtas, mas faltavam testes que comprovassem sua eficiência quando sinais FM são enviados.

Dessa forma, para que houvesse tempo de as emissoras testarem o padrão DRM, a decisão sobre o futuro das transmissões digitais no Brasil teve de ser adiada novamente. Após testes exaustivos, a expectativa é que em 2010 finalmente deve surgir a palavra final sobre o tema.

Quais as diferenças entre o IBOC e o DRM?

O IBOC, também conhecido como Radio HD, tem como principal atrativo a possibilidade de transmitir sinais híbridos, que transportam as informações tanto de maneira digital quanto analógica utilizando a mesma frequência. Ou seja, quem não possui um receptor digital poderá receber o sinal da emissora através dos velhos aparelhos que só trabalham com o sinal analógico.

A desvantagem do IBOC está na transmissão do sinal AM, que tende a apresentar uma série de ruídos, e na transição do sinal analógico para o digital. Como os aparelhos compatíveis com a tecnologia são compatíveis com os dois sinais, há uma troca automática para o sinal analógico quando há problemas de recepção do sinal digital.

O problema surge pelo fato de haver um intervalo de oito segundos entre a transmissão dos dois sinais. Ou seja, caso o usuário esteja captando o sinal analógico e mude para o digital, terá de ouvir novamente toda a programação transmitida nos últimos oito segundos, o que representa um grande problema em áreas de instabilidade da recepção do sinal.

O DRM é utilizado principalmente para a transmissão de sinais AM e apresenta ótimos resultados no que diz respeito à qualidade de recepção. Esta tecnologia também representa uma utilização melhor das frequências disponíveis, o que permite que mais emissoras transmitam programações diferentes no espectro de ondas disponível.

Assim como o IBOC, o DRM é capaz de transmitir tanto sinais analógicos quanto digitais de maneira simultânea, e tem como vantagem exigir menos investimentos por parte dos rádiodifusores para ser implementado. Porém, como é concentrado na transmissão de sinais AM, ainda há incerteza sobre a eficiência da tecnologia na transmissão de rádios FM.

Um fator que pode influenciar na decisão tomada pelo governo é o investimento feito por várias emissoras no padrão IBOC. Como desde 2005 tudo apontava que esta seria a tecnologia padrão adotada pelo Brasil, vários empresários quiseram se adiantar às novas transmissões e jáinvestiram nos equipamentos necessários para acompanhar a novidade.

Dessa forma, não será surpreendente se o padrão for adotado mesmo que o DRM se mostre uma alternativa viável para a transmissão de sinais FM. Isso porque a opção pelo formato europeu significaria que grupos poderosos teriam de investir novamente na compra de equipamentos, e todo o investimento feito no sistema IBOC teria sido em vão.

O que muda com a rádio digital?

Assim como acontece nas transmissões de televisão pelo sinal digital, a principal mudança que pode ser notada automaticamente pelos usuários está na qualidade do sinal recebido. Enquanto as transmissões de AM ficam com qualidade semelhante à das emissoras FM analógicas, é possível obter áudio semelhante ao de CDs nas transmissões de sinais FM pelo método digital.

Além de representar um ganho na qualidade de áudio, a transmissão de sinais digitais também pode representar o fim dos chiados e falhas. Ao contrário das transmissões atuais, que utilizam sinais analógicos deteriorados facilmente devido a interferências externas, o sistema digital divide o sinal enviado em várias porções, tornando-o mais resistente à ação de impedimentos como condições atmosféricas e obstáculos geográficos.

Além de permitir uma recepção mais clara das informações enviadas, a divisão dos sinais permite investir em diversas programações simultâneas transmitidas pela mesma frequência. Ou seja, o usuário poderia optar entre ouvir a transmissão de um jogo ou continuar ouvindo músicas, sem ter que trocar de rádios. Isso só para citar uma das possibilidades.

O sinal digital traz mais versatilidade para as transmissões radiofônicas tradicionais ao transformar o rádio em um meio multimídia, assim como a televisão ou a internet, por ser capaz de enviar textos e imagens para os aparelhos receptores. Dessa forma, enquanto o narrador de um programa fala sobre um acontecimento, podem-se ver fotografias tiradas no local, enquanto o leitor do aparelho mostra um texto com a previsão do tempo, por exemplo.

E o rádio analógico, como fica?

Mesmo representando ganho de qualidade na recepção da programação e uma maior diversidade de conteúdo, o rádio analógico ainda carrega alguns fatores que podem assustar quem pretende fazer a transição. Assim como na transição para a televisão digital, será preciso comprar aparelhos totalmente novos para receber os sinais radiofônicos digitais.

Como ainda se trata de uma tecnologia nova, naturalmente o preço destes aparelhos é proibitivo, ainda mais levando em conta que não são produzidos em território nacional. Como atualmente é possível comprar rádios do sistema analógico por poucos reais em qualquer estabelecimento, seria um verdadeiro tiro no pé realizar a transição de maneira descuidada.

Felizmente, o governo decidiu que a transição do sistema analógico para o digital não terá nenhum prazo máximo como acontece para os aparelhos de televisão, que até 2016 terão de obedecer ao novo padrão. Ou seja, não é preciso se preocupar em guardar dinheiro desde já para comprar um novo equipamento, já que as rádios analógicas tendem a permanecer no ar durante muitos anos.

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E você, o que pensa sobre a rádio digital? Não deixe de escrever sua opinião em nossa seção de comentários.

Comentário selecionado

Vinícius Giesbrecht Carreira Couto em 18/1/2010 às 19:43h
O rádio digital tá vindo para melhorar a qualidade de recepção e tem a possibilidade de receber dados da emissora como nome da música e cantor, placar de jogos, condições climáticas e movimento em rodovias através de um pequeno display. O padrão primeiramente escolhido foi o iboc pois era o único dos padrões existentes no mundo na época que transmitia em AM e FM e não precisaria de alocação de outra faixa de frequência pois transmitia na mesma banda do sinal analógico, 200khz para FM e 10 ou 20 khz para AM. Porém o padrão americano não funciona bem para o am além de ser um padrão proprietário devendo os radiodifusores pagarem royaltes para a empresa ibyquiti americana. O padrão drm europeu é livre. Agora que já foi desenvolvido e já testado na frança a transmissão em FM, ficando a partir daí sem desvantagens para o padrão iboc não tem dúvidas de que o padrão drm é o melhor. O que pesa mais agora é a questão dos grandes radiodifusores já terem investido no iboc. Vamos ver se o ministro hélio costa, mesmo sabendo que o DRM é melhor vai ter "peito" para adotar como o padrão para o Brasil! Acredito que sim pq ele já tá cheio desse pessoal que estuda e não define nada e a ABERT querendo controlar tudo e manipular as ações em busca de dinheiro. chega! chega! chega de corrupção! chega de querer olhar o próprio umbigo sem pensar na sociedade! Vamos se não esse Brasil nosso vai continuar como está!


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Fonte: Observatório do Direito à ComUnicação
[07/01/10]   Rádio digital no País está entre os EUA e Europa - por Gerusa Marques - Agência Estado

Brasília (AE) - A televisão digital já completa dois anos em operação no País, desde a sua inauguração na cidade de São Paulo, em dezembro de 2007, mas o rádio ainda aguarda uma definição do governo sobre qual sistema digital será adotado no Brasil. A disputa está entre o padrão americano - preferido pelas emissoras - e o padrão europeu, ainda em fase de testes no Brasil.

A estimativa mais recente, feita em setembro pelo Ministério das Comunicações, era de que o anúncio da decisão seria feito pelo governo até dezembro, mas não há perspectivas de quando a escolha será feita. As emissoras de rádio tinham optado pelo padrão dos Estados Unidos, sob o argumento que dá para manter na mesma frequência tanto o sinal digital quanto o analógico, sem precisar de um novo canal, como ocorre no caso da TV.O governo, porém, foi pressionado a pensar melhor sobre a questão, em virtude dos problemas detectados no padrão americano, como interferências entre sinais digitais e analógicos e redução no raio de alcance das emissoras.

A escolha de um padrão digital para o rádio - veículo que tem uma história de mais de 80 anos no Brasil - vem sendo discutida pelo governo desde 2007, quando a tendência era a de se optar por um sistema híbrido. Assim, seria escolhido o padrão americano para as emissoras AM e FM e o europeu para as emissoras de ondas curtas, que atendem principalmente à região amazônica.

A decisão é importante pela dimensão que o rádio tem no Brasil, presente em quase 90% dos domicílios do País. O principal ganho com a digitalização será a melhoria na qualidade do som e da recepção, com o fim dos chiados. A nova tecnologia permite que a rádio AM fique parecida com a FM, preservando o longo alcance, e a rádio FM terá um som igual ao de um CD.

No sistema digital, o rádio também passa a ter algumas funções de texto, como informar no painel do aparelho o título da música e o nome do cantor e do compositor. As emissoras também passarão a oferecer outros serviços de texto, como informações de trânsito, localização, previsão de tempo e resumo das notícias do dia. Esses serviços agregados também poderão ser fontes de novas receitas para as emissoras, com a venda de anúncios.

No Brasil, existem 4.339 rádios comerciais e 3.865 rádios comunitárias, segundo dados de novembro do Ministério das Comunicações.

Das emissoras comerciais, 2.425 são FM, 1.774 são AM, 74 operam em ondas tropicais e 66 em ondas curtas.

A expectativa de técnicos do setor é de que no prazo de um ano após a decisão pelo governo, todas as capitais e grandes cidades do País terão pelo menos uma emissora transmitindo em sinal digital. A partir do segundo ano, o rádio digital começaria a ser instalado em cidades de médio porte, até chegar ao interior. A estimativa é de que entre cinco e dez anos, o rádio digital estará em todo o Brasil.

A indústria, por sua vez está de olho na possibilidade de troca dos 200 milhões de aparelhos em funcionamento no País, o que reaqueceria o mercado. Entre estes aparelhos, estão desde o radinho de pilha até os equipamentos mais sofisticados, como os que vêm incorporados a aparelhos de home theater, por exemplo.

Um importante mercado para a expansão do rádio digital é a indústria automobilística, uma vez que os novos veículos já sairiam da fábrica com o aparelho digital. O prazo previsto pela indústria é de cerca de um ano entre a definição das especificações até a colocação do produto na prateleira.

No caso das emissoras, a estimativa é de que serão necessários, em média, 90 dias depois da definição do padrão para a compra e instalação de equipamentos. Assim como foi feito no caso da TV digital, o governo estuda a liberação de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para financiar a troca de equipamentos de transmissão pelas emissoras.

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Blog Radio Base Urgente
[07/01/10]   Definição de sistema de rádio digital continua indefinido - Redação Portal IMPRENSA

A implantação do sistema de rádio digital no Brasil, em discussão desde 2007, ainda aguarda parecer do governo sobre o modelo a ser adotado, entre o padrão norte-americano e o europeu. O anúncio da opção governamental deveria sair em dezembro de 2009, mas foi adiado em virtude de problemas decorrentes de um dos sistemas em disputa.

O padrão norte-americano é visto como o preferido entre as emissoras do setor, sob o argumento de que possibilita a manutenção freqüências tanto no sinal digital quanto analógico. Porém, no último ano, foram levantados problemas no sistema, como interferência em sinais e redução do raio de alcance.

Segundo informou a Agência Estado, o debate sobre a implantação do sistema digital de rádio existe desde 2007 e, na época, via-se como preferência a adoção de um padrão híbrido: americano para as emissoras em AM e FM e europeu aos veículos de ondas curtas.

Além da melhoria na qualidade do som, com a diminuição de ruídos na freqüência, o sistema digital de rádio também possibilita ao ouvinte verificar funções de texto, como nomes de músicas e informações de serviço nos painéis dos aparelhos.

A expectativa é de que no prazo de um ano após a decisão do governo, as capitais e grandes cidades do país passem a contar, pelo menos, com uma emissora transmitindo em sinal digital. No segundo ano, o serviço chegaria a localidades de médio porte, até ingressar no interior. Em cinco anos, na avaliação do governo, o sistema estará em todo o Brasil.

Em meio à adoção do sistema de TV digital, que completou dois anos em dezembro de 2009, o mercado de rádio continua aquecido.Segundo dados do Ministério das Comunicações, atualmente existem 4,3 mil emissoras comerciais e 3,8 mil rádios comunitárias.

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Essa foi a última notícia que conseguimos encontrar sobre a digitalização do rádio. Do jeito que a coisa está, vai ficar tudo no analógico mesmo. Que confusão, hein? Me parece que a solução é o padrão híbrido, mas de outra forma: o sistema americano (Iboc) para as emissoras de FM e o europeu (DRM) para as médias - que hoje o pessoal chama de AM - e ondas curtas, embora não há comprovação total da eficácia de ambos.

Mas não se preocupe com essa exímia sopa de letrinhas. Se nem os técnicos do governo parecem entendê-las, imagine nós, pobres ouvintes mortais. O Ministério das Comunicações disse que em 10 anos desativaria os sinais analógicos de VHF da TV - canais 2 ao 13 - e deixaria apenas sinais digitais em UHF - canais 14 ao 69. As emissoras já estão fazendo a sua parte. Os fabricantes e as lojas, mais ou menos. O governo do Presidente Lula garantiu que iria subsidiar a fabricação de conversores digitais para TVs analógicas. Resultado: ninguém se interessou muito em fabricá-los. Preferiram produzir tela de LCD, Plasma, etc de 30, 40, 50 polegadas, já com o conversor, entrada de DVD, Blue Ray, CD, e o escambau.

Quem tem dinheiro ou crédito na praça, acaba comprando. Quem não tem, se vira com o "tela plana" de 20 polegadas analógico mesmo, ou coisa mais antiga. Nenhum fabricante - por má, boa fé ou mesmo burrice - Se aventurou em fazer um modelo mais simples, de 20 polegadas ou menos com menos traquitanas, que pegasse somente canais digitais. Ao contrário.Quiseram logo "agregar valor" em vez de simplesmente oferecer algo pouco mais do que uma "commodity". Os fabricantes de parabólica - que não são trouxas nem nada - já criaram um receptor pra sinais digitais vindos do céu (dizem que é bem melhor que os transmitidos do chão). Os serviços de tv por assinatura a cabo e por satélite, também.

Só fiz essa pequena explanação sobre TV só para dizer que, se o governo adotar esta resolução - ou a minha sugestão - nós poderemos ficar conhecidos como o "país do híbrido jeitinho", já que o sistema de transmissão em cores também é híbrido (uia!). Originalmente, ele é alemão (PAl G) de 625 linhas de resolução.

Acontece que, quando instalaram a TV em preto e branco, o sistema era americano e tinha a resolução de 525 linhas. Na época do Presidente Geisel, o governo militar que estava xavecando os alemães ocidentais para conseguir a tecnologia de enriquecimento de urânio para a Usina de Angra dos Reis, resolveu adotar o padrão alemão de transmissão em cores, mas como os aparelhos seguiam outro padrão (americano), transformaram o PAL G em PAL M. Ou seja, as TV fabricadas no Brasil SÓ FUNCIONAM AQUI. Se for pra fora, para qualquer outro país, só vai receber o sinal em preto e branco. Parece que, com a TV Digital, o governo Lula resolveu seguir o padrão japonês, sem invencionices. Assim espero.

Para sistema analógico do rádio, que eu saiba, não inventaram nenhuma "hibridice" em termos técnicos. De qualquer forma, não há motivo para desespero. Se nem lá fora, o rádio digital provou que realmente é bom substituto para o que temos hoje, por que ter pressa, não é mesmo? Deixem americanos e europeus queimarem suas pestanas e descobrirem o que funciona melhor. Depois, se um dos dois der certo, a gente vê qual instala aqui.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010 | Enviado por Marco Ribeiro às 03:37


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