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28/01/10
• Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (130) - "O PNBL, a Telebrás, o PT e o silêncio da Oposição" - por Leonardo Araújo
de lrc_araujo <lrc_araujo@yahoo.com.br>
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para wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 28 de janeiro de 2010 10:55
assunto [wireless.br] O PNBL, a Telebrás, o PT e o silêncio da Oposição
O PNBL, a Telebrás, o PT e o silêncio da Oposição - por Leonardo Araujo
Leonardo Araujo é analista de TI
Desde outubro de 2009, quando o governo começou a soltar os diversos "balões de
ensaio" na imprensa sobre o Plano Nacional de Banda Larga e, principalmente,
sobre a reativação da Telebrás, um detalhe chamou a atenção: a ausência de uma
esperada "gritaria" da oposição, em especial do PSDB. Afinal, foi na gestão
deste partido que o Sistema Telebrás foi privatizado, sob os mais ardorosos
argumentos. No entanto, exceto uma ou outra manifestação de algum jornalista,
nada se lê ou ouve a respeito.
Pensar que a oposição esteja menosprezando esse fato seria um absurdo político,
pois resultaria em desdenhar de sua inteligência e estratégias eleitorais. Por
que o silêncio, então?
Para tentar entender o assunto, é preciso considerar o mapa da influência
política do PT e do PSDB, tomando como base, não só os resultados das últimas
eleições presidenciais, como também a estratificação das recentes pesquisas
eleitorais. Paralelamente, há que se entender qual é a visão de cada um desses
blocos políticos com relação à Internet.
Grosso modo e sem entrar em números, a grande penetração do PT se dá no Nordeste
e no Norte, enquanto o Sul e o Sudeste são as regiões em que esse partido tem
maior rejeição. Em outras palavras, o PT domina as regiões mais pobres, menos
informadas e mais dependentes das "bolsas" de diversos tipos.
Em 2009, o presidente Lula foi aclamado como "homem do ano" por três periódicos
internacionais e pelo presidente americano (que o chamou de "o cara") por ter
levado o Brasil a uma posição econômica e política ímpar em sua história. Tanto,
que no dia 28 de janeiro Lula estará recebendo o "Prêmio Estadista Global",
recém instituído e a ser entregue durante a 40ª edição do Fórum Econômico de
Davos, na Suíça.
Concorde-se ou não com Lula no plano ideológico, é inquestionável que a economia
brasileira passou a ser vistal á fora como eram vistos os Tigres Asiáticos nos
anos 70 - um fenômeno em ascensão. No cenário interno, por mais que se combatam
as "bolsas-esmola" de todo o tipo, o fato é que uma enorme massa populacional
saiu da pobreza absoluta e está agora no mercado, comprando e movimentando as
engrenagens da economia.
Há pesquisas mostrando que, após abandonar a linha da pobreza, subindo para as
classes D e C, um dos maiores desejos dessas pessoas é "tecnologia" (leia-se:
celular e computador). Não foi à toa que quase saiu o "bolsa-celular" e não é
também à toa que quem mais compra aparelhos do tipo "MP10" são pessoas dessas
classes.
O PT, ao constatar que a ministra Dilma está atrás de José Serra nas áreas mais
ricas do País, concluiu que, para levá-la ao Planalto, não bastaria o que foi
feito até agora, pois, mesmo nas regiões em que prevalece sua legenda, o PSDB
ainda tem uma boa penetração. Além disso, Dilma não tem o mesmo carisma de Lula
e a popularidade astronômica do presidente não está significando transmissão
automática de votos. Em conclusão, seria preciso um "fato político" mais denso e
bombástico para alterar essa situação em curto espaço de tempo.
Dentro dessa linha de raciocínio, surgiu então PAC-2, costurado ainda em 2009,
trazendo em seu bojo o Plano Nacional de Banda Larga – a "democratização da
informação".
A estratégia é bastante simples: se, além de tirar uma massa enorme da miséria,
tornando-se "o pai dos pobres", o "filho do Brasil" puder agora incluí-la no
mundo digital, oferecendo-lhe banda larga a preços populares, estaria montado o
pano de fundo para o cenário eleitoral capaz de eleger Dilma, alcunhada por Lula
de "a mãe do PAC".
Evidentemente, no atual estágio de coisas, todos os créditos seriam dados à
ministra, pois não foi à toa que o PNBL foi planejado nas dependências da Casa
Civil e por assessores ligados a este órgão.
Neste ponto parece haver um paradoxo, pois, se o PNBL trouxer benefícios somente
ao partido do governo, a oposição já deveria estar aos berros. Entretanto, não
está, e os motivos também podem ser simples.
O primeiro deles indica que não é uma boa estratégia política enfrentar algo
sobre o qual não se conhece os detalhes, particularmente quando o assunto tem
grande apelo popular. Melhor deixar para depois, quando forem conhecidos todos
os meandros, e aí atacar os pontos fracos que sempre existem.
Porém, o principal motivo ainda diz respeito ao fato de o mapa político atual
mostrar que o PSDB é mais forte nas regiões mais ricas e mais bem informadas. No
entender desse partido, caso o PNBL consiga deslanchar em tempo recorde, ainda
poderia dar tempo de levar informação à nova classe média do Nordeste, do Norte
e de todas as demais regiões. Mesmo que não dê, estariam sendo pavimentados os
caminhos digitais para atingir esse objetivo nos pleitos seguintes e, assim,
tentar um refazer aqui o que a Internet fez com Obama nos Estados Unidos.
Ao fim e ao cabo, a conclusão é uma só: PT e PSDB têm todo interesse, não só nas
possibilidades abertas pelo PNBL, mas também em que o controle do processo seja
gerido pelo Estado, e não por empresas privadas que só dão atenção a grupos
populacionais e processos que possam se traduzir em lucros certos. E é aí que
entra a Telebrás...
Leonardo Araújo
Leonardo Araujo é analista de TI
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