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Maio 2010 Índice Geral do BLOCO
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01/05/10
• Telebrás, Eletronet e PNBL (252) - Renato Cruz: "A volta da Telebrás e a lei" + Ethevaldo Siqueira: "Lula precisa ler o documento do IPEA" + Tele.Síntese: "Anúncio do PNBL ainda sem data"
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
03.
Transcrição mais abaixo:
Fonte: Tele.Síntese
[30/04/10]
Anúncio do plano de banda larga ainda sem data - por Lúcia Berbert
(...) A criação do PNBL foi anunciada pelo governo no
início do mês de setembro do ano passado, com previsão para implantação em
dezembro. Sem decisão, a implantação foi adiada para fevereiro deste ano e,
depois, para o mês de abril, que se encerra hoje sem qualquer avanço. O governo
alega dificuldades de agenda do presidente Lula. (...)
04.
Já tive oportunidade de citar que conheço o Sr. Rogério Santanna apenas pelo
noticiário e que nas minhas leituras e pesquisas não encontrei nada que o
desabone como funcionário público.
No entanto, creio que ele está prestando um desserviço ao país na sua
insistência em reativar a Telebrás como gestora do PNBL.
Esta insistência, contaminada pela sua suposta pretensão de dirigir a eventual
"nova estatal", no meu entender, tem inibido a busca séria de outras opções.
Tudo leva a crer que sua atitude "idealista e sonhadora" (segundo ministro
Mantega) o distanciam da crua realidade dos enormes obstáculos legais para
reativação da Telebrás.
Creio firmemente que o assunto PNBL, com ou sem Telebrás, deve ser deixado para
o próximo governo.
Juízo, Rogério Santanna!
05.
Vamos comentar o "comunicado" do IPEA?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Estadão - Blog
do Renato Cruz
[01/05/10]
A volta da Telebrás e a
lei - por Renato Cruz
A volta da Telebrás, em estudo pelo governo para o Plano Nacional de Banda
Larga, enfrenta obstáculos jurídicos.
A Lei 5.792, de 1972, que criou a estatal, definiu que a empresa tem como
objetivo “gerir a participação acionária do governo federal nas empresas de
serviços públicos de telecomunicações”. Ou seja, não poderia prestar
serviços diretamente.
“Ainda que consiga recriar a Telebrás por decreto, isso poderia gerar
disputas jurídicas”, disse o deputado Walter Pinheiro (PT-BA).
Para Floriano de Azevedo Marques, professor da Universidade de São Paulo, a
reativação da empresa exigiria mudanças na lei que a criou e na Lei Geral de
Telecomunicações, de 1997. “O problema de legalidade é grave”, diz Marques.
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Fonte: Estadão - Blog do Ethevaldo Siqueira
[30/04/10]
Lula precisa ler o
documento do IPEA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já confessou diversas vezes que não
lê jornais, nem revistas, nem, muito menos, livros. Às vezes, assina, sem
ler, decretos e mensagens ao Congresso. Mesmo assim, com pouquíssima
esperança de ser atendido, gostaria de fazer-lhe um pedido público, na
simples condição de cidadão brasileiro: “Presidente, faça um esforço
extremo, abra uma exceção em sua vida e leia um texto de menos de 25
páginas, com gráficos e tabelas: o comunicado do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), que pode ser baixado no site www.ipea.gov.br e
tem o título geral de Análise e Recomendações para as Políticas Públicas de
Massificação de Acesso à Internet em Banda Larga”.
Vale a pena lembrar que o IPEA não é nenhum órgão de oposição, mas um
instituto de prestígio, de grande competência técnica e independente,
vinculado à Secretaria de Estudos Estratégicos (SAE), da Presidência da
República. Nada mais lógico e natural, portanto, que o presidente da
República lhe dê atenção especial, lendo esse texto excepcional divulgado na
semana passada.
Se vier a ler o estudo, o presidente Lula talvez reaja com sua tradicional
sutileza, dê um murro na mesa e mude totalmente os rumos, até aqui quase
secretos, da elaboração do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e mande dois
funcionários de segundo escalão (seu assessor especial, Cesar Alvarez, e o
secretário de Logística do Ministério do Planejamento, Rogerio Santanna)
fecharem o bico e pararem de soltar balões de ensaio políticos e ideológicos
sobre a banda larga.
Por seu tratamento técnico, objetivo e independente, o estudo do IPEA
mostra, sem distorções ideológicas e com objetividade, o problema da banda
larga. E focaliza tudo que os porta-vozes petistas insistem em esconder ou
negar.
Diagnóstico perfeito
O documento do IPEA é, de longe, o melhor diagnóstico da situação da banda
larga no Brasil já feito pelo governo, nos últimos sete anos. Logo no início
do texto, mostra o desequilíbrio e a baixa concentração da banda larga em
diversos Estados brasileiros, lembrando que banda larga está presente em
apenas 2.583 dos 5.565 municípios. Isso significa 46,6% do número total de
municípios brasileiros, embora neles se concentrem mais 80% da população do
País.
É claro que o estudo poderia ter aprofundado um pouco mais quatro questões
básicas:
1) Por que a banda larga é escassa e mal distribuída no País?
2) Por que ela se concentra apenas nas regiões mais ricas e mais populosas?
3) Por que ela é tão cara?
4) A quem caberia há muito mais tempo o dever e a responsabilidade de
formular uma política nacional de banda larga?
A primeira resposta, a rigor, está nas entrelinhas do estudo, ao sugerir que
o País nunca teve uma política pública de massificação e universalização da
banda larga, por omissão do próprio governo federal, ao qual caberia a
elaboração dessas diretrizes. Por outras palavras, o PNBL, hoje em
elaboração secreta, é a primeira política pública sobre banda larga a ser
formulada no País. É claro que, há 8 ou 10 anos, no governo FHC, o Brasil
ainda não tinha ideia clara sobre a importância da banda larga.
O documento reconhece que o Brasil precisa de uma nova legislação de
Comunicações, pois a atual está, em sua maior parte, obsoleta. Mesmo a Lei
Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997, já está desatualizada em muitos
aspectos. Na verdade, o governo Lula praticamente ignorou todos os grandes
problemas das Comunicações, de 2003 até 2009. Só descobriu este ano, por
razões eleitorais.
Segunda resposta: a banda larga se concentra principalmente nas grandes
cidades e regiões mais ricas porque as concessionárias e operadoras
autorizadas não têm qualquer obrigação legal de levá-la a todo o País, como
no caso da telefonia fixa, já que seus contratos de concessão não impõem
essa universalização. Assim se comporta qualquer empresa privada no mundo:
só atende às áreas mais rentáveis. Aliás, como fazia a Telebrás, até 1998,
mesmo sendo estatal.
A terceira resposta está explícita no documento, embora sem aprofundar a
análise das causas do encarecimento da banda larga, ao relacionar os “três
os fatores que contribuem para o alto preço do serviço: baixo nível de
competição, elevada carga tributária e baixa renda da população”.
Sobre o tema, o documento ainda observa que, embora o governo federal tenha
diversos projetos de inclusão digital, “a alta carga tributária incidente
sobre os serviços de telecomunicações tem sido uma fonte de receita para o
Tesouro, o que vai contra a política de massificação”. E complementa: “Um
exemplo são os leilões de freqüência, que sempre privilegiaram a
arrecadação”. No entanto, lembra que, em vários países bem sucedidos na
inclusão digital, “a busca de preços mais baixos ao consumidor foi uma
alternativa bem sucedida – diferente da mera busca de receita orçamentária –
que norteou leilões.”
Fúria arrecadatória
Embora o IPEA não analise o comportamento do governo diante do setor de
telecomunicações, é bom lembrar que, desde o governo FHC já vigorava uma
espécie de fúria arrecadatória, que se tornou ainda mais voraz no governo
Lula, tanto da União quanto dos Estados.
Com o crescimento da rede telefônica, passando de 24,5 milhões de telefones
(fixos e móveis) em 1998 para os 224 milhões atuais, o volume total de
impostos arrecadados sobre serviços de telecomunicações passou de pouco
menos de R$ 10 bilhões/ano para R$ 43 bilhões em 2009.
E o governo federal ainda confisca os recursos dos fundos setoriais. O Fundo
de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) já acumulou cerca
de R$ 10 bilhões de recursos recolhidos ao Tesouro Nacional desde sua
criação no ano 2000 até hoje, sem aplicar nada na finalidade essencial para
a qual foi criado (universalização das telecomunicações). O excesso de
arrecadação do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) tem sido
sistematicamente absorvido pelo Tesouro, pois de um total de R$ 3 bilhões
este ano, apenas R$ 450 milhões serão destinados ao orçamento da Anatel. O
resto é pura e simplesmente confiscado.
Depois de apropriar-se de mais de R$ 30 bilhões de recursos dos fundos
setoriais, ao longo de sete anos, o governo Lula vai trombetear e festejar a
destinação recentemente anunciada de R$ 6 bilhões para a banda larga no
País, para o período 2010-2013.
Exemplo mundial
O estudo faz excelente análise das políticas públicas e estratégias de banda
larga de diversos países, mostrando, por exemplo, que “políticas de livre
acesso (open access), em particular a desagregação de redes (unbundling)”,
facilitam enormemente a entrada de competidores, o que aumenta o
investimento, melhora as velocidades, induz o progresso tecnológico, reduz
preços ou propicia inovações de serviços.
O documento ressalta ainda que é muito importante fortalecer a agência
setorial, visto que “um regulador comprometido em aplicar políticas de livre
acesso é mais importante do que a adoção formal da política”.
Sugestões
O estudo, então, sugere que a banda larga seja designada como serviço a ser
prestado no regime público e, portanto, sujeito a metas de universalização
compulsórias. Essa designação é outra omissão do governo Lula, que só veio a
tomar a iniciativa neste oitavo ano de administração, por razões eleitorais.
E, por fim, a sugestão óbvia de se utilizar na banda larga “os vultosos
recursos do Fundo Nacional de Universalização das Telecomunicações (FUST)” –
que tem sido, até aqui, pura e simplesmente surrupiado, como fonte de
superávit primário.
Quem lê e reflete sobre o conteúdo do documento do IPEA percebe de forma bem
clara a diferença entre um trabalho feito por profissionais, especialistas,
equilibrados e independentes, em contraposição à forma demagógica e
antidemocrática com que um grupo encastelado no poder está conduzindo a
elaboração do Plano Nacional de Banda Larga – tema da maior importância para
o futuro do País.
Por que não partir para um grande debate nacional, com a sociedade, com os
maiores especialistas, com o Congresso e com a mídia?
Volto ao apelo do início deste artigo: Presidente Lula, leia o estudo do
IPEA e compare o estilo do documento, sua objetividade e profissionalismo,
com o açodamento daqueles que tentam a qualquer custo acelerar o
aparelhamento do Estado, a pretexto de ampliar a inclusão digital no Brasil.
Só não vê quem não quer.
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Fonte: Tele.Síntese
[30/04/10]
Anúncio do plano de banda larga ainda sem data - por por Lúcia Berbert
A decisão final sobre o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda não tem data definida. Na
próxima semana, Lula estará em Brasília apenas na quarta-feira e, na sua
agenda, ainda não consta reunião sobre o tema.
O atraso pode comprometer ainda mais as metas do plano. No início do ano, a
ideia era levar a banda larga a R$ 35 ao mês para 300 cidades de todas as
regiões. Com o passar do tempo sem decisão, essa meta foi reduzida para 100
cidades em 2010. Agora, já há previsões de que o serviço chegue à casa do
consumidor no início de 2011.
A última versão divulgada do PNBL prevê investimentos de R$ 6 bilhões, a
serem aplicados de 2011 até 2014. Desse total de recursos, R$ 3,5 bilhões
seriam aplicados pelo Tesouro Nacional, enquanto os R$ 2,5 bilhões restantes
viriam do lucro da própria estatal de banda larga, a partir de 2013. Em
2010, seriam usados os R$ 280 milhões que estão no caixa da Telebrás,
estatal que deve ser reativada para gerir o plano, e mais as verbas
previstas nos orçamentos deste ano dos ministérios para programas de
inclusão digital.
A intenção do governo é de que a estatal da banda larga atue,
preferencialmente, no atacado. Porém, terá atribuições para atender o
varejo, caso haja localidades sem conexão pela iniciativa privada. Dessa
forma, os R$ 6 bilhões serão destinados para integrar as redes de empresas
estatais e também para ligar essas redes principais até os municípios, com a
construção de backhaul. A última milha ficaria a cargo das empresas
privadas, incluindo grandes operadoras e pequenos provedores de internet.
Há ainda a previsão de recursos da ordem de R$ 5 bilhões, referentes a
renúncia fiscal de serviços novos e a uma linha de crédito do BNDES para
capacitar pequenos provedores e para a cadeia produtiva. O governo quer usar
50% dos componentes e equipamentos produzidos no Brasil na rede pública, que
atualmente respondem apenas por 4% dos materiais.
A criação do PNBL foi anunciada pelo governo no início do mês de setembro do
ano passado, com previsão para implantação em dezembro. Sem decisão, a
implantação foi adiada para fevereiro deste ano e, depois, para o mês de
abril, que se encerra hoje sem qualquer avanço. O governo alega dificuldades
de agenda do presidente Lula.
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