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Maio 2010 Índice Geral do BLOCO
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30/05/10
• Rádio Digital (70) - "Decisão sobre rádio digital é da sociedade, não dos empresários"
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
Ainda curtindo "férias virtuais"
(mas carregando "pedras particulares") estive submerso em águas profundas, com o
periscópio recolhido. :-)
Volto à tona por alguns dias e tento atualizar as leituras. Haja!
Peço desculpas pelo atraso no retorno de "pvts" acumulados em minha caixa
postal.
01.
Acompanhamos e tema "Rádio Digital" desde 2005 com registros "externos"
no BLOCO e na
página comunitária
Rádio Digital.
O ex-ministro Helio Costa e a ABERT fizeram de tudo para implantar "na marra" o
sistema americano IBOC.
Em dezembro de 2008, creio que para evitar eventuais desgastes nas eleições de
2010, Helio Costa muda de postura, praticamente abandona o projeto de
implantação e o IBOC.
Mas volta à carga numa postura mais "equilibrada" e passa a estimular testes com
o sistema DRM.
Devido à escandalosa preferência inicial do ministro e da ABERT pelo IBOC, um
número incerto de emissoras (a mídia "oscila" entre 20 e 40) adquiriu
transmissores IBOC com evidente intenção de "sair na frente" e literalmente
estão com um enorme "mico".
Ao deixar o ministério, Helio Costa encontrou uma "saída honrosa" para o tema:
através de portaria, criou o Sistema
Brasileiro de Rádio Digital, sem definir nenhum padrão e deixando uma porta para
os estudos terem continuidade pela "Academia".
Mas o IBOC não está morto: "Seja qual for a tecnologia escolhida, Slaviero, da
Abert, diz que as emissoras que se adiantaram não têm razões para se preocupar.
"Eles podem ficar tranquilos, nenhuma emissora terá prejuízo." [Abin].
Se eleito para o governo de Minas o radiodifusor Helio Costa e a ABERT
provavelmente voltarão à carga. A conferir.
A sociedade precisa continuar vigilante e pressionar para que um estudo isento
do "Rádio Digital" seja feito por universidades e institutos de pesquisa, com
prazos compatíveis e com financiamento público.
02.
Transcrevo mais abaixo este artigo muito interessante que vale por um "resumo"
sobre o assunto:
Fonte:
Observatório do Direito à Comunicação
[24/05/10]
Decisão sobre rádio digital é da sociedade, não dos empresários - por Arthur
William e Bráulio Ribeiro
03.
Vamos comentar o artigo?
Alguém possui informações sobre os testes com o DRM?
Alguém estudando outros "sistemas"?
Ao debate!
04.
Últimos 'posts" sobre Rádio Digital:
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
---------------------------------
Fonte: Observatório
do Direito à Comunicação
[24/05/10]
Decisão sobre rádio digital é da sociedade, não dos empresários - por
Arthur William e Bráulio Ribeiro
* Arthur William e Bráulio Ribeiro são membros do Intervozes – Coletivo
Brasil de Comunicação Social.
“Estamos dando o caminho para que as empresas, com seus técnicos e com apoio
valiosíssimo da Anatel e do Ministério das Comunicações, possam concluir por
um sistema que vai poder atender a necessidade brasileira”. Com este
discurso, Hélio Costa despediu-se do Ministério das Comunicações em 30 de
março, anunciando a publicação de uma portaria que instituiu o Sistema
Brasileiro de Rádio Digital (SBDR).
A ênfase nas empresas de comunicação como únicos atores a serem considerados
no processo, presente na fala do ex-ministro, é o principal motivo que levou
diversas entidades da sociedade a divulgarem uma Carta Aberta (ler
aqui ) pedindo participação de toda a sociedade e maior controle social
sobre o processo.
Além disso, a instituição do SBDR por meio de uma Portaria Ministerial, e
não de um Decreto (como foi com a TV digital), demonstra como o tema não
está recebendo a devida importância dentro do governo. Uma mudança desta
magnitude, em um veículo da importância do rádio, que está presente em 88,9%
dos lares brasileiros, não pode ficar restrita apenas ao Ministério das
Comunicações. O tema envolve, necessariamente, políticas de desenvolvimento
tecnológico, educacionais e, claro, culturais. Entre outras.
A fala do ex-ministro em sua despedida apenas ratifica a preocupação dos
movimentos sociais com um processo açodado e sem participação social de
implantação do rádio digital.
Se não houver uma ampla participação da sociedade, serão as emissoras
comerciais que decidirão o melhor padrão ou sistema. O melhor para elas.
Essa, porém, é uma decisão que cabe à toda sociedade e não apenas aos
empresários de comunicação.
Ano eleitoral prejudica debates com a sociedade
É sabido que os poderes Executivo e Legislativo federal praticamente param
em ano de eleições presidenciais. Apenas assuntos de grande interesse
eleitoral são discutidos. Menos ainda são os votados. Isso significa que
será muito difícil promover debates e audiências públicas este ano, o que
torna qualquer decisão em 2010 autoritária e distante dos interesses da
sociedade.
Não devemos incorrer no mesmo erro que aconteceu com a TV Digital. A
existência de uma ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), que questiona
o decreto da TV Digital (5.820 de 2006), é uma prova de que essas questões
precisam der discutidas com profundidade, pois trata-se da criação de um
novo serviço de comunicação eletrônica de massas, não uma mera atualização
tecnológica.
O que diz a portaria
Muito pouco. A portaria tem o mérito de criar oficialmente o Sistema
Brasileiro de Rádio Digital, reivindicação de alguns movimentos sociais. Mas
simplesmente não indica quais serão os meios para implementar a política.
A primeira parte da portaria é muito similar ao Decreto 4.901/03 que
instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), estabelecendo
diretrizes que, apesar de positivas, são genéricas e pouco práticas. E fica
por aí. Não define instâncias, cronograma, método, muito menos envolve
outras áreas do governo.
O conjunto de entidades da sociedade civil já aponta nesta direção: que o
debate sobre o padrão de rádio digital passe pelo Congresso Nacional, e que
tenha como resultado uma nova lei.
Testes com apenas dois padrões estrangeiros
Na história das comunicações, não são raros momentos de padronização de
determinados serviços com base em uma tecnologia específica. Foi assim com a
internet (IP), com a TV digital (ISDB) e agora será com o rádio.
No Brasil, foram testadas apenas duas normas de rádio digital: o HD Radio
(também conhecido como IBOC), padrão proprietário da empresa estadunidense
iBiquity , e o DRM (Digital Radio Mondiale), de origem europeia, cujos
testes estão sendo realizados em escala muito inferior ao IBOC e sequer
foram concluídos.
Entretanto, além de existirem outros padrões, alguns com potencialidades
técnicas interessantes, outros com experiência em diversos países, o debate
se restringiu àqueles dois padrões e envolveu apenas emissoras e técnicos,
não chegando de fato à população.
Decisão apressada: TV digital ainda não se tornou realidade
Uma decisão precoce pode acarretar em baixa penetração do serviço, reduzido
interesse da população e ausência de políticas públicas no sentido de
maximizar a inclusão digital e os serviços públicos. São os mesmos alertas
feitos em 2005 e 2006, durante a escolha do padrão de televisão digital.
Quatro anos após o Brasil ter batido o martelo em relação ao padrão japonês
de TV, o serviço não chegou às casas dos brasileiros. É a reprise do mesmo
filme, só que agora com o rádio.
Listamos, abaixo, alguns motivos para o governo brasileiro não apressar a
escolha do padrão de rádio digital, antes da realização de debates junto à
sociedade e estimular a pesquisa nacional:
1 - Apenas dois padrões foram testados
Os testes do rádio digital obedeceram ao interesse das emissoras. A partir
de 2005, estações realizam experimentos com o HD Radio, o preferido dos
empresários da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão). No mesmo ano, a extinta estatal Radiobrás promoveu experimentos
com o DRM, tecnologia desenvolvida a partir de um consórcio de empresas
públicas de comunicação da Europa. E ficou nisto.
Entretanto, existem outras normas internacionais que não foram testadas,
como o DAB (presente na Inglaterra e Portugal, entre outros), o FMeXtra
(EUA, Holanda e Bélgica), o DMB (Coreia e França) e o ISDB-TSB ou NISDB-T
(adaptação do padrão japonês de TV digital para radiodifusão sonora).
2 - Mudança no Ministério não é fator determinante
Não se pode utilizar a saída de Hélio Costa do Ministério das Comunicações,
que deixou a função para concorrer a um cargo eletivo em seu estado, como
motivo para apressar a definição sobre o padrão de rádio. Se o mesmo
ocorrer, será uma herança maldita para a sociedade, já que não há maturidade
técnica e política para tal decisão.
Apressar uma decisão desta magnitude em um momento de transição é uma
irresponsabilidade. A TV digital não se tornou realidade após quatro anos, e
o mesmo poderá ocorrer com o rádio. . Afinal, as pesquisas para a
digitalização do rádio caminham lentamente em todo o mundo .
3 - Adoção será automática, sem aprimoramentos tecnológicos
Ambos os padrões favoritos são pacotes prontos e não há perspectiva concreta
de melhoramentos em suas funcionalidades. O HD Radio tem dono: a empresa
estadunidense iBiquity. Já o DRM foi desenvolvido por um grupo composto por
empresas públicas de comunicação da Europa, como Radio França Internacional
(RFI), Deutsche Welle e BBC World Service, mas tem patentes de empresas
privadas como Sony e Fraunhofer.
Este último grupo aponta a possibilidade de mudanças a fim de atender a
realidade brasileira, consideravelmente diferente da europeia. Contudo,
ainda não foram sinalizadas quais seriam estas melhorias, como aconteceu com
a TV Digital, em que o ISDB japonês sofreu uma evolução, passando a utilizar
a codificação MPEG-4 e a interatividade Ginga, desenvolvida no Brasil, pelas
universidades PUC-Rio e UFPB.
Existem avaliações, inclusive, apontando que as pesquisas desenvolvidas no
Brasil, as quais resultaram no Ginga, seriam suficientes para que um padrão
de rádio digital nacional partisse de um patamar bem avançado.
4 - Não há compatibilidade com a TV digital brasileira
Convergência é a palavra de ordem das novas Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TICs). Um serviço, se isolado dos demais, tende ao insucesso.
Para que os investimentos em uma plataforma digital de rádio não sejam em
vão, é importante que ocorram estudos e adaptações que permitam a
interoperabilidade do padrão de rádio digital com a TV Digital brasileira e
outros serviços digitais.
5 – TV Digital ainda não decolou
Em 2006, o governo brasileiro bateu o martelo em torno do padrão japonês de
TV digital. Na época, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, prometeu uma
rápida transição e a venda de conversores a baixos preços (cerca de 100
dólares). Mas, o que se vê são poucos e caros receptores à venda e uma baixa
adesão por parte das pequenas e médias emissoras. Além disso, há um
desrespeito da regra de multiprogramação, a qual só é permitida às emissoras
públicas. Já existem grupos de comunicação utilizando seus novos canais
exclusivamente para vender produtos e horários a terceiros.
6 - Não se está estimulando a P&D nacionais
A criação de consórcios nacionais para a preparação de um Sistema Brasileiro
de TV Digital (SBTVD) incentivou pesquisas universitárias na área e
possibilitou uma melhor avaliação dos padrões estrangeiros.
A adoção do SBTVD genuinamente nacional seria o ideal, já que era o mais
adequado à realidade brasileira, porém um padrão estrangeiro foi escolhido.
Mas, como estas pesquisas resultaram em inovações tecnológicas, parte delas
foi incorporada ao ISDB, aprimorando-o.
Com o rádio digital, uma nova pesquisa poderia ser feita, mobilizando o
campo acadêmico, desenvolvendo tecnologia nacional e atendendo às
necessidades da sociedade.
7 - Nenhum dos padrões de Rádio Digital apresenta experiência consolidada no
mundo
Os padrões estrangeiros favoritos não apresentam experiência suficiente para
determinar uma escolha confiável. Um histórico de sucessos e problemas é
essencial para avaliar uma opção. O Brasil não deve servir como campo de
testes de nenhuma tecnologia estrangeira.
8 – Adotar dois padrões distintos é irresponsabilidade
Foi levantada a possibilidade de o Brasil adotar dois padrões de rádio
digital: um para ondas curtas e outro para a faixa de frequências onde
atualmente estão as emissoras AM e FM.
Esta atitude geraria insegurança entre os usuários e entre a indústria, que
enfrentaria dificuldades em definir prioridades de investimento.
9 – Rádios comunitárias não participaram do processo
Somente emissoras de grande porte, em sua maioria privadas, participaram dos
testes do rádio digital. As estações comunitárias foram preteridas neste
processo, o que pode acarretar na adoção de um padrão que não atenda a seus
anseios.
Pagamento de royalties para empresas detentoras do padrão e alto custo dos
equipamentos de transmissão são fatores que devem ser levados em conta na
decisão do governo. Se isto não ocorrer, as rádios comunitárias serão as
principais prejudicadas com a digitalização, e, por consequência, a
população, na medida em que será impedida de transmitir e receber
informações.
10 – Novas concessões para um novo serviço
O Rádio Digital deve ser encarado como um novo serviço de radiodifusão e não
como uma atualização tecnológica. A digitalização permite um melhor
aproveitamento do espectro eletromagnético. A multiplicação de canais de
frequência é a oportunidade para novos atores participarem das comunicações
de massa.
Para o cumprimento da complementaridade constitucional, estas novas
concessões seriam divididas de acordo com o critério da Conferência de
Comunicação entre estações públicas (40%), privadas (40%) e estatais (20%).
O Rádio digital não pode reforçar o atual latifúndio eletrônico. Ao
contrário, deve servir para mudar essa realidade.
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