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Março 2010 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
02/03/10
• "Março com 4G" (05) - 4G: uma nova Guerra Mundial
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br,
data 2 de março de 2010 20:26
assunto "Março com 4G" (05) - 4G: uma nova Guerra Mundial
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
Prosseguimos com nosso evento virtual "Março
com 4G".
01.
Amanhã vamos dar uma leve "sacudida" técnica com este Tutorial do
Teleco: :-)
Fonte: Teleco
[16/11/09]
Redes 3G e Evolução para as Redes 4G - por Tiago Andrade Mota
02.
Esta matéria já foi veiculada em nossos fóruns em janeiro mas vale uma reprise
devido ao período de férias:
Fonte:Tele.Síntese
[20/01/10]
4G: uma nova Guerra Mundial - por Por José Luis Frauendorf
Comentei na ocasião que era uma leitura interessante e amena. Vale conferir!
Ao debate!
Cadê o povo, sô? :-)
Animação, ComUnidade! :-)
Chegando agora?
"Posts" anteriores:
•
"Março com 4G" (04) - "WiMAX e LTE: um caso de coexistência na 4G" + "WiMax e
LTE podem acabar com cobrança de chamadas de voz no celular"
•
"Março com 4G" (03) - Artigo da diretora de Comunicações de Marketing do WiMAX
Forum: "WiMAX: abra o seu mundo"
•
"Março com 4G" (02) - José Smolka indica dois artigos: "Sprint and Verizon
head-to-head in '4G' " e "Clearwire's Mexican alliance in doubt after regulator
decision"
•
"Março com 4G" (01) - Início do evento virtual, fechando o verão... + Jana de
Paula: "WiMAX ingressa numa nova etapa, mais complexa"
•
Chamada Geral (2) - Evento comunitário "Março com 4G"
•
Chamada Geral (1) para um Evento Comunitário sobre WiMAX, 4G, Etc...
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
------------------------------
Fonte:Tele.Síntese
[20/01/10]
4G: uma nova Guerra Mundial - por Por José Luis Frauendorf
José Luis Frauendorf é consultor em
Telecomunicações
Recentemente tive que viajar para o exterior e instalei no meu netbook um
software que o transformou num ramal do PABX virtual da minha empresa. Pude,
durante toda a viagem, sempre que conectado a uma rede de banda larga, fazer
ligações para todos os ramais, efetuar ligações “externas” como se estivesse
sentado no meu escritório, tarifando as ligações locais, os DDDs e os DDIs
diretamente para a empresa, embora estivesse a milhares de quilometros de
distância. Isso nos dá uma idéia dos problemas que os prestadores de serviço de
telefonia convencional enfrentarão em breve. Graças a um outro software pude
assistir aos programas da TV brasileira. Sempre conectado à banda larga e por
meio de um dispositivo que ligado a uma “caixa” de TV a cabo no meu apartamento
em São Paulo, pude mudar os canais, aumentar e diminuir o volume, mesmo estando
em um outro continente. É uma questão de tempo e obviamente de hábito, mas
muitos serviços que existem hoje desaparecerão e serão substituídos pela “banda
larga”. Batalhas são travadas em nome dessa guerra.
É, apenas, um novo capítulo da revolução tecnológica que teve início na década
de 80, há quase 30 anos, portanto. Com a criação do microprocessador foi
possível o nascimento dos PCs. O processamento de dados, até então privilégio de
poucos a um custo muito alto, dependia de enormes computadores da época, os
“mainframes”, caríssimos e complexos. Em menos de dez anos a indústria dos
computadores pessoais cresceu e a dos mainframes desapareceu. A tecnologia não
perdoa.
Com a popularização, os PCs acabaram sendo conectados uns aos outros através de
redes, para facilitar a troca de arquivos e a comunicação entre eles. A Internet
foi adotada como padrão.
O aumento da velocidade dos microprocessadores permitiu que muita coisa
acontecesse, especialmente na área da digitalização e processamento de sinais,
em especial os sinais de áudio (entre eles a voz) e o vídeo. Sinais digitais são
muito mais fáceis de serem transmitidos e processados do que os sinais
analógicos. Rapidamente, na década de 90, a nascente indústria da telefonia
celular se beneficiou disso e os sistemas analógicos que utilizavam aparelhos
pesados, grandes, com baterias que duravam no máximo quatro horas, foram
substituídos pelos digitais, pequenos, com baterias que duram dias e, o que é
melhor, incorporaram uma série de vantagens impensáveis até então. O sucesso foi
enorme e o aparelho celular acabou se tornando, além de telefone, agenda,
máquina fotográfica, aparelho reprodutor de som e vídeo.
A telefonia celular foi, além de uma revolução tecnológica, uma revolução
social. Graças a isso os investimentos para essa rentável indústria nunca
faltaram. No final do século a indústria deu um passo para aumentar a capacidade
dos seus sistemas visando a transmissão de dados, além da telefonia
convencional. Leilões milionários foram realizados na Europa para as novas
faixas do espectro que permitiriam a introdução dos novos serviços. Agências
reguladoras angariaram, para seus respectivos governos, bilhões de euros,
colocando em risco a viabilidade dos projetos. Mas eles não se tornaram
inviáveis apenas por esse motivo, mas por outro muito mais grave. A tecnologia
chamada de “3G” não saiu da forma que se esperava, já que seu desempenho ficou
muito aquém do desejado. A ganância de algumas empresas, detentoras das patentes
desse sistema, ao cobrarem royalties altíssimos em cada aparelho produzido,
agravou, ainda mais a situação. Foi necessário quase uma década para a
tecnologia decolar, mas a nave, ainda pesada, não consegue alçar voos muito
altos. Concebida sobre os pilares de um sistema de transmissão de voz, não
consegue transmitir dados como esperado.
Enquanto isso, algumas empresas independentes e mais criativas, não
estabelecidas no Velho Continente, tomaram rumo diferente. Iniciaram o
desenvolvimento de novos sistemas a partir do zero, mas adotando a premissa de
que se destinavam à transmissão de dados e não voz, o que fez toda a diferença.
Esses novos sistemas nasceram “IP”, ou seja, dentro dos padrões de transmissão
de dados. Além disso, adotaram uma nova tecnologia de transmissão de sinais, o
OFDM, já bastante conhecida, mas que era inviável economicamente, até então,
pois demandava uma velocidade e capacidade de processamento de sinais muito
elevada. Com a evolução dos microprocessadores as dificuldades foram superadas.
Houve, ao mesmo tempo, uma mudança mais ou menos óbvia com relação a alocação de
frequências. A divisão do espectro em canais de 1,25 MHz, ideais para a
transmissão de voz, passou para 5 MHz visando a transmissão de dados. Com isso,
as tecnologias tradicionais, perfeitas para canais pequenos, demonstraram-se
inviáveis para canais mais largos. A voz necessita de pouca “banda” para sua
transmissão, além da característica de ter seu tráfego simétrico, pois os
interlocutores, em princípio, geram um mesmo volume de informações durante uma
chamada. O tráfego de dados não! Geralmente, um usuário recebe mais informação
do que envia, o que torna o volume da troca de dados totalmente assimétrica. Mas
a maior diferença está na banda utilizada para a transmissão da informação.
Enquanto o tráfego de voz é da ordem de 64 kbps (64.000 bits por segundo) o de
dados em alta velocidade é de, pelo menos, 1 Mbps (1.000.000 bits por segundo),
ou seja, quase que desesseis vezes maior. Assim, além de canais mais largos
tornam-se necessários sistemas mais eficientes.
Existe uma métrica para a avaliação de eficiência da transmissão de uma
informação. É a chamada “Eficiência Espectral”, ou seja, o quanto de informação
que consegue-se transmitir em 1 Hz do espectro de frequência. O valor máximo
demonstrado por Shannon, em seu famoso teorema, é de 5 bits por Hertz, ou seja,
5 informações por 1 Hz. A TV digital, recém implantada no Brasil, transmite
cerca de 3 bits por Hertz, enquanto a tecnologia “3G” não chega a 1 bit por
Hertz (geralmente é próxima de 0,6 bits/Hz). As novas tecnologias de quarta
geração operam com eficiência espectral acima dos 2,5 bits / Hertz, ou seja,
quatro vezes mais eficientes que as atuais redes “3G”.
Em 2001 algumas empresas, dentre elas a AT&T, decidiram trabalhar juntas para
gerarem a especificação do novo sistema voltado a transmissão de dados, IP
portanto, e apoiados na modulação OFDM. Batizaram-no como WiMAX. Pouco tempo
depois as empresas do porte da Intel e Samsung aderiram ao grupo. Em 2006
entrava em operação na Coréia o primeiro sistema comercial e em 2008 nos EUA.
Ao mesmo tempo, muitos países, dentre eles o Brasil, persistiram na implantação
das redes “3G”, por forte influência dos fabricantes dessa tecnologia. Conforme
o WiMAX foi se tornando realidade a batalha teve início, as ameaças cresceram.
Uma nova tecnologia ocasionaria a queda da hegemonia dos tradicionais
fabricantes e operadores, ameaçando suas existências. A entrada em operação de
novas redes, economicamente mais viáveis e eficientes, ameaçava os investimentos
feitos no “3G”, além de permitir o surgimento de novas operadoras que
concorreriam pelo maior mercado futuro das telecomunicações, a banda larga sem
fio. Era preciso frear seu desenvolvimento e o peso dos tradicionais fabricantes
e operadoras se fez sentir. Todas as armas foram usadas. Foi necessário agir e a
única forma encontrada foi a criação de uma outra tecnologia que acabou sendo
concebida a imagem e semelhança da que a ameaçava. Nascia o LTE, uma tecnologia
gestada não por uma evolução natural mas como reação a sua irmã gêmea que
ameaçava usurpar seu trono. Reguladores, sob pressão, passaram a defender a
reserva de mercado futuro para essa tecnologia que ainda se encontra na fase de
desenvolvimento e, se quer foi testada. Assim, obstáculos foram criados para
impedir a proliferação de qualquer ameaça.
O mais interessante é que, a exemplo dos PCs, o que diferencia o WiMAX do LTE é
algo semelhante ao sistema operacional. O LTE, no caso, seria o Windows, cuja
licença de uso é altíssima, e por isso mesmo muito pirateada. Já o WiMAX seria
algo semelhante ao Linux, ou seja um software “free”. Segundo alguns
fabricantes, ambas as plataformas LTE e WiMAX “rodam” no mesmo hardware e o que
os diferencia é apenas o software. Quem sofre em última análise é o usuário que
vai ter que pagar mais caro para ter o mesmo serviço. Quem deveria protegê-lo?
A exemplo do que ocorreu 30 anos atrás com a indústria de mainframes, os
tradicionais fabricantes de equipamentos de telecomunicações começam a
desaparecer. Inicialmente foi a Lucent, absorvida pela Alcatel, em seguida a
Siemens que se uniu a Nokia e recentemente a Nortel. Outras, como é o caso da
Ericsson, seguem o caminho trilhado pela IBM no passado e buscam na prestação de
serviços a sua sobrevivência. Em pouco tempo o cenário será outro, pois o que dá
sustentação à essa indústria é a fabricação de terminais e não mais a produção
da infraestrutura. Quem sai vitorioso dessas batalhas são as empresas como Nokia,
LG e Samsung. A Motorola tenta se manter ao lado dessas últimas enquanto que as
outras podem ter seus dias contados caso não se espelhem na IBM.
A batalha agora é por território e nesse caso o domínio do espectro é o que
conta. Direitos adquiridos, justiça aos que se dedicaram ao interesse da
sociedade tornam-se irrelavantes neste momento. A batalha tem que ser ganha a
qualquer custo e todas as armas estão sendo usadas mundialmente, não só no
Brasil. Só não vê quem não quer. O porte dos participantes dessa guerra travada
na penumbra só fica evidente quando vem à luz algumas notícias. No momento
surgem rumores que uma das gigantes mundiais das telecomunicações, a Deutsche
Telecom, pretenderia adquirir as duas empresas americanas mais empenhadas na
implantação (já!) das redes de quarta geração, a Sprint e a sua parceira
Clearwire. A Deutsche Telecom não esconde sua intenção de adotar o LTE como
padrão de suas redes, ao invés do WiMAX como é o plano original que está sendo
seguido pelas duas.
Interessante é que toda ação gera uma reação. Com a perspectiva de perderem a
chance de ter suas próprias redes as empresas que investiram na Clearwire,
dentre elas a Intel, Google, Comcast e Time Warner apressaram os aportes de
investimento para prosseguir o plano original que capengava por falta de
recursos. Boa manobra dos seus dirigentes.
Essa guerra ainda terá outras batalhas, mas muitos detalhes jamais serão
conhecidos. Como em qualquer guerra quem mais sofre são os soldados que tombaram
no campo de batalha em pról de lutas desleais e desprovidas de méritos!
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