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Março 2010 Índice Geral do BLOCO
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08/03/10
• Rádio Digital (62) - "Empresa proprietária do IBOC usa blogosfera para campanha do seu padrão" + "Balões de ensaio indicam que governo pode adotar dois padrões"
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 8 de março de 2010 14:21
assunto Rádio Digital (62) - "Empresa proprietária do IBOC usa blogosfera para
campanha do seu padrão" + "Balões de ensaio indicam que governo pode adotar dois
padrões"
Olá, ComUnidade
WirelessBRASIL!
01.
A Semana Santa vem aí: ótima oportunidade orações, viagens e descanso.
Ótima ocasião também para divulgação de programas e atividades governamentais
gestados secretamente, como é costume "neste país"!
Nesta mensagem vou tentar ambientar os muitos recém-chegados no acompanhamento
que fazemos, desde 2005, do tema "Rádio Digital". Já lá vão 5 anos!!!
:-)
Já classifiquei, várias vezes, a tentativa do governo (leia-se ministro Helio
Costa) de impor um padrão de Rádio Digital sem debate pela sociedade, pela
Academia e pelo Congresso, como um "escândalo que foi sem ter sido".
Mas ninguém perde por esperar...
02.
As manchetes destas duas matérias, transcritas lá no final, dão idéia do que vem
por aí:
Fonte:
Observatório do Direito à Comunicacao - Origem: Valor Online
[18/02/10]
Governo pode adotar dois sistemas de rádio digital para o Brasil
Recortes:
(...) O governo federal poderá adotar os dois modelos em
avaliação como padrões de rádio digital, apesar do país estar fazendo testes
comparativos entre o americano, conhecido como In-band on-channel (Iboc), e o
europeu, o Digital Radio Mondiale (DRM.(...)
(...) Politicamente, a saída agradaria tanto às emissoras que já investiram no
modelo Iboc, quanto aos partidários do modelo DRM, que é livre de royalties.(...)
(...) Para tomar esta decisão, o Ministério das Comunicações avalia a publicação
de uma portaria com parâmetros que não restrinjam o mercado a um só modelo. O
ministro Hélio Costa quer resolver a questão antes de deixar o governo, até o
fim de março.(...)
Fonte: Circuito de Luca (IDG Now!)
Radio Digital:
Carta aberta da iBiquity (Leia-se "padrão americano IBOC") - Cristina
de Luca
Recorte:
(...) A proximidade da definição do padrão de rádio
digital a ser usado no Brasil e os rumores de que é possível que o Ministério
das Comunicações passe a considerar de fato a possibilidade de adoção do padrão
europeu DRM (Digital Radio Mondiale), levou a Ibiquity, Inc, detentora da
tecnologia IBOC para rádio digital utilizada nos EUA, a publicar em diversos
blogs com posts sobre o assunto uma carta aberta, na área de comentários,
reproduzida a seguir. (...)
Em tempo:
No momento da expedição desta mensagem recebo esta indicação de matéria, que não
será transcrita hoje:
Fonte: Convergência Digital
[08/03/10]
Rádio Digital: Preferido pelos técnicos, DRM sofre ataques do Iboc
03.
Quando eu e alguns membros nos ocupamos de "atividades e programas
governamentais" relacionados à nossa área de atuação, isto se dá em
prosseguimento à uma tradição na ComUnidade de fazer um acompanhamento crítico
"não para detonar mas para ajudar a dar certo".
Como a "campanha" eleitoral de 2010 está nas ruas e na mídia há um bom tempo, isto pode confundir os recém-chegados: acompanhamos e criticamos, não raro com alguma contundência, mas sem fazer política partidária.
04.
Acompanhamos o assunto "Rádio Digital" desde 2005, quando a
Anatel autorizou os primeiros testes de rádio digital.
Não como engenheiro mas como cidadão, leitor e eleitor, permito-me opinar de
modo bem informal:
O Brasil não está necessitado do Rádio Digital "pra ontem", como querem
alguns elementos do governo e empresários.
E também não precisa de tecnologias de Rádio Digital "não estabilizadas" e em
desenvolvimento no exterior.
Precisa, sim, que nossa competente Academia, com incentivos governamentais, faça
um estudo sério sobre o assunto, com prazos razoáveis.
Quem sabe, neste processo, pode até surgir padrão brasileiro...
05.
No dia 17 de fevereiro terminou o segundo prazo da "consulta" batizada pelo
Minicom de "Aviso
de Chamamento Público
nº 1/2009" publicado em 22 de maio de 2009, para realização de
"experimentos com sistemas de rádio
digital nas diversas faixas de frequência das respectivas modalidades (OM, OT,
OC e FM) do Serviço de Radiodifusão".
Sabe-se, pela mídia, que o Aviso de Chamamento Público
nº 1/2009
foi planejado para introduzir novamente o "sistema europeu" DRM na competição.
Mas os testes do DRM continuaram.
Não há noticias sobre um novo teste do IBOC no âmbito desta "Consulta/Aviso", lembrando que este sistema americano foi explicitamente condenado pelo ministro Costa em dezembro de 2008. Seria razoável esperar que fosse testado novamente. Se não foi, então é razoável considerar que continua "condenado".
Especulações de bastidores informavam que nada
tinha mudado e que os testes com O DRM serviriam apenas como termo de comparação
para se poder optar pelo IBOC, independente de suas falhas.
No entanto, notícias recentes dizem que o objetivo real é optar pelos dois
padrões. Um enorme absurdo! A conferir.
06.
Todos conhecem esta frase atribuída à Edmund Burke: "Para o triunfo do mal,
basta que os bons nada façam".
Podemos adaptá-la para as "atividades governamentais" que não sofrem a devida
fiscalização da sociedade: certos "atores" não desistem nunca na busca de seus
objetivos e contam sempre com a omissão e o cansaço de entidades e do
público, mesmo os mais interessados.
Assim:
- No processo de escolha do padrão de Rádio Digital, ao longo do caminho, a
Anatel foi alijada das discussões e até mesmo dos "testes".
- Do mesmo modo, uma certa "Frente
Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital"
deixou de atuar.
- E também um tal de "Conselho Consultivo do Rádio Digital" criado por
Helio Costa na sua gestão no Minicom evaporou-se.
- A ARPUB - Associação das Rádios Públicas do Brasil, que em dezembro de
2007, em Assembléia Geral deliberou e distribui um manifesto sobre Rádio
Digital, aparentemente também retraiu-se.
- "Um grupo de pesquisadores de rádio e mídia sonora, aqui incluídos os
responsáveis por parcela majoritária da bibliografia produzida em nosso país
nestas áreas dentro do campo da Comunicação Social" também deixou de
manifestar-se após o envio de uma carta ao ministro, assinada por 89 pessoas!
- A Subcomissão de Radiodifusão da Câmara dos Deputados aparentemente
deixou de interessar-se pelo tema.
07.
Num "post" anterior comentei que fiz um dever de casa consultando nossos
"arquivos implacáveis" e
selecionei títulos e trechos de matérias que citam os "testes" desde 2005
até hoje.
Verifica-se, pela simples leitura, que nunca houve realmente seriedade e
intenção de chegar à resultados isentos e definitivos, por parte das autoridades
e entidades que determinaram a execução dos tais testes.
Certamente o pessoal técnico escalado para o serviço fez um bom trabalho mas,
sem uma coordenação superior, o resultado... ninguém sabe, ninguém viu.
Quando foi divulgado, no caso do relatório sobre o IBOC contratado pela ABERT
junto ao Instituto Mackenzie, o resultado ficou sob forte suspeição.
Em resumo, verificamos que a Anatel "foi autorizando" algumas emissoras a
realizar os testes com o IBOC, com transmissoras adquiridos pelas mesmas.
Como a "promessa" do Minicom e da ABERT era o IBOC, as emissoras comerciais mais
afoitas aproveitaram para garantir alguma vantagem.
O DRM, nitidamente, era só "pra constar" e foi atribuído à Radiobrás e à UnB,
entidades não comerciais.
Como não podia deixar de ser, os resultados não serviram para nada, pois não
houve padronização dos testes.
Num segundo momento, a Anatel padronizou os testes mas também não se sabe o
resultado.
Encerrados os períodos de testes, emissoras foram autorizadas a continuar
operando, a pedido da ABERT, como que para "marcar território", mesmo na
ausência de receptores e ouvintes.
Em 2008, praticamente descartado o sistema DRM, o Minicom, via ABERT, contratou
o Mackenzie para avaliar o IBOC e deu no que deu: resultado polêmico, sob
suspeição, repito.
De qualquer modo, em 2009, o resultado do teste mackenziano serviu para o
ministro "repensar", condenar o IBOC e voltar a considerar o DRM.
Agora, na correria, o ministro-candidato em vias de deixar o governo para
dedicar-se à campanha, pretende decidir por um padrão (não se sabe bem qual) nos
próximos dias.
Helio Calixto da Costa, do Minicom e Daniel Pimentel Slaviero, da ABERT fizeram
e fazem um nítido jogo de disfarce e não há como prever o resultado.
O fato é que interesses empresariais se sobrepõem aos da sociedade num
processo escandaloso de decisão capitaneado por um ministro de estado.
De 2005 até hoje, se o o estudo dos sistemas de Rádio Digital tivesse sido
entregue à nossa "Academia", é provável que tivéssemos resultados concretos e
até sugestões de inovações nos padrões existentes.
Testes, testes e mais testes... Para nada, pois as decisões passam ao largo das
considerações técnicas.
08.
A atuação do ministro Helio Costa, desde o início do processo, até dezembro de
2008, pode ser resumida neste trecho de um artigo do jornalista Ethevaldo
Siqueira:
"Hélio Costa precisa convencer-se de que é ministro não da Radiodifusão, mas das
Comunicações. Mais do que isso, que não lhe cabe defender um segmento, mas toda
a sociedade brasileira. Não lhe cabe exercer nenhum papel de lobista ou de
representante de um grupo de emissoras, contra o interesse de outras. Ou o
interesse de uma associação contra o de outras. Cabe-lhe exercer seu mandato com
o máximo de isenção, equilíbrio e independência. E, se possível, com o máximo de
competência".
O ministro, que defendeu com unhas e dentes,
descarada e escandalosamente (vejam os
títulos dos "posts"!) o sistema americano IBOC, protagonizou uma "manobra"
surpreendente ao praticamente abandonar o projeto do Rádio Digital no final de
dezembro de 2008, quando criticou o sistema americano, em texto de próprio
punho. A redação ambígua permitia a interpretação que também desistia da
implantação imediata do Rádio Digital.
Mais tarde, no entanto, voltou à cena, para anunciar uma "consulta pública"
patrocinada pelo Minicom, para "oficializar" a entrada do DRM na disputa.
A mídia repercutiu muito pouco a "desistência" do ministro que também foi muito
pouco lembrada quando a "consulta" foi anunciada.
Em setembro de 2009, durante a vigência da "Aviso", "em entrevista ao programa Estação Mídia, da Rádio Senado, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, reconheceu a preferência pelo modelo europeu, por ser o único que contempla transmissões nas faixas de AM e FM e também de ondas curtas". (Telecomonline).
Ninguém acreditou muito, mas recentemente,
Daniel Savieiro, todo-poderoso presidente da ABERT, também "parecia" ter mudado
de posição:
"O que aconteceu é que os testes que fizemos apontaram que mesmo o sistema
americano Iboc, que está anos-luz à frente do DRM, também tem suas
deficiências, em especial na transmissão AM", diz Daniel Slaviero. "Chegamos à
conclusão de que o padrão americano ainda precisa de mais investimento, robustez
e garantia de cobertura."
[Abin]
09.
Não dá para ter pena dos radiodifusores que investiram na compra e nos "testes":
todos sabiam que não havia decisão do padrão e optaram pelo risco.
Também não dá pra acreditar que foi uma atitude altruísta para ajudar a decisão
governamental; se a decisão fosse favorável ao IBOC, já sairiam na dianteira da
concorrência.
Ms o Sr. Slavieiro já resolveu.
"Seja qual for a tecnologia escolhida, Slaviero, da Abert, diz que as
emissoras que se adiantaram não têm razões para se preocupar. "Eles podem ficar
tranquilos, nenhuma emissora terá prejuízo."
[Abin]
Ganhou na mega-sena, Sr. Slavieiro, em jogo duplo com Helio Costa, para
indenizar os "apressados"? Ou vai sobrar para os contribuintes?
10.
Lembro o que comentei em "post"
anterior:
(...)
Este trecho de uma matéria do Valor Econômico é estarrecedor:
(...) Além de confrontar os
sistemas Ibiquity (americano) e DRM (europeu), um dos principais objetivos será
verificar se as emissoras nacionais estão dispostas a tolerar uma "falha" da
nova tecnologia para entrar na era digital: tido como favorito e mais moderno
que o europeu, o padrão americano ainda tem "áreas de sombra" em concentrações
urbanas, devido ao elevado número de edifícios e construções, o que simplesmente
impede que o sinal AM seja detectado. (...)
(...) Após a realização de reuniões com os detentores dos sistemas e de testes
por institutos especializados, dizer se vale a pena ou não tolerar as falhas
detectadas para adotar logo a rádio digital depende de questões como isenção de
royalties em toda a cadeia e, sobretudo, da demonstração de como serão feitas as
inovações necessárias para corrigir os problemas atuais. (...) [Governo
abrirá consulta sobre padrão de rádio digital]
11.
A ABERT sempre defendeu o padrão IBOC e sempre fez pressão para que o governo
decidisse por este sistema.
Num
"post" anterior registrei outro dever de casa, desta feita,
relacionando recortes de matérias (desde 2005) que mostra o forte envolvimento
da ABERT com o IBOC e a enorme pressão para que o governo o adotasse.
12.
Temos acompanhado os desdobramentos "comércio-eleitorais" mas tratamos também da
área técnica, com artigos sobre os "padrões".
Para os curiosos, estudantes e profissionais aqui estão os links:
[Mai 2007] O
sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale)
[Fev 2005] ISDB-Tsb:
o padrão de rádio digital no Japão
[Dez 2004] IBOC
– Sistema de Rádio Digital nos Estados Unidos
[Nov 2004] DAB
Eureka 147
13.
Não estamos sozinhos em nossas preocupações.
Algumas matérias do Tele.Síntese registram a opinião de André Barbosa,
assessor especial da Casa Civil da Presidência da República.
E nós elogiamos sua coerência e determinação na defesa de estudos sobre Rádio
Digital a serem feitos pela nossa competente "Academia", desde 2005!
Para as "análises das entrelinhas" fizemos uma garimpagem nos implacáveis
arquivos comunitários sobre as opiniões de André Barbosa.
Temos um "post" especial sobre André Barbosa.
De lá recortamos:
(...) "Nenhum dos padrões
de rádio digital existentes hoje no mundo teve sucesso comercial. Todos têm
algum problema sério de cobertura, interferências, excessivo consumo de baterias
dos receptores, e por aí vai... "Isso abre para nós uma oportunidade, como
tivemos com a TV Digital. A academia precisa participar mais ativamente desse
processo", explica Barbosa, que por muitas vezes já revelou sua preocupação com
as possíveis conseqüências da adoção de um padrão de rádio digital ainda sujeito
a essas intempéries, capazes de trazer muito mais conseqüências negativas do que
benefícios às emissoras e aos ouvintes.
Com chapéu da Casa Civil, Barbosa continua defendendo a criação de um grupo
incumbido de testar e comparar os resultados das tecnologias DAB (Inglaterra),
HD Radio e IBOC (americanas), ISBD-T (Japão) e DRM (européia), com participação
majoritária de cientistas e acadêmicos da Universidade brasileira e do CPqD.(...)
(Blog
Circuito de Cristina de Luca)
Comentários!
Ao debate!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Observatório do
Direito à Comunicacao - Origem: Valor Online
[18/02/10]
Governo pode adotar dois sistemas de rádio digital para o Brasil
O governo federal poderá adotar os dois modelos em avaliação como padrões de
rádio digital, apesar do país estar fazendo testes comparativos entre o
americano, conhecido como In-band on-channel (Iboc), e o europeu, o Digital
Radio Mondiale (DRM. Diferentemente do que ocorreu com a TV digital - em que o
modo japonês foi o único escolhido -, os dois modelos de rádio digital poderiam
coexistir com viabilidade econômica, embora comercialmente um deva se sobrepor
ao outro. Politicamente, a saída agradaria tanto às emissoras que já investiram
no modelo Iboc, quanto aos partidários do modelo DRM, que é livre de royalties.
Para tomar esta decisão, o Ministério das Comunicações avalia a publicação de
uma portaria com parâmetros que não restrinjam o mercado a um só modelo. O
ministro Hélio Costa quer resolver a questão antes de deixar o governo, até o
fim de março.
O único fabricante americano do Iboc, que já fornece sistemas digitais a
emissoras brasileiras, é o consórcio Ibiquity, que cobra royalties pelo uso.
Algumas das 4,5 mil emissoras comerciais de AM e FM já adquiriram equipamentos
para migrar do modelo analógico para o digital. A principal vantagem do Ibiquity
é a certeza das emissoras em digitalizar-se mantendo o mesmo canal (número no
dial). Mas governo e empresas têm restrições quanto aos royalties cobrados.
Um grupo de técnicos e universidades ainda mantém os estudos do modelo DRM. Se
os testes provarem que o modelo europeu também permitirá que as rádios mantenham
os canais de transmissão - questão pétrea para as emissoras -, então a discussão
comercial esquentará, porque o modelo europeu não cobra royalties. O problema,
porém, seria que as empresas que compraram o Ibiquity já gastaram, em média, R$
150 mil pelos equipamentos, e, portanto, preferem o modelo americano. Nos testes
já encerrados, o Ibiquity teve problemas de eficácia em ondas médias (AM) e
curtas (OC e OT). Para FM, são perfeitos.
Pode não ser viável economicamente, contudo, produzir receptores de rádio que
aceitem os dois modelos, Ibiquity e DRM. Por isso pode haver segregação entre os
aparelhos receptores AM/FM e os específicos para ondas curtas.
No caso das ondas curtas, o DRM já provou ser mais vantajoso, com grande ganho
de qualidade de som e livre das frequentes interferências na banda. A aceitação
pelo governo dos dois modelos poderia permitir que essas emissoras de OC e OT
transmitissem em sistema diferente das AM/FM. Daí a possibilidade de coexistirem
ambos os modelos de rádio digital no país. A hipótese não é absurda, haja vista
que existe hoje, no Brasil, 1,5 aparelho receptor de rádio por pessoa e que as
ondas curtas têm um mercado bastante específico.
Como o sistema de rádio digital é, em termos gerais, mais barato que o da TV
digital - em que foi definido o padrão japonês -, a possibilidade de haver mais
de um modelo não restringiria o potencial econômico para ambos os sistemas
conviverem. No caso da TV, a multiplicidade de modelos reduziria perspectivas de
crescimento e exportação de infraestrutura e aparelhos receptores para países
vizinhos.
Antes férrea defensora do Ibiquity, a Associação Brasileira das Emissoras de
Rádio e Televisão (Abert) espera o encerramento dos testes do DRM para
apresentar sua posição final. "A única posição em que a associação é irredutível
sobre a rádio digital hoje é a previsão de as emissoras manterem o mesmo canal
de transmissão", diz Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Abert. "Defendemos
essa ideologia e não necessariamente um padrão"
Pela rádio digital, o usuário poderá ter, além de maior qualidade de som,
serviços agregados, como a possibilidade de ouvir podcasts, interagir na
programação e receber imagens e informações no visor do aparelho.
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Fonte: Circuito de Luca (IDG
Now!)
Radio Digital:
Carta aberta da iBiquity (Leia-se "padrão americano IBOC") - Cristina
de Luca
A proximidade da definição do padrão de rádio digital a ser usado no Brasil e os
rumores de que é possível que o Ministério das Comunicações passe a considerar
de fato a possibilidade de adoção do padrão europeu DRM (Digital Radio Mondiale),
levou a Ibiquity, Inc, detentora da tecnologia IBOC para rádio digital utilizada
nos EUA, a publicar em diversos blogs com posts sobre o assunto uma carta
aberta, na área de comentários, reproduzida a seguir.
Diz o texto:
Já que a escolha final de um padrão para o rádio digital
no Brasil está se aproximando, gostaria de aproveitar pessoalmente a
oportunidade para esclarecer algumas concepções incorretas que vocês podem ter
ouvido sobre a tecnologia de HD Radio. A iBiquity acredita ser importante que
qualquer que seja a decisão a ser tomada se baseie em informações precisas e
verdadeiras.
1. Não será necessário que os radiodifusores façam pagamentos recorrentes de
royalty para a iBiquity se a tecnologia de HD Radio for adotada no Brasil. O
preço de compra dos equipamentos de transmissão de HD Radio já inclui todos os
royalties da iBiquity para estes equipamentos. Os radiodifusores estão
autorizados a usar estes equipamentos durante toda a sua vida útil. Vários
fabricantes estão disponibilizando equipamentos – empresas americanas,
brasileiras e européias– e os preços se estabelecem a partir de uma competição
de mercado livre.
2. Todos os sistemas de radiodifusão digital que estão sendo avaliados pelo
Brasil possuem um custo de royalty. A DRM também inclui uma taxa de royalty
embutida no preço de seu equipamento. (vejahttp://www.vialicensing.
3. O sistema de HD Radio possui um padrão aberto e publicado. A documentação
completa para o sistema está disponível nos Estados Unidos através do National
Radio Systems Committee, onde é descrito pelo padrão NRSC-5-B. Está disponível
para consulta na
http://www.nrscstandards.org/
4. O sistema de HD Radio é totalmente comercializável e está pronto para ser
distribuído hoje no Brasil. Existem mais de 100 receptores de HD Radio
disponíveis a partir de US$49. O DRM oferece muito poucos produtos comerciais. A
tecnologia DRM+ FM ainda é experimental – equipamentos de transmissão comercial
e receptores não existem.
5. A iBiquity se compromete a licenciar sua tecnologia para todos os fabricantes
de transmissores e receptores brasileiros sob termos justos e não
discriminatórios. Todas as empresas terão a possibilidade de oferecer produtos
de HD Radio.
6. A iBiquity reconhece a importância do rádio comunitário FM como uma parte
única e importante do setor de radiodifusão brasileiro. Fizemos provisões
especiais para garantir que estas emissoras não sejam excluídas. A iBiquity está
trabalhando com empresas brasileiras no desenvolvimento de produtos de
transmissão digital que contemplem as necessidades especificas deste setor e que
sejam viáveis a preços acessíveis.
A resposta da iBiquity em 17 de janeiro à chamada do Ministro de Comunicações
para a consulta pública sobre rádio digital aborda vários destes temas em maior
detalhamento. Eu lhe convido a ler este documento e em seguida decidir por você
mesmo sobre a tecnologia de HD Radio e a sua capacidade de alcançar as
necessidades do Brasil. Este material está disponível em:http://www.ibiquity.com/
Nossa empresa foi formada por radiodifusores para o desenvolvimento de uma
tecnologia digital com o objetivo de encaminhar o radio para o século 21 e nos
sentimos orgulhosos pelo sistema robusto e avançado que temos desenvolvido. Nós
acreditamos firmemente que obtivemos êxito na criação da tecnologia digital mais
refinada do mundo. A indústria do rádio está sofrendo devido a obsolescência
tecnológica e o declínio do interesse público e deve adotar passos criteriosos
neste momento, se quiser sobreviver. Acreditamos ter a resposta e a melhor
solução para os radiodifusores e os cidadãos brasileiros. Eu sinceramente espero
que você concorde. Se você tiver quaisquer preocupações ou perguntas sobre nossa
empresa ou nossa tecnologia, por gentileza sinta-se à vontade para me escrever
diretamente pelo email
struble@ibiquity.com.
Assina a carta, endereçada “aos nossos amigos brasileiros”, o presidente e CEO
da IBiquity, Robert Struble. (*)
Nos últimos dias de dezembro de 2009, o Ministro Hélio Costa havia prometido
para meados de fevereiro de 2010, o anúncio do sistema de rádio digital a ser
adotado no Brasil. Na época, o engenheiro eletrônico Flávio Ferreira Lima, que
coordena o grupo de estudos do governo federal para avaliação do sistema RRM,
chegou a relatar a empresários do setor de radiodifusão presentes a uma reunião
no Ministério em que o tema foi tratado, os avanços e as avaliações dos testes
que vinham sendo realizados com o padrão DRM.
No início d efeveriro, portanto próximo a data definida pelo ministro para o
anúncio oficial, algumas publicações especializadas chegaram a apontar a
possibilidade do Brasil vir a adotar mais de um sistema de rádio digital.
Politicamente, a saída agradaria tanto às emissoras que já investiram no modelo
Iboc (a maioria ligada à Abert), quanto aos partidários do modelo DRM, tido como
o único livre de royalties. Informação abertamente contestada pelo CEO da
Ibiquity em sua carta.
A sorte está lançada.
Quem respira Brasília garante que o anúncio será feito ainda este mês, antes de
Hélio Costa deixar a pasta para concorrer a um cargo eletivo nas eleições deste
ano.
(*) Robert Struble - Presidente & CEO - iBiquity Digital Corporation - struble@ibiquity.com
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