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Março 2010               Índice Geral do BLOCO

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13/03/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (217) - "Quem é o culpado pela eventual reativação da Telebrás?"

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

Recebo, via Alerta do Google para "Telebrás", a indicação deste "post":

Fonte: Blog GSM & CIA
[13/03/10]   Empresários Não Chorem a Reativação da Telebrás. A Culpa é de Vocês (postado por Luiz Paulo)
Recorte:
(...) Que usuário não aceitaria “A Salvação” vendida enganosamente pelo governo com a reativação da Telebrás? O usuário comum que sataniza as operadoras tem um motivo. O serviço é uma porcaria e é caro, quando funciona. Evidente que o maior responsável por essa situação não é o empresário que só pensa em aumentar o lucro, responsável é o próprio governo que deixa os empresários fazerem o que querem e não usa a Anatel para coibir abusos. O Governo cobra impostos absurdos impedindo investimentos no setor e depois responsabiliza os empresários por pela falta de investimentos. A Tática do governo é suja. Cria a seca para vender a água a peso de outro. (...)

O texto contém muitas transcrições e carece de uma revisão final mas não deixa de ser instigante.
E vale pelas fontes indicadas que, num dever de casa, transcrevo mais abaixo:

Fonte: PCWorld
[11/03/10]  Você tem plano ilimitado de banda larga móvel? Então leia isso! - por Daniela Braun, para o IDG Now!

Fonte: Teleco
[21/12/09] A trajetória e o futuro da banda larga móvel - por Rafael Steinhauser, Presidente para América Latina da Acision

Fonte: Teleco
[08/10/10]  Populismo Digital pode funcionar? - por Luciano Costa (Caldas Pereira Advogados e Consultores Associados) (já veiculado em nossos fóruns)

Comentários?
Ao debate!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Fonte: Blog GSM & CIA
[13/03/10]   Empresários Não Chorem a Reativação da Telebrás. A Culpa é de Vocês (postado por Luiz Paulo)

O Texto está imenso, mesmo para os meus padrões, mas quem quiser ler, vá até o fim ou sentido se perderá no caminho.

Os maiores prejudicados no curto prazo que mais colaboram para a reativação da Telebrás, os empresários do setor de telecomunicações.

Leiam abaixo um trecho da noticia publicada na revista PC Word.

“A conta não fecha”, disse o diretor de operações e tecnologia da CTBC, Luís Antônio Andrade Lima, durante um painel com representantes do setor, após a apresentação do balanço, na terça-feira (10/3), em São Paulo. Na avaliação do executivo, o custo de infraestrutura wireless é muito alto para atender a demanda crescente pelo serviço. “É preciso buscar um modelo que seja mais equilibrado”, afirma.

Tanto a CTBC como a Claro garantem que não pretendem encerrar a oferta de planos de dados ilimitados tão cedo, mas começam a incentivar a adesão dos novos usuários a planos, que segundo elas, são mais adequados ao perfil de consumo real.

Na base da Claro, os clientes de planos ilimitados são a maioria, informa a diretora de serviços de valor agregado da operadora, Fiamma Zarife, mas ressalta que 86% da base consomem uma média de 3 Gigabytes de dados ao mês. “Há muito desconhecimento do consumidor em saber o que ele realmente utiliza”.

Mau uso

Na avaliação de Fiamma, a mudança no plano de negócios também deve evitar que empresas usem o acesso móvel de forma ilegal – ela cita casos do uso do acesso 3G em lan houses. “Não acho que foi um erro [a oferta de planos ilimitados] e não estamos punindo os usuários, mas sim os maus usuários”, explica.

A Claro iniciou recentemente a oferta de planos limitados em 3GB (89,90 reais) e 5GB (119,90 reais), incluindo um serviço que alerta por SMS quando o cliente ultrapassa 80% da franquia. A tarifa para o acesso excedente é de 10 centavos de real por megabyte adicional. Além do alerta, segundo Fiamma, a empresa prepara uma espécie de calculadora virtual para que o usuário acompanhe o consumo de dados dos últimos três meses. Hoje, o site oferece um simulador básico de consumo de dados para orientar o internauta na aquisição do plano
."

Não me surpreendo por uma razão simples, essa visão “a conta não fecha” não é nenhuma novidade.

Reproduzo abaixo outro trecho texto de, o autor agora é Rafael Steinhauser Presidente para América Latina da Acision. Já tinha o lido o texto antes, mas confesso que não dei nenhuma importância na época. O texto é de 21/12/2009. Integra pode ser lido aqui.

O resumo disso tudo é que a banda larga móvel progrediu muito em pouco tempo. A difusão é, no mínimo, impressionante, e o crescimento das receitas parece sólido como uma rocha. Em um número cada vez maior de mercados, ela até tem se desenvolvido como um substituto maduro à banda larga fixa. Então, os planos de precificação com tolerância de uso por taxas fixas cumpriram sua missão. Mas as consequências dessa estratégia só estão se revelando agora, e as operadoras de internet móvel perceberam, para sua tristeza, que este modelo não vai permanecer sustentável.

Ele não fornece as ferramentas para impedir congestionamento de rede e garantir qualidade de serviço durante horários de pico. E os modelos rígidos de precificação proíbem que as operadores gerem receitas adicionais. Se não houver alguma mudança, as operadoras de internet móvel correm o risco de se tornarem vítimas de seu próprio sucesso.

Está claro que as operadoras não podem simplesmente continuar a percorrer o caminho que escolheram. Elas têm de abordar o maior dos desafios: como criar um business case lucrativo e continuar competitivas? Quais provedores de conteúdo estão transferindo enormes volumes de dados sem compensação pelo uso da rede? Então, como posso controlar os custos e, ao mesmo tempo, gerenciar a qualidade do serviço e aumentar a receita média por usuário, o ARPU?

Uma saída para maximizar os lucros é observar o potencial de fluxos de receita adicionais. As operadoras têm a oportunidade de desenvolver um leque de serviços de valor agregado capaz de monetizar seus recursos exclusivos de mobilidade, combinando-os com recursos de rede e aplicativos. Estes serviços podem, claro, ser usados para diferenciação competitiva ao serem colocados gratuitamente à disposição dos usuários.

As operadoras de telefonia móvel têm de abandonar os modelos estáticos de precificação e criar ofertas de pacotes direcionados para segmentos específicos de usuários, aplicativos, localizações ou tempo de uso. Elas precisam observar os lucros por megabyte para continuar obtendo sucesso com a banda larga móvel. Essa será a chave para o futuro dessa tecnologia.


Sei que é dispensável, mas ainda sim pego o trecho mais relevante e traduzo para o bom português.

"As operadoras de telefonia móvel têm de abandonar os modelos estáticos de precificação e criar ofertas de pacotes direcionados para segmentos específicos de usuários, aplicativos, localizações ou tempo de uso."

Tradução: ACABEM COM PLANOS DE DADOS ILIMITADOS.

Pouco importa se a conta fecha ou não, mesmo que a questão econômica da banda larga para as empresas seja legítima, os empresários estão dando munição para o bandido e não estão percebendo.

Deixo agora trechos do artigo de Luciano Costa também publicados na Teleco, evidenciando como anda a mentalidade do empresário.

"Não vamos aqui tratar do provável retrocesso que seria termos novamente uma empresa estatal no setor".

Evidente que o consumidor desinformado apoiaria da proposta de reativação da Telebrás. Os motivos? Os mesmos de sempre. Serviço caro e ruim e as operadoras ainda querem pensar em acabar com pacotes ilimitados para aumentar os lucros.

"Tampouco das especulações financeiras e uso político que, mesmo com a iniciativa ainda no papel, já fazem parte do dia-a-dia da proposta."

Lógico que os empresários que tem ampla proteção da Anatel para desrespeitar as leis de defesa do consumidor não vão querer discutir pequenos detalhes da reativação da Telebrás como, por exemplo, a corrupção no processo e uso político para implementar uma ditadura no país.

"Queremos, em verdade, aproveitar para sugerir uma outra forma de ver o Plano Nacional de Banda Larga e determinados atores cujo papel, ao menos nas discussões que temos presenciado, tem sido negligenciado."

E quem vai ouvir os empresários de telecomunicações no Brasil? Publico ficará surdo diante do tratamento que recebe e o governo não vai se parar por isso.

Apesar do parágrafo absolutamente infelizmente de Luciano Costa, o artigo é muito bom. Razão?
Aponta de uma vez só, como o Plano Nacional da Banda Larga eficiente seria feito em outra Nação.
Apenas mostrar que para se um plano de banda larga dar certo vale o elogio.

"É certo que não há como descolar o acesso à Internet de um projeto maior de inclusão digital, que englobe também as estruturas físicas e recursos humanos capazes de fazer com que o acesso à Internet seja efetivamente útil. Banda larga não é energia elétrica. Simplesmente entregar acesso à Internet sem que haja uma estrutura – física e de pessoal – capaz de transformar o acesso em real benefício para as cidades atendidas pode ser um esforço vazio. Estamos falando de computadores nas escolas, hospitais e repartições públicas; conteúdo específico que atenda às necessidades das comunidades; treinamento de professores, profissionais de saúde, gestores municipais e estaduais, e por aí vai. Sem essa perna, o PNBL fica manco.
Ele continua indo no ponto que eu repito insistentemente no Blog, ao ponto de irritar os leitores.
Assim, o foco do PNBL deveria ser buscar maneiras de lidar com temas mais relevantes, como por exemplo a altíssima carga tributária que incide sobre serviços de telecomunicações e a dificuldade em implementar a última milha para levar ao usuário final o acesso à Internet em alta velocidade."


Outra coisa que insisto ao ponto de leitores se cansarem, ele trata no artigo.

"Assim, o foco do PNBL deveria ser buscar maneiras de lidar com temas mais relevantes, como por exemplo a altíssima carga tributária que incide sobre serviços de telecomunicações e a dificuldade em implementar a última milha para levar ao usuário final o acesso à Internet em alta velocidade."

Que usuário não aceitaria “A Salvação” vendida enganosamente pelo governo com a reativação da Telebrás? O usuário comum que sataniza as operadoras tem um motivo. O serviço é uma porcaria e é caro, quando funciona. Evidente que o maior responsável por essa situação não é o empresário que só pensa em aumentar o lucro, responsável é o próprio governo que deixa os empresários fazerem o que querem e não usa a Anatel para coibir abusos. O Governo cobra impostos absurdos impedindo investimentos no setor e depois responsabiliza os empresários por pela falta de investimentos. A Tática do governo é suja. Cria a seca para vender a água a peso de outro.

Os empresários ajudaram a cavar esse buraco, e agora só resta por um Milagre.

Evidente que quem paga a conta disso tudo é o contribuinte. O Brasil vive tempos ruins e poucos acreditam.

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Fonte: PCWorld
[11/03/10]  Você tem plano ilimitado de banda larga móvel? Então leia isso! - por Daniela Braun, para o IDG Now!

Para operadoras como a Claro e CTBC, conta do modelo ilimitado não fecha; e argumentam que maioria dos clientes usa menos de 3GB.

Os planos de acesso ilimitado à internet em celulares podem estar com os dias contatos para os consumidores brasileiros. Diante da explosão da banda larga 3G em celulares no Brasil - em janeiro foram contabilizados 10,5 milhões de acessos móveis segundo o 3º Balanço Huawei de Banda Larga Móvel - as operadoras começam a rever o modelo de negócios até para incentivar a oferta de planos limitados.

"A conta não fecha", disse o diretor de operações e tecnologia da CTBC, Luís Antônio Andrade Lima, durante um painel com representantes do setor, após a apresentação do balanço, na terça-feira (10/3), em São Paulo. Na avaliação do executivo, o custo de infraestrutura wireless é muito alto para atender a demanda crescente pelo serviço. "É preciso buscar um modelo que seja mais equilibrado", afirma.

Tanto a CTBC como a Claro garantem que não pretendem encerrar a oferta de planos de dados ilimitados tão cedo, mas começam a incentivar a adesão dos novos usuários a planos, que segundo elas, são mais adequados ao perfil de consumo real.

Na base da Claro, os clientes de planos ilimitados são a maioria, informa a diretora de serviços de valor agregado da operadora, Fiamma Zarife, mas ressanta que 86% da base consomem uma média de 3 Gigabytes de dados ao mês. "Há muito desconhecimento do consumidor em saber o que ele realmente utiliza".

Mau uso
Na avaliação de Fiamma, a mudança no plano de negócios também deve evitar que empresas usem o acesso móvel de forma ilegal - ela cita casos do uso do acesso 3G em lan houses. "Não acho que foi um erro [a oferta de planos ilimitados] e não estamos punindo os usuários, mas sim os maus usuários", explica.

A Claro iniciou recentemente a oferta de planos limitados em 3GB (89,90 reais) e 5GB (119,90 reais), incluindo um serviço que alerta por SMS quando o cliente ultrapassa 80% da franquia. A tarifa para o acesso excedente é de 10 centavos de real por megabyte adicional. Além do alerta, segundo Fiamma, a empresa prepara uma espécie de calculadora virtual para que o usuário acompanhe o consumo de dados dos últimos três meses. Hoje, o site oferece um simulador básico de consumo de dados para orientar o internauta na aquisição do plano.

A Claro deve anunciar a oferta de acesso a dados no sistema pré-pago até o final de março. O modelo foi anunciado em fevereiro pela Tim em um pacote de acesso pré-pago de até 40 MB por 2,90 reais ao dia. Até o momento, a Claro oferece o plano pré-pago somente para acesso via modem 3G - um dia de acesso custa 20 reais.

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Fonte: Teleco
[21/12/09] A trajetória e o futuro da banda larga móvel - por Rafael Steinhauser, Presidente para América Latina da Acision

Aparentemente, a banda larga móvel surgiu do nada, mas de repente, de modo inquestionável, o acesso à internet por meio de redes móveis de alta velocidade mudou de patamar em 2008 - direcionado anteriormente ao mercado de negócios de grandes empresas, hoje está disponível para as massas. Isso impulsionou a difusão de assinaturas em banda larga móvel para cerca de 200 milhões em 2008, podendo chegar a 1,5 bilhão em 2013.

Mas o que provocou todo esse sucesso da banda larga móvel e por que ela está destinada a crescer em taxas tão impressionantes? Talvez o fato possa ser mais bem ilustrado se analisarmos o WAP, a primeira tentativa das operadoras de oferecer internet via celulares.

No início do século, o WAP foi lançado como o top das tecnologias. Contudo, embora o WAP esteja gerando receitas e seja lucrativo (pelo menos, em algumas regiões), ele nunca chegou a satisfazer as expectativas geradas pelas projeções. Houve quatro grandes barreiras que ficaram no caminho de seu sucesso comercial:

* Limitações dos dispositivos em termos de tamanho de tela e capacidade de processamento;
* Restrições de conteúdo que prendem os clientes nos portais das operadoras de celular;
* Acesso lento à internet;
* Preços confusos, por Megabyte.

Deste então, ocorreram duas importantes transformações que mudaram o mercado. Primeiro, progressos tecnológicos nos proporcionaram alta velocidade, redes 3G+
e dispositivos sem limitações em termos de tamanho de tela e capacidade de processamento. Segundo, as operadoras de internet móvel passaram a oferecer navegação gratuita e pacotes de preços de utilização de taxa fixa.

O alinhamento desses fatores foi essencial para a difusão da banda larga móvel. A questão que fica agora é: a banda larga móvel chegou para ficar?

Segundo o MAVAM - Monitor Acision de VAS Móvel (Acision Monitor of Mobile VAS), que trimestralmente monitora, revisa e analisa as principais tendências do mercado brasileiro de Serviços de Valor Agregado (VAS) móveis, no Brasil, apenas 9% dos consumidores usam a Internet móvel, indicando uma oportunidade de receitas para as operadoras de serviços móveis que implementarem serviços de banda larga móvel diferenciados, com diferentes parâmetros de cobrança.

Observa-se que as tendências globais mostram um aumento no uso da Internet móvel, com o aperfeiçoamento da tecnologia 3G e da melhor experiência do usuário em relação ao seu aparelho de celular. Isso permitirá que amplos segmentos da população nacional – que normalmente não têm acesso à banda larga em linhas fixas – sejam incluídos na revolução digital. Isso quer dizer que a banda larga chegou para ficar, porém algumas coisas precisam ser mudadas.

O resumo disso tudo é que a banda larga móvel progrediu muito em pouco tempo. A difusão é, no mínimo, impressionante, e o crescimento das receitas parece sólido como uma rocha. Em um número cada vez maior de mercados, ela até tem se desenvolvido como um substituto maduro à banda larga fixa. Então, os planos de precificação com tolerância de uso por taxas fixas cumpriram sua missão. Mas as consequências dessa estratégia só estão se revelando agora, e as operadoras de internet móvel perceberam, para sua tristeza, que este modelo não vai permanecer sustentável.

Ele não fornece as ferramentas para impedir congestionamento de rede e garantir qualidade de serviço durante horários de pico. E os modelos rígidos de precificação proíbem que as operadores gerem receitas adicionais. Se não houver alguma mudança, as operadoras de internet móvel correm o risco de se tornarem vítimas de seu próprio sucesso.

Está claro que as operadoras não podem simplesmente continuar a percorrer o caminho que escolheram. Elas têm de abordar o maior dos desafios: como criar um business case lucrativo e continuar competitivas? Quais provedores de conteúdo estão transferindo enormes volumes de dados sem compensação pelo uso da rede? Então, como posso controlar os custos e, ao mesmo tempo, gerenciar a qualidade do serviço e aumentar a receita média por usuário, o ARPU?

Uma saída para maximizar os lucros é observar o potencial de fluxos de receita adicionais. As operadoras têm a oportunidade de desenvolver um leque de serviços de valor agregado capaz de monetizar seus recursos exclusivos de mobilidade, combinando-os com recursos de rede e aplicativos. Estes serviços podem, claro, ser usados para diferenciação competitiva ao serem colocados gratuitamente à disposição dos usuários.

As operadoras de telefonia móvel têm de abandonar os modelos estáticos de precificação e criar ofertas de pacotes direcionados para segmentos específicos de usuários, aplicativos, localizações ou tempo de uso. Elas precisam observar os lucros por megabyte para continuar obtendo sucesso com a banda larga móvel. Essa será a chave para o futuro dessa tecnologia.

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Fonte: Teleco
[08/10/10]  Populismo Digital pode funcionar? - por Luciano Costa (Caldas Pereira Advogados e Consultores Associados)

O Plano Nacional de Banda Larga está no centro das atenções do setor de telecomunicações, especialmente agora que deixou de ser um conjunto de idéias de alguns membros do Governo e ganhou o status oficial de projeto estruturante, chancelado pelo Presidente Lula. Não há nenhuma dúvida de que o País precisa de uma política consistente e explícita no sentido de incrementar o acesso em alta velocidade à Internet, levando-o a comunidades que hoje mal têm acesso telefônico.

No entanto, é difícil acreditar que o que vem sendo apontado como a espinha dorsal do PNBL, a recriação da Telebrás com base na rede de fibras óticas da Eletronet, tenha grande utilidade na consecução dessa tarefa. Não vamos aqui tratar do provável retrocesso que seria termos novamente uma empresa estatal no setor. Tampouco das especulações financeiras e uso político que, mesmo com a iniciativa ainda no papel, já fazem parte do dia-a-dia da proposta. Queremos, em verdade, aproveitar para sugerir uma outra forma de ver o Plano Nacional de Banda Larga e determinados atores cujo papel, ao menos nas discussões que temos presenciado, tem sido negligenciado.

É certo que não há como descolar o acesso à Internet de um projeto maior de inclusão digital, que englobe também as estruturas físicas e recursos humanos capazes de fazer com que o acesso à Internet seja efetivamente útil. Banda larga não é energia elétrica. Simplesmente entregar acesso à Internet sem que haja uma estrutura – física e de pessoal – capaz de transformar o acesso em real benefício para as cidades atendidas pode ser um esforço vazio. Estamos falando de computadores nas escolas, hospitais e repartições públicas; conteúdo específico que atenda às necessidades das comunidades; treinamento de professores, profissionais de saúde, gestores municipais e estaduais, e por aí vai. Sem essa perna, o PNBL fica manco.

Nesse sentido, além da iniciativa federal, devem necessariamente participar do projeto governos estaduais e municipais, cada qual enfrentando seus correspondentes desafios no que tange à massificação do acesso banda larga. Vale destacar, por exemplo, a desoneração tributária promovida pelo Governo de São Paulo para banda larga popular, que deve permitir a oferta de conexão de até 1 Mega por preços consideravelmente mais baixos. Igualmente, as ações relacionadas às Cidades Digitais, em municípios de vários portes em todo o País, que estão deixando de ser projetos experimentais e isolados para se tornarem uma realidade capaz de transformar a gestão municipal e levar as facilidades do mundo digital a um número cada vez maior de pessoas.

É necessário, porém, a coordenação de todas essas ações e parece-nos que o plano federal deveria cumprir esse papel. Ou seja, funcionar muito mais como um instrumento de coordenação do que de execução. Até mesmo porque as redes da Eletronet, por exemplo, podem ser úteis para a construção de um backbone para banda larga – que, aliás, já existe – mas terão pouca ou nenhuma utilidade na parte mais problemática do acesso, que é a última milha. Assim, o foco do PNBL deveria ser buscar maneiras de lidar com temas mais relevantes, como por exemplo a altíssima carga tributária que incide sobre serviços de telecomunicações e a dificuldade em implementar a última milha para levar ao usuário final o acesso à Internet em alta velocidade.

Por isso é que só uma atuação coordenada dos três níveis da Federação será capaz de viabilizar um projeto real de massificação da banda larga. Em termos jurídicos, por exemplo, somente a União – constitucionalmente competente para legislar sobre telecomunicações – tem condições de trabalhar em um arcabouço jurídico-regulatório mais moderno, capaz de fomentar o crescimento da banda larga, utilizando a sua estrutura administrativa e exercendo o comando necessário para capitanear essa discussão e promover o modelo que lhe parecer mais adequado. Particularmente, entendo que as prestadoras de serviços de telecomunicações – especialmente as concessionárias, com sua altíssima capacidade de investimento – são atores essenciais nesse processo.

Por sua vez, o grave problema fiscal só pode ser enfrentado em cooperação com os governos estaduais. A eles cabe estabelecer incentivos e programas capazes de reduzir a carga tributária sobre o acesso banda larga, com efetiva contrapartida das operadoras, de modo a que a população seja efetivamente beneficiada com tal renúncia. Além, é claro, de poderem contribuir com a construção de infra-estruturas locais, até mesmo para atendimento de suas próprias necessidades administrativas.

Por fim, não há melhor ente público para atuar no que se refere à “última milha” do que o Município. Um dos relevantes custos na implantação das redes locais está relacionado às obras de engenharia necessárias e, no que tange a tais obras, as posturas municipais são as que devem ser observadas. Facilitar a implantação de infra-estrutura é um papel importante dos municípios, que devem estabelecer instrumentos para reduzir o tempo e o custo destas empreitadas.

Ainda, também os municípios são os mais capazes de estimular o uso eficiente de tais infra-estruturas, fomentando, por meio de políticas locais direcionadas, o compartilhamento de dutos, antenas, centrais etc.. Aliás, as várias iniciativas de cidades digitais já existentes são testemunha da capacidade dos Municípios de, mesmo com recursos limitados, implementar redes de acesso à Internet para seus cidadãos.

O populismo digital do título, na verdade, deve ter conotação positiva. Transformar a banda larga em plataforma política em todos os níveis de governo certamente dará um bom impulso para a iniciativa. Mas, para que os projetos se tornem realidade, com a utilização eficiente de todos os recursos disponíveis, públicos e privados, a coordenação entre as diferentes esferas públicas é fundamental. E, como proposição geral, o processo de implementação deve ocorrer “de dentro para fora”, do local para o nacional, pois são as próprias comunidades hoje mal atendidas que são capazes de identificar suas necessidades e capacidades.


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