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Março 2010 Índice Geral do BLOCO
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27/03/10
• Telebrás, Eletronet e PNBL (232) - "Que banda larga é esta?" - por Aldemar F. Parola, engenheiro de telecom
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
Anoto este texto no site do jornalista Ethevaldo Siqueira:
Fonte: Site do Ethevaldo
Siqueira
[26/03/10]
Que banda larga é
esta? - por Aldemar F. Parola
Recorte:
"O primeiro problema do PNBL, o Plano Nacional de Banda
Larga, é que não há um padrão para definir o limite das taxas de transmissão
para que uma rede possa ser considerada de “banda larga”. Além do mais, com a
evolução da tecnologia, o limite inferior da taxa vem subindo. De modo, geral
assumia-se no passado que as taxas de transmissão para um serviço de banda larga
fossem de pelo menos 256 quilobits por segundo (kbps). Hoje em dia, falar de
banda larga significa dispor de um serviço com taxa mínima de 2 Mbps. (...)
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Site do Ethevaldo
Siqueira
[26/03/10]
Que banda larga é
esta? - por Aldemar F. Parola
Aldemar Parola é engenheiro de telecomunicações, um dos pioneiros em
pesquisa tecnológica no CPqD, participou da criação da central Trópico, para a
Telebrás.
O primeiro problema do PNBL, o Plano Nacional de Banda Larga, é que não há um
padrão para definir o limite das taxas de transmissão para que uma rede possa
ser considerada de “banda larga”. Além do mais, com a evolução da tecnologia, o
limite inferior da taxa vem subindo. De modo, geral assumia-se no passado que as
taxas de transmissão para um serviço de banda larga fossem de pelo menos 256
quilobits por segundo (kbps). Hoje em dia, falar de banda larga significa dispor
de um serviço com taxa mínima de 2 Mbps.
A maioria dos países desenvolvidos já se encontra em outro estágio de evolução,
ainda mais avançado com relação à banda larga. Os Estados Unidos recentemente
elaboraram um plano de banda larga que, como informou Ethevaldo Siqueira, tem
por “objetivo central elevar até 2020 a taxa atual de penetração da banda larga
de 65% para 90% das residências americanas, e aumentar a velocidade hoje vigente
de 3 ou 4 megabits por segundo (Mbps)”. No Brasil, atualmente, menos de 15 % das
residências dispõem de banda larga (evidentemente com taxa média bem inferior
aos 4 Mbps).
No Reino Unido, a British Telecom (BT) anunciou em janeiro de 2010 o serviço
denominado BT Infinity Super-fast Broadband, com taxas de até 40 Mbps (download)
e 10 Mbps (upstream) para competir com os serviços oferecidos pela Virgin.
Segundo a BT, até o fim de 2010 o serviço deverá estar disponível para 4 milhões
de residências e negócios e, até meados de 2012, deverá estar disponível em 40%
do mercado (10 milhões de residências e negócios).
Em outros países desenvolvidos, como a Coreia e o Japão, as taxas médias
disponíveis para banda larga são respectivamente de 45 Mbps e de 60 Mbps (ver
http://www.worldpoliticsreview.com/Images/commentarynews/broadbandspeedchart.jpg).
Aqui no Brasil, taxas ridículas, como mostrado a seguir, são consideradas de
banda larga.
Quando a Anatel redigiu o novo PGMU (Plano Geral de Metas de Universalização),
objeto do decreto nº 6.424, de 4 de abril de 2008, estabeleceu que as
concessionárias do serviço implantassem uma infraestrutura de rede de suporte do
STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado) para conexão em banda larga. Essa
obrigação foi uma troca pela prevista na versão anterior do PGMU, que
determinava a implantação de Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs)
nessas localidades.
Essa infra-estrutura, denominada backhaul, abrangia um total de 3.439
municípios, devendo ser implantada até 31 de dezembro de 2010. O decreto define
backhaul como sendo “a infraestrutura de rede de suporte do STFC para conexão em
banda larga, interligando as redes de acesso ao backbone da operadora”.
A capacidade mínima de transmissão do backhaul nas respectivas sedes de
município é proporcional ao número de habitantes:
. até 20.000 habitantes, capacidade de 8 Mbps;
. entre 20.001 e 40.000 habitantes, de 16 Mbps;
. entre 40.001 e 60.000 habitantes, capacidade de 32 Mbps;
. mais de 60.000 habitantes, capacidade de 64 Mbps.
Chamar os meios de transmissão com tais taxas de banda larga é um eufemismo. Por
exemplo, no Estado do Rio de Janeiro, 28 dos 92 municípios têm menos de 20 mil
habitantes (Aperibé, Areal, Varre-Sai, entre outros).
A população total desses municípios, segundo estimativa do IBGE, é de 367.392
habitantes (julho de 2009) e a quantidade de telefones fixos instalados é de
33.343 (dezembro de 2009), o que significa uma densidade de 9,08 telefones para
cada 100 habitantes. Como o IBGE estima que cada domicílio no Estado do Rio de
Janeiro tem em média 3 habitantes (PNAD 2006), isto significa que somente 27,23%
desses domicílios dispõem de telefone fixo.
Por outro lado, nessas 28 localidades, a taxa mínima total disponível é de 28x8
= 224 Mbps. Supondo que, na hora de maior movimento, somente 10% dos domicílios
com telefone (ou seja 2,7% dos domicílios) queiram ter acesso simultaneamente à
banda larga, isto significaria que, em média, cada usuário teria disponível a
velocidade de 67 kbps para os três habitantes de cada domicílio, ou seja, pouco
mais do que a taxa disponível em uma conexão discada.
Chamar isso de banda larga é realmente mais do que um eufemismo.
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