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Março 2010 Índice Geral do BLOCO
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28/03/10
• Rádio Digital (64) - A história (de 2005 até 2008) da tentativa do ministro Helio Costa de implantar o sistema IBOC, "na marra"
Olá, ComUnidade
WirelessBRASIL!
Acompanhamos o tema "Rádio Digital" desde
setembro
de 2005.
E o
primeiro registro que encontramos na mídia é de fevereiro de 2005.
Tudo está registrado no
BLOCO e no website
comunitário
Rádio Digital.
Em janeiro de 2008 fizemos um "resumão comentado" (com muitos links e
"recortes") da atuação do Ministro Helio Costa tentando "emplacar", a qualquer
custo, "na marra", o padrão americano IBOC.
Convido a todos para reservar um tempo para uma leitura atenta, como ambientação
e/ou recordação.
Amanhã vou reproduzir um outro "resumão", mais recente, para completar a
"história", de 2008 até hoje.
Neste, vemos a "desistência" do ministro em relação ao IBOC, seguida da
"desistência da desistência" e da recolocação do sistema europeu DRM no páreo.
Especula-se que, antes da saída do governo nos próximos dias, o ministro faça
uma nova tentativa de decidir "sozinho", com um grupo de radiodifusores como
ele, a adoção do Rádio Digital no Brasil, sem a necessária e imprescindível
participação da sociedade.
Todo este processo é uma vergonha!
A saída honrosa para este imbróglio é a criação de um grupo de estudos envolvendo universidades e centros de pesquisa, com suporte de verbas federais, para avaliação de todos os padrões e, possivelmente, introdução de melhorias e inovações.
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
---------------------------------
Texto extraído de uma mensagem de 06 Jan 2008
(...)
Temos uma boa coleção de
matérias sobre o tema "Rádio Digital" e a mais antiga é de agosto de 2005 (já
vai completando três e meio aninhos). :-)
Eis um trecho:
Fonte:
Observatório da Imprensa
[11/08/05]
RÁDIO DIGITAL - A um passo
da democracia nas ondas sonoras
(...) Entrevista com o engenheiro Higino Germani mostra
como o Brasil pode definir de forma açodada a transição do serviço de
radiodifusão sonora, criando uma situação de fato que tende a contribuir para
tornar os canais de rádio ainda mais inacessíveis a novos atores e dificultar a
reestruturação desta mídia tão fundamental para a cidadania. Em pleno andamento
dentro dos órgãos de governo, este debate está distante de diversos atores
interessados e, ainda mais, dos cidadãos.
Desde o início, nunca houve
intenção do governo de trazer o "Rádio Digital" para um debate mais amplo nem de
levá-lo à consideração e estudo pela "academia".
O IDG Now!, em notícia de 13/09/05 - Anatel
autoriza primeiros testes de rádio digital - já
registrava o "fato consumado":
(...) Com essa realidade batendo à porta dos brasileiros, o esperado era que ocorresse um debate público sobre os novos conceitos de produção de conteúdos, canalização e interatividade, que são os grandes desafios na migração das tecnologias de comunicação social eletrônica. Prevalecendo o silêncio, pode imperar a posição defendida pelo lobby de um grupo de empresas norte-americanas que quer ver o padrão In-Band On-Channel (Iboc) de rádio digital em alta definição implantado no Brasil de forma rápida. O canto da sereia [conheça as empresas que financiam este lobby mundial clicando aqui] deste conglomerado parece ter seduzido boa parte dos empresários do setor e de autoridades públicas, uma vez que o comparativo entre o Iboc e os padrões europeus (DAB e DRM) e o japonês (ISDB Tn) de rádio digital está passando ao largo das principais decisões. Ao contrário da TV Digital, onde a Anatel realizou testes de campo e de laboratório com todos os padrões existentes, no rádio a situação é outra.
Em agosto do ano
passado (2007) o Governo ainda tentava sacramentar o "sistema ideal" IBOC sem os
devidos e necessários testes.
Confiram:
Fonte: Info
Online
[01/08/07]
Governo pode definir rádio digital sem testes
Apenas uma emissora de rádio já entregou à Anatel o relatório com os resultados
dos testes realizados no padrão digital de transmissão. De acordo com o
presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),
Daniel Slaviero, as emissoras entregarão os relatórios em até 60 dias. Mas a
definição do governo sobre o sistema ideal pode sair antes disso. Se cumprir
o prazo anunciado, o conselho consultivo apresentará sua proposta final até o
dia 14 de setembro. Atualmente, 16 emissoras de rádio AM e FM operam em caráter
de teste no sistema norte-americano In Band on Chanel (Iboc).
(...) O diretor de TV Digital do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD), Juliano Castilho Dall`Antonia, alerta que "é preciso
ter um volume razoável de dados para responder categoricamente qual sistema é o
melhor. O que parece é que a discussão está incipiente. Precisava ter mais
informação. Não é só uma discussão teórica. São tantos os parâmetros e os
padrões possíveis, que precisa fazer um monte de testes, depois um monte de
análises", diz. (...)
Ainda sobre os testes e a
metodologia de avaliação, vejam esta matéria de maio de 2007:
Fonte: Observatório do Direito à
Comunicação
[15/05/07]
Padrão norte-americano não serve para o Brasil, diz Frente (Frente
Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital)
Ela também questiona o fato da Consulta tratar o tema como “uma mera
substituição dos receptores analógicos por outros de melhor qualidade,
digitais”. De acordo com o documento, “trata-se de uma mudança de paradigmas
(...) rumo a um mundo mais convergente e integrado”.
(...) Outra questão apontada pelas entidades se refere à metodologia de
avaliação, que “indica a realização de testes pulverizados, em lugar de um teste
mais amplo realizado por um consórcio de entidades”, citando como exemplo a ser
seguido o método realizado com a TV Digital em São Paulo.
Ainda no âmbito da metodologia, o documento critica a falta de clareza em
relação à amostragem nas diversas etapas dos testes. “Na falta deste plano,
qualquer resultado ‘quantitativo’ terá um aspecto tecnicamente frágil, pois um
resultado num caso específico não será indicador seguro de que aquele
comportamento se dará em todas ou pelo menos na maioria das situações”. (...) A
Frente também reivindica transparência, equidade e publicidade na realização dos
testes, por meio de uma maior participação de outros atores da sociedade.
O ministro nunca se cansa
de ostentar sua "isenção" na linha do "para o IBOC tudo, para o DRM, nada!"...
:-)
Fonte: Estadão
[03/08/07]
Sistema de rádio digital só será escolhido após testes
(...) Hélio Costa afirmou, no entanto,
que não tem como esperar a realização de testes com o sistema europeu Digital
Radio Mondiale (DRM). "Os testes DRM tem que ser feitos por eles (técnicos que
defendem o sistema europeu). Eles têm que trazer um transmissor da Europa,
colocar em São Paulo, fazer o teste, indicar para as emissoras que estão
dispostas a montar o sistema. Se não trazem esse transmissor até São Paulo, não
tem teste. Ou eles fazem os testes, ou não tem como participar". (...)
O "conteúdo" do atual
Congresso Nacional é "lamentável" mas estamos numa democracia e é preciso
preservar e valorizar a instituição.
Bem ou mal, é na "Casa do Povo" que o tema deve ser debatido.
Mas...
Fonte: Agência Brasil
[14/08/07]
Erundina diz que ministro isolou legislativo da escolha de modelo
de rádio digital
(...) A deputada Luiza Erundina (PSB-SP),
presidente da subcomissão de Radiodifusão da Câmara dos Deputados, criticou hoje
(14) o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Segundo ela, Costa afastou o
legislativo das discussões sobre o modelo de rádio digital que será adotado pelo
país. "Nem o Congresso Nacional, nem a Comissão de Ciência e Tecnologia, que
deveriam ter sido consultados, foram ouvidos. Apesar da reivindicação que
fizemos reiteradamente, não houve a possibilidade de que o legislativo fosse
ouvido”, afirmou.A deputada foi a autora do pedido para realização de um debate
público sobre os procedimentos de outorga, fiscalização e legislação de
radiodifusão comunitária, ocorrido hoje na comissão. Segundo Erundina, a atitude
do ministro do ministro pode prejudicar a democracia nos meios de comunicação."A
gente sabe que, se ele tiver o poder que vem tendo até agora para, por conta
própria, unilateralmente, e sem nenhuma consulta ao Poder Legislativo, com
certeza, as distorções, desequilíbrios e as concentração deste poder fantástico
da comunicação da informação vai se tornar ainda pior a partir da incorporação
dessas tecnologias".
O ministro Helio Costa,
nestes três anos, tem citado somente o padrão americano iBiquity que é
um sistema IBOC (In-Band On-Channel).
Nos "States" este sistema é conhecido como "HD
Radio" (Hybrid Digital Radio) mas na nossa mídia
ganhou o apelido de "IBOC" mesmo. :-)
Um "pequeno" detalhe: iBiquity é uma empresa americana proprietária do sistema "IBOC":
para usar, tem que pagar royalties...
(...) Segundo o presidente da Abert, o
modelo de negócio definido pela Ibiquity para o Brasil prevê que não seja
cobrada a licença. O consórcio irá ter remuneração apenas sobre os transmissores
e receptores. De acordo com ele, o mercado no Brasil é de cerca de 200 milhões
de receptores. (...) Fonte:
Agência Brasil
"Remuneração" sobre 200 milhões de receptores...uau!!!
A escolha não-técnica de um "padrão proprietário" corresponde, em última
análise, à contratação de uma empresa sem licitação.
Tudo pode estar sendo feito com a maior lisura mas é preciso muiiiiita
transparência...
O ministro não desiste do IBOC,
fala "barbaridades" e a mídia repercute tudo com se fosse "normal".
Vejam este texto, bem recente:
Fonte:
TIInside
[14/12/07]
Ministro condiciona parceria à abertura da tecnologia de rádio digital
O governo quer ser parceiro da empresa
norte-americana i-Biquity, detentora da tecnologia HD Radio, no desenvolvimento
de um sistema de transmissão e recepção de rádio digital. O anúncio foi feito
pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, durante reunião, em Brasília, com
representantes de 89 professores e pesquisadores ligados ao Núcleo de Pesquisa
Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação (Intercom).
A comissão, que teve o professor de
jornalismo da Ulbra, Luiz Artur Ferraretto, como um de seus três integrantes
entregou ao ministro uma carta com propostas para a adoção de uma tecnologia
digital para o rádio.
Ao se referir à parceria com a i-Biquity, o ministro disse que o interesse do
governo é ser como um sócio da empresa para, inclusive, fabricar equipamentos no
Brasil e, no futuro, exportar transmissores e receptores para outros países da
América Latina. Hélio Costa condicionou essa aproximação à abertura da
tecnologia, hoje proprietária, ou seja sob controle total da empresa. Com a
medida, os radiodifusores passariam a ter direito de uso e de adaptação do HD
Radio às características do sistema de radiodifusão sonora brasileiro.
Já nos perguntaram o que é que
temos contra o IBOC. :-)
Resposta: Não temos nada, nem contra, nem a favor, nem "muito pelo contrário".
:-)
Nosso objetivo é ampliar o debate para que nossos participantes e leitores
formem sua opinião.
Mas como Coordenador de uma ComUnidade de técnicos tenho "tudo" contra uma decisão política ou comercial quando temos uma "academia" com nível de primeiro mundo para debater e estudar o tema.
E mais. Nós, que lutamos
diariamente para "informar e compartilhar conhecimentos", ficamos estarrecidos
com a apatia e a anestesia geral sobre este e outros temas do interesse do país.
De algum modo, nas linhas e entrelinhas, como vimos nos recortes acima, as
intenções do governo estão explicitadas e a reações (ou ausência delas) da
sociedade, também.
O aspecto "investigativo", característico da mídia convencional, parece que não
consegue seduzir a mídia dita "especializada".
A TV Digital nasceu junto com a
"TV Pública" ou a "TV do PT" segundo a sabedoria popular.
E vem aí a "Rádio Pública" e que poderá também se tornar a "Rádio do PT".
Exagero? Paranóia?
Confiram esta notícia:
Fonte:
Agência Brasil
[01/08/07] Poder
público terá uma rádio digital em cada município, diz ministro
(...) “A idéia é que cada cidade tenha
pelo menos uma rádio pública”, afirma Hélio Costa, que hoje se reuniu com o
conselho consultivo que estuda o assunto. Até 14 de setembro o conselho deverá
apresentar um relatório com a indicação do sistema digital que o Brasil deverá
adotar. Há dois modelos em análise, o norte-americano (Iboc) e o europeu (DRM).
Com o crescimento das rádios comunitárias, que já somam aproximadamente 2,5 mil
em todo país – contando apenas aquelas em situação regularizada –, Hélio Costa
não vê necessidade de criar rádios temáticas, como ocorrerá com a TV digital, em
que o governo federal terá quatro canais - do Poder Executivo, cultural,
educativo e da cidadania -, além de dois canais para o legislativo (Câmara e
Senado).
“Elas [rádios comunitárias] atendem muito bem a comunidade”, mas,
“evidentemente, fica um espaço reservado para o poder público”, afirma o
ministro.
Segundo ele, a intenção é de que as rádios públicas sejam utilizadas
principalmente para o ensino à distância. “É um aumento do conteúdo, já que você
vai ter a possibilidade da multiprogramação com quatro programações diferentes e
simultâneas dentro da mesma banda”. (...)
Mas voltemos aos testes.
A Anatel, sem muito alarde, fazendo mais do que falando, tem dado mostras
que, gradativamente, está "encurtando as rédeas" em várias áreas.
Esta matéria, já veiculada aqui em
nossos fóruns, dá uma boa idéia de como e quem vai executar os testes.
De qualquer modo fico com a forte impressão que estes testes ainda estão sendo
feitos "na correria" e num universo muito reduzido.
Qual é a pressa, sô?
Fonte:
Jornal Hoje
[08/10/07]
Testes:
Anatel vai enviar a emissoras a metodologia criada
Sistema digital deve ser testado
por três rádios
Nas próximas semanas, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) vai enviar
a duas ou três emissoras de rádio escolhidas a metodologia criada para a
realização de testes com os sistemas de rádio digital.
De acordo com o superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da agência,
Ara Apkar Minassian, a escolha das rádios fica a cargo do setor. “Nós pedimos
que escolhessem, entre eles, quem vai ser o cobaia para estes testes. É mais
fácil do que você impor”. Para tanto, as especificações e metodologia serão
entregues à Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e à
Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores).
Três principais questões deverão ser avaliadas: a qualidade do sinal, a
abrangência da cobertura e possíveis interferências entre emissoras do sistema
digital sobre o analógico.
O superintendente destaca que concentrar os testes em duas rádios “não significa
que são as duas melhores. Não tem nada a ver. Mas tenho que fazer um teste na
praça de São Paulo porque é crítica. Tenho edifícios altos e um monte de
obstáculos. Se o sistema der certo em São Paulo, a tendência de dar certo em
outras cidades mais planas é muito maior”.
Ele cita também Belo Horizonte e Rio de Janeiro como cidades que têm a
topografia bem diversificada. “Não pretendo remeter para 20 emissoras porque,
quando você abre muito o leque, vai ter resultados dispersos”, acrescenta.
RELATÓRIOS
Há dois anos, a Anatel começou a autorizar emissoras a realizarem testes com
sistema digital. Ao todo, 19 emissoras pediram autorização, no entanto, a Anatel
não sabe dizer quantas efetivamente realizaram testes.
Minassian conta que cada rádio testava o sistema da sua forma e o resultado dos
relatórios entregues à Anatel não responderam a uma série de dúvidas sobre os
sistemas. “Ninguém até agora conseguiu apresentar um resultado concreto, sólido,
que possa dizer o seguinte: ‘Eu usei o sistema e ele me atendeu, não perdeu
cobertura, não gerou interferência nos sistemas analógicos vizinhos’. Ninguém me
apresentou isso”, diz.
A Anatel definiu as metodologias que devem ser usadas pelas rádios nos testes.
Com ela, “vamos tentar fazer isso de forma coordenada”, completa o
superintendente.
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