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Novembro 2010               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!


18/11/10

• MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (23) - "Anatel aprova MVNO"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Acompanhamos o tema MVNO - "Mobile Virtual Network Operator" - Operadora Móvel Virtual, desde 2006 com registro nesta página comunitária.

01.
O tema volta com força total com estas notícias de hoje:

Fonte: Teletime
[18/11/'0]  Anatel aprova regras para operadoras virtuais - por Samuel Possebon


Fonte: Tele.Síntese
[18/11/08] Anatel aprova MVNO sem restrição às coligadas

Recorte:
(...) O conselho diretor da Anatel aprovou agora pela manhã o regulamento que irá permitir o aumento da competição na telefonia celular. O regulamento estabelece as condições para que diferentes grupos firmem parcerias com as tradicionais operadoras de celular (Claro, TIM, Oi, Vivo) e passem também a prestar o serviço móvel, conhecidos no exterior como MVNO, ou operadores móveis virtuais. O conselho acompanhado a posição do relator João Rezende, que pretendia liberar ainda mais as regras propostas pela área técnica. Uma das mudanças importantes é que o conselho acabou com as restrições às empresas coligadas das operadoras de celular de poderem também ter licença de MVNO.(...)

02.
O boletim do e-Thesis da terça-feira veiculou este texto:

Fonte: e-Thesis
[16/11/10]  Até 2015, haverá mais de 1 mlhão de assinantes de MVNO na A.Latina - por Pyramid Research

03.
A Revista Teletime de setembro trouxe esta excelente matéria:

Fonte: Portal Teletime - Origem: Revista Teletime
[Set 2010]  Do virtual ao real - por Samuel Possebon

04.
Aqui estão os "posts" de 2010:
10/03/10
MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (22) - "Operadoras querem prazo" + "Oi aponta problemas para consumidores"
05/03/10
MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (21) - Eduardo Prado: "MVNOs e os seus conceitos básicos" + Consulta termina dia 22 + Audiências Públicas no Rio (dia 9) e Brasília (dia 11)
04/03/10
MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (20) - Consulta termina dia 22 + Início das Audiências Públicas amanhã + Matérias diversas
25/01/10
MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (19) - SIMcard customizado: "quase" uma MVNO
25/01/10
MVNO - "Operadora Móvel Virtual" (18) - Teleco: "A proposta é boa, mas deve melhorar" - por Luciano Costa

Comentários?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

Portal WirelessBRASIL
BLOCOs Tecnologia e Cidadania

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Fonte: Tele.Síntese
[18/11/08]   Anatel aprova MVNO sem restrição às coligadas

Bancos, clubes de futebol, igrejas e supermercados poderão vender celular com marca própria

O conselho diretor da Anatel aprovou agora pela manhã o regulamento que irá permitir o aumento da competição na telefonia celular. O regulamento estabelece as condições para que diferentes grupos firmem parcerias com as tradicionais operadoras de celular (Claro, TIM, Oi, Vivo) e passem também a prestar o serviço móvel, conhecidos no exterior como MVNO, ou operadores móveis virtuais. O conselho acompanhado a posição do relator João Rezende, que pretendia liberar ainda mais as regras propostas pela área técnica. Uma das mudanças importantes é que o conselho acabou com as restrições às empresas coligadas das operadoras de celular de poderem também ter licença de MVNO.

Com isto, acabam-se as barreiras para os bancos estatais, como o Banco do Brasil, ter sua licença para oferecer o serviço móvel. Isto porque o BB é controlador da Previ, uma das sócias da Oi, o que transforma, pela portaria 101, o Banco do Brasil coligado à Oi Devido a essa coligação, pelas regras anterior, o BB não poderia ter licença de MVNO. Agora, esta restrição acabou. Fica também liberada a Net Serviços, que também estaria proibida de prestar o serviço, por ser coligada à Claro, já que tem como controlador comum a América Móvel.

As operadoras tradicionais é que irão firmar as parceriais com os diferentes grupos, mas já há interessados nas áreas bancárias, clubes de futebol, e igrejas, além de grandes cadeias varejistas.

Outra alteração aprovada no regulamento foi a retirada da necessidade do credenciado ser aprovado pela Anatel. Pelo novo texto, a relação entre credenciada e operadora de origem é particular e a agência deve apenas informada sobre os contratos homologados. As autorizadas, porém, continuarão dependendo de outorga da agência. Para o conselheiro João Rezende, essa medida irá desburocratizar o serviço e ele espera que operadores virtuais estejam ativados em 60 dias.

Mas a possibilidade de contratar a rede de mais de uma operadora de origem na mesma área de registro, como propôs a conselheira Emília Ribeiro em seu voto, caiu. Isto porque a área técnica da Anatel insiste na impossibilidade de fiscalizar o serviço, dificultado a responsabilização da operadora por eventual descumprimento de obrigação.

Outra mudança aprovada foi a possibilidade de migração da base de assinantes do credenciado que não esteja satisfeito com o serviço ofertado pela prestadora de origem a qualquer momento. “Essa permissão aumenta o poder de barganha do credenciado”, disse Rezende. O regulamento do MVNO passa a valer após publicação no Diário Oficial da União.

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Fonte: Teletime
[18/11/'0]  Anatel aprova regras para operadoras virtuais - por Samuel Possebon

A Anatel aprovou, finalmente, o regulamento de operadoras virtuais. Conforme antecipou este noticiário, as regras acabaram flexibilidadas em relação às operadoras credenciadas.

A estrutura do modelo de MVNOs no Brasil será a mesma que estava prevista desde a consulta pública, ou seja, o mercado de operadores virtuais terá a figura do operador virtual autorizado, do operador credenciado e a prestadora de origem. A prestadora de origem é a empresa de SMP que detém a rede de telecomunicações. Em cima desta rede é prestado o serviço pelo operador virtual autorizado ou credenciado. O autorizado é um operador que precisa de outorga da Anatel e tem praticamente as mesmas responsabilidades de qualquer operador de celular. Em compensação, ele tem a prerrogativa de cobrar o cliente, definir os planos de serviço, preços etc. É como se fosse um operador de SMP, exceto pelo fato de não ter a rede física.

O operador credenciado, por sua vez, é um representante da operadora de origem. O cliente não é da operadora credenciada, nem cabe a ela nenhuma responsabilidade pelo assinante. Toda responsabilidade cabe à operadora detentora da rede. Cada operador credenciado só pode ter contrato com uma operadora detentora de rede, mas tem a prerrogativa de poder mudar de prestadora de origem quando quiser. Vale destacar, contudo, que na proposta da Anatel o cliente pode optar por ficar com a prestadora detentora da rede. Na proposta feita no relatório da conselheira Emília Ribeiro, relatora da matéria, uma operadora credenciada poderia firmar contratos com quantas operadoras de SMP quisesse, mas os demais conselheiros entenderam que seria complicado fazer o controle nestas condições.

Na formatação dada pela Anatel, empresas coligadas, controladas ou controladoras de operadoras de SMP poderão ser operadoras virtuais credenciadas. Segundo o conselheiro João Rezende, que proferiu o voto-vista, o mercado já está maduro o bastante para se regular nessa questão, e permitir que coligadas atuem é uma forma de ampliar a competitividade. Com isso, o Banco do Brasil, que tem vínculo de controlador com a Oi (via Previ), ou a Net Serviços, que tem vínculo de controlador com a Claro, poderão ser operadoras virtuais e já teriam manifestado este interesse à Anatel.

A Anatel também permitirá que as operadoras CTBC e Sercomtel, que têm autorização de SMP, possam ser operadoras virtuais fora de suas áreas de autorização.

Ao flexibilizar as regras de credenciadas, a Anatel está deixando que o mercado se regule. Segundo Bruno Ramos, gerente geral de comunicação pessoal terrestre da Anatel, as prestadoras de origem terão todo o direito de estabelecer regras e recusar contratos com operadoras credenciadas. A Anatel só deve interferir nessa relação em caso de abusos ou conflitos, mas a liberdade é a regra, diz Ramos.
 

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Fonte: e-Thesis
[16/11/10]  Até 2015, haverá mais de 1 mlhão de assinantes de MVNO na A.Latina - por Pyramid Research

Diante da alta taxa de penetração da telefonia móvel e de os órgãos reguladores estarem a buscar formas de aumentar a concorrência na América Latina, haverá um movimento gradual para a introdução de MVNOs na região, o que aumenta a pressão para que as operadoras de redes móveis (MNO) compartilhem sua infraestrutura, de acordo com o relatório "MVNO Market Offers Solid Growth Prospects for Savvy Operators", do Pyramid Research. Com mais de 11% dos assinantes móveis do mundo, a América Latina representa menos de 1% da base mundial de assinantes de MVNO. A perspectiva, no entanto, é de que as assinaturas de MVNO na região cresçam, por ano, 27%, entre 2010 e 2015, e atinjam mais de 1 milhão de subscrições. México, Brasil, Chile e Colômbia são os primeiros mercados a acusar este crescimento.

"As operadoras ainda estão na fase de aquisição de assinantes, o que implica oposição destas à introdução de MVNOs em seus mercados. Na maioria dos mercados latinoamericanos, as operadoras continuam em processo de capacitação para atendimento da demanda. Mas, na verdade, o espectro atribuído a cada operadora, em alguns mercados latino-americanos, é incapaz de satisfazer a demanda por serviços de dados" diz Juliana Gomes, analista do Pyramid Research.

De acordo com a analista, a MVNO pode ser benéfica para a MNO, os reguladores e outras empresas ligadas ao ecossistema, mas não se deve esperar que sua introdução mude drasticamente a estrutura do mercado latinoamericano. Com o advento do processo de regulamentação das MVNOs na região, o Pyramid vê o nascimento das MVNO no mercado de massa da região. "Os órgãos reguladores forçarão a regulação da MVNO no mercado. Assim, as operadoras não devem desperdiçar energia em se opor à medida. Ao contrário, devem começar sua avaliação das possíveis formas de tirar partido das MVNOs. E isso deve ser feito rapidamente para conseguir a vantagem de antecipação", recomenda Gomez, para quem as MVNOs "são uma oportunidade para que provedores de telecomunicações e de cabo expandam sua carteira e aumentem a fidelidade do cliente."

Após anos de constante crescimento, a penetração da telefonia móvel começa a se estabilizar em alguns mercados da América Latina. Argentina e Venezuela ultrapassaram os 100% de penetração em 2008, o Chile o fez em 2009 e o Brasil deve atingir este marco até o final de 2010. Com poucos segmentos em toda a região onde não existe penetração da telefonia móvel (sobretudo junto a quem não pode pagar pelos serviços móveis), a penetração da telefonia móvel atingiu o ponto em que outros mercados ocidentais adotaram as MVNO a fim de levar os serviços móveis aos segmentos carentes.

Muito poucos mercados da região têm regulamentação específica para as MVNOs, o que desestimula sua introdução no mercado. Mas os atuais picos de penetração levam os reguladores a buscar formas de aumentar a concorrência. Assim, para melhor servir à população, haverá um movimento gradual em direção à chegada de MVNOs na região. Esforços para introduzir regras mais claras relativas às MVNO serão feitos em futuro próximo.

O Pyramid Research acredita que as assinaturas de MVNO irão aumentar no mercado latino-americano, embora representem de início pequena porcentagem da base total regional. Sua introdução pode não mudar drasticamente a estrutura do mercado, mas vai aumentar a concorrência, beneficiando os usuários, bem como as operadoras capazes de compreender os prós e os contras das MVNOs e encontrar maneiras de incorporar as redes móveis virtuais em seus negócios.

Na Europa, América do Norte, Ásia e até na África muitos têm comprado licenças no ‘hype' das MVNOs. Os mercados maduros já observam uma evolução gradual da regulamentação das MVNO. A América Latina é uma retardatária na adoção de MVNO, mas esta letargia não vai durar muito, pois alguns países começam a implementar políticas amigáveis de MVNO.

O sucesso da MVNO na região será muito provavelmente baseado em casos de controle de custos. Quem puder alavancar os ativos existentes para controlar os custos, mantendo estes em níveis mais baixos do que a da operadora anfitriã, aumentará sua probabilidade de sucesso.

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Fonte: Portal Teletime - Origem: Revista Teletime
[Set 2010]  Do virtual ao real - por Samuel Possebon

Colaborou Fernando Paiva

Desde março deste ano, quando a Anatel recebeu as contribuições sobre o regulamento de operadoras móveis virtuais, a expectativa sobre a abertura desse mercado vem crescendo. Mas as incógnitas sobre a viabilidade do modelo ainda são grandes, e mesmo entre os maiores entusiastas do mercado de MVNO, há quem aposte que para o Brasil deverá acabar prevalecendo um modelo muito mais próximo do mobile-marketing do que um modelo de operadora virtual tradicional. Entre aqueles que apostam no potencial brasileiro para o desenvolvimento estão empresas como a Everis, que hoje atua como consultora em projetos que envolvem MVNOs. Para Marco Galaz, sócio responsável por telecom na Everis, esse não deve ser um mercado para pequenas empresas. “O que a gente pode observar em experiências em todo o mundo é que apenas aqueles que investiram com um business plan sólido acabaram se dando bem no mercado de operadoras virtuais”. O modelo brasileiro de MVNOs terá uma característica de ser dividido em dois níveis, pelo menos se for mantida a proposta que foi colocada em consulta pública em dezembro e cujo texto final deve ser aprovado em outubro pela agência.

A base do regulamento, explica Bruno Ramos, gerente geral de regulamentação de comunicações móveis da superintendência de serviços privados da Anatel, deve ser a mesma da consulta pública. Ou seja, duas categorias de operadores virtuais: os credenciados, que na prática fazem o papel de revendedores dos serviços para os operadoras tradicionais (também chamados de operadores de origem), e os autorizados, que como o próprio nome diz, são autorizados pela Anatel a operar como se fossem operadoras de fato. No caso das credenciadas, todo o trabalho de billing, atendimento, garantia de qualidade de serviço e responsabilidade técnicas são dos operadores que detém a rede. No caso das operadoras autorizadas, elas operam tudo e assumem toda a responsabilidade perante a Anatel. Só não controlam a rede em si, que é alugada de uma operadora “real”.

Questões superadas

Durante o processo de consulta pública, no primeiro trimestre, uma série de questionamentos foram levantados contra o modelo da Anatel. Um dos pontos questionados dizia respeito ao fato de que o operador virtual, seja credenciado ou autorizado, teria que estar atrelado a apenas uma operadora móvel real em cada área de registro. Ou seja, não poderá, em um mesmo mercado, utilizar um eventual poder de barganha para contratar capacidade de rede de diferentes operadoras e assim conseguir preços melhores. Esse é um dos pontos que devem estar mais claros na regulamentação definitiva, segundo apurou este noticiário, pois a intenção da Anatel é que no caso da operadora virtual autorizada, ela possa contratar minutos de quantas operadora de origem quiser. O que a Anatel não poderá permitir é que uma credenciada opere com mais de uma empresa, pois seria impossível fiscalizar a qualidade de serviço e cobrar responsabilidades nesse caso.

Segundo Bruno Ramos, a ideia da regulamentação é que ela não amarre o mercado, mas ao mesmo tempo dê segurança para que apenas empresas sérias e comprometidas entrem nesse mercado. “O que a Anatel constatou é que, no mundo todo, só os modelos em que todo o mundo ganha prosperaram”. Para a agência, há um filão grande de mercado, sobretudo para a exploração de nichos, com oferta de serviços de valor adicionado específicos para determinadas comunidades ou grupos de interesse, e também potencial de exploração comercial pelo varejo.

Para Maurício Giusti, analista de telecomunicações e sócio da consultoria PriceWaterhouseCoopers, o sucesso do modelo de operadoras virtuais depende da não-imposição de modelos e de uma atuação regulatória mínima. “Se houver imposição de modelos, não dá certo”. Ele ressalta que na negociação de contratos, o equilíbrio entre a operadora real e a virtual é muito delicado. Ele chama a atenção também para a questão da interconexão, o que dificulta muito a negociação do airtime no atacado. “As operadoras têm pouca margem para negociar minutos com valores reduzidos”, disse. Giusti participou em setembro do Fórum Mobile+, realizado pela TELETIME e TI INSIDE. “O mercado de MVNO começa a crescer quando o mercado tradicional deixar de crescer. O Brasil ainda tem muito crescimento de base de celular nas classes C e D, o que deve se manter pelos próximos dois anos”, analisa.

Entre as operadoras de telefonia celular, empresas como Claro, TIM e Vivo estão analisando com olhos mais atentos o desenvolvimento do mercado de MVNO, e tudo indica que elas estarão abertas a, pelo menos, negociar o compartilhamento de suas redes.

Negócio próprio

Mas a Oi, por exemplo, é apontada pelo mercado como a operadora mais resistente. Segundo João Silveira, diretor de mercado da operadora, não é que a Oi não esteja interessada em operadoras virtuais. Mas ele explica que há grandes dificuldades para esse mercado se desenvolver no Brasil. “Vejo MVNOs como operadoras de nicho que deverão ter entre 3% e 5% de market share. Uma das dificuldades é que o pré-pago já é muito forte no Brasil”, diz o executivo. Ele aponta também uma incompatibilidade entre o modelo que as operadoras virtuais estão propondo e o modelo de venda da Oi. “Muitos me procuram e sugerem que eu venda minutos a um custo menor e, em troca, eu não teria mais o custo de venda dos chips. Mas hoje, a venda dos chips é uma fonte de renda, porque eu consigo vender minutos junto”, explica. A maior parte das vendas de chip da Oi é feita em bancas de jornal, e a operadora já repassa seus chips com minutos aos comerciantes, o que compensa com sobra o esforço de venda.

Para Marco Galaz, da Everis, grandes empresas, que já tenham sistemas de billing e controle de clientes terão vantagens se optarem por explorar o mercado de operadoras virtuais. “Nos outros casos, a figura do viabilizador, a MVNE, é fundamental, porque é quem vai viabilizar uma operação dentro de uma estrutura que não foi pensada para operar telefonia móvel”. Do lado da operadora que proverá a rede, diz Galaz, a dificuldade é entender o modelo e fazer as contas para saber se um operador virtual poderá trazer redução de custos. “Depois disso, ele tem todo o trabalho de negociar interconexão, acertar os seus sistema e integrar as operações, o que não é simples em todos os casos”. Em compensação, o que ela pode ganhar é um crescimento significativo no volume de minutos comercializados e aumento no tráfego de SVA.

Algumas operadoras virtuais começam a surgir apenas no modelo de revenda de dados, por exemplo, indicando um caminho que pode começar a ser seguido por operadores virtuais no Brasil. Outro modelo são as operadoras virtuais voltadas ao mercado corporativo, em que uma empresa opta por ter a sua própria operadora para poder ter o controle total dos serviços voltados a seus colaboradores. Por exemplo, empresas com grandes forças de venda ou manutenção em campo, ou empresas que precisam se relacionar com uma comunidade específica, como seguradoras. Atualmente, a Spring Wireless e a Abacomm, as duas principais integradoras de serviços móveis para o mercado corporativo, começam a trabalhar em projetos de MVNOs voltadas para o mercado empresarial.

Outro aspecto questionado durante a consulta de operadoras virtuais dizia respeito à incerteza sobre a possibilidade ou não de se ter acesso às redes das operadoras de SMP. Segundo estas análises, não havia garantia no regulamento de MVNOs que desse ao potencial candidato a operadora virtual a segurança de que conseguirá o contrato com a operadora. Também não há nenhum critério que permita à agência avaliar se a razão de uma eventual recusa do operador de SMP em fazer negócio com operadores virtuais se deve a questões técnicas ou a um mero desinteresse comercial. O texto definitivo não deve trazer nenhuma obrigação de negociação, mas deve dar um prazo para que haja uma resposta definitiva sobre o interesse ou não por parte do operador real de se associar a uma operadora virtual. E as condições deverão ser isonômicas.

Entre os grupos que têm interesse em entrar no mercado de operadoras virtuais estão empresas varejistas e outras com grandes bases de clientes, como operadoras de serviços de telecomunicações sem redes móveis. Um bom exemplo é o da operadora de TV a cabo Net Serviços, que não esconde a intenção de desenvolver um produto móvel, caso a regulamentação permita. O problema é que na primeira proposta de regulamentação que foi a consulta no começo do ano, empresas coligadas, afiliadas, controladas ou controladoras de operadoras reais não poderiam ser MVNOs. E a Net é coligada à Claro, já que ambas têm, indiretamente, a América Móvil (controladora da Embratel) como acionista. A Anatel ainda não havia batido o martelo sobre essa questão de coligadas operando operadoras virtuais até o fechamento desta edição. A dúvida se devia ao fato de que se, por um lado, uma empresa como a Net pudesse ter grande força para operar, por outro isso poderia representar uma vantagem indevida, já que ela poderia ter facilidade na negociação com a Claro, por exemplo. Esta restrição, dependendo da forma como for colocada, pode impedir também que operadoras como a CTBC e a Sercomtel, que hoje têm atuação limitada, expandam suas áreas de atuação como operadoras virtuais.

Outra possível interessada no mercado de MVNO entre as operadoras de telecomunicações é a GVT, mas esta também é apontada como forte candidata ao leilão da banda H, cujo edital deve ser publicado em outubro. A Copel, concessionária de energia do Paraná e com forte presença no mercado de telecom, também é apontada como forte candidata a operadora virtual.

Modelos diferentes

Entre as empresas de outros setores, algumas, declaradamente, já disseram que estudam entrar no mercado de operadoras virtuais. O grupo Pão de Açúcar é um deles, seguindo o exemplo de outros grandes varejistas, como Carrefour e Walmart, que já operam operadoras virtuais em outros países. Bancos como o Bradesco e o Banco do Brasil também já analisam esse mercado, segundo fontes do setor. Ambos já criaram contas correntes em que as despesas dos clientes com taxas são revertidas em créditos para assinantes. São experiências que podem ser embriões de operações móveis virtuais. Para Marcelo Zylberkan, especialista em operadoras virtuais e diretor do Titans Group, empresa que desenvolve produtos para a exploração de serviços móveis em mercados de nicho, o problema da VU-M e das margens apertadas dos operadores móveis de fato deve ser um grande entrave para a viabilização dos operadores virtuais no Brasil. “Por isso eu acho que um modelo de comercialização de chips e serviços para nichos específicos, mas sem separar as operações, me parece mais viável”. Para ele, o modelo de operadores virtuais é mais viável para teles sem acesso móvel, como GVT, que têm necessidade estratégica de mobilidade mas não precisam desse mercado para seus resultados. “Acho difícil que uma MVNO consiga baratear muito mais os minutos comprados da operadora de origem. A regulamentação coloca limites e responsabilidades que têm custos, e as margens das operadoras no Brasil já são apertadas”. Fora isso, diz Zylberkan, o processo de consolidação entre Embratel e Claro e entre Vivo e Telefônica deve concentrar grande parte dos esforços de desenvolvimento de sistemas dessas operadoras. “Será que elas terão tempo, nos próximos dois anos, a dedicar times para integrar sistemas com operadoras virtuais?”, pergunta.

O modelo que a Titans Group propõe é o modelo de recarga combinado com venda segmentada, marketing de nicho e SVA voltado para comunidades específicas. A primeira experiência da Titans foi com a CN Chama, do grupo Canção Nova, ligado à Igreja Católica, e com a operadora Claro (ver box). Atualmente, o principal projeto, nos mesmos moldes, é com o clube de futebol Corinthians, também com a Claro. Segundo Zylberkan, já houve a ativação de 20 mil linhas em 60 dias de serviço. Ao todo, foram distribuídos 100 mil chips para o varejo. Outros 100 mil foram encomendados para essa primeira fase do projeto. O foco são os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. As vendas dos chips estão sendo feitas na rede de lojas Poderoso Timão, assim como em sites de e-commerce e em revendedores de recarga. Com cerca de 30 milhões de torcedores espalhados pelo País, o clube estima que poderia ativar até 5 milhões de linhas com seu SIMcard customizado. Na verdade, são todos clientes Claro, mas que ao adquirirem o chip do Corinthians, passam a ter acesso a serviços exclusivos e um atendimento personalizado para este produto. “É uma MVNO light: não compramos tráfego”, esclarece Marcelo Zylberkan. Enquanto a receita de voz fica toda com a operadora, o clube e a Titans recebem uma participação na venda de conteúdo móvel com a marca Corinthians, acessível tanto pelo menu do SIMcard quanto pela web. São oferecidos alertas de gol, notícias, vídeos, ringtones, dentre outros. São criadas também promoções para os usuários, todas envolvendo o time. “O grande desafio é montar uma oferta de conteúdo móvel que seja atrativa para o torcedor”, explica Zylberkan. O investimento no projeto por parte da Titans girou entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões. O Chip do Timão é vendido apenas na modalidade pré-paga, embora o cliente possa, se quiser, solicitar à Claro a troca para pós-pago depois. A Titans planeja entrar no mercado de venda de recargas especificamente para os usuários do Chip do Timão a partir de novembro, usando os mesmos canais de vendas do SIMcard, além da web e do menu do chip. A empresa ganhará uma comissão da operadora, como qualquer outro revendedor de recarga.

No primeiro trimestre de 2011, a Titans promete lançar no mercado os chips de outros oito grandes clubes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. No mesmo período lançará projetos similares com um programa de TV e com uma grande rede varejista, que estima vender até 2 milhões de chips nos primeiros 12 meses de operação. “O nome do jogo é fechar parcerias com clientes agora para poder comprar e revender airtime no futuro, quando a legislação permitir, se houver atratividade”, explica.

Chama pioneira

Um dos primeiros embriões de algo que poderá vir a ser uma operadora virtual no Brasil é a experiência da CN Chama, ligada à Fundação João Paulo 2º, que também é responsável pela TV Canção Nova. O projeto, iniciado há cerca de um ano, teve como objetivo comercializar chips de celular e serviços de valor adicionado para a comunidade católica. O projeto foi interrompido por questões contratuais nos primeiros meses de operação, pois a fundação não poderia ter uma empresa comercial como sócia (no caso, a Bel Mobile, do grupo Titans). Resolvida a questão, a CN Chama voltou a comercializar os chips há cerca de um mês. “A nossa missão é evangelizar usando todas as tecnologias, e o celular é uma delas”, diz João Paulo Ferraz Kruschewsky, gerente de tecnologia da CN Chama. O grupo atua também na TV, rádio e Internet, e tem cerca de 1,2 milhão de fiéis associados, que consomem os produtos Canção Nova. A expectativa é chegar a 100 mil SIMCards comercializados até o final do ano. “A tecnologia é um meio. O importante é o conteúdo que está sendo difundido pelo celular”, explica Kruschewsky. Entre os conteúdos estão mensagens religiosas, orientação para os colaboradores que fazem a venda de produtos. “O investimento é o equivalente a uma retransmissora de TV, mas a capacidade de interação com a base é muito maior”, explica o executivo. A CN Chama também é fruto de uma parceria com a Claro, primeira operadora a apostar nesse modelo de vendas de nicho.

Para Sandro Zamarioni, diretor da Triad Systems, que assessorou a CN Chama no desenvolvimento tecnológico do projeto, o primeiro passo de quem busca um projeto de operadora virtual é buscar uma MVNE (Mobile Virtual Network Enabler), que ajudará na integração e na definição dos parâmetros de operação com a operadora real. “O maior desafio é o ajuste das plataformas de billing e atendimento para uma operadora virtual completa”
 


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