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Outubro 2010 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
09/10/10
• Marco Regulatório de Telecom (13) - Na contramão dos anseios da sociedade, Franklin Martins elabora projeto de "controle social" da mídia
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
Nesta mensagem:
- transcrevo um Editorial do Estadão de hoje,
- um "post" anterior em que registro minha opinião sobre o "Marco Regulatório de
Telecom" em gestação no governo e
- uma matéria contundente sobre Franklin Martins que, sabe-se pela mídia,
exerce forte influência sobre o Presidente.
Na oportunidade lembro que assinei o
Manifesto em Defesa da Democracia, hoje com mais de 79.000 assinaturas.
Mesmo sem participar, vale conhecer o texto do Manifesto, que mostra que a
sociedade só estava calada mas não anestesiada.
01.
Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da
Presidência, divulgou que o governo pretende preparar até o fim do mandato um
anteprojeto de regulação da mídia. Esse projeto deve tomar forma após o
Seminário Internacional Marco Regulatório da Radiodifusão, Comunicação Social
e Telecomunicação, marcado para os dias 9 e 10 de novembro.
Martins anuncia que está viajando a Londres e Bruxelas com o objetivo de
convidar especialistas europeus a participarem do Seminário Internacional Marco Regulatório da Radiodifusão, Comunicação Social e
Telecomunicação, agendado para os primeiros dias de novembro no Brasil, encontro
que vai oferecer subsídios para a elaboração do projeto de "controle social" da
mídia que, informaram fontes do Palácio do Planalto, o governo pretende enviar
ao Congresso, atenção, muita atenção, "ainda este ano".
[Fonte: Editorial do Estadão transcrito mais abaixo]
"Franklin Martins, disse ontem que o projeto do governo para a criação de um
marco regulatório para o setor de radiodifusão poderá incluir a criação de uma
agência fiscalizadora de conteúdo, mas negou que isso seja cerceamento à
liberdade de imprensa". [Governo
planeja regular conteúdo de mídia]
Repito: a abordagem deste tema em nossos fóruns
não é casuística pois há mais de um ano, em julho e agosto de 2009,
debatemos o assunto e até sugerimos a elaboração de um esboço de um novo Marco
em nossos Grupos.
Ao tentar misturar legislação de telecom com ideologia, Franklin Martins
presta um enorme desserviço à sociedade e aos profissionais das áreas
envolvidas.
02.
Mais abaixo estão listados os "posts" anteriores para recordação e
ambientação daqueles que passam a se interessar pelo tema.
03.
O Editorial do Estadão de hoje, em sintonia com nossas preocupações, está
transcrito mais abaixo:
Fonte: Estadão
[09/10/10]
Texto, contexto e subtexto - Editorial
04.
Creio que não é mais possível estudar e abordar certos programas
governamentais de maneira utópica, sonhadora, imaginando que estamos num "mundo
ideal".
As ações governamentais hoje, dependem de pessoas que atuam fortemente de modo
quase independente, desacostumadas a dar satisfações à sociedade e não raro, com
motivações ideológicas opostas à boa índole democrática do povo brasileiro.
Já citei em outras oportunidades e transcrevo mais abaixo este artigo sobre
Franklin Martins:
Fonte: Usina de Letras
[14/03/07]
Valeu a Pena - por Christina Fontenelle
05.
Da relação de "posts" permito-me destacar este, de julho, em que
opinei sobre o assunto:
24/07/10
Marco
Regulatório de Telecom (3) - Um absurdo! Sem quadros competentes e na ausência
da Anatel governo quer produzir um Marco nas vésperas das eleições
Aqui está o conteúdo principal:
(...)
Vou criticar genericamente a nova "invenção" do governo às vésperas da eleição:
elaboração de um novo Marco Regulatório das Telecomunicações.
Sendo mais preciso, a criação de uma "Comissão Interministerial para elaborar
estudos e apresentar propostas de revisão do marco regulatório da organização e
exploração dos serviços de telecomunicações e de radiodifusão".
Eu citei "invenção" para não usar um termo presidencial: "gracinha"...
Um novo Marco Regulatório das Telecomunicações é algo precioso demais para nossa área de atuação e deve ser tratado com extrema seriedade e debatido à exaustão com toda a sociedade.
E já vou dizendo que a abordagem deste tema em
nossos fóruns não é casuística pois há um ano, em julho e agosto de 2009,
debatemos o assunto e até sugerimos a elaboração de um esboço de um novo Marco
em nossos Grupos. A relação dos "posts" está mais abaixo.
Opino, com muita convicção, que o atual governo não possui em seus quadros
pessoas com capacidade para elaborar, à toque de caixa, há três meses das
eleições, um projeto desta magnitude com a necessária isenção, seriedade e
competência.
Todos estamos acompanhando e sabemos que o governo não conseguiu, com mais
tempo, produzir um Projeto de menor escala, o PNBL, que resultou apenas num
conjunto de intenções.
Vejam "quem" vai conduzir este processo do novo Marco, além do enfraquecido e
politizado Ministério das Comunicações: Casa Civil da Presidência da República,
, Ministério da Fazenda, Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República e Advocacia-Geral da União. Deus nos acuda!!!
A ausência do órgão regulador da área, a Anatel, demonstra que está concluído o
desmonte da Agência. Lembrando Lima Barreto e seu Policarpo Quaresma, eu diria:
Triste fim da Anatel.
Mas discordo da nossa Flávia Lefèvre que conhece bem a Anatel em sua atuação
como representante das entidades de defesa do consumidor no Conselho Consultivo
da ANATEL de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2009.
Flávia diz: (...) O melhor é que a ANATEL não integra a comissão. Não sou contra
as Agências; ao contrário, sou a favor. Mas sou favorável a uma agência com
outros contornos, poderes reduzidos e, especialmente, a uma agência sem os
ilegais vícios da ANATEL.(...)
É provável que a nossa Flavia esteja já sintonizada com esta nova ideia:
(...) O novo debate sobre mudanças do marco regulatório
das telecomunicações e radiodifusão reacende a proposta de unificação desses
dois segmentos sob uma única regulação e legislação, com foco na convergência
dos serviços. A ideia de uma "Agência Nacional de Comunicação (Anacom)" no lugar
da Anatel existe desde a privatização do setor, mas nunca chegou a ser colocada
em prática, existindo ainda hoje uma divisão de atribuições entre a agência
reguladora (telecomunicações) e o Ministério das Comunicações
(radiodifusão).(...)
Até lá, do mesmo modo que sempre estimulei a valorização do Congresso como a
Casa do Povo e que deve ser prestigiado mesmo estando no "fundo do poço", creio
que, por pior que seja a situação da Anatel, ela precisa ser prestigiada e
valorizada como agência reguladora e, portanto, deve participar de todo este
processo.
O nosso Rogério Gonçalves usa seu conhecimento das leis para demonstrar que a
Anatel é apenas uma autarquia. Pode até ser.
Mas prefiro adotar como minha opinião este conceito (grifado) registrado num
editorial do Estadão, como algo desejável e que pode e deve ser estimulado até a
edição de um novo Marco:
(...) Desde o início do primeiro mandato, o governo do
presidente Lula vem trabalhando para destruir o sistema de agências reguladoras.
Agências desse tipo, existentes em países desenvolvidos, são órgãos de
Estado, não de governo. Devem funcionar com independência política,
proporcionando estabilidade e previsibilidade às condições de investimento em
setores básicos, como energia, transportes e telecomunicações. O presidente
Lula e seus principais auxiliares nunca aceitaram essa concepção, assim como
jamais aceitaram os critérios de impessoalidade e competência na gestão pública.
(...)
Se a Anatel não é, "no papel", um órgão de Estado, é de todo desejável
que assim fosse e um governo realmente sério deveria estimular seu funcionamento
como tal.
Tem mais. Esta declaração de Franklin Martins,
ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República,
me permite uma preocupação quanto à mais um projeto que a mídia apelida de
"árvore de natal", cheio de penduricalhos:
(...) Conforme o ministro, a proposta não poderá deixar de
tratar de todas mídias e redes - sejam as telecomunicações, a radiodifusão ou a
internet – uma vez que a convergência afeta indistintamente esses
segmentos.(...)
Ainda Franklin:
(...) Segundo Martins, o grupo irá formular uma
proposta de projeto de lei a ser apresentada ao novo governo. “Iremos
estudar os marcos legais das democracias consolidadas, pois é rica a experiência
internacional sobre o assunto”, completou. (...)
Quem acredita em duende e Papai Noel é bom também acreditar em Franklin Martins.
Minha memória esclerosada ligou um "bit" numa mensagem anterior:
"De passagem", Bernardo confirma o que Franklin Martins já
tinha dito, também "en passant': :-)
(...) Para o ministro, o Plano de Banda Larga, que está sendo elaborado pelo
governo, deve ser aprovado pelo Congresso Nacional com rapidez. “Temos
observado que há uma demanda muito grande [pela banda larga]. Se a gente fizer
uma boa proposta, com certeza o Congresso vai correr para aprovar. Todos sabemos
que é muito importante diminuir o custo, facilitar o acesso”, disse. (...).
O PNBL não passou pelo Congresso e foi instituído por um decreto presidencial.
Ao debate!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
------------------
Coleção de "post" sobre Marco Regulatório de Telecom
02/08/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (12) - Entrevista com o conselheiro José Zunga: "Anatel,
focada no mercado, esquece os interesses da sociedade"
• Marco
Regulatório de Telecom (11) - Comentário de José Smolka sobre o mercado de
telecom e a necessidade de um marco regulatório do setor + Opinião de José
Roberto de Souza Pinto
28/07/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (10) - Convergência entre o "Marco da Internet" e o
"Marco de Telecom"? + Sugestão de "Comissão de sábios"
27/07/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (9) - José Smolka e Rogério Gonçalves continuam o debate
sobre "A Anatel é órgão de Estado ou de governo?"
(atualizado em 29/07/10)
• Marco
Regulatóri
• Marco
Regulatório de Telecom (7) - Rogério Gonçalves comenta msg de José Smolka
25/07/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (6) - José Smolka comenta o assunto: "A Anatel é órgão de
Estado ou de governo?"
• Marco
Regulatório de Telecom (5) - Rogério Gonçalves continua comentando o tema: "A
Anatel é órgão de Estado ou de governo?"
24/07/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (4) - Ethevaldo Siqueira: Marco regulatório ou projeto de
poder?
• Marco
Regulatório de Telecom (3) - Um absurdo! Sem quadros competentes e na ausência
da Anatel governo quer produzir um Marco nas vésperas das eleições
23/07/10
•
Marco
Regulatório de Telecom (2) - Msg enviada por Rogério Gonçalves ao jornalista
Luiz Queiroz sobre o poder regulatório da Anatel
• Marco
Regulatório de Telecom (1) - Msg de Flávia Lefèvre: "Chance da Liberdade - Novo
Marco Regulatório das Telecomunicações"
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Fonte: Estadão
[09/10/10]
Texto, contexto e subtexto - Editorial
O texto: o ministro Franklin Martins, chefe da Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República, anuncia que está viajando a Londres e Bruxelas com
o objetivo de convidar especialistas europeus a participarem do Seminário
Internacional Marco Regulatório da Radiodifusão, Comunicação Social e
Telecomunicação, agendado para os primeiros dias de novembro no Brasil, encontro
que vai oferecer subsídios para a elaboração do projeto de "controle social" da
mídia que, informaram fontes do Palácio do Planalto, o governo pretende enviar
ao Congresso, atenção, muita atenção, "ainda este ano".
O contexto: início do segundo turno das eleições presidenciais, no qual a
campanha da candidata do governo não pode facilitar e dar margem novamente aos
vacilos que frustraram a liquidação da fatura eleitoral já no primeiro turno,
proeza da qual vinha prematuramente se jactando o maior cabo eleitoral da
candidata oficial, o próprio presidente da República.
O subtexto: a mídia eletrônica - emissoras de televisão e rádio - é concessão
estatal. Quem tem o poder de dar tem também o de pegar de volta. É bom,
portanto, parar com esse negócio de "inventar coisas o dia inteiro", ameaça
recente do presidente Lula contra o que entende ser mau uso da liberdade de
imprensa por parte de jornais, revistas, rádios e televisões. Esses que não se
cansam de inventar notícias como as "taxas de sucesso" na Casa Civil ou as
contradições de Dilma Rousseff sobre a questão do aborto.
O destampatório de Lula, como é de seu estilo, é bem menos sutil do que o recado
do ministro Martins, mas ambas as manifestações fazem parte do mesmo roteiro que
vem sendo há anos seguido pelo lulo-petismo na tentativa de viabilizar uma
precondição indispensável a seu projeto de perpetuação no poder: o controle da
imprensa.
Essa encenação que Franklin Martins montou como parte de seu papel na estratégia
eleitoral petista é tosca. Para começar, é ridículo tentar fazer alguém
acreditar que o principal objetivo da viagem à Europa é convidar personalidades
para participar de um seminário que se realizará no Brasil daqui a um mês. A
programação de eventos internacionais, pelo menos os relevantes, exige
agendamento com antecedência de no mínimo seis meses. Chama a atenção também o
cronograma imaginado pelo ministro Martins: até o dia 10 de novembro as
personalidades convidadas para o seminário ofereceriam sua contribuição. A
partir daí, os 50 dias restantes para o fim do ano - e do mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva -, e provavelmente menos tempo ainda até o início do
recesso parlamentar, seriam dedicados ao trabalho de concluir o projeto a ser
apresentado ao Congresso, incorporando as novas sugestões dos convidados do
ministro às 633 que foram aprovadas pela Conferência Nacional de Comunicação
realizada em dezembro do ano passado em Brasília.
Resumo da ópera: tudo isso é jogo de cena. É claro que Lula, que detesta ser
contrariado, anda cada vez mais irritado com o comportamento da imprensa, que de
fato não para - porque os fatos simplesmente se sucedem - de divulgar malfeitos
do governo. E seus recentes arreganhos demonstram claramente isso. Mas ele é
esperto o suficiente para perceber que o projeto de poder do Partido dos
Trabalhadores ainda não avançou o suficiente para permitir iniciativas de
ostensivo "controle social da mídia", que seriam vigorosamente repudiadas, como
têm sido, pela consciência cívica do País. De modo que é absolutamente
improvável que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disponha a mexer nesse
vespeiro agora.
Já não se pode dizer o mesmo, por outro lado, do combativo ministro da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Franklin Martins tem uma
história de lutas que fala por si. Aliás, essa é uma de suas grandes afinidades
com Dilma Rousseff. Diferentemente de Lula, o pragmático esperto, para quem o
que interessa é apenas o que convém a sua desmedida ambição de poder, Franklin
Martins é "ideológico". Suas ameaças, portanto, devem ser levadas em
consideração, para o futuro.
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Fonte: Usina de Letras
[14/03/07]
Valeu a Pena - por Christina Fontenelle
Eu não conheço pessoalmente o jornalista Franklin Martins. Tudo que sei sobre
ele é o que sai na mídia e o que na mesma o vejo fazer, dizer e escrever. E é
com base no que leio e vejo que, pelo menos para mim, ele está muito mais para
militante partidário do que para jornalista - o que, em minha opinião, são
ocupações antagônicas, por motivos éticos óbvios.
Diga-se de passagem e faça-se justiça, Franklin não é o único. Não que uma
pessoa com formação jornalística não possa ser um militante de carteirinha. Pode
e, se achar que deve, deve mesmo. O problema é deixar isso bem claro. Como? Há
mil e uma maneiras, mas, um bom começo, é não exercer o cargo de comentarista
político em mídias que dizem estar fazendo jornalismo e não militância.
Fazer parte da assessoria de imprensa de um partido pode, por exemplo. Mas, isso
não é nem revolucionário nem gramsciniano, é?
O pai de FM, Mario Martins, foi jornalista e político - vereador, deputado
federal e senador cassado pelo AI-5.
Foi justamente depois do AI-5 que Franklin, segundo suas próprias palavras,
chegou "à conclusão de que não havia outro caminho senão o de enfrentar a
ditadura de armas na mão ". E foi exatamente o que ele fez. Entre outras coisas,
em setembro de 1969, participou do grupo que seqüestrou o embaixador americano
Charles B. Elbrick para forçar o governo a libertar 15 presos políticos.
Foi o próprio Franklin quem redigiu o manifesto dos seqüestradores , do qual
destaco as seguintes partes:
1) "Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos
revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam
fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de
seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e
munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando
se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de
prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores;
e
2) "A vida e a morte do Sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela
atender a duas exigências, o Sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário,
seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária ".
Como se pode constatar o que os revolucionários queriam era mesmo a revolução
comunista e não a democracia pela qual, falsamente, hoje, dizem ter lutado.
Ditadores, para eles, eram os que combatiam os comunistas. O detalhe é que a
"ditadura" só se instalou porque, antes dela, havia comunistas querendo tomar o
país. Até hoje tem gente que acredita no contrário. Mas, isso não vem ao caso,
agora.
Voltando ao nosso personagem, FM foi para Cuba, para fazer curso de guerrilha
rural. De lá, foi para o Chile de Salvador Allende. Voltou para o Brasil e
trabalhou para o movimento revolucionário na clandestinidade. Em 1974, auto
exilou-se na França (sabem quanto custa isso em dólares? Haja trabalho
clandestino, hein?) onde se diplomou na École des Hautes Études en Sciences
Sociales, da Universidade de Paris. Voltou para o Brasil em 1977 e passou mais
dois anos na clandestinidade até "aparecer" em 1979, quando foi anistiado. Foi
durante esse período de dois anos que conheceu a militante Ivanisa Teitelroit,
uma psicóloga com quem se casou e com quem, posteriormente, teve dois filhos. De
1979 para cá, trabalhou no jornal Hora do Povo, candidatou-se a deputado (não
foi eleito), foi repórter do "Indicador Rural", redator do Globo e do Jornal do
Brasil. Em 1987, mudou-se para Brasília, onde foi repórter e depois coordenador
político da sucursal do JB. Foi correspondente do JB, em Londres. Trabalhou
também no no SBT e no Estado de São Paulo. De volta ao Globo, foi repórter
especial, colunista político, editor de política e diretor da sucursal de
Brasília. Escreveu colunas para o Jornal de Brasília e para as revistas
"República" e "Época". Durante oito anos e meio esteve na TV Globo, na Globonews
e na CBN, como comentarista político. Atualmente, Franklin Martins é
comentarista da TV e da Rádio Bandeirantes e assina uma coluna diária no portal
iG.
Ainda na TV Globo, como comentarista político, não conseguiu disfarçar a raiva e
o medo de ter "morrido na praia" (ele e o PT) quando estouraram os escândalos do
mensalão e de todos os outros crimes cometidos pela turma do PT e pelos vendidos
ao partidão. Defendeu até o fim a tese de que "Lula não sabia", não só do tal
mensalão mas também de todo o resto.
Não que tenha feito isso aberta e claramente, mas sempre bateu na tecla de que
não havia provas concretas. Realmente, para quem acha que prova concreta
limita-se à confissão assinada e sacramentada, não havia nenhuma mesmo, apesar
da exuberância esclarecedora dos fatos - contra os quais não havia argumentos
antes dos marxistas tomarem conta de tudo nesse país.
Em entrevista à revista Carta Maior , em 14/06/06, Franklin disse o seguinte
sobre essa estórida de se Lula sabia ou não sabia: "Olha, nesse caso, eu uso o
exemplo do pai que pergunta para a mãe sobre a filha. A mãe responde: "Ela está
com o namorado, trancada no quarto, há horas, e não quer sair". O pai sabe
exatamente o que se passa lá dentro? Não, mas pode supor. Com Lula aconteceu
parecido..."
Na verdade, até bem pouco tempo atrás, FM nunca fez muita questão de disfarçar a
sua, digamos, "simpatia" pelo PT. Depois dos escândalos, teve de se controlar.
Mas, com a consagração da vitória dos revolucionários gramscinianos sobre a
realidade, sobre a justiça e sobre a razão, aos poucos, de emprego novo e
aliviado, o sorriso e a postura de "comentarista" bem relacionado foram voltando
ao corpo de Franklin.
O comentarista trocou as Organizações Roberto Marinho pela Rede Bandeirantes
depois que a Globo não renovou seu contrato. Não passou nenhum dia desempregado.
A Band é proprietária da Rede 21, que passou a se chamar PlayTV depois que Fábio
Luiz da Silva - o Lulinha - filho de Lula - assumiu o controle de quase toda a
programação. Muitos dizem que Franklin deixou a Globo por causa de um "duelo
público" entre o jornalista global e o colega de profissão Diogo Mainardi,
colunista da revista Veja. Mainardi deu notoriedade ao irmão e à irmã de
Franklin, Victor e Maria Paula Martins, ambos, respectivamente, designados pelo
atual governo para a Agência Nacional do Petróleo e para a diretoria da estatal
capixaba que regula o setor do gás, a Aspe.
A mulher de FM, funcionária pública há mais de 20 anos, foi secretária
parlamentar do líder petista Aloizio Mercadante e, depois, passou a trabalhar
numa subsecretaria do Ministério do Planejamento. De acordo com Mainardi, o
sobrenome Martins pesou nas nomeações. De acordo com Franklin, não pesou.
Mas, o pior mesmo, foi a divulgação de uma estorinha que circulava entre
jornalistas. Mainardi diz que possui muitas fontes e que pelo menos 15 delas
poderiam confirmar a estória de que Franklin Martins teria avisado ao
ex-ministro Antônio Palocci de que o caseiro Francenildo teria recebido dinheiro
para fazer a denúncia sobre a presença constante do ministro na "casa da
maracutaia", em Brasília. Quem poderia saber que o caseiro havia recebido
dinheiro senão quem tivesse tido acesso aos dados de sua conta-corrente na CEF.
O fato é que deve ser difícil ser um jornalista imparcial com tantos parentes
trabalhando no governo. Ou não?
Martins chamou Mainardi de golpista por pedir o impeachment de Lula.
Num outro trecho da entrevista que concedeu à revista Carta Maior, disse o
seguinte sobre a comparação entre a situação em que se pediu o impeachment do
ex-presidente Fernando Collor de Melo: " Não existia no governo uma espécie de
comitê central da corrupção, como havia no governo Collor. Cada um foi fazer sua
jogada particular. As divisões internas ao governo impediram que vários negócios
desse tipo prosperassem. Havia sim uma quadrilha, mas não o mensalão, entendido
como pagamento regular a determinados parlamentares. Houve compra de apoio
político de chefes partidários, através de doações clandestinas a gente como
Valdemar da Costa Neto e José Janene, que ficaram com o dinheiro. Para onde
foram esses recursos, eu não sei ". Vejam como são as coisas... Para mim, é
justamente o contrário. Mas, eu não sou "uma conceituada comentarista política".
O surrealisticamente reeleito presidente Lula está formando seu ministério para
o novo mandato. Vai criar o Ministério da Comunicação Social e, aos moldes do
que já fez o companheiro Hugo Chavez, na Venezuela, vai criar a super TV Estatal
digital. Franklin Martins, pelo que tem sido divulgado, vai assumir a pasta da
Comunicação Social. Se aceitar o cargo, Martins deixa a BAND para chefiar um
ministério com super-poderes e verbas publicitárias que chegam a 1,5 bilhão de
reais por ano.
Sob o novo ministério ficarão a Radiobrás (e a futura rede estatal de televisão
(*)); a Secom; a secretaria de Imprensa da presidência da República e as verbas
publicitárias do governo. A propósito, nosso futuro ministro não poderá colocar
os pés nos EUA - por causa de sua participação no seqüestro do embaixador
americano em 1969.
Tem gente que nega. Nega veementemente, peremptoriamente, como gostam de dizer
os petistas. Mas, a imprensa e a mídia de um modo geral (e, é claro, os
profissionais que nela trabalham) ficam numa posição um tanto quanto
desconfortável diante dos mais variados tipo de perseguição que podem sofrer,
não somente os veículos de comunicação mas também quem neles anuncie. Há uma
lista infindável de exemplos na história recente do país. Vou citar o último
deles. Diogo Mainardi está sendo processado por se referir ao nordeste como
"bandas de lá" e por dizer não querer pisar em Cuiabá.
Manifestar gosto e vontade está ficando perigoso e cada vez mais caro - o que
quer que se diga poderá ser interpretado como manifestação preconceituosa
passível de punição. Mas, como sempre, e como não poderia deixar de ser,
Reinaldo Azevedo descreve e analisa muito bem o fato. Eu fecho com seus
comentários sobre o assunto.
Franklin Martins finalmente chega ao governo e ao poder, de fato. Tentou fazer
isso através da revolução comunista armada. Não conseguiu.
Tentou eleger-se deputado. Não conseguiu.
Agora, a recompensa. Num país onde a realidade e a verdade vêm sendo
sistematicamente ignoradas e subjugadas pela mentira meticulosa e
insistentemente construída a partir de uma revolução gramsciniana que se
desenvolve há mais de 20 anos, não só tem valido a pena esperar como também
pagar o preço. Para quem os fins justificam os meios, aliás, não há o quê nem
pelo quê não se possa pagar.
Preço maior tem pago mesmo é a democracia brasileira, para a qual coisas como
essa significam a consumação da derrota.
(*) A Rede Nacional de Televisão Estatal deve consumir R$250 milhões de recursos
orçamentários nos próximos quatro anos. O projeto, destinado a divulgar ações
governamentais, entra em choque com propostas em discussão no Congresso que
sugerem a restrição dos gastos com propaganda. "Temo que o destino dessa rede
seja se tornar uma TV Lula. É um despropósito"...
"Pela proposta colocada, o governo quer uma TV de louvação e não de informação",
critica o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) que integra a oposição ao governo e
promete resistir à proposta. "Nem o Congresso nem a sociedade têm instrumentos
para fiscalizar a programação de uma super-rede como essa que o governo
planeja", acrescenta o vice-líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).
[Procure "posts" antigos e novos sobre este tema no Índice Geral do BLOCO] ComUnidade WirelessBrasil