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Agosto 2011 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
• Visão integrada pode melhorar a satisfação do usuário de telecom - por Jose Roberto de Souza Pinto
Olá, WirelessBR e Celld-group!
Transcrevo artigo do nosso participante José
Roberto de Souza Pinto publicado recentemente no
e-Thesis:
Fonte: e-Thesis
[04/08/11]
Visão integrada pode melhorar a satisfação do usuário de telecom - por Jose
Roberto de Souza Pinto
Recorte:
(...) Estas considerações nos fazem refletir sobre que mecanismos deveriam ser
utilizados para se melhorar o atendimento as demandas dos consumidores em
mercados de baixo nível de competição, como é o caso do setor de
telecomunicações.
Criar condições para que a competição se estabeleça em nível que o consumidor
possa trocar de prestador de serviço quando insatisfeito me parece o maior
incentivo para que as empresas prestadoras de serviços passem a ter um
comportamento diferenciado no atendimento aos usuários consumidores.
Uma visão integrada dos órgãos de defesa do consumidor como Procon e Idec, por
exemplo, em conjunto com os órgãos reguladores, Cade e Anatel, contribuiriam
para o planejamento do setor, as regras e a fiscalização da prestação dos
serviços.
Este me parece ser o caminho a ser seguido por estas instituições, pois,
imaginar que o mercado vá se desenvolver sozinho, sem este esforço conjunto, é
desconhecer a característica do setor de telecomunicações, que requer grandes
investimentos, o que leva a uma concentração e domínio do mercado por poucos
grupos empresariais. (...)
Ler mais
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs
Tecnologia e
Cidadania
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Fonte: e-Thesis
[04/08/11]
Visão integrada pode melhorar a satisfação do usuário de telecom - por Jose
Roberto de Souza Pinto
Jose Roberto de Souza Pinto é engenheiro, mestre em Economia e consultor
Um dos problemas mais sérios vividos hoje pelo consumidor brasileiro é a
qualidade com que alguns serviços essenciais para a população são prestados. A
questão que se coloca é sobre a relação entre a escala de prestação de um
serviço e a qualidade com que este serviço é prestado ao consumidor. Certamente,
se a qualidade é deficiente isto se reflete na marca e no nome da empresa junto
ao mercado consumidor. O crescimento rápido e elevado do número de consumidores
de determinado serviço tem levado naturalmente a uma deterioração na qualidade
do serviço e no suporte de atendimento ao usuário consumidor.
Uma das hipóteses é a falta de planejamento para este atendimento, considerando
uma escala ascendente, ano após ano. O prestador de serviço opta por uma
alternativa de suporte de atendimento ao usuário com a máxima automação, seja
via telefone, internet e outros meios eletrônicos, visando reduzir os custos,
mas esquece que, do outro lado da "linha", tem um consumidor que, quando não é
atendido nas suas demandas, fica insatisfeito. Esta insatisfação, dependendo do
setor que se analisa, tem solução imediata, pois, se este serviço é prestado num
ambiente de competição, este consumidor procura outro provedor de serviço. A
questão se complica, porém, quando não existem alternativas no mercado e o
consumidor busca uma solução com o seu provedor de serviços e não consegue ser
atendido.
Não cabe aqui apresentarmos mais dados sobre quais setores da economia estão
enquadrados nesta situação de insatisfação do consumidor, pois a mídia tem
divulgado normalmente os grandes ofensores em termos de número de reclamações de
usuários consumidores.
Vou me concentrar no setor de telecomunicações, que reúne atualmente o maior
número de reclamações, correspondendo com mais de 31% do total de reclamações em
2010 em comparação com todos os setores da economia. Dados do Cadastro Nacional
de Reclamações, consolidados pelos Procons e Sindec, apresentam no ranking dos
30 fornecedores mais reclamados, as empresas de telecomunicações com destaque
para Oi, em primeiro lugar, que recebeu 8.328 queixas, ou 6,8% das reclamações
registradas. Fabricantes de celulares também estão entre os fornecedores mais
reclamados.
Alguns especialistas poderão discordar desta conclusão e dizer que o número de
reclamações é elevado porque o número de assinantes ou usuários de serviços de
telecomunicações também o é.
A verdade é que se você consultar qualquer usuário de serviços de telefonia,
fixa ou celular, de acesso à internet ou TV por assinatura no Brasil, vai sempre
encontrar uma história escabrosa de insatisfação, seja na qualidade do serviço,
falta de cobertura, atendimento de suporte e faturamento, normalmente com vários
erros.
O que o consumidor quer, quando não estiver satisfeito é mudar de prestador de
serviço, mas isto, neste setor, nem sempre é possível.
Um exemplo claro desta insatisfação é o movimento observado de troca de
prestador de serviço de telefonia, verificado após a introdução do processo de
portabilidade numérica, que permite ao usuário fazer esta troca, mantendo o seu
número de assinante, o que sem dúvida gera um grande incentivo. As mudanças de
operadora de telefonia após este procedimento já superam 10 milhões de
solicitações.
Outro indicador que pode ser considerado são as recentes e ainda incipientes
ofertas de serviços de acesso à internet em banda larga, fruto da entrada de
novos prestadores de serviço neste mercado, que tem gerado movimentos de troca
de prestador de serviço. Notadamente a GVT e a NET têm capturado clientes das
empresas concessionárias de telefonia local que prestam este serviço de banda
larga, na medida em que estas novas prestadoras passam a atuar em um maior
número de municípios.
No setor de telecomunicações, um dos problemas mais sérios para a criação de um
ambiente de competição é a grande concentração de mercado nos grupos
empresariais, que prestam todos os serviços citados em escala muito grande, com
enormes deficiências e um agravante, pois o consumidor fica com poucas ou quase
nenhuma alternativa confiável. Esta situação de grande concentração e pouca
concorrência inibe os incentivos internos destes grupos empresariais que,
normalmente, deveriam trabalhar no sentido da satisfação do cliente, usuário
consumidor.
A prioridade da administração destas empresas é o ingresso de novos clientes,
para aumentar a sua base de faturamento e receitas, ao mesmo tempo em que buscam
reduzir os seus custos de investimentos e operação da sua rede de prestação de
serviços e atendimento ao usuário.
É natural que este seja o desejo dos investidores destas empresas ou grupos
empresariais, que procuram melhores resultados econômico-financeiros, desde que
não se deteriore sua marca ou eles passem a perder clientes, quando novas
ofertas prosperem no mercado.
Mantida esta estratégia de melhores resultados em detrimento da atenção ao
usuário consumidor, uma forma de manter o domínio do mercado é a eliminação dos
seus concorrentes, seja pela aquisição destas novas empresas ou mesmo pela
adoção de práticas anticoncorrencias, certamente à margem da legislação, que
visam eliminá-las do mercado.
Este caminho sem dúvida influi no aumento da escala do serviço prestado, com
todos inconvenientes já citados e com o risco de afetar as marcas dos serviços
ou mesmo da empresas, que passam a ser vistas como vilões da sociedade na medida
em que criam transtornos para os consumidores que, de clientes passam, se tornam
reféns deste prestador de serviço.
Aí está, talvez, a grande deficiência do Brasil, que passou a adotar modelos de
desenvolvimento adotados em outros países desenvolvidos sem a devida preparação
e atenção com o consumidor final.
Neste particular, os órgãos reguladores encarregados da gestão deste processo de
desenvolvimento competitivo no país deveriam estar atentos e atuar efetivamente
no sentido de criar condições que motivem estes grupos empresariais a um melhor
atendimento ao mercado e que viabilizem a concorrência, atuando na proteção do
consumidor.
O caminho da fiscalização e punição destas empresas - seja pelos órgãos de
defesa da concorrência ou regulador, no caso o Cade e a Anatel -, tem que ser
considerado em função do cumprimento da regulamentação pertinente. Estes órgãos
têm a responsabilidade de exercer pressão junto a estes grupos empresariais, de
modo a gerar incentivos de modo que estas empresas demonstrem melhor
comportamento em relação à concorrência e as demandas dos consumidores. Este é
um árduo trabalho, normalmente custoso e desgastante, com baixa efetividade em
função do grande volume de reclamações e da natural lentidão dos processos
administrativos ou jurídicos de punição; e que nem sempre trazem benefícios para
o consumidor prejudicado.
Acreditar que a solução virá naturalmente em função de manifestações da
população e da opinião pública ao perceber um baixo nível de qualidade do
serviço prestado é um caminho que levará, sem dúvida, a uma reação natural do
grupo empresarial. Mas, muitas vezes, este é um caminho demorado, em razão do
baixo risco de perda do cliente e da receita, pela falta de competição no
mercado.
Estas considerações nos fazem refletir sobre que mecanismos deveriam ser
utilizados para se melhorar o atendimento as demandas dos consumidores em
mercados de baixo nível de competição, como é o caso do setor de
telecomunicações.
Criar condições para que a competição se estabeleça em nível que o consumidor
possa trocar de prestador de serviço quando insatisfeito me parece o maior
incentivo para que as empresas prestadoras de serviços passem a ter um
comportamento diferenciado no atendimento aos usuários consumidores.
Uma visão integrada dos órgãos de defesa do consumidor como Procon e Idec, por
exemplo, em conjunto com os órgãos reguladores, Cade e Anatel, contribuiriam
para o planejamento do setor, as regras e a fiscalização da prestação dos
serviços.
Este me parece ser o caminho a ser seguido por estas instituições, pois,
imaginar que o mercado vá se desenvolver sozinho, sem este esforço conjunto, é
desconhecer a característica do setor de telecomunicações, que requer grandes
investimentos, o que leva a uma concentração e domínio do mercado por poucos
grupos empresariais.
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