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Fevereiro 2011 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
• Uma "nova lei do FUST" está na pauta da Câmara + Matérias sobre o tema + Íntegra da Lei que criou o FUST - Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
O FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) tem sido tema
de nossos debates há muito tempo.
O primeiro registro depois da criação do BLOCO Tecnologia é de 2006 (relação de
"posts" mais abaixo).
O FUST é o exemplo cristalino do "furor
arrecadatório" dos governos que coletam impostos e não conseguem aplicá-los.
O FUST foi criado pela Lei Nº 9.998, de 17 de Agosto de 2000.
Já lá vão quase onze anos e "um governo FHC" e "dois governos Lula" não
conseguiram aplicar os recursos do Fundo que devem estar beirando os 10 bilhões
de reais. Motivo: incompetência e falta de vontade política. Consta que estes
recursos não estão mais disponíveis, são apenas contábeis. A conferir.
02.
Vários projetos tramitam no Congresso para permitir ou modificar a aplicação dos
recursos do FUST.
Uma "nova Lei do FUST", com origem no Senado, está na pauta da Câmara (Não
consegui localizar a íntegra do projeto de lei)
Recorto do Teletime:
(transcrição na íntegra abaixo)
"Depois de mais de três anos de tramitação, o PL
1.481/2007, mais conhecido como nova Lei do Fust, entrou enfim
na lista de prioridades declaradas pelo governo. O projeto está há mais de um
ano pronto para votação no Plenário da Câmara dos Deputados, mas questões
políticas adiaram sucessivamente a deliberação, especialmente depois do
lançamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL)."
03.
Recorto opiniões de Flávia Lefèvre registradas numa matéria do março de
2010 no "Observatório do Direito à Comunicação":
(transcrição na íntegra abaixo)
"Na opinião de Flávia Lefèvre, advogada da ProTeste – Associação Brasileira de
Consumidores, é importante que se altere a Lei do Fust para que o fundo seja
utilizado para o seu devido fim, a universalização dos serviços de
telecomunicações. Contudo, Lefèvre lembra que para a banda larga ser beneficiada
com os recursos do Fust não é necessário mudar a lei do fundo. Ao contrário,
seria mais fácil e mais vantajoso mudar a natureza do Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM), categoria em que se encontra a banda larga, transformando-o em
um serviço prestado em regime público.
“A utilização do Fust no Plano Nacional de Banda Larga ou para qualquer outro
serviço de transmissão de dados não depende necessariamente da mudança prevista
no PL 1.481 e sim de uma canetada do governo que defina a transferência de dados
como serviço a ser prestado em regime público e pronto”, argumenta a advogada.
Lefèvre lembra que a alteração do regime de prestação dos serviços de
telecomunicações pode ser feita por Decreto Presidencial. “O que nos preocupa
muito é que, a rigor, a transmissão de dados [o que inclui a banda larga], de
acordo com a Lei Geral das Telecomunicações (LGT), pela sua natureza de
essencialidade, não pode ser deixada à exploração exclusivamente em regime
privado. Isto está previsto no primeiro parágrafo do Artigo 65 da LGT, mas o
governo não cumpre.”
Para a advogada da ProTeste, há outra questão em jogo: a utilização de recursos
de fundos públicos em serviços prestados em regime privado significa, no final
das contas, que o dinheiro dos impostos pagos pelos usuários termina nas mãos de
empresas que já têm alta lucratividade com a prestação de serviços públicos. No
caso da aprovação do PL 1.481, por exemplo, o dinheiro do Fust passa a poder ser
utilizado pelas atuais concessionárias para ampliar o backhaul – a rede
intermediária de transmissão de dados –, condição necessária para levar a
internet às escolas. Mas se, ao mesmo tempo, não for aprovada a reversibilidade
dos bens de infraestrutura financiados com recursos públicos, toda essa rede
fica sendo da própria empresa e não mais precisa ser utilizada em benefício dos
que contribuíram para sua ampliação.
04.
Transcrevo, como leitura complementar, estas matérias:
Fonte: Teletime
[03/02/11]
Nova Lei do Fust entra na lista de prioridades do governo
Fonte: ClippingMP - Origem: O Globo
[07/01/11]
Seis anos depois, nada aconteceu
- por André Felipe de Lima
Fonte: IP News
[07/07/10]
CCT confirma competência da Anatel para arrecadar Fust
Fonte: Fenainfo
[24/06/10]
Senado define a
Anatel como arrecadadora do Fust
Fonte: Observatório do
Direito à Comunicação
[29/03/10]
Câmara deve votar Nova Lei do Fust esta semana - por Mariana Martins e
Cristina Charão
Fonte: Revista Teletime
Edição 129
[Out 2009]
Legislativo faixa larga [Entrevista com o deputado Paulo Lustosa que foi
relator do PL que muda as regras para a aplicação do FUST]
E, lá no final, está a íntegra da Lei que criou o FUST.
Comentários?
Boa leitura!------------------
"Posts" anteriores sobre o FUST:
21/12/10
• "União
desvia R$ 43 bi de fundo de telecomunicação" + Resumo sobre o FUST + A Lei do
FUST (íntegra)
13/02/10
•
Telebrás, Eletronet e PNBL (170) - Ainda a "Reunião do PNBL" + O "Anãozinho" +
Resumo sobre o FUST + A Lei do FUST (íntegra)
05/11/09
•
Msg de
Flávia Lefèvre: A TELEFONICA, a GVT, o STFC e o FUST
01/11/09
•
Msg de
Flávia Lefèvre: A farra do FUST e outras irresponsabilidades
16/04/09
•
FUST -
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações - "Vivo quer a
extinção" + "Resumo"
26/11/08
•
Flávia
Lefèvre: "CADE quer banda larga com FUST" + "Liminar" ainda não teve recurso
21/11/08
•
"FUST -
Visão panorâmica" + Artigo de Gustavo Gindre
19/06/08
•
Anatel e as
recentes "Consultas Públicas" (PGR, PGO e PMU/FUST)
11/06/08
• Consulta
Pública (13) - "Comissão adia votação da Lei do Fust"
04/06/08
•
Consulta
Pública (12) - Gustavo Gindre sobre o FUST: Não ao "bolsa-STFC"
02/06/08
•
Consulta
Pública (11) - Alice Ramos e o FUST
15/05/08
•
Consulta
Pública (8) - "Primeira pergunta": FUST - Notícia + Primeiras contribuições
10/05/08
•
Consulta
Pública (7) - "Primeira pergunta": FUST - PL "Erundina" + Proposta do "Intervozes"
09/05/08
•
Consulta
Pública (6) - "Primeira pergunta": FUST - O Projeto de Lei do deputado Lustosa
08/05/08
•
Consulta
Pública (5) - "Primeira pergunta": FUST - O Projeto de Lei de Luiza Erundina
04/05/08
•
Consulta
Pública (4) - "Primeira pergunta": FUST - Artigo com estudo comparativo da
legislação
03/05/08
•
Consulta
Pública (3) - "Primeira pergunta": FUST - Fundo de Universalização dos Serviços
de Telecomunicações
13/09/07
•
Telebrás
e Eletronet (01) - Ethevaldo: "Esqueletos e sacos sem fundo": Telebrás,
Eletronet, Fust e Fistel
13/01/07
•
FUST -
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
17/11/06
•
FUST
(03)
20/10/06
•
FUST (02)
06/10/06
•
FUST -
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (01)
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Fonte: Teletime
[03/02/11]
Nova Lei do Fust entra na lista de prioridades do governo
- por
Mariana Mazza
A tradicional mensagem de abertura do ano legislativo, encaminhada nessa
quarta-feira, 2, pela Presidência da República ao Congresso Nacional, traz uma
boa notícia para o setor de telecomunicações. Depois de mais de três anos de
tramitação, o PL 1.481/2007, mais conhecido como nova Lei do Fust, entrou enfim
na lista de prioridades declaradas pelo governo. O projeto está há mais de um
ano pronto para votação no Plenário da Câmara dos Deputados, mas questões
políticas adiaram sucessivamente a deliberação, especialmente depois do
lançamento do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
O PL do Fust é peça-chave para o avanço da política de massificação de banda
larga, pois é essa mudança legal que permitirá o investimento dos recursos do
fundo de universalização não apenas na telefonia fixa, mas também em projetos de
Internet em alta velocidade. Em mais de uma década de existência, menos de 1%
dos recursos arrecadados pelo Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust) foi empenhado para a execução de uma única política
pública (instalação de telefones adaptados) aprovada até agora. Desde que foi
criado, o fundo já arrecadou mais de R$ 8 bilhões. Apenas o fluxo anual de
recolhimento dos recursos está em torno de R$ 1,5 bilhão.
Parte dos custos do PNBL podem ser bancados com esse fluxo do Fust, caso a lei
atual seja modificada. Daí a necessidade de incluir o projeto na lista de
destaques em que a bancada do governo trabalhará para viabilizar a votação o
mais rápido possível. O projeto é citado como uma das "grandes prioridades
econômicas e de infraestrutura para 2011" na mensagem.
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Fonte: ClippingMP - Origem: O Globo
[07/01/11]
Seis anos depois, nada aconteceu
- por André Felipe de Lima
Em maio de 2004, alertou-se aqui para um acinte. Algo verdadeiramente muito
grave, que afeta diretamente a democratização de acesso à Internet no Brasil e,
obviamente, reflete-se na área da educação. Havia, naquela não tão longínqua
data, cerca de R$3 bilhões parados no Tesouro, vultosa verba oriunda do Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que, lamentavelmente,
atendia em sua magnitude à manutenção de um superávit primário que garantia ao
governo uma imagem austera diante das exigências do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Essa cifra cresceu (e muito!) e está hoje na casa dos R$9 bilhões. Ou seja, de
lá para cá nada foi feito para que essa verba fosse destinada para o fomento da
internet no país e, sobretudo, para que o tão propagandeado "espetáculo do
crescimento" do governo do PT fosse muito mais que apenas um festival de
retórica e sofismas.
Há, na Câmara Federal, um sem número de projetos de lei que contemplam a
utilização do Fust na educação e até no subsídio às lan houses, com a meta de
ampliar a conexão do brasileiro à web e, claro, em banda larga. A justificativa
para esta aplicação do fundo é de que cerca de 45% do acesso à internet no
Brasil provem destas mais de 100 mil casas comerciais espalhadas até nas regiões
mais recônditas do país.
Criado em agosto de 2000, o Fust recolhe 1% da receita operacional bruta das
operadoras de telecomunicações e 50% das receitas da Anatel. Já a Lei Geral de
Telecomunicações, criada três anos antes da implantação do Fust, determina a
execução de um amplo programa de informatização e internet nas escolas públicas,
que seria estendido às bibliotecas e hospitais. Ou seja, o Fust deveria atender
à Lei.
Uma tentativa para que isso acontecesse esbarrou numa grave crise política entre
o governo de Fernando Henrique Cardoso, que desejava implantar o programa de
acesso à internet nas escolas, e o PT, na época oposição, que argumentava ser
ilícito o edital proposto pelo Planalto. Resultado do imbróglio: o Tribunal de
Contas da União embargou a licitação e o PT herdou um extraordinário filé mignon
político, um programa educacional sob o guarda-chuva do bilionário Fust.
Em abril de 2010, o então presidente Lula teria garantido que não haveria
contingenciamento do Fust, que, por lei, deveria atender exclusivamente projetos
na área de telecomunicações. De lá para cá, nada foi feito para que este abacaxi
não caísse no colo da presidente Dilma Rousseff.
Como noticiou a imprensa, dos R$9 bi do bilionário Fust, gastou-se apenas R$10
mil em telefones públicos para deficientes auditivos. Um dinheiro em vão porque
os órgãos indicados para receber a tecnologia alegaram já tê-la implantado antes
mesmo da oferta do governo.
Ou o governo de Dilma assume essa "briga" para que o Fust seja, enfim, aplicado
corretamente, sentando-se à mesa com o pessoal do setor de Telecom e tocando
adiante o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), ou vamos amargar mais quatro
anos de queda nos rankings mundiais de educação e de acessibilidade à internet.
É importante frisar, contudo, que a palavra "capacitação" deve soar como mantra
quando o tema for educação e internet no Brasil. Muito além do acesso, é
fundamental prepararmos o cidadão para um uso responsável e qualitativo das
novas mídias. Não há mais como dissociar a aprendizagem das transformadoras
tecnologias de comunicação.
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Fonte: IP News
[07/07/10]
CCT confirma competência da Anatel para arrecadar Fust
Medida aprovada em turno suplementar reitera a arrecadação de 1% sobre a receita
bruta da prestação de serviços de telecom.
Senado aprova proposta que esclarece competência da Anatel para arrecadar Fust
Foi aprovado em turno suplementar, nesta quarta-feira (7), proposta que
esclarece a competência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para
arrecadar a contribuição devida ao Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust) pelas empresas prestadoras de serviços de telecom para
aplicar sanções administrativas às que descumprirem a regra.
O substitutivo do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao projeto PLS 297/07, do
senador Renato Casagrande (PSB-ES), foi aprovado na Comissão de Ciência,
Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) no dia 23 de junho e,
nesta terça, sem emendas, foi confirmada a aprovação da matéria, que tramita
terminativamente.
A proposta acrescenta à lei que instituiu o Fust (lei 9.998/00) dispositivo
determinando que seja arrecadada para o fundo a contribuição de 1% sobre a
receita operacional bruta de cada mês civil decorrente da prestação de serviços
de telecomunicações nos regimes público e privado.
O relator da matéria na CCT explicou aos membros da comissão, durante a
discussão da matéria no dia 23 de junho, que o objetivo da proposta é "eliminar
a insegurança jurídica existente atualmente", já que a lei do Fust não explicita
que a Anatel pode arrecadar para o fundo. Hoje, apenas o Decreto 3.624/00, que
regulamenta o Fust, menciona isso.
Azeredo acatou substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), aprovado
pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), com subemenda para excluir
dispositivo que previa como seriam aplicadas as sanções em caso da não
arrecadação do Fust.
Para o parlamentar, a Lei 11.941/09 já faz a previsão de como serão aplicadas as
sanções, prejudicando, assim, proposta idêntica do substitutivo. Pelo artigo
37-A, da Lei 11.941/09, "os créditos das autarquias e fundações públicas
federais, de qualquer natureza, não pagos nos prazos previstos na legislação,
serão acrescidos de juros e multa de mora, calculados nos termos e na forma da
legislação aplicável aos tributos federais"
Com informações da Agência Senado
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Fonte: Fenainfo
[24/06/10]
Senado define a
Anatel como arrecadadora do Fust
Aprovação se deu em decisão terminativa, nesta quarta-feira, 23/06, pela
Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do
Senado Federal
Proposta que esclarece a competência da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) para arrecadar a contribuição devida ao Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações (Fust) pelas empresas prestadoras de serviços de
telecomunicações e para aplicar sanções administrativas aos que descumprirem a
determinação foi aprovada, em decisão terminativa, nesta quarta-feira, 23/06,
pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT)
do Senado Federal.
Aprovado na forma de Substitutivo, o projeto (PLS 297/07) acrescenta à lei que
instituiu o Fust (Lei 9.998/00) dispositivo determinando que seja arrecadada
para o fundo a contribuição de 1% sobre a receita operacional bruta de cada mês
civil decorrente da prestação de serviços de telecomunicações nos regimes
público e privado.
O relator da matéria na CCT, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), explicou aos
membros da comissão que o objetivo da proposta é eliminar a insegurança jurídica
existente atualmente, já que a precisão da arrecadação do Fundo pela Anatel não
está explicitada na Lei que instituiu o Fust, mas apenas no Decreto 3.624/00,
que o regulamenta.
Segundo o autor do projeto original, senador Renato Casagrande (PSB-ES), é
pertinente explicitar na lei que a contribuição deve ser arrecadada pela Anatel
e não pela União.
Azeredo acatou, em seu relatório, substitutivo do senador Francisco Dornelles
(PP-RJ), aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), com subemenda para
retirar dispositivo que previa como seriam aplicadas as sanções em caso da não
arrecadação do Fust.
Segundo explicou Azeredo, a Lei 11.941/09, decorrente de Medida Provisória, já
faz a previsão de como serão aplicadas as sanções, prejudicando, assim, proposta
idêntica do substitutivo.
Pelo artigo 37-A, da Lei 11.941/09, os créditos das autarquias e fundações
públicas federais, de qualquer natureza, não pagos nos prazos previstos na
legislação, serão acrescidos de juros e multa de mora, calculados nos termos e
na forma da legislação aplicável aos tributos federais. O projeto será ainda
votado em turno suplementar na próxima reunião da CCT.
(http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=22995&sid=14)
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Fonte: Observatório do
Direito à Comunicação
[29/03/10]
Câmara deve votar Nova Lei do Fust esta semana - por Mariana Martins e
Cristina Charão
Um acordo de lideranças colocou na pauta da sessão extraordinária plenário da
Câmara dos Deputados, marcada para amanhã (terça-feira, 30), a votação do
Projeto de Lei 1.481/07, a chamada Nova Lei do Fust. O nome pelo qual é
conhecido revela que a questão central do projeto não é seu objetivo declarado –
colocar como obrigatória a conexão de todas as escolas públicas do país à
internet em banda larga –, mas sim as alterações nas regras de uso do Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações. Justamente os detalhes acerca
da gestão do fundo fizeram com que, nas últimas três semanas, o PL entrasse e
saísse da pauta de votação. A expectativa, entretanto, é que o texto seja
finalmente apreciado.
De autoria do senador Aloísio Mercadante (PT-SP), o projeto já passou por várias
mudanças na Câmara. É considerado o mais completo projeto de ampliação do uso da
banda larga que tramita na Câmara, pois, ao longo dos anos, ele foi sendo
costurado com propostas das agências reguladoras, dos ministérios e também com
outros projetos de lei e emendas. No que diz respeito ao Fust, o projeto altera
a destinação das verbas do fundo, que passariam a poder ser usadas também para
investimentos feitos por operadoras de serviços de telecomunicações prestados em
regime privado, caso da internet em banda larga.
Até agora, o Fust é de uso exclusivo dos serviços de telecomunicações prestados
em regime público. Originalmente, o argumento em defesa do PL é o de que a
liberação para utilização dos recursos seria importante para finalizar a
cobertura das escolas públicas de nível médio e superior, exigência que passou a
constar entre as obrigações das operadoras de telefonia fixa. Agora, soma-se
também a possibilidade de uso do fundo para a execução do Plano Nacional de
Banda Larga, programa que está em gestação no Palácio do Planalto e que deve ser
apresentado no próximo mês.
Na opinião de Flávia Lefèvre, advogada da ProTeste – Associação Brasileira de
Consumidores, é importante que se altere a Lei do Fust para que o fundo seja
utilizado para o seu devido fim, a universalização dos serviços de
telecomunicações. Contudo, Lefèvre lembra que para a banda larga ser beneficiada
com os recursos do Fust não é necessário mudar a lei do fundo. Ao contrário,
seria mais fácil e mais vantajoso mudar a natureza do Serviço de Comunicação
Multimídia (SCM), categoria em que se encontra a banda larga, transformando-o em
um serviço prestado em regime público.
“A utilização do Fust no Plano Nacional de Banda Larga ou para qualquer outro
serviço de transmissão de dados não depende necessariamente da mudança prevista
no PL 1.481 e sim de uma canetada do governo que defina a transferência de dados
como serviço a ser prestado em regime público e pronto”, argumenta a advogada.
Lefèvre lembra que a alteração do regime de prestação dos serviços de
telecomunicações pode ser feita por Decreto Presidencial. “O que nos preocupa
muito é que, a rigor, a transmissão de dados [o que inclui a banda larga], de
acordo com a Lei Geral das Telecomunicações (LGT), pela sua natureza de
essencialidade, não pode ser deixada à exploração exclusivamente em regime
privado. Isto está previsto no primeiro parágrafo do Artigo 65 da LGT, mas o
governo não cumpre.”
Para a advogada da ProTeste, há outra questão em jogo: a utilização de recursos
de fundos públicos em serviços prestados em regime privado significa, no final
das contas, que o dinheiro dos impostos pagos pelos usuários termina nas mãos de
empresas que já têm alta lucratividade com a prestação de serviços públicos. No
caso da aprovação do PL 1.481, por exemplo, o dinheiro do Fust passa a poder ser
utilizado pelas atuais concessionárias para ampliar o backhaul – a rede
intermediária de transmissão de dados –, condição necessária para levar a
internet às escolas. Mas se, ao mesmo tempo, não for aprovada a reversibilidade
dos bens de infraestrutura financiados com recursos públicos, toda essa rede
fica sendo da própria empresa e não mais precisa ser utilizada em benefício dos
que contribuíram para sua ampliação.
Lefèvre lembra que também tramita na Câmara um projeto de lei que estabelece a
reversibilidade como regra, ou seja, prevê que, ao final do período de
exploração dos serviços prestados em regime público – caso exclusivo da
telefonia fixa –, as infraestruturas de rede serão revertidas à União. Dessa
forma, diz ela, fica ainda mais difícil defender que se utilize recursos
públicos para a prestação de serviços em regime privado. A advogada da ProTeste
aponta ainda que, quando as concessões acabarem em 2025, o Estado poderá não ter
rede nenhuma para prestar o serviço e acabar “comendo na mão das
concessionárias”.
Tramitação
Não é a primeira vez que o PL 1481/07 entra na pauta da Câmara após acordo entre
os líderes partidários. Em praticamente três anos de tramitação, o texto já
entrou na pauta por mais de três vezes, mas não consegue ser votado, sendo
retirado de última hora por alguma representação dos partidos.
O projeto está pronto para ser votado em plenário desde junho de 2008, quando o
texto com alterações propostas pelo então relator Paulo Henrique Lustosa (PMDB),
que juntou outros treze projetos que tratavam da mesma temática, foi aprovado na
Comissão Especial de Redes Digitais.
O Partido Democratas (DEM), que pediu a retirada do PL 1481/07 da pauta de
votação há duas semanas, justificou não ter havido tempo hábil para que a
assessoria técnica do partido fizesse a avaliação completa da proposta, segundo
entrevista do deputado Guilherme Campos (DEM-SP) para o Tele.Sintese.
Na semana passada, o projeto saiu da pauta da terça-feira (23) a pedido do
deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), para quem o texto não poderia ser aprovado com
urgência “dada a importância da matéria”. Na quarta-feira (24), foi o PSDB quem
pediu para que o PL não fosse apreciado. Segundo o noticiário especializado
TeleTime, o problema estaria na criação de um conselho gestor para o Fust.
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Fonte: Revista Teletime
Edição 129
[Out 2009]
Legislativo faixa larga [Entrevista com o deputado Paulo Lustosa que foi
relator do PL que muda as regras para a aplicação do FUST]
O deputado federal Paulo Henrique Lustosa (PMDB/CE), ainda em seu primeiro
mandato, acabou se tornando um dos principais interlocutores do setor de
telecomunicações. Ele é o relator de dois dos mais importante projetos de lei em
tramitação na Câmara que envolvem o setor: o polêmico PL 29/2007, que muda as
regras para o setor de TV por assinatura e para o audiovisual e que hoje tramita
na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, e o PL
1.481/2007, que muda as regras do Fust para permitir a aplicação ampla dos
recursos do fundo. Além disso, é membro do Conselho de Altos Estudos e Avaliação
Tecnológica da Câmara, onde propôs uma discussão sobre o modelo de banda larga a
ser adotado pelo Brasil.
Trecho da entrevista referente ao FUST:
(...)
TELETIME - O senhor também foi relator, na Câmara, do PL 1.481/2007, que muda as
regras para a aplicação do Fust. O projeto está para ser votado desde junho do
ano passado. Qual é a perspectiva?
O projeto está para ser votado com acordo de líderes com pedido de urgência. Mas
com a obstrução realizada em função da polêmica do pré-sal, o projeto não entrou
na pauta. Assim que houver uma destravada, ele deve ir a votação logo e ser
aprovado. E como é um projeto do senador Mercadante, ele voltando lá não deve
ter nenhum problema.
TELETIME - Conceitualmente, o que travou por tanto tempo o uso da questão do
Fust?
O Fust não aconteceu até aqui porque falta uma definição clara de para que ele
seria usado. Falta motivação. No formato permitido pela lei hoje, ele só seria
usado para universalizar o STFC (telefonia fixa). Mudando a legislação, ele
passa a ser utilizado em serviços prestados em regime privado. Mas enquanto não
houver uma definição clara em termos de políticas públicas, ele vai ser usado
marginalmente. Vão ser R$ 50 milhões em um ano, R$ 50 milhões em outro, mas ele
só vai ser utilizado com força no dia em que o governo disser que vai
universalizar o serviço de banda larga e para isso vamos usar o Fust, que vai
construir uma infra¬estrutura para isso ou usar o espectro, que seja.
TELETIME - Ou seja, o problema do Fust é falta de definição de políticas?
Hoje é. No passado, era um problema muito mais fiscal por parte do Estado, que
não queria gastar, e um conflito entre as operadoras de STFC e as demais para
ver quem usava. O governo, como não queria gastar, também não estimulava a
pacificação dos conflitos setoriais. Agora isso está superado. A Abrafix, a Acel,
os operadores de SCM, as TVs pagas, todo mundo chegou a um acordo porque todos
precisam de backbone, backhaul, acesso de última milha... Todos precisam dessa
convergência de redes, então há da parte das empresas a consciência de que esse
dinheiro seja aplicado para preparar para esse novo mundo. E agora acho que
falta, da parte do Estado, enunciar qual é o futuro das telecomunicações que
estamos vendo e quais vãos ser as prioridades para o Fust.
TELETIME - O governo agora está discutindo essa questão do Plano Nacional de
Banda Larga, eventualmente de um PAC da inclusão digital para 2011 a 2015. Isso
está sendo conversado com o Congresso?
Estamos aqui na Câmara, no Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica,
fazendo um levantamento sobre universalização da banda larga. Foi o mote que
encontramos para discutir telecomunicações em sentido mais amplo. Nesse
trabalho, abri diálogos com o governo e acabei percebendo que o Rogério Santanna,
no Ministério do Planejamento, tem um tra¬balho nesse sentido de estudar e
dese¬nhar uma estratégia de universalização da banda larga com foco na gestão
pública; que o Ministério do Desenvolvimento está fazendo a mesma coisa com foco
na competitividade empresarial; que o Ministério de Ciência e Tecnologia está
fazendo a mesma coisa com foco nas redes das universidades; que o Ministério das
Comunicações também estuda essa matéria; que a Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência também está debruçada em levantamento com essa
finalidade; que a Anatel discute isso. Agora, no meu entendimento, a Presidência
da República resolveu dar uma ordem unida para esse negócio. Todo o mundo
discutiu bastante, é Eletronet para cá, é ressuscitar a Telebrás para lá...
Muita coisa tem sido tratada sem ordem. A Presidência resolveu dar essa ordem
unida e se a coisa vai ser um PAC eu não sei. Mas pode-se aproveitar o ano de
2010 para lançar essa estratégia, essa política, que passa pelo uso do Fust,
pela legislação, pelo papel e fortalecimento da Anatel e a sua relação com o
Ministério das Comunicações, que precisa ser aprimorada. Passa por discutir a
que se prestará essa infraestrutura que está sendo montada. É buscar um modelo
de telecomunicações para o desenvolvimento, e não a banda larga pela banda
larga. Quais as escolhas que podemos fazer em termos de tec¬nologia, como usar a
banda larga como elemento de desenvolvimento.
TELETIME - E quais os papéis de cada um? Porque uma discussão importante é se o
Estado deve participar desse projeto ou não.
Essa é outra questão, saber quem faz o que. O setor de telecomunicações,
inegavelmente, conseguiu ter um salto de qualidade e de quantidade após a
privatização. Até mais de quantidade do que de qualidade, mas houve uma
qualificação da oferta de telecomunicações. No caso da telefonia móvel houve
inclusive um processo de democratiza¬ção do acesso. Mas ainda não existe
equidade. Mesmo nos serviços universalizados há desigualdades, que são
responsabilidade do Estado e da iniciativa privada. Por exemplo: quando o
portador de um telefone pré-pago, “pai de santo”, paga de imposto pelo minuto
falado o dobro ou o triplo do que um usuário de pós-pago com um pacote de R$ 2
mil, há uma iniquidade, perpetrada pelo Estado, que onera mais um do que outro.
TELETIME - Há essa questão de diferença de tratamento para pessoas com
necessidades socioeconômicas diferentes, e há a discussão sobre o papel do
Estado de induzir o reequilíbrio dessa situação. Qual a sua visão pessoal sobre
isso?
Acho que o Estado deve discutir isso, não à revelia do setor, mas em diálogo com
ele. E isso passa por custo de inter¬conexão, necessidades de investimentos...
Há de alguns setores uma reação ex-ante contrária ao aproveitamento da Eletronet
e ao ressurgimento da Telebrás. Eu não tenho oposição ex-ante. Acho apenas que
não parece o melhor modelo ressuscitar a Telebrás para transformá-la em uma
operadora prestadora de serviços de última milha concorrendo com as operadoras
que existem hoje. Mas não posso fechar meus olhos para o fato de que municípios
no Estado do Ceará, nos Estados do Nordeste, que são atendidos só por uma
operadora de STFC, pagam pelo megabit até sete vezes mais do que se paga em São
Paulo. Municípios mais pobres, que têm menos condições, que mais necessitam do
acesso banda larga para sair da condição de desigualdade, são onerados muito
mais do que municípios ricos da Grande São Paulo. O argu¬mento é que levar
infraestrutura lá é caro, não tem retorno? Ótimo, então que o Estado entre ali,
proveja a infraestrutura. Não precisa fazer a última milha, licita um provedor,
mas leva o serviço até lá.
TELETIME - Então banda larga tem que ser uni¬versalizada?
Tem que ser uma decisão de Estado. Se vamos fazer essa universalização com a
iniciativa privada, financiada pelo Estado, ou se vamos fazer parte pelo
mercado, parte pelo Estado, é isso que tem que ser discutido nesse projeto de
planejamento. Por isso não posso descartar a priori a Telebrás. Não faz sentido
usar ela para prestar o serviço em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, mas tem lugar
em que se não for o Estado, ninguém entra. Não necessariamente como gestor do
serviço, mas como indutor, como foi feito com a rede 3G em que isso foi
negociado com as empresas. Não se pode é descartar nenhum dos modelos.
Caminhamos para um modelo híbrido.
TELETIME - O Conselho de Altos Estudos da Câmara está participando dessa
discussão com o governo?
Já estive com o César Alvarez, disse que estávamos fazendo esse estudo, mas o
conselho é apenas um órgão consultivo. Nosso papel é estimular e subsidiar
discussões, teremos um relatório com sugestões, porque aqui temos espaço para
divagar, prospectar. Quando isso for para a Comissão de Ciência e Tecnologia
essas ideias podem virar projetos de lei.
TELETIME - O senhor acabou sendo um dos interlocutores do mercado nessa
discussão sobre o futuro da faixa de 2,5 GHz. Qual a sua leitura desse impasse
que está colocado?
Volto à discussão sobre a questão do Fust. Tanto o espectro quando o Fust são
recursos do Estado e que podem ser indutores e pautar prioridades para uma
política de telecomunicações, mas falta um norte. A opção da Anatel para o 2,5
GHz é a mais conservadora, porque segue o padrão inter¬nacional. E acho que isso
acontece porque a agência reguladora não tem clareza sobre a política. Acho que
é papel do Ministério das Comunicações, do governo, dizer qual é a nossa
prioridade, para que a Anatel não se veja forçada a fazer uma política.
TELETIME - Até porque não é o papel da Anatel fazer política.
Sim, não é o papel dela, mas ela estaria fazendo se decidisse diferente. Esse
problema apareceu agora no 2,5 GHz, mas vamos ter problemas semelhantes com o
3,5 GHz, com a faixa de 450 MHz, com a faixa de 700 MHz, quando se concluir a
digitalização da TV aberta e tivermos o dividendo digital.
TELETIME - O senhor propõe então uma política específica para o espectro?
Eu acho que esse fórum que está sendo criado para a banda larga precisa ser
entendido como um fórum para o futuro das telecomunicações, não como um fórum
para um serviço de conexão rápida à Internet. A banda larga é um emblema de um
novo mundo das telecomunicações. Se a gente entender assim, haverá repercussões
sobre a legislação atual, sobre o papel da agência e dos players, sobre o papel
do Estado, sobre o Fust e sobre o espectro de radiofrequência.
TELETIME - O senhor fala em papel da agência. É a favor de uma reforma no modelo
de agências?
Esse fenômeno das agências ainda é uma novidade para o modelo de Estado e para a
cultura brasileira. As agências têm o mesmo déficit de compreensão do
Legislativo. A cultura do Brasil está acostumada a um estado que executa e a um
estado que julga. Isso as pessoas entendem. Mas o Legislativo e outros
reguladores, como as agências, sofrem de uma dificuldade de compreensão de seus
papéis por parte da sociedade. Não por acaso, quando a Anatel foi criada, teve
dificuldade para iniciar suas atividades porque não estava claro onde terminava
a competência do ministério e começava a da agência. E isso ainda não é um
problema resolvido, pacificado, e piorou com a convergência. Espectro, que é um
setor vital para todo mundo, fica com a Anatel, mas radiodifusão, que usa
espectro, é atribuição do Minicom. E há setores, como o de TV por assinatura,
que ninguém nunca quis muito regular de forma ampla. Mas isso tudo não pode
esconder o fato de que boa parcela das pessoas que compõem o governo não é muito
simpática e fazem críticas ao modelo de agências. A Anatel, a Aneel, são as
agências que conseguiram se destacar porque tem regulados fortes e importantes.
O segredo para as agências funcionarem bem é ter um conjunto de regulados fortes
e equilibrados. Na área de comunicações, há as teles, os radiodifusores, o setor
de TV por assinatura, o setor de produção audiovisual e muitos consumidores.
Assim, formam-se coalizões que dão força ao setor e, como disputam entre si,
garantem a independência da agência, evitam a captura dos reguladores. Sou a
favor de agências autônomas.
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