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Janeiro 2011 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
• Telebrás, Eletronet e PNBL (336) - O governo Dilma faz uma gestão temerária do PNBL
Olá, WirelessBR e Celld-group!
Tenho criticado muito a mídia pautada, ou seja, a mídia "sentada" em suas
redações, transcrevendo pautas ou releases de empresas ou órgãos de
governo.
Nada contra,best clocks desde que haja a necessária complementação ou um esforço constante
para ambientação dos novos leitores recém-chegados no interesse pelo tema.
E já citei também as manchetes baseadas em "declarações" que usam o tempo verbal
do futuro do presente do indicativo para afirmar que determinadas visões
vão se concretizar.
No caso da Telebrás, por exemplo, todos que se interessam pelo tema hão de
lembrar esta ladainha do Sr. Rogério Santanna, repetida à exaustão desde que se
cogitou criar um PNBL: "A Telebrás
vai iniciar suas operações em 60 dias". Claro, o Sr. Santanna estava - em bom
português - "chutando" mas a manchete avaliza a certeza da ocorrência.
Na minha opinião, ao agir assim, o órgão da mídia, inadvertida,
preguiçosa ou
premeditadamente, toma partido e torna-se conivente com o evidente "chute".
Lá no final,
transcrevo uma matéria (não sobre a Telebrás mas relacionada à outro
tema de nossos debates) que utilizo para fazer estes recortes interessantes:
(...) Nestes tempos estranhos em que a credibilidade da
mídia está em níveis nunca dantes alcançados – níveis abaixo do abaixo –,
existe algo ainda menos confiável do que as matérias que recheiam nossos
jornais: seus títulos, cada vez mais delirantes e insensatos. Pois,
acreditem, o Valor Econômico, em 14 de janeiro, alcançou um novo patamar de
delírio, ao estampar: "Governo deve buscar consenso antes de regulamentar mídia,
diz Bernardo" (disponível aqui). Ao ler as degravações das palavras de Bernardo,
que vem a ser o ministro das Comunicações, o que encontrei de mais próximo a
essa suposta defesa do consenso foi uma breve menção à busca por uma proposta
"forte e sem divisões". (...)
(...) A manchete do Valor Econômico não é informação.
Não é sequer versão. É torcida para que o governo busque o consenso onde não
há consenso, em um processo sem fim que vai terminar onde começou – ou seja, no
nada. E não me refiro especificamente à regulação das comunicações, e sim,
genericamente, à arte de governar. Essa arte é feita de opções que beneficiam
alguns e prejudicam outros. Ou prejudicam alguns, beneficiam outros. É sempre um
jogo complexo, em que as possibilidades de escolha são infinitas – o que
economistas, acho que foram eles, batizaram muito chiquemente de trade-off.(...)
02.
A Telebrás foi criada pela Lei 5.792, de 1972.
De acordo com essa lei, a estatal estava autorizada a prestar serviços de
telecomunicações, desde que por empresas subsidiárias, e para tanto a companhia
tinha autorização para a criação de tais companhias.
A
Lei no 9.472, de 16 de Julho de 1997, conhecida como LGT - Lei Geral de
Telecomunicações, determinou a reestruturação e desestatização das Empresas
Federais de Telecomunicações, entre elas a Telebrás.
Em 1998 uma certa portaria 196, assinada pelo então
ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, dava 12 meses para que
fossem adotadas as providências para a preparação de um Plano de Liquidação da
estatal, que deveria ser aprovado pelo Conselho de Administração da empresa. Uma
vez aprovado, o plano de liquidação seria executado por meio de uma Assembléia
Geral Extraordinária de acionistas para dissolver a estatal. Mas o plano jamais
chegou a ser elaborado.
Em 4 de junho de
2010, o ministro das Comunicações, José Arthur Filardi, extinguiu a citada
portaria 196 por meio de outra portaria. O motivo alegado para a anulação
do documento é que houve "perda de objeto", uma vez que a estatal ganhou novas
atribuições pelo decreto nº 7.175/2010, que criou o Programa Nacional de
Banda Larga (PNBL).
Durante 12 anos,best replica watches de 1998 para cá, as administrações da Telebrás, certamente
muito bem remuneradas, e os funcionário públicos responsáveis, deixaram de
cumprir a determinação da portaria 196, mantendo em atividade, com o dinheiro do
contribuinte, um monstrengo que não produziu nada, além de um "passivo judicial
das ações nas áreas dos direitos civil, tributário e trabalhista", e também
alguns escândalos bem documentados pela mídia.
Ninguém cumpriu o que determinou a portaria e ninguém foi punido por isso.
"Réu confesso", o jornalista Jorge Mota, exemplo de sobrevivência burocrática,
declara em artigo por ocasião da sua saída da presidência da Telebrás:
"Tenho certeza de que serei lembrado pelo que não
deixei que fizessem: fechá-la (a Telebrás). Lutei quase solitariamente, tive
apenas o apoio da diretoria, dos conselhos de Administração, Fiscal e de
empregados dedicados."
Isto não é mérito. É demérito. E uma enorme vergonha!
Em resumo, a Telebrás continua
extinta pela Lei 9472 de 1997 e só pode ser reativada por outra Lei.
O decreto do PNBL e a modificação do estatuto da Telebrás são simplesmente
ilegais e todos os atos e fatos consequentes são passíveis de serem considerados
nulos.
A presidenta Dilma e seu
ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, devem muitas explicações ao povo
brasileiro por esta gestão temerária do PNBL.
03.
A ilegalmente ressuscitada Telebrás não tem pessoal, não tem recursos, está
sub judice no STF, não fez
acordos com as as demais estatais detentoras das redes de fibras mas já iniciou
a licitação de equipamentos, algumas sob suspeição do TCU.
E, cúmulo do absurdo, prepara mais uma licitação, desta vez para contratar uma
empresa para fiscalizar o PNBL!!!!!! O povo brasileiro não merece!
"PNBL com Telebrás", uma enorme vergonha!
"PNBL": um conjunto de intenções que continua a ser construído no dia a dia, sem
rumo e sem eira nem beira. Uma vergonha!
A mídia pautada comenta essas e outras irregularidades? Não! Uma vergonha!
Ah, já ia esquecendo... A concessão da licença SCM para a Telebrás operar gerou
uma alta expressiva das ações e já está vigorando o
polêmico "grupamento das ações", para facilitar a sofrida vida dos
investidores. E a CVM? Uma vergonha!
04.
Transcrições mais abaixo:
Fonte: Tele.Síntese
[20/01/11]
Telebrás remarca pregão para contratar empresa de fiscalização do PNBL - por
Lúcia Berbert
Fonte: Teletime
[12/01/11]
Telebrás ainda depende de acordo com as elétricas para começar a montar rede
- por Mariana Mazza
Fonte: Estadão
[12/01/11]
Telebrás deve
assinar contratos com estatais este mês - por Karla Mendes
Fonte: MSN Dinheiro - Origem: InfoMoney
[29/06/10]
Para especialistas, novo estatuto da Telebrás beira a ilegalidade
Fonte: Tele.Síntese
[21/01/11]
Avançam as negociações para uso de redes estaduais e municipais pela Telebrás
------------------
Fonte: Tele.Síntese
[20/01/11]
Telebrás remarca pregão para contratar empresa de fiscalização do PNBL - por
Lúcia Berbert
A licitação foi adiada para o dia 31 deste mês, dando tempo para que as
empresas reúnam a documentação exigida.
A Telebrás remarcou para o dia 31 deste mês a realização de pregão eletrônico
para contratação, mediante registro de preços, de serviços de apoio à
integração, apoio à fiscalização e acompanhamento da aceitação da implantação de
rede DWDM, enlaces de rádios digitais, solução de core IP, infraestrutura,
lançamento de fibras ópticas e sistemas de gerência necessários ao atendimento
ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), em diversos estados do País.
A licitação estava marcada para esta sexta-feira (21), mas foi adiada a pedido
das empresas, que estavam com dificuldades para reunir a documentação necessária
para habilitação. Como o objetivo da estatal é ampliar a concorrência, decidiu
dar mais 10 dias corridos para que as empresas interessadas em participar do
certame reunir os documentos exigidos no edital.
Empresas estrangeiras sem sede no Brasil e cooperativas não poderão participar
da licitação. O prazo de vigência do contrato com a empresa ou consórcio
vencedor será de três anos. A Telebrás permitirá a subcontratação de empresas
desde que atenda aos requisitos de qualidade impostos e sem qualquer vinculo com
a estatal. O edital prevê ainda a necessidade de abertura de escritório em
Brasília pela empresa vencedora.
Serão licitados 24 itens que incluem serviços de fiscalização da implantação de
rádios digitais em microondas e sistemas irradiantes na faixa de freqüência de 5
GHz a 23 GHz; de obras de infraestrutura para acomodação de contêineres ou
gabinetes e seus sistemas de telecomunicações; de estruturas verticais de 20 a
100 metros, indicando o responsável técnico legal; de equipamentos com
tecnologia DWDM ou redes óticas de alta capacidade; de equipamentos roteadores e
switches, com suporte a protocolo IP para estações de telecomunicações. Os
equipamentos e serviços a serem fiscalizados já foram objetos de licitação.
A expectativa da Telebrás é de levar a rede pública de fibras ópticas às
primeiras 100 cidades definidas no PNBL a partir de abril deste ano. Em 2011, a
meta é atender um total de 1.163 municípios.
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Fonte: Teletime
[12/01/11]
Telebrás ainda depende de acordo com as elétricas para começar a montar rede
- por Mariana Mazza
O início da operação efetiva da Telebrás na oferta de atacado de links para
conexão à Internet ainda depende da conclusão das negociações com as elétricas
para a cessão das redes de fibras que este setor possui. Após um encontro com o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta quarta-feira, 12, o presidente
da Telebrás se mostrou otimista com relação à agenda de atuação da empresa em
2011 ao dizer que espera consolidar os acordos com as elétricas e com a
Petrobras ainda neste mês.
Rogério Santanna explicou que, sem os contratos de cessão das redes de fibra
óptica do setor elétrico, a Telebrás não tem como emitir suas primeiras ordens
de serviços para a entrega e instalação dos equipamentos comprados pela estatal
nos leilões realizados no fim do ano passado. No momento, a negociação envolve o
custo do aluguel das redes à Telebrás. Ainda não há um valor estimado dessa
remuneração que será dada às elétricas, mas a diretriz geral dos contratos já
está fechada.
A Telebrás deverá pagar um "aluguel" para as empresas do setor elétrico -
Furnas, Chesf, Eletrobrás, Eletronorte e Petrobras - para usar as redes de
fibras apagadas das estatais. Além da negociação com as grandes estatais de
transmissão, o governo está inclinado em aprofundar as conversas para adesão das
distribuidoras de energia elétrica no Plano Nacional de Banda Larga.
Caso a caso
Muitas distribuidoras de energia possuem hoje redes que poderiam ser utilizadas
também para a prestação de serviços de telecomunicações. O mesmo acontece com
alguns governos locais, que criaram suas próprias empresas de processamento de
dados. Esses dois universos têm chamado a atenção da equipe do Ministério das
Comunicações, na medida em que pode gerar boas parcerias para a Telebrás.
Dois caminhos de articulação são possíveis no momento. Um deles é fechar acordos
locais de cessão dessas redes regionais à Telebrás, dando maior capilaridade à
atuação da estatal revitalizada. Outra opção é fechar parcerias com as
prefeituras e distribuidoras de energia elétrica, que podem até atuar como
prestadoras do serviço de banda larga ao consumidor final. "Nenhuma dessas
opções já foi discutida, mas também nenhuma foi eliminada preliminarmente. É
preciso olhar as peculiaridades de cada caso", afirmou Santanna, citando dois
estados que podem ser alvo de conversas no futuro. Os estados são o Ceará, que
hoje dispõe de uma empresa de processamento de dados própria; e o Paraná, onde o
destaque é a entrada da distribuidora Copel no mercado de telecomunicações com
um projeto-piloto nos moldes do PNBL para levar conexão de banda larga a baixo
custo para a população.
Santanna disse que estes aspectos ainda serão analisados com mais profundidade
no futuro, mas destacou o interesse do ministro Paulo Bernardo em investir em um
projeto articulado em vários níveis. "O ministro enfatizou que todas essas
iniciativas sejam articuladas e que o ministério e a Telebrás estejam muito
juntos para potencializar esses instrumentos que podem ser utilizados no plano",
afirmou o presidente da estatal.
Custo da rede
Apesar dos apelos feitos ontem pelos provedores de Internet em encontro com o
ministro Paulo Bernardo, a Telebrás não parece achar viável uma redução do preço
do link no atacado. Os provedores disseram ao ministro que, em alguns lugares,
conseguem comprar um link de 1 mega a R$ 180, preço abaixo dos R$ 230 fixados
pela Telebrás para acesso à futura rede da estatal. O assunto apareceu na
reunião com Santanna, mas o ministro não teria pedido nenhuma redução de forma
direta.
"O ministro brincou comigo, dizendo que o nosso preço está caro. Mas eu mostrei
dados dos 252 provedores que já confirmaram interesse em participar do PNBL de
que apenas os grandes conseguem um preço de R$ 180 pelo link", comentou o
presidente da Telebrás.
Santanna explicou que nada impede que o valor do link seja reduzido, mas que
isso significará imediatamente que a empresa demorará mais tempo para equilibrar
suas contas. "Eu disse ao ministro que o ponto de retorno da empresa, se a gente
baixar (o preço), vai ficar ainda mais longe." Com relação à possibilidade de
aumentar o número de clientes que poderão utilizar cada porta de conexão, também
levantada pelos provedores, Santanna disse que a hipótese sequer foi cogitada
pelo ministro. "Temos nos focado na qualidade do serviço. Se amplio esse número
a qualidade cai e, no fim, teremos os mesmas crises que existem hoje",
argumentou. O parâmetro que a Telebrás usará é de 10 usuários por cada mega.
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Fonte: Estadão
[12/01/11]
Telebrás deve
assinar contratos com estatais este mês - por Karla Mendes
BRASÍLIA - A Telebrás deve fechar este mês os contratos com a Petrobras e a
Eletrobras para uso das redes de fibras óticas do sistema elétrico para levar
internet rápida para todos os municípios brasileiros através do Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL). A informação foi dada hoje pelo presidente da Telebrás,
Rogério Santanna. "Devemos fechar este mês os contratos. Estamos conversando com
o ministro Lobão (de Minas e Energia). O processo está bem adiantado. O próprio
ministro Paulo Bernardo também conversou com ele", afirmou Santanna, depois de
participar de uma reunião com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Segundo Santanna, está sendo definido o valor que será pago às empresas pelo uso
da rede.
A expectativa do dirigente da estatal é que a Telebrás obtenha, ainda este mês,
a liberação da licença do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) pela Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) para prestação do serviço de banda larga.
"Esperamos que neste mês de janeiro a licença seja liberada", destacou. A
Telebrás ingressou com o pedido de licença de SCM em 5 de outubro, mas só foi
distribuído para a conselheira Emília Ribeiro, relatora do processo, em 14 de
dezembro. Depois de concluída a relatoria, o pedido ainda precisa passar pelo
crivo do Conselho Diretor da agência, que só retoma as reuniões em 20 de
janeiro.
Questionado sobre a possibilidade de redução do preço do link da Telebrás de um
mega no atacado, fixado em R$ 230, considerado caro pelos provedores que
expuseram ao ministro das Comunicações que em algumas regiões o preço praticado
no mercado é inferior a isso, Santanna disse que essa não é uma realidade para
todos. "Há casos em que os pequenos provedores pagam mil reais", observou.
Santanna não descartou a possibilidade de barateamento do custo, se isso for uma
diretriz do governo, mas observou que primeiro têm de ser analisados os custos
da estatal depois do fechamento dos contratos para o provimento do serviço. "Se
o preço baixar, significa que vamos atingir o ponto de equilíbrio mais tarde",
ponderou.
Quanto ao pleito dos provedores de abertura de negociação para o
compartilhamento do link com mais de 10 empresas, Santanna ressaltou que isso
não poderá ser feito se resultar em redução da qualidade do serviço entregue ao
consumidor final. "O central do debate é a qualidade. Não queremos fornecer uma
banda larga de qualidade para o provedor e ele entregar uma internet de má
qualidade para o consumidor final. Queremos que o usuário contrate uma banda e
tenha de fato uma banda", enfatizou Santanna, referindo-se às constantes
reclamações dos consumidores de que a velocidade contratada não é entregue pelas
operadoras de telecomunicações.
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Fonte: Tele.Síntese
[21/01/11]
Avançam as negociações para uso de redes estaduais e municipais pela Telebrás
As redes estaduais do Ceará e do Espírito Santo, e as municipais de Belo
Horizonte e de Campinas serão usadas para o PNBL e para ligar órgãos e empresas
federais
Estão bastante adiantadas as negociações entre a Telebrás e as empresas
estaduais e municipais de processamento dados para integração de suas redes.
Desde a assinatura do acordo entre a estatal e a Associação Brasileira das
Empresas Estaduais de Processamento de Dados, no ano passado, pelo menos quatro
empresas – Etice (Ceará), Prodest (Espírito Santo), Prodabel (Belo Horizonte) e
IMA (Campinas) já estão muito perto de iniciar a integração. Segundo o
presidente da Telebrás, Rogério Santana, a iniciativa traz benefícios para as
duas partes: a Telebrás quer contar com a capilaridade local dessas redes para
acelerar a implementação do Plano Nacional da Banda Larga e os estados e
municípios querem ter acesso ao backbone nacional da estatal.
Os modelos de integração são variados e envolvem desde a simples troca de
capacidade, como no Ceará, até o investimento da Telebrás na ampliação da rede
local como quer a Prodabel, empresa de processamento de dados de Belo Horizonte,
que espera contar com esses recursos para viabilizar o anel central da rede
municipal. Mas o foco da Telebrás não é apenas o PNBL, a empresa vai usar esses
acordos para atendimento aos órgãos federais instalados nessas localidades.
“As possibilidades de sinergias são inúmeras e cada uma tem um problema
diferente. Estamos muito interessados, pois estes acordos vão nos permitir
agilizar a implantação nestas cidades. Há muita complementariedade, poderemos
trocar fibras e dar uma saída de Internet para eles. o Cinturão Digital do Ceará
terá quatro pontos de interconexão com a nossa rede. Também não descartamos
fazer investimentos nestas redes pois temos que ligar os órgãos federais”, diz
Santanna.
Em reunião realizada na segunda, 18, entre técnicos da Telebrás e da Prodabel
ficou decidido que, numa primeira etapa, oito órgãos federais serão integrados à
nova rede de fibra óptica que a prefeitura de Belo Horizonte está construindo:
Serpro, Datasus, Dataprev, Datamec, Infraero, MEC, Correios e RNP.
“Estes órgãos já estão plotados no nosso mapa georreferenciado e outros estão
sendo avaliados, como o Exército e a Polícia Federal. Para alguns deles como o
MEC, os Correios e Datasus, que já estão na rota do anel central, temos fibras
disponíveis na nossa rede. Para outros teremos que construir novas ligações em
novos anéis, pois a Telebrás quer dupla abordagem, com redundância. Também vamos
já iniciar algumas conexões provisórias via rádio para ganhar tempo. Para isso
precisaremos de investimentos. Nossa expectativa é que a Telebrás arque com os
recursos do anel central”, explica George Wilson Almeida, diretor de redes da
Prodabel.
A empresa também espera redução em seus custos e uma das ideias é substituir o
link de internet de 160 Mbps, que a Prodabel contrata da CTBC, por uma saída da
Telebrás. A Prodabel também poderá ser um canal de distribuição da Telebrás para
os pequenos provedores, segundo Almeida.
No Ceará, o acordo com a Telebrás deverá ser assinado nos próximos dias em uma
solenidade de inauguração de alguns trechos do Cinturão Digital, a rede de alta
velocidade do estado. Segundo Fernando Carvalho, presidente da Etice, a empresa
de processamento de dados estadual, a Telebrás solicitou um par de fibras para
ligar 12 órgãos e empresas federais entre os quais a Receita Federal, Serpro,
Departamento Nacional de Obras contra a Seca, Banco do Nordeste, Dataprev,
Datasus, entre outros.
“O interesse da Telebrás é a capilaridade local e nós queremos uma rota de
contingência nacional. Vamos fazer uma permuta de capacidade, fornecendo fibras
locais contra capacidade no anel óptico que eles vão operar”, diz Carvalho.
Primeiro a assinar um convênio com a Telebrás, o Prodest (Instituto de
Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo) ainda está
em fase de definição do que será integrado e qual o objeto de troca, segundo seu
diretor-presidente, Paulo Henrique Rabelo Coutinho. “Nosso interesse imediato é
ter acesso direto a todos os órgãos federais por meio de uma rede de banda
larga. Além disso, nosso objetivo é reduzir custos comprando capacidade por um
valor mais baixo. Estamos realizando várias reuniões para definir o modelo de
integração”, informa Coutinho. (Fonte: Wireless Mundi)
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Fonte: MSN Dinheiro - Origem:
InfoMoney
[29/06/10]
Para especialistas, novo estatuto da Telebrás beira a ilegalidade
SÃO PAULO - Na última quarta-feira (23), o Conselho da Telebrás (TELB4) aprovou
a proposta de reforma do estatuto social da companhia, cuja minuta agora deverá
passar por assembleia geral e pelo Ministério das Comunicações. De acordo com o
documento, a Telebrás poderá abrir novas subsidiárias pelo Brasil, ampliar
participação em companhias do setor e prover serviços de conexão de banda larga
para usuários finais em regiões de difícil acesso.
Para Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Administrativo do curso de
Direito da Fundação Getúlio Vargas, o novo estatuto da Telebrás é ilegal.
Sundfeld, que participou do processo de criação de Lei Geral de Telecomunicações
em 1997, explica que o conflito acontece justamente entre o novo estatuto e a
lei que rege o setor.
Privatização e reestruturação
Antes do processo de privatização do setor de telecomunicações no Brasil, a
Telebrás atuava como holding, conforme a lei de criação da estatal, a Lei 5.792,
de 1972. De acordo com essa lei, a Telebrás estava autorizada a prestar serviços
de telecomunicações, desde que por empresas subsidiárias, e para tanto a
companhia tinha autorização para a criação de tais companhias.
A LGT, explica o professor da GV, "mudou essa história, porque determinou a
reestruturação e privatização da Telebrás". Naquela época, aponta Sundfeld, já
existia a preocupação de deixar, nessa mudança de modelo, uma empresa que
pudesse renascer e destruir toda a proposta de privatização do setor.
Por isso, a Lei Geral das Telecomunicações determinou as medidas que seriam
adotas na reestruturação da Telebrás, que visavam, posteriormente, sua extinção.
Assim, foi revogada, por contradição com a lei anterior, a autorização que a
companhia tinha de criar subsidiárias e de ser sócia minoritária de companhias
privadas. A lei também previa apenas redução, e não aumento, de capital.
Mudança teria que ser feita no Congresso
"A Telebrás só tem autorização para fazer as medidas de reestruturação previstas
na LGT, e todas apontam para a privatização e extinção da companhia", resume o
professor da FGV. Sundfeld lembra que esses dispositivos podem ser alterados,
mas apenas com apresentação de um projeto de lei no Congresso.
Para os professores do curso de Direito Digital e das Telecomunicações da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, é "um absurdo" supor que um estatuto de
empresa pudesse ditar a agenda do Congresso Nacional. "O Congressio Nacional
manda, e a Telebrás deveria obedecer", declararam os professores.
Para o professor de Direito Administrativo da FGV, no entanto, "aparentemente o
Governo não está querendo mandar plano nenhum ao Congresso". Embora a empresa
corra o risco de ser contestada judicialmente e ser obrigada a parar de atuar
porque sua situação é ilegal, caso o novo estatuto seja aprovado, Carlos Ari
Sundfeld acredita que o Governo, na verdade, tem mais interesse em criar um fato
eleitoral e explorar politicamente o Plano Nacional de Banda Larga do que
efetivamente reativar a empresa.
Nem licitações, nem consumidor final
"O governo não tem projeto. Os números são vagos, os objetivos são incompatíveis
entre si", declara o professor. Além do conflito com a Lei Geral de
Telecomunicações, o novo estatuto da Telebrás também se choca com a lei que a
rege desde sua criação. Na lei 5.792, a empresa está expressamente proibida de
prover serviços ao consumidor final, podendo atuar apenas através de
subsidiárias.
Durante 25 anos, isso funcionou, mas agora a Telebrás não pode atender ao
consumidor final e nem pode criar subsidiárias. Por último, a empresa também não
pode ser contratada diretamente pelo governo, sem licitações, aponta o professor
da GV. A Lei das Licitações permite que empresas estatais criadas anteriormente
à lei (que data de 1993) sejam contratadas para prestar serviços ao governo sem
licitação. Embora tenha sido criada em 1972, o que a adequaria à regulação, a
Telebrás não está autorizada a prestar serviços ao Governo, e para isso teria,
mais uma vez, que criar uma subsidiária.
Mesmo que essa subsidiária não estivesse em conflito com a LGT, a nova empresa
teria sido criada após a lei, e por isso não poderia prestar serviços ao governo
por contratação direta. Mais uma vez, alerta Carlos Ari Sundfeld, seria
necessário uma nova lei. "É uma medida juridicamente frágil", alerta o
professor, e a empresa poderia até mesmo ser impugnada, por solicitação das
companhias privadas de telecomunicação.
Investimento monstro
Além de colocar em dúvida a legalidade do novo estatuto, Sundfeld questiona
também o "investimento monstro" que seria necessário para criar uma rede
paralela a que as operadoras privadas já têm, pois para prestar serviços ao
usuário final, a Telebrás teria que ampliar a rede atual, que une as regiões do
País, para cada cidade e posteriormente fazer uma capilarização para cada prédio
público, cada órgão governamental que se pretende atingir, conclui Carlos Ari
Sundfeld.
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REGULAÇÃO EM DEBATE
Fonte: Observatório da Imprensa
[25/01/11]
Em busca do consenso onde não há consenso
- por Cristiano Aguiar Lopes
Nestes tempos estranhos em que a credibilidade da mídia está em níveis nunca
dantes alcançados – níveis abaixo do abaixo –, existe algo ainda menos confiável
do que as matérias que recheiam nossos jornais: seus títulos, cada vez mais
delirantes e insensatos. Pois, acreditem, o Valor Econômico, em 14 de janeiro,
alcançou um novo patamar de delírio, ao estampar: "Governo deve buscar consenso
antes de regulamentar mídia, diz Bernardo" (disponível aqui). Ao ler as
degravações das palavras de Bernardo, que vem a ser o ministro das Comunicações,
o que encontrei de mais próximo a essa suposta defesa do consenso foi uma breve
menção à busca por uma proposta "forte e sem divisões".
Ora, caros colegas do Valor Econômico, daí ao consenso há muitas águas a rolar,
concordam? Existe, neste mundo, uma longa hierarquia, que vai do mais profundo
dissenso ao quase absoluto consenso – sim, "quase" é o máximo, porque há quem
discorde até da inevitabilidade da morte. E, ao posicionarmos a regulação da
mídia nessa hierarquia, é nas proximidades do pólo do dissenso que ela será
colocada.
A manchete do Valor Econômico não é informação. Não é sequer versão. É torcida
para que o governo busque o consenso onde não há consenso, em um processo sem
fim que vai terminar onde começou – ou seja, no nada. E não me refiro
especificamente à regulação das comunicações, e sim, genericamente, à arte de
governar. Essa arte é feita de opções que beneficiam alguns e prejudicam outros.
Ou prejudicam alguns, beneficiam outros. É sempre um jogo complexo, em que as
possibilidades de escolha são infinitas – o que economistas, acho que foram
eles, batizaram muito chiquemente de trade-off.
O desejo do impossível
Mas na regulação da mídia ao menos dois infinitos seriam necessários para
abarcar todos os trade-offs possíveis. Citemos apenas os players – outra palavra
rebuscada da Economia – envolvidos nessa luta: radiodifusores comerciais, um
grupo muito menos coeso do que imaginamos; radiodifusores educativos e
comunitários (os verdadeiros e os falsos, obviamente em conflito interno
contínuo); empresas de telecomunicações, incluindo a TV a cabo que, curioso, é
legalmente telecomunicação, e não televisão; outras TVs por assinatura que, por
não estarem no cabo, não mereceram uma lei própria; o restante da mídia que não
é nem TV a cabo, nem por assinatura, nem radiodifusão, e pode ser classificada
em tradicional ou moderninha. Produtores de conteúdo. Políticos, que não podem
ser diretores nem gerentes de empresas de radiodifusão, mas podem ser donos de
todos os microfones. Produtores de equipamentos de telecomunicações "ou" de
radiodifusão, que na convergência nossa de cada dia trocam cada vez mais o "ou"
pelo "e".
E claro, Vossa Excelência, o Público, que não é exatamente um player, mas é o
magnânimo do processo, já que é dele que vem a audiência e a leitura que
sustentam toda essa elaborada cadeia de valor da mídia.
Não bastasse a infinidade de players, nunca é demais lembrar que não estamos
debatendo a regulação do cultivo de berinjelas. Estamos, sim, a discutir o
estabelecimento de novas regras para o mercado de ideias, para os canais pelos
quais a maior parte da informação política relevante chega aos cidadãos. É um
pilar fundamental da democracia – o fluxo de informações – que está prestes a
receber uma nova proposta de regulamentação.
E esperar que possa existir consenso sobre a regulação do mercado de ideias é,
na simplória opinião deste articulista, não apenas despolitizar o debate, mas
buscar o impossível. Pensando bem, talvez seja justamente esse o desejo não
apenas do Valor Econômico, mas também da maior parte da mídia comercial em
relação a uma nova regulamentação para as comunicações: que ela seja
consensualmente impossível.
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