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Janeiro 2011               Índice Geral do BLOCO

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31/01/11

• O governo "apagou" a internet no Egito. Poderia acontecer no Brasil? (Transcrição de 5 matérias sobre o tema)

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Transcrevo abaixo estas matérias muito interessantes:

Fonte: Blog Circuito de Luca
[29/01/11]   A Internet não é, eticamente, nem boa nem má. Já os governos… - por Cristina de Luca
(...) Na prática, em última instância, o poder sobre os roteadores é do governo, que controla as concessões dos serviços de comunicação. “Espera-se que num governo democrático, a única forma de obrigar um provedor a desligar a conexão seja via Judiciário. O Executivo não deveria poder interferir na conectividade de provedores sem uma base legal e jurídica. Mas lembre-se do caso Ciccarelli: o juiz mandou filtrar as rotas para o YouTube e parte do país perdeu acesso a ele. Quem controla os meios de telecomunicação controla a ‘grande torneira’”, explica Demi.(...)

Fonte: IDG Now!
[31/01/11]   Corte da Internet no Egito é importante lição para empresas - por PC World/US
(...) Qual é a lição? Basicamente, aquela simples: “é melhor prevenir do que remediar”. Seu governo pode até não estar propenso a apelar a táticas draconianas como a do Egito, e você pode não estar pouco temeroso quanto a um possível “apagão” da Internet, mas isso não significa que ela não possa ser interrompida em algum momento. Se isso ocorrer, não importa se devido a um Estado inescrupuloso, uma falha técnica ou um desastre natural, qual seria o plano B? (...)

Fonte: Geek
[31/01/11]   Egípcios driblam bloqueio da internet no país com tecnologia das antigas - por Por Jacqueline Lafloufa

Fonte: O Globo
[31/01/11]  Tensão no Egito mostra a importância dos pontos de estrangulamento da internet
(...) a Verizon, gigante das comunicações, anunciou que compraria por US$ 1,4 bilhão a empresa Terremark, uma "companhia de computação em nuvem", segundo comunicado da compradora. A aquisição aceleraria a estratégia "tudo-como-um-serviço" da Verizon. O comunicado oficial pode ser visto em < http://bit.ly/ver_terre >.
Acontece que a Terremark não é somente uma empresa de cloud computing. Dentre seus data centers nos EUA, Europa e América Latina, ela é dona de um dos edifícios mais importantes da internet global, uma poderosa fortaleza de concreto quase fora da área central de Miami. Esse prédio é conhecido como o NAP das Américas. <
http://bit.ly/nap_am >  (O NAP do Brasil da Terremark fica em Barueri, SP < http://bit.ly/nap_br >) (...)

Fonte: Gizmodo Brasil
[28/01/11]  Como o Egito desligou a internet - por Kyle VanHemert
(...) Ontem, algo sem precedentes aconteceu: o Egito desligou a internet. Uma nação de 80 milhões de pessoas foi desconectada instantaneamente. Mas como eles fizeram isso?
Botão vermelho. Não rolou nenhuma alavanca gigante nem um grande botão vermelho, mas na realidade foi quase tão fácil assim: o governo egípcio simplesmente emitiu uma ordem aos provedores para desligarem seus serviços.(...)

Comentários?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs Tecnologia e Cidadania

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Fonte: Blog Circuito de Luca
[29/01/11]   A Internet não é, eticamente, nem boa nem má. Já os governos… - por Cristina de Luca

Ontem, após retirar o Twitter e o Facebook do ar, o governo do Egito decidiu interromper definitivamente o acesso à Internet no país. Para isso, foi buscar recursos legais e técnicos. Os recursos legais atingiram diretamente os operadores de telefonia móvel e os provedores de acesso. Todos os operadores móveis no Egito foram instruídos a suspender os serviços em áreas selecionadas. Segundo a legislação, as autoridades egípcias têm o direito de emitir essa ordem. O mesmo aconteceu com os provedores de acesso. O governo Mubarak ordenou que provedores cortassem todas as conexões internacionais para a Internet. Todas as rotas para as redes egípcias foram retiradas, quase que simultaneamente, da tabela global de roteamento da Internet.



Além de todos as questões relativas à censura e liberdade de comunicação e de expressão da população, outra grande preocupação foi a possibilidade de a ação provocar transtornos internacionais. A maioria de conectividade com a Internet entre a Europa e a Ásia passa pelo Egito. Os Estados do Golfo, em particular, dependem criticamente do corredor de fibra ótica egípcio para sua conectividade para os mercados financeiros mundiais. Felizmente, segundo alguns relatos, isso não chegou a acontecer. O que pode explicar tão pouca repercussão sobre o blecaute egípcio em Davos. A maioria das pessoas que pode, e deve, se envolver nessa discussão está reunida lá.

De todo modo, o blecaute de Internet no Egito preocupa. Ironia das ironias, há um ano o Egito sediou uma reunião do IGF (Internet Governance Forum), criado no âmbito da ONU para debater tópicos de governança global da Internet – tais como políticas públicas, capacitação em países em desenvolvimento, administração de recursos críticos da Internet, uso abusivo da rede.

A ação do governo do Egito não chega nem perto a tudo o que China ou Irã já fizerem em relação ao controle e censura da rede. É muito mais delicado, do ponto de vista do uso da Internet. E é fácil entender porquê.

Na China, segundo informa da Embaixada do Brasil em Pequim, publicada pelo site que discute o marco civil da Internet, a administração da rede tem sido caracterizada pelo controle e filtragem das informações transmitidas, com o bloqueio do acesso a sites com conteúdo ilegal, tais como aqueles que contrariem os princípios constitucionais, ameacem a segurança do Estado e a unidade nacional, perturbem a ordem pública, ameacem a política religiosa oficial, disseminem pornografia, incentivem delitos ou sejam cassinos virtuais, entre outros.

O grande problema, na China, é que, na prática, as autoridades chinesas têm interpretado de modo abrangente o que seria esse conteúdo ilegal, restringindo o acesso a diversas páginas da rede. Desde sites pornográficos, websites de instituições de direitos humanos até sites de relacionamento populares como o “youtube”, o “facebook” e o “twitter”. O monitoramento e bloqueio dos websites tem sido feito por meio de roteadores localizados nos três principais pontos de entrada de cabos óticos na China continental (Beijing- Tianjing-Qingdao, Xangai e Guangzhou). Esse cerceamento sistemático da internet pelo Governo chinês é conhecido como “the great firewall of China”.

Os provedores de acesso à internet, assim como os próprios usuários chineses, são responsáveis pelo conteúdo colocado na rede, de acordo com o artigo 63 do Decreto n 291 (que trata da Gestão de Serviços da Internet). Não há mecanismos de isenção de responsabilidade, e os provedores freqüentemente exercem a autocensura. Além da autocensura, as autoridades chinesas também incentivam os sites e usuários a denunciarem comportamentos proibidos. Ícones da polícia chinesa são colocados em diversos websites a fim de inibir delitos e a estimular os usuários a denunciarem sites com conteúdos ilegais.

Outra característica presente na administração da internet chinesa, segundo o informe da Embaixada brasileira, é a crescente tendência do governo chinês de cercear todo acesso anônimo à internet. Os usuários são obrigados a se registrar e a assinar documentos se comprometendo a não acessarem conteúdos ilegais. Cybercafés são obrigados a obter licenças específicas e a registrarem os usuários. Ademais, o Diretor do Escritório de Informação do Conselho de Estado, Wang Chen, declarou recentemente que o Governo chinês deveria implementar um sistema que obrigasse os usuários a utilizarem seus nomes verdadeiros na internet. Os cidadãos chineses usuários de internet, os chamados “netizens”, têm se utilizado da rede para ventilarem críticas, em sua maioria anônimas, ao Governo em “chats” e “blogs”. Mas isso afeta apenas os chineses. O mundo olha, protesta, mas à distância.

No Egito, foi diferente. O país deixou de ser visível para a Internet, dentro e fora do país.



Olhando de outro ângulo, na China, por exemplo, a administração e controle da internet pelo governo é pulverizada. Os principais órgãos responsáveis pela regulamentação da internet são: em seus aspectos gerais, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT); e no que diz respeito ao seu conteúdo, o Birô de Assuntos da Internet do Escritório de Informação do Conselho de Estado, a Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão (SARFT), e o Departamento de Proteção da Segurança da Internet do Ministério de Segurança Pública. Fica bem claro, portanto, que a maior preocupação é com relação ao controle do conteúdo. Trocando em miúdos isso significa que, na China, , o governo seria capaz, por exemplo, de identificar de onde partiu a conclamação para protestos como os vistos no Egito, sem correr o risco de cortar suas conexões eletrônicas com os mercados mundiais, enfraquecendo a nova “potência econômica mundial”.

Para entender melhor causas e efeitos dessa decisão do governo do Egito de deliberadamente auto-desconectar o país da Internet, procurei hoje, por e-mail, Demi Getshko, Diretor-Presidente do NIC.br, e que considero o guardião das conexões brasileiras à rede. Perguntei se algo impediria, no Brasil, que um suposto governo totalitário fizesse o mesmo. Ou seja, mandasse (ou pedisse…) aos grandes provedores internet e operadoras de telecomunicações, gestores de sistemas autônomos, que parassem de divulgar rotas para o exterior, via BGP (Border Gateway Protocol). A resposta foi não, mesmo que o Brasil tenha _ e se orgulhe disso _ um modelo de gestão internet multistakeholder, com igualdade de representação da sociedade e do governo no seu Comitê Gestor da Internet, o CGI.br.

Demi explica, tecnicamente, o que foi feito. Segundo ele, a rede só sabe direcionar pacotes porque sistemas autônomos trocam informações nos pontos em que se conectam (as chamadas bordas da rede) contando aos outros quem mora dentro de seu próprio sistema. “Se os administradores de um sistema autônomo não informam ao mundo que ele existe, o caminho para ele some em pouco tempo”, explica. “É o tal roteamento dinâmico da Internet, que permite à rede contornar trechos com problemas em pouco tempo.”

Ou seja, o UOL só pode ser encontrado na Internet porque anuncia isso na rede. Se parar de anunciar seu prefixo, ninguém saberá como chegar a ele. “Mas isso não é uma fraqueza da rede, é apenas uma característica”, esclarece Demi. “O roteamento da rede depende dos sistemas de telecomunicações e depende de que trechos da rede queiram falar entre si. Se um provedor não quiser falar com a rede, seu prefixo some e perde-se o caminho para ele. Claro que isso só é efetivo para gestores de grandes trechos da rede. Se a Oi, a Embratel, a Telefônica e a GVT deixarem de anunciar seus prefixos na Internet, o mundo perderá as rotas para os usuários destes sistemas autônomos”, explica Demi.

Portanto, se um governo puder mandar os provedores da rede pararem de se comunicar, eles deixarão de ser visíveis na rede. Foi o que o Egito fez.

Poderia acontecer no Brasil?

Aqui, quem controla nossos grandes roteadores de acesso? O governo? As operadoras? O NIC.br?

“O NIC.br tem papel em outra área”, explica seu diretor-presidente. “O que o NIC faz é transformar um nome em um número e, depois, o número em rota fica por conta dos roteadores. Se o NIC sair do ar, isso equivalerá a você perder a agenda de seu celular. Ou seja, o telefone funciona, você pode ligar para mim, mas não saberá mais o número para onde ligar porque a agenda sumiu”, diz Demi. a agenda inteira do nome que terminam em .br ficaria inacessível…”, diz Demi.”Mas essa agenda está replicada em mais de 10 servidores, no país e no exterior. Não é fácil tirar a “agenda” do .br da Internet… Apagá-la por completo”, lembra ele.

Na prática, em última instância, o poder sobre os roteadores é do governo, que controla as concessões dos serviços de comunicação. “Espera-se que num governo democrático, a única forma de obrigar um provedor a desligar a conexão seja via Judiciário. O Executivo não deveria poder interferir na conectividade de provedores sem uma base legal e jurídica. Mas lembre-se do caso Ciccarelli: o juiz mandou filtrar as rotas para o YouTube e parte do país perdeu acesso a ele. Quem controla os meios de telecomunicação controla a ‘grande torneira’”, explica Demi.

“É claro que, se você quer acesso e seu provedor o cortou, o que você pode fazer é usar outro provedor”, diz ele. “Se houver uma malha fina de milhares e milhares de provedores e interconexões, fica mais difícil controlar o fluxo,porque as torneiras seriam muitas. Ou forma de burlar o bloqueio é fazer uso de outros meios de telecomunicação: discar para provedor no exterior, usar satélite, rádio, etc”.

Ou seja, quanto mais rotas e atalhos, melhor. A malha formada por eles funciona como antídoto natural ao bloqueio do acesso.

O fim da conversa me fez lembrar de um antigo artigo de Demi, escrito na época do caso Cicarelli, que na minha opinião sintetiza bem a maior riqueza da Internet, e pela qual devemos zelar obstinadamente. E de onde retirei a inspiração para o título desse artigo.

“Sempre que se discutem medidas a serem tomadas para prevenir e coibir o mau uso da rede, é necessário que se tenham em conta os seus conceitos fundamentais e que eles sejam respeitados na medida do possível. Na Internet, por construção, o núcleo da rede, o centro, é simples, robusto e aberto, e é assim que deve ser mantido. Se queremos ou precisamos de mais ferramentas ou controles, que os façamos na periferia da rede, sem atravancar o seu centro, sem obstar sua expansão segura. Trabalhemos para criar ferramentas tecnológicas que nos ajudem a conseguir a proteção que desejamos, mas aloquemos essas atividades mais “pesadas” nas bordas da Internet e não em seu núcleo. Lembremos, sempre, que na rede funciona apenas o que é global. Regras ou restrições localizadas, específicas, são fadadas a serem rapidamente contornadas e superadas pela Internet. Finalmente, a rede em si deve ser inocentada dos malfeitos que nós, humanos causamos. Afinal, as deformações que vemos na rede não são diferentes das que vemos na sociedade em geral. A Internet não é, eticamente, nem boa nem má. É um mundo novo, do qual descortinamos apenas a ponta da unha, mas que traz em si, todas as potencialidades, todas as paixões, qualidades e defeitos humanos. Querer dela mais do que pode, tecnicamente, oferecer, é esperar colher jacas em coqueiros… “

Novamente o caso do Egito é exemplar. A despeito de toda tentativa para calar os cidadãos, cortanto acesso aos instrumentos de comunicação (celular e internet), a população continuou enviando seus informes ao mundo, como mostra essa reportagem publicada hoje pela COMPUTERWORLD americana. Tudo graças ao dial_up, ao rádio…

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Fonte: IDG Now!
[31/01/11]  Corte da Internet no Egito é importante lição para empresas - por PC World/US

Situação no país árabe é crítica, mas problemas como falta de energia ou queda na Internet são normais em qualquer lugar. Sua empresa está preparada?

Para minimizar a capacidade dos militantes de organizar e comunicar protestos – e talvez, divulgar suas ações a pessoas de todo o mundo – o Egito desligou a Internet, e qualquer tipo de conexão móvel, do país. Por mais que a agitação política no país arabe não esteja repercutindo onde você mora, a decisão daquele governo serve como uma importante lição.

Todos nós nos lembramos da confusão no Irã após suas eleições nacionais, e como a Internet – e principalmente o Twitter – foi útil para que os protestantes. Aparentemente, o que países como Tunísia e Egito aprenderam com isso é que o melhor a se fazer é desabilitar as comunicações tão logo a agitação comece.

Qual é a lição? Basicamente, aquela simples: “é melhor prevenir do que remediar”. Seu governo pode até não estar propenso a apelar a táticas draconianas como a do Egito, e você pode não estar pouco temeroso quanto a um possível “apagão” da Internet, mas isso não significa que ela não possa ser interrompida em algum momento. Se isso ocorrer, não importa se devido a um Estado inescrupuloso, uma falha técnica ou um desastre natural, qual seria o plano B?

Recuperação de desastres
As organizações deveriam ter um sistema que as recuperassem de um desastre e um plano de negócio sobre o que fazer caso a Internet, ou qualquer tipo de comunicação, deixe de estar acessível. Há alternativas para conduzir seus negócios enquanto tudo não volta ao normal? Você tem um método para recuperar as condições ideais de trabalho o mais rápido possível? Ou só irá colocar as coisas da mala e ir para casa, torcendo para que tudo se resolva em um passe de mágica?

Para começo de conversa, administradores de TI (Tecnologia da Informação) devem depender o quanto puderem para eliminar os pontos passíveis de falhas e garantir que, caso um deles pare, o sistema continuará funcionando. Dois servidores compostos por duas unidades de armazenamento RAID, com duas fontes de energia reserva ligadas às duas fontes de energia principal, e duas placas de rede conectadas a roteadores diversos, que, por sua vez, estariam ligados a dois links de servidores externos, podem salvar o seu negócio naqueles momentos críticos em que quase nada está em boas condições. O WIkiLeaks, por exemplo, se preveniu bem contra possíveis “inconvenientes”.

Ainda assim, é possível que nenhum tipo de precaução mantenha sua empresa na ativa se todas as comunicações de seu país forem cortadas. No entanto, implementar sistemas que reduzam riscos e desenvolver sólidos planos para evitar paradas desnecessárias poderão fazer com que sua companhia se saia bem durante os problemas estruturais comuns para qualquer país.
(Tony Bradley)

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Fonte: Geek
[31/01/11]   Egípcios driblam bloqueio da internet no país com tecnologia das antigas - por Por Jacqueline Lafloufa

Para conseguir manter contato entre si e com o restante do mundo, os egípcios, que estão sob censura do governo, estão revivendo tecnologias já ultrapassadas, como o fax e a internet discada.

O governo de Hosni Mubarak, presidente do Egito há 30 anos, resolveu suspender a conexão de internet e telefonia no país como uma forma de tentar conter os muitos protestos que estavam acontecendo nas principais cidades egípcias, mas os cidadãos têm encontrado outras formas de se comunicar entre si e com o mundo.

Revivendo tecnologias das antigas, como os fax, rádios amadores e a internet discada, os manifestantes têm conseguido divulgar informações sobre a situação política do Egito. Apesar de oferecer uma conexão bastante precária, em tempos onde a banda larga já está bastante acessível, a internet discada permite o acesso até que confortável a sites como o Twitter ou versões feitas para dispositivos móveis, desenvolvidas para utilizar pouca banda.

Simpatizantes da causa dos egípcios têm colocado modems para conexão discada de volta a ativa, e alguns provedores de internet tem inclusive oferecido o acesso gratuito à internet através de chamadas diretas internacionais, informa o site Digital Trends.

Até o momento, ao menos um provedor de internet egípcio continua oferecendo os seus serviços apesar da determinação governamental. Os manifestantes têm encorajado àqueles que ainda possuem alguma conectividade a compartilharem a rede, removendo senhas de roteadores Wi-Fi para que os compatriotas ao redor também possam divulgar e ter acesso à informações.

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Fonte: O Globo
[31/01/11]  Tensão no Egito mostra a importância dos pontos de estrangulamento da internet

RIO - Os recentes acontecimentos na Tunísia e no Egito com relação à internet chamaram a atenção de vários especialistas quanto ao perigo de se ter recursos demais de telecomunicações em um único local físico.

O analista Andrew Blum, do site "The Atlantic", notou que, apesar da densa cobertura da mídia para o fato do Egito ter se desconectado da internet global, não houve muito falatório sobre um anúncio recente feito nos EUA: a Verizon, gigante das comunicações, anunciou que compraria por US$ 1,4 bilhão a empresa Terremark, uma "companhia de computação em nuvem", segundo comunicado da compradora. A aquisição aceleraria a estratégia "tudo-como-um-serviço" da Verizon. O comunicado oficial pode ser visto em < http://bit.ly/ver_terre >.

Acontece que a Terremark não é somente uma empresa de cloud computing. Dentre seus data centers nos EUA, Europa e América Latina, ela é dona de um dos edifícios mais importantes da internet global, uma poderosa fortaleza de concreto quase fora da área central de Miami. Esse prédio é conhecido como o NAP das Américas. < http://bit.ly/nap_am >  (O NAP do Brasil da Terremark fica em Barueri, SP < http://bit.ly/nap_br >)

Essa instalação faz com que Miami seja uma das cinco cidades mais interconectadas do mundo, à frente de Chicago, San Francisco e Washington D.C. É o único local nos EUA em que o tráfego digital óptico, Ethernet, MPLS, de voz e internet é controlado de um único prédio físico.

A internet é uma maçaroca de redes cujos switches e roteadores se interligam fisicamente. No caso do Egito, por não ser um nodo significativamente importante da internet, um punhado de cabos de fibra óptica reunidos em um só lugar representaria o tráfego inteiro de dados no país.

No caso do data center de Miami, porém, trata-se do ponto de encontro de mais de 160 redes do mundo inteiro, que lá se interligam por ser um edifício de segurança primorosa, com sistemas redundantes de alimentação elétrica e grossíssimas paredes de concreto, capazes de resistir a um furacão de categoria 5.

Porém, o mais importante, é que no NAP das Américas é totalmente neutro no que tange às operadoras. É como se fosse "a Suíça da internet", um território em que redes competidoras podem se interligar mutuamente.

No entanto, com a compra pela Verizon, a coisa muda de figura. É claro que a companhia menospreza a situação e diz que não há motivo para preocupações, já que a Terremark será comprada como uma subsidiária, mantendo seu status de neutralidade com relação às redes. Mas é inegável que parece um pouco incômodo que uma única empresa possua uma instalação física tão importante.

Vale lembrar que recentemente a Google comprou por US$ 1,9 bilhão seu novo prédio em Nova York, no número 111 da 8ª Avenida. Trata-se de outro edifício que é um dos mais importantes da internet, sendo um terço de seu espaço físico ocupado por empresas de telecomunicações, representando centenas de redes independentes. E agora, a Google é proprietária do prédio inteiro e, obviamente, planeja crescer dentro dessa construção, já que existe pouquíssimo espaço restante na ilha de Manhattan para que a empresa se expanda mais.

Andrew Blum, ao final de sua análise, expressa sua compreensível preocupação, evocando o fato de que, na semana passada, um país africano de 80 milhões de habitantes conseguiu emudecer a internet nacional em poucas horas, aproveitando-se do fato de que a grande rede é uma entidade física. Ou seja, em qualquer situação é importante saber quem controla os nodos dessa rede. E, com isso, ele conclui que, com essas duas recentes aquisições, Google e Verizon podem ter estremecido as fundações de uma internet aberta, competitiva e, sobretudo, livre.

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Fonte: Gizmodo Brasil
[28/01/11]  Como o Egito desligou a internet - por Kyle VanHemert

Ontem, algo sem precedentes aconteceu: o Egito desligou a internet. Uma nação de 80 milhões de pessoas foi desconectada instantaneamente. Mas como eles fizeram isso?
Botão vermelho

Não rolou nenhuma alavanca gigante nem um grande botão vermelho, mas na realidade foi quase tão fácil assim: o governo egípcio simplesmente emitiu uma ordem aos provedores para desligarem seus serviços.

“Pela legislação egípcia, as autoridades têm o direito de emitir esse tipo de ordem e nós somos obrigados a cumpri-la”, explicou a Vodafone Egypt num comunicado. Além da Vodafone, outros três grandes provedores egípcios – Link Egypt, Telecom Egypt e Etisalat Misr – tiveram que parar seus serviços.

BGPs

A empresa de monitoramento de internet Renesys percebeu os efeitos imediatamente. Cerca de 3.500 protocolos de roteamento dinâmico, ou BGPs – os locais em que as redes se conectam e avisam por quais endereços de IP elas são responsáveis – sumiram de uma hora para a outra:

Às 22h34 no Egito, a Renesys observou a queda virtual simultânea de todas as rotas das redes egípcias na tabela global de roteamento da internet. Aproximadamente 3.500 protocolos de roteamento dinâmico individuais foram derrubados, sem deixar rastros válidos para que o resto do mundo pudesse compartilhar o tráfego da internet com os provedores egípcios. Praticamente todos os endereços de internet do Egito estão incomunicáveis no momento, de qualquer lugar do mundo.

Mas Stéphane Bortzmeyes, especialista em comunicações via IP, supõe que o Egito puxou todos os cabos da internet, literalmente: “os protocolos de roteamento dinâmico são o sintoma, não a causa. Os cabos foram simplesmente puxados”.

Derrubar as rotas dos BGPs (ou simplesmente puxando os cabos) é um caminho muito mais efetivo de bloquear a internet do que, digamos, desligar o DNS, que permite aos usuários usar o DNS de outros países para acessar à internet. Comparado com a Tunísia, onde apenas algumas rotas de BGP foram bloqueadas, ou no Irã, onde as conexões de internet foram simplesmente sufocadas, a desconectada do Egito é um caso bem sério.
Desconectados

Ontem à noite, a Renesys estimava que 93% das redes egípcias estavam inacessíveis, e apenas um provedor, o Noor Group, continuava a servir seus clientes, entre eles a Bolsa de Valores e o Banco Internacional do país. Ainda não se sabe oficialmente por que esse é o único provedor que não foi desligado.

No entanto, informações vindas do Egito sugerem que os cidadãos talvez ainda consigam conexões discadas para acessar a internet, e o LifeHacker tem um passo a passo completo para os camaradas egípcios. Não será uma tarefa rápida, mas tudo indica que para a maioria dos cidadãos do Egito essa seja a única opção. [Renesys, DomainIncite]


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