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Outubro 2011 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
• Uma "salada" de assuntos interessantes: "Caprica", "Second Life", "a internet paralela do Facebook", "neurociência" e "valores morais"
01.
Inicio agradecendo aos que escreveram perguntando pelo meu quase
"sumiço".
Está tudo bem, saúde ótima, apenas envolvido com assuntos familiares.
Perguntaram também se "desisti" da Telebrás e do PNBL. A resposta é que
não desisto nunca... :-) Estou colecionando matérias e em breve volto ao
tema.
Obrigado a todos!
Abaixo está uma pequena coleção de matérias, uma verdadeira salada
mas, pude perceber uma "conexão" entre elas. Sorry, talvez seja a
idade... :-))
Se não encontrarem uma ligação, de qualquer modo, creio que são
interessantes individualmente. :-)
02.
Cáprica é uma mini-série de ficção científica. Para quem é chegado, como
eu, um "prato cheio"! :-)
Está disponível na web, nos torrents da vida, e também no Portal
"Series Free",
especializado em formato rmvb (Real Player), para download direto.
O mundo virtual se confunde com o mundo real, avatares se apossam de
robôs... uma delícia! Está série (duas temporadas, 18 episódios ao todo)
no tempo da ação, antecede a famosa "Battlestar Galattica":
Fonte: Wikipédia
Cáprica
(...) Conta a
história das Doze Colônias do Homem quando viviam em paz, em uma
sociedade não muito diferente da nossa. Mas a alta tecnologia e o avanço
na robótica trouxeram à tona o velho sonho humano de combinar
inteligência artificial e corpos mecânicos para criar os primeiros robôs
vivos - os cylons. A série vai girar em torno de duas famílias: os Adama
(a família de William Adama, que um dia se tornará o comandante da
Battlestar Galactica) e os Graystone. Caprica mistura aventura, intriga
empresarial, futuro hipertecnológico e política nesta saga de ficção
científica.(...)
03.
Como nada acontece por acaso, na sequência, tomei conhecimento deste "post"
do Sílvio Meira (que não usa maiúsculas em seus escritos...):
Fonte: Terra - Blog do Silvio Meira
[28/09/11]
second life: de novo? por Silvio Meira
(...) dias
destes, passando por uma das minhas leituras, encontro novas sobre um
seminário no second life. faz tempo que não passo lá. e nem lembrava
mais do second life; pra mim, poderia ter fechado sem dar notícia e eu
nem teria notado. aliás, esqueci completamente quem eu era, por lá. não
sei nem o meu "sobrenome" no mundo virtual. vou ver se redescubro isso e
procuro alguma vida no lugar.
independentemente de usuários infiéis como eu, há gente usando a coisa,
como os 80 avatares que estiveram no seminário mostrado abaixo, que está
relatado neste link.(...)
04.
Na semana que passou esteve nas manchetes o neurocientista brasileiro
Miguel Nicolelis.
Vale conferir na fonte está notícia, com figuras e gráficos:
Fonte: G1 / Ciência e Tecnologia
[06/10/11]
Em trabalho de brasileiro, macaca sente 'textura' usando braço virtual
- por Tadeu Meniconi
(...) Em treinamentos anteriores, os cientistas
haviam ensinado macacos a operar joysticks que moviam um cursor numa
tela e, quando esse cursor era posicionado na posição desejada, os
animais recebiam uma dose de suco de fruta como recompensa. Enquanto
isso, a frequência cerebral era medida por eletrodos colocados dentro do
crânio dos animais.
Certo tempo depois, o joystick foi afastado, e os sinais enviados pelo
cérebro eram usados para controlar um braço mecânico que moveria o
joystick. No fim, o joystick foi retirado, e a frequência cerebral
bastava para mover o cursor.
Na atual pesquisa, uma tela com três objetos visualmente idênticos foi
colocada, e as macacas deveriam mover uma mão virtual por ela -- apenas
pensando no movimento. Quando a mão virtual passava por esses objetos,
diferentes sinais elétricos – chamados de “texturas artificiais” – eram
enviados ao cérebro.(...)
05.
Outra matéria interessante:
Fonte: O Globo - Digital e Mídia
[26/09/11]
A web paralela do Facebook - por Pedro Dória
(...) Pois existem duas maneiras de enxergar o que Mark Zuckerberg,
fundador do Facebook, está fazendo. A primeira é justamente a de uma
internet paralela. Ela é organizada, bem acabada e absolutamente
fechada. Já tem mais de 700 milhões de usuários. A segunda é a de que
ele está construindo sobre a internet livre que todos usamos uma nova
camada. Esta camada melhora a rede, facilita nossa vida e nos transforma
a todos em dependentes do Facebook.(...)
06.
Muita tecnologia, a vida passa do "real" para o "virtual", e o ser
humano? Melhora com isso?
Precisamos preservar certos valores fundamentais:
Fonte: Estadão
[07/10/11]
Uma questão de coerência - por João Mellão Neto
(...) Uns acreditam que é possível mudar tudo.
Outros acham que não é possível mudar nada.
Felizmente, além desses "revolucionários" e "pragmáticos", existem uns
tantos outros para quem a moral e a ética são valores que contam. E é
com eles que procuram pautar a sua conduta. O conceito de honra, para
esses poucos, é um princípio de vida. Como o são, também, a honestidade,
o decoro e a dignidade.(...)
No real e no virtual, estamos necessitados da ajuda de Deus,
da Padroeira e de todos os anjos... e, quem sabe, também do agora
celestial Steve Jobs...
Um abraço especial para a musa inspiradora Jana de Paula! :-)
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
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WirelessBRASIL
BLOCOs
Tecnologia e
Cidadania
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Fonte: Wikipédia
Cáprica
Caprica é uma série de televisão cujo primeiro episódio foi ao ar nos
Estados Unidos em 21 de abril de 2009 e é descrita como "a primeira saga
de ficção científica da televisão", baseada no universo ficcional de
Battlestar Galactica, 58 anos antes da história narrada na nova série de
2004.
Conta a história das Doze Colônias do Homem quando viviam em paz, em uma
sociedade não muito diferente da nossa. Mas a alta tecnologia e o avanço
na robótica trouxeram à tona o velho sonho humano de combinar
inteligência artificial e corpos mecânicos para criar os primeiros robôs
vivos - os cylons. A série vai girar em torno de duas famílias: os Adama
(a família de William Adama, que um dia se tornará o comandante da
Battlestar Galactica) e os Graystone. Caprica mistura aventura, intriga
empresarial, futuro hipertecnológico e política nesta saga de ficção
científica.
Sumário da primeira temporada (Episódio 01 - 09)
A primeira temporada se divide em duas vertentes, uma encabeçada por
Zoe, fiha de Daniel Graystone, e a outra encabeçada por Tamara, filha de
Joseph Adama. O seriado inicia com um ataque terrorista promovido pelo
grupo religioso Soldados do Uno, que prega a existência de um só Deus,
em contraposição aos muitos deuses das colônias (os mesmos da Grécia
antiga). Zoe morre no atentado, mas logo se fica sabendo que ela havia
criado um avatar de si mesma, uma cópia sua no mundo virtual
comercializado por seu pai, uma espécie de Matrix disponível para todos
como se fosse um videogame. Essa entidade virtual foi criada pelo
prodigioso intelecto da jovem Zoe, que se utilizou de um algoritmo cujos
parâmetros são registros escritos dela própria (como carteira de
identidade e ficha médica) para reproduzir sua personalidade.
Esse mesmo algoritmo foi usado por Daniel para reproduzir a
personalidade da filha de Adama, Tamara, também morta no incidente,
porém o avatar não sabe que é uma entidade virtual e acredita por um bom
tempo que é a Tamara original. Adama descobre que o avatar se refugiou
em uma seção do mundo virtual chamada New Caprica City, uma versão da
cidade real em clima de Chicago dos anos 30, sem leis e controlada por
criminosos. Embora saiba que não é sua filha de fato, Adama vai atrás
dela de modo obstinado.
Na outra vertente, Daniel aperfeiçoa o protótipo do primeiro cylon, mas
se vê obrigado a roubar um chip de seu concorrente para fazer o androide
funcionar. Isso desencadeia dois eventos: o avatar de Zoe se embute no
chip para poder se mover no mundo real e o concorrente de Adama, do
planeta Tauron, jura vingar as mortes causadas no assalto em que o chip
foi roubado.
As duas famílias estão ligadas, dessa forma, não só pelo avatar de
Tamara, mas também porque Daniel contratou o serviço de Adama e seu
irmão, que vieram de Tauron e são mafiosos em Caprica, para roubar o
chip. O pano de fundo é o fanatismo religioso dos Soldados do Uno, grupo
de que Zoe fazia parte e que deseja o algoritmo dos avatares para
recriar pessoas mortas no mundo virtual e trazer à humanidade uma
perspectiva concreta de imortalidade.
A temporada se encerra com apenas oito episódios. Zoe foge do
laboratório de seu pai e tenta chegar a Gemenon para cumprir uma missão
que a verdadeira Zoe não tinha concretizado a serviço do grupo fanático.
Tamara mata seu pai no mundo virtual, o que o impede de retornar a essa
realidade no futuro; ela lhe diz que não deseja mais ser contatada e
deixa Adama inconsolável, pois ele não consegue superar a morte da
filha. Os membros dos Soldados do Uno brigam entre si pelo poder.
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Fonte: Terra - Blog do Silvio Meira
[28/09/11]
second life: de novo? por Silvio Meira
dias destes, passando por uma das minhas leituras, encontro novas sobre
um seminário no second life. faz tempo que não passo lá. e nem lembrava
mais do second life; pra mim, poderia ter fechado sem dar notícia e eu
nem teria notado. aliás, esqueci completamente quem eu era, por lá. não
sei nem o meu "sobrenome" no mundo virtual. vou ver se redescubro isso e
procuro alguma vida no lugar.
independentemente de usuários infiéis como eu, há gente usando a coisa,
como os 80 avatares que estiveram no seminário mostrado abaixo, que está
relatado neste
link.
se você quiser saber como um destes eventos se desenrola do seu lado da
tela [imaginando que você nunca esteve no second life quando estava na
moda] clique na imagem abaixo, gravação de parte do evento
acima
second life foi lançado em junho de 2003. datando a abertura de facebook
em 2006, second life começou a tentar ser "a" rede social para onde todo
mundo iria em 3AF, terceiro ano antes de facebook. e não tentava pouco:
há quase uma década, queria ser a "realidade virtual" onde haveria
pessoas, instituições, marcas, produtos, serviços, mercado, dinheiro e
bancos. houve falências e tudo! pense também em casas, prédios, eventos,
shows, o diabo a quatro aqui do mundo "real". um lugar onde –em última
análise- seria possível uma imersão tão intensa a ponto de se tornar uma
extensão [ou mais] da vida "real" aqui fora.
trata-se de um caso quase clássico de tecnologia muito sofisticada antes
da janela de oportunidade. o cliente que você tinha que trazer para seu
PC [em 2003] não chegava nunca. não havia rede. e, instalado, era tão
pesado que tomava todo seu hardware [lembre-se, 2003...] e, ainda assim,
a experiência não era lá estas coisas. mas muita gente apostou muito.
uma empresa brasileira criou o primeiro "país" no mundo virtual [a "mainland
brazil"] em 1DF. me lembro da discussão à época… e não apontava pra "mainland"
ou companhia sobrevivendo no médio prazo. e parece que foi o que
aconteceu.
philip rosedale, um dos criadores de second life, ainda não desistiu. na
palestra abaixo, apesar de falar de second life quase sempre no passado,
ele aponta pra coisas interessantes que podem vir de realidades virtuais
online. e second life não morreu: tem mais de 10 milhões de usuários e
lucrou US$100 milhões em 2010. e está diversificando para games.
Rosedale, um dos criadores de Second Life, aposta no futuro do mundo
virtual
e a atividade ao redor de espaços virtuais como second life não cessou.
um monte de gente está apostando em plataformas como openSim, inclusive
universidades e escolas interessadas em exercitar a ideia de campi
virtual, onde gente do mundo inteiro pode participar das atividades de
aprendizado sem "ir" fisicamente até um local qualquer.
lá em 2003, não havia rede e hardware para um second life dar certo e
assumir um papel que tivesse a escala que faceBook tem, hoje. em 10DF,
talvez o próprio faceBook apareça com funcionalidades que possibilitem o
que second life tentou entregar e não conseguiu, dentro das expectativas
de benefício e custos esperadas pelos potenciais usuários.
daqui até lá [ou depois] vamos ver um monte de experimentos
interessantes, como usar openSim para diminuir deslocamentos de alto
custo [tô dentro!]e, talvez, exercitar os modelos de negócio da próxima
geração de realidades virtuais, uma possível "third" life…
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Fonte: G1 / Ciência e Tecnologia
[06/10/11]
Em trabalho de brasileiro, macaca sente 'textura' usando braço virtual
- por Tadeu Meniconi
Objetivo da equipe de Miguel Nicolelis é simular movimentos com
precisão.
No futuro, linha de pesquisa pode levar a próteses mais eficientes.
Uma macaca de laboratório, usando um braço virtual controlado pelo
cérebro, é capaz não apenas de encostar em objetos, mas também de sentir
aquilo que ela está tocando. O feito é fruto do trabalho do
neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor da Universidade
Duke, nos EUA, e foi apresentado nesta quarta-feira (5) na prestigiada
revista científica britânica Nature.
Nicolelis já pesquisa há anos a possibilidade de usar as descargas
elétricas do cérebro para mover objetos externos ao corpo. Nessa linha,
já conseguiu feitos expressivos, como fazer uma macaca nos EUA comandar
os movimentos de um robô que estava no Japão. Esse sistema é chamado de
“interface cérebro-máquina”.
Desde então, sua equipe vem procurando fazer com que o cérebro obtenha
algum retorno tátil nos movimentos com esse objeto remoto, como acontece
no corpo, onde a pele manda informações de volta para o cérebro. Você
encosta em algo e sabe dizer se é liso ou áspero, por exemplo. Assim, a
“interface cérebro-máquina” se transformaria em “interface
cérebro-máquina-cérebro”, uma via de mão dupla.
A pesquisa
Em treinamentos anteriores, os cientistas haviam ensinado macacos a
operar joysticks que moviam um cursor numa tela e, quando esse cursor
era posicionado na posição desejada, os animais recebiam uma dose de
suco de fruta como recompensa. Enquanto isso, a frequência cerebral era
medida por eletrodos colocados dentro do crânio dos animais.
Certo tempo depois, o joystick foi afastado, e os sinais enviados pelo
cérebro eram usados para controlar um braço mecânico que moveria o
joystick. No fim, o joystick foi retirado, e a frequência cerebral
bastava para mover o cursor.
Na atual pesquisa, uma tela com três objetos visualmente idênticos foi
colocada, e as macacas deveriam mover uma mão virtual por ela -- apenas
pensando no movimento. Quando a mão virtual passava por esses objetos,
diferentes sinais elétricos – chamados de “texturas artificiais” – eram
enviados ao cérebro.
Um deles não enviava sinal nenhum; outro enviava um sinal com 400 Hz de
frequência e mais nada; o terceiro enviava um sinal de 200 Hz e
resultava em uma dose de suco de fruta como recompensa para a macaca.
'Sexto sentido'
"Nós, na verdade, criamos um sexto sentido: o tato virtual", afirma
Nicolelis.
Segundo ele, o mecanismo é semelhante ao tato normal, pois ativa a mesma
região do cérebro -- o córtex somatossensorial --, mas não é idêntico,
já que o sinal não veio de um dos membros da macaca.
"A gente não sabe, mas ele deve ter tido uma experiência tátil diferente
da normal", diz o pesquisador.
De toda forma, a reação do animal ao tato artificial foi a mesma que ele
apresentou ao tato normal. Antes dos testes com o braço virtual, os
cientistas tinham feito a experiência da recompensa com objetos
realmente palpáveis.
"Todos os parâmetros comportamentais foram muito parecidos", explica
Nicolelis.
Passos próximos
O grande objetivo do cientista é fazer com que tetraplégicos recuperem
os movimentos do corpo -- um projeto chamado de "Walk Again" ("andar
novamente", em inglês). Isso seria feito por meio de um exoesqueleto que
envolveria o corpo como uma roupa. O cérebro então enviaria sinais para
essa roupa, que comandaria os movimentos do paciente.
Segundo Nicolelis, os membros virtuais -- ou "avatares" -- servem como
preparação para a tecnologia futura. "A lógica é a mesma porque esse
avatar é parte de um simulador. É um treinamento para o exoesqueleto",
explicou.
Não é mais uma questão de saber se vai ou não acontecer; é uma questão
de saber quando vai acontecer"
Francisco Rotta, Academia Brasileira de Neurologia
O pesquisador disse que a recente conquista era um "passo essencial"
para seguir o projeto. Nos próximos meses, ele acredita que publicará
mais pesquisas nesse sentido, mostrando a atuação do tato artificial nos
dois braços, nas pernas e, eventualmente, num avatar de corpo inteiro.
‘Grande avanço’
“Pode parecer um pequeno passo, mas é um grande avanço”, afirmou Manoel
Jacobson, neurocirurgião do Hospital das Clínicas da Universidade de São
Paulo. Se o objetivo de Nicolelis é usar o cérebro para controlar
movimentos de objetos externos, o tato é fundamental, ele explicou.
Você, enquanto lê essa reportagem, está segurando o mouse – e não o
esmagando – porque conhece o material que o compõe e leva isso em conta,
ainda que inconscientemente, na hora de manuseá-lo.
A pesquisa atual representa um tato artificial, mas os neurologistas
acreditam que uma importante barreira foi rompida e que o dia em que
braços mecânicos ou virtuais poderão tatear vai chegar.
“Não é mais uma questão de saber se vai ou não acontecer; é uma questão
de saber quando vai acontecer”, cravou Francisco Rotta, vice-coordenador
do departamento de Moléstias Neuromusculares, da Academia Brasileira de
Neurologia.
“Eu acho que as aplicações vão muito além só da neurologia”, completou
Rotta. Para ele, além do objetivo natural do desenvolvimento de próteses
móveis para membros amputados, será possível elaborar novas maneiras de
se operar em áreas de risco, como uma usina nuclear após um acidente,
sem colocar os trabalhadores em perigo.
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Fonte: O Globo - Digital e Mídia
[26/09/11]
A web paralela do Facebook - por Pedro Dória
Na semana passada, o Facebook anunciou uma série de mudanças na maneira
como funciona e em sua aparência. O noticiário das próximas semanas é
previsível. Usuários vão reclamar, acusações de quebra de privacidade
circularão, uns tantos vão deixar o sistema em protesto. E aí tudo
voltará a ser como dantes. Não é que os infelizes não tivessem suas
razões. Tinham. Mas já aconteceu e essas coisas se repetem. Enquanto
isso, mais um passo foi dado para a criação de uma internet paralela.
Pois existem duas maneiras de enxergar o que Mark Zuckerberg, fundador
do Facebook, está fazendo. A primeira é justamente a de uma internet
paralela. Ela é organizada, bem acabada e absolutamente fechada. Já tem
mais de 700 milhões de usuários. A segunda é a de que ele está
construindo sobre a internet livre que todos usamos uma nova camada.
Esta camada melhora a rede, facilita nossa vida e nos transforma a todos
em dependentes do Facebook.
O Google já é assim. Dependemos dele. A rede é inimaginável sem o
Google. Ser o segundo a conquistar tal status não é trivial. O Facebook
está quase lá.
Dois exemplos
Para chegar lá, porém, algumas mudanças se fizeram necessárias. A
primeira é mudar a alma por trás do botão "curtir". Espalhado por toda a
rede, presente em quase todo site, serve para que o usuário recomende em
sua página de perfil no Facebook uma foto, um artigo. O "curtir" mudará.
Quem faz programinhas para o Facebook poderá usar qualquer verbo. Um
site de fotos poderá ter o selo "eu vi uma foto", o jornal seu "li este
artigo".
A mudança parece sutil, porém, ao implantar linguagem natural, algo de
fundamental muda. No seu Facebook, tudo aparecerá como uma lista de
atividades lógica e humana. Agradável.
É uma mudança fundamental porque também a home pessoal no Facebook
mudará. Vira uma linha do tempo, com a lista de todas as atividades
recentes até os muitos anos passados. Tudo o que você comentou, aquilo
que leu na internet, as fotos das quais gostou e as que publicou. As
amizades que fez. De repente, a home no Facebook deixa de ser um retrato
da atividade recente e vira história de vida. Um histórico de quem somos
mas também de quem fomos. Quase um ensaio de biografia, com o registro
não apenas daquilo que fizemos dentro do Facebook mas também do que
pinçamos no resto da rede.
O Facebook cria uma camada social na internet toda. Contamos nossa
história através da rede e a apresentamos para os amigos que fizemos
nela. No mesmo compasso, o sistema traz para dentro de si informação. O
britânico The Guardian e o New York Times são apenas dois exemplos de
sites que toparam construir uma versão de seus sites dentro do Facebook.
Algo em troca
Conforme a lista de parceiros se amplia, o que era um site, uma rede
social, passa a ser um universo paralelo dentro da rede. Tudo terá a
cara do Facebook, limpo e organizado e fechado, protegido daquele mundo
caótico lá fora.
Ao passo que cria uma camada na internet maior, busca replicar uma
versão selecionada dela lá dentro.
O Facebook é a internet que o Google não vê. Totalmente fechado, não é
indexado pelo site de busca. Juntos, e rivais, transformam-se nos nomes
mais poderosos da rede. O que está em jogo é dinheiro. Conforme usamos
sua busca e muitos serviços, o Google acompanha nossos passos pela web e
transforma nossos padrões de comportamento em propaganda. O Facebook
criou um sistema que tem o potencial de replicar o poder do Google e ir
além. Porque, lá dentro, ele não sabe apenas parte do que fazemos
online. Sabe tudo.
Quando usamos porque é útil e lúdico, damos algo em troca: nossas
identidades. Elas viram dinheiro fácil, seja para um, seja para o outro.
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Fonte: Estadão
[07/10/11]
Uma questão de coerência - por João Mellão Neto
João Mellão Neto, jornalista, foi deputado,
secretário e ministro do Estado. E-mail:
j.mellao@uol.com.br.
Leia artigos anteriores em
www.blogdomellao.com.br - O Estado de S.Paulo
Margaret Thatcher, estadista inglesa, ensinava que na política, antes de
tudo, é preciso assumir um lado. E persistir nele.
Durante toda a sua vida pública ela agiu de acordo com tal postulado.
Defendia a livre-iniciativa, a concorrência entre as empresas e a
consequente redução do papel do Estado na economia e na sociedade.
Manteve esse discurso mesmo quando os seus adversários trabalhistas
pareciam invencíveis. Mas um dia chegou a sua vez: seu Partido
Conservador venceu as eleições e ela chegou ao posto de
primeiro-ministro. Governou por quase uma década e em momento algum
abandonou as suas convicções.
Muito tempo antes, Winston Churchill, outro membro do Partido
Conservador, foi ridicularizado por mais de uma década pelo fato de
entender que o nazismo alemão representava uma séria ameaça às nações
democráticas. Em 1941, com Londres em chamas, enfim o convocaram para
dirigir a Inglaterra.
O mesmo ocorreu nos EUA, com Ronald Reagan. Durante mais de 20 anos ele
martelou o público americano com as mesmas teses: menor ingerência
estatal na economia e maior poder de escolha para os indivíduos. A sua
intransigente defesa desses princípios o fez ser menosprezado pela
imprensa dita "esclarecida" e lhe custou até a indicação de seu Partido
Republicano para concorrer à presidência do país - e isso lhe aconteceu
em duas ocasiões.
Mas um dia ele chegou lá. Conseguiu ser escolhido candidato dos
republicanos e empolgou a nação com as suas ideias. Foi eleito e
reeleito presidente dos EUA.
Quando Margaret Thatcher afirmou a importância de se assumir um lado,
referia-se tanto à esfera pública quanto à pessoal.
Eu me lembro de ter lido em algum lugar o argumento de que a ética
existe até mesmo na guerra. O capitão do submarino alemão e o comandante
do navio inglês eram, obviamente, inimigos. Mas algo eles tinham em
comum: ambos se dispunham a morrer por sua pátria e cada um esperava do
outro que morresse pela pátria dele, também. Mas o que aconteceria se
algum deles tentasse propor um acordo? Talvez até o conseguisse, mas
estaria, assim, traindo não só o seu povo como também a sua própria
honra.
Alguns podem afirmar que em política é "diferente". Não, não é. Os
cidadãos que se dispõem a dar o seu voto a alguém precisam saber que
ideias são defendidas por seu candidato. E também ter a segurança de
saber que, uma vez eleito, ele se conduzirá de acordo com elas. E é do
próprio senso comum que os homens públicos se comportem assim.
Há no Brasil, ao menos, duas vertentes de pensamento que não entendem o
jogo político dessa maneira. Na falta de nomes melhores, vou intitular
uma delas como "revolucionária" e a outra como "pragmática".
A primeira reúne todas as correntes que, no palco público, se
identificam com os ensinamentos de Karl Marx. A segunda é aquela que tem
em Maquiavel o seu principal mentor.
Uma entende que moral e ética são conceitos criados pelas "classes
dominantes" e não se pauta por eles. Matar, roubar, trair, qualquer
conduta é válida desde que seja necessária para se chegar à "revolução"
- na qual os "explorados" prevalecerão sobre os "exploradores".
A outra também renega a moral e a ética porque entende que, na esfera
pública, só logram ter êxito aqueles que praticam a política "exatamente
como ela é".
Estes últimos são os imorais. Já os primeiros preferem dizer-se
"amorais".
Qual é a diferença?
Uns reconhecem as regras morais, mas não se incomodam em transgredi-las.
Os outros alegam não existir moral alguma. Ambas as tendências, às
vezes, se confundem. E isso decorre do fato de que, para as duas, vale o
preceito de que os fins justificam os meios.
Não existem escrúpulos em nenhuma delas. Ambas menosprezam a capacidade
de discernimento dos indivíduos. Ambas entendem que cabe a uma minoria
esclarecida o papel de dirigir as massas. Para as duas, apenas alguns
poucos sabem distinguir o bem do mal.
Uns acreditam que é possível mudar tudo. Outros acham que não é possível
mudar nada.
Felizmente, além desses "revolucionários" e "pragmáticos", existem uns
tantos outros para quem a moral e a ética são valores que contam. E é
com eles que procuram pautar a sua conduta. O conceito de honra, para
esses poucos, é um princípio de vida. Como o são, também, a honestidade,
o decoro e a dignidade.
Todos esses atributos são pessoais. Dependem da índole de cada um e não
podem flutuar ao sabor das circunstâncias. Somente assim se pode andar
na rua com a cabeça erguida.
Uma velha raposa da política brasileira resumia esse conceito de uma
forma magistral. Dizia ele que "quem se mexe muito não sai na foto".
Tudo bem, o liberalismo saiu de moda. Ainda mais depois da crise
econômica norte-americana de 2008. Nós, liberais, tivemos de revisar
muitas de nossas crenças. A principal, entre elas, é a de que os
mercados, deixados por si próprios, acabam sempre se ajustando. Mas foi
necessária a intervenção do Estado para garantir a liquidez da economia.
Para muitos liberais, esse baque foi equivalente ao sofrido pelos
comunistas com a queda do Muro de Berlim.
Muito do que pregávamos, de repente, caiu por terra. Mas na nossa vida -
como nas nossas convicções - não ocorre a ninguém trocar de valores tão
somente porque outros aparentam ser mais convenientes.
Eu, por mim, pretendo continuar a dizer as mesmas coisas. Não vou trocar
de ideia nem pretendo mudar de assunto: defendo uma sociedade aberta,
com respeito aos direitos de cada um e a confiança no juízo de todos.
Chegará, um dia, a nossa vez. Até mesmo um relógio parado está certo
duas vezes ao dia...
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