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03/12/12
• UIT/Dubai (5) - Começa "Dubai" + "Pela liberdade na Internet" - por Vint
Cerf
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Aqui estão, sem transcrição nesta página, duas matérias de hoje. Vale conferir
para iniciar o acompanhamento:
Leia na Fonte: Teletime
[03/12/12]
Delegações em Dubai têm presença forte de operadoras e empresas de Internet
- por Bruno do Amaral
Leia na Fonte: Teletime
[03/12/12]
Começam as discussões sobre o futuro das TICs em Dubai - por Letícia
Cordeiro
02.
Vinton "Vint" Cerf dispensa apresentações mas não custa repetir (Wikipedia):
(...) Vint Cerf é referenciado como um dos fundadores da Internet, é desde 2005
vice-presidente e "Chief Internet-Evangelist" do Google. Na época de sua
contratação, o executivo-chefe da empresa, Eric Schmidt, chegou a dizer que
Vinton Cerf era uma das pessoas mais importantes da história ainda vivas.
Junto a Robert Kahn, é um dos criadores da Internet, tendo participado da
criação dos protocolos TCP/IP, que são o alicerce da conexão à rede. Foi Kahn
quem desenvolveu o TCP e Vinton Cerf iniciou o desenvolvimento do IP para
transmissão de informações pela Internet. (...)
Transcrevo abaixo este artigo:
Leia na Fonte: Público (Portugal) - Ref: Blog do Noblat
[01/12/12]
Pela liberdade na Internet - por Vint Cerf
Boas Festas e um ótimo 2013!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Público (Portugal) - Ref: Blog do Noblat
[01/12/12]
Pela liberdade na Internet - por Vint Cerf
Vinton Cerf é chief Internet evangelist do Google. É reconhecido como um dos
“pais da Internet”, partilhando este título com o cientista de computação
norte-americano Bob Kahn.
Vint Cerf, um dos criadores da tecnologia que permitiu a Internet, argumenta que
não podem ser só os Governos a determinar o futuro da Internet.
A Internet dá a cada um de nós o poder de falar, criar, aprender e partilhar.
Hoje, mais de dois mil milhões de pessoas estão online – cerca de um terço do
planeta. A Internet tornou-se num dos motores da economia do século XXI
permitindo a todos nós, através de um clique no rato, chegar a uma audiência
global e criar centenas de milhares de negócios e milhões de empregos.
De acordo com um novo estudo da OCDE, a Internet é já responsável por 13% da
produção de negócios nos Estados Unidos com impacto em toda a indústria, das
comunicações aos automóveis, dos restaurantes ao retalho. Nunca, desde que
Gutenberg inventou a imprensa escrita ou Alexander Graham Bell inventou o
telefone, uma invenção humana deu tanto poder a tantos e ofereceu tantas
possibilidades em benefício da Humanidade.
Hoje, esta Internet livre e aberta está ameaçada. Cerca de 42 países, de entre
os 72 estudados pela Open Net Initiative, filtram e censuram conteúdos. E isto
não leva em linha de conta infractores em série como a Coreia do Norte ou Cuba.
Nos últimos dois anos, a Freedom House alega que os Governos aprovaram 19 novas
leis que ameaçam a liberdade de expressão online. Alguns destes Governos estão a
tentar usar uma reunião à porta fechada da União Internacional das
Telecomunicações que se inicia dia 3 de Dezembro, no Dubai, para reforçarem as
suas agendas repressivas. Habituados a controlar os media, estes Governos
receiam perdê-lo numa Internet aberta. Estão preocupados com a propagação de
ideias indesejadas. Estão irritados com o facto de as pessoas poderem utilizar a
Internet para criticarem os Governos.
A ITU irá reunir reguladores de todo o mundo para a renegociação de tratados
antigos que estavam focados nas telecomunicações, não na Internet. Algumas das
propostas, descobertas e divulgadas no website WICITLeaks, provenientes de
Estados participantes, poderão permitir aos Governos justificarem a censura da
expressão legítima – ou até justificarem o corte no acesso à Internet através de
referências às alterações aos Regulamentos Internacionais de Telecomunicações
(ITR). Vários regimes autoritários alegadamente propõem banir o anonimato na
Internet, tornando mais fácil encontrar e prender dissidentes. Outros propuseram
transferir responsabilidade do sector privado que gere os nomes dos domínios e
endereços de Internet para as Nações Unidas. Outras propostas poderão exigir a
qualquer fornecedor de conteúdos de Internet, pequeno ou grande, o pagamento de
uma espécie de portagem para chegar às pessoas através das fronteiras. O
resultado? O próximo fenómeno nascido numa garagem teria de enfrentar um íngreme
e provavelmente inultrapassável obstáculo financeiro nos seus esforços para se
tornar no novo YouTube, Facebook ou Skype.
Vamos ser claros – nós não defendemos um fim da ITU. Esta agência das Nações
Unidas ajudou o mundo a gerir o espectro de rádio e as redes de telefone com e
sem fios trazendo o necessário investimento para o mundo em desenvolvimento.
Mas esta agência intergovernamental é o local errado para tomar decisões sobre o
futuro da Internet. Apenas os Governos têm voto na ITU. Tal inclui Governo que
não apoiam a Internet livre e aberta. Engenheiros, empresas e as pessoas que
construíram e utilizam a Internet não têm voto. O modelo multi-interveniente de
desenvolvimento da política da Internet, adoptado pela Internet Engineering Task
Force, pela Internet Corporation for Assigned Names and Numbers, pelo Internet
Governance Forum, pelo Regional Internet Registries, entre muitos outros, é o
único caminho a seguir. Transparência e abertura são cruciais para uma
participação informada na elaboração das políticas decisões. As propostas de
alterações dos ITR não estão geralmente disponíveis ao público nem a outros
intervenientes. O tratado da conferência e as propostas no Dubai são formalmente
confidenciais. Consideramos que isto é uma deficiência grave e inibidora do
desenvolvimento de uma política ponderada.
No Google, vemos e sentimos os perigos da repressão dos Governos na Internet.
Trabalhamos em 150 países de todo o mundo. Os nossos serviços – incluindo a
pesquisa, o YouTube, o Blogger, o Gmail, os Mapas – foram em algum momento
bloqueados, temporária ou permanentemente, em mais de 30 países.
Não estamos sozinhos neste caminho. Utilizadores, especialistas e organizações
de todo o mundo expressaram a sua oposição aos Governos que justificam a
regulação da Internet através dos Regulamentos Internacionais de
Telecomunicações da ITU. Estes incluem países não só do Ocidente mas também os
líderes da Internet em África, como o Quénia, ou do Norte de África, como é o
caso da Tunísia. Ao todo, mais de 1000 organizações de mais de 160 países
expressaram receios em torno da reunião à porta fechada no Dubai. Os amantes da
Internet em todo o mundo poderão aprofundar um pouco mais este tema no nosso
site – e, caso pretendam, podem apoiar esta causa.
Enquanto alguns Governos defendem que a Internet precisa de novos regras globais
para acelerar no mundo em desenvolvimento, nós acreditamos que a presente
abordagem orientada para o mercado é a que está melhor posicionada para manter o
crescimento exponencial da Internet. Os serviços de banda larga estão a ser
disponibilizados. As interrupções dos serviços são raras. Dentro de poucos anos,
prevê-se que a Internet sirva quatro mil milhões de utilizadores – mais de
metade da Humanidade! As práticas de baixo para cima, bilaterais e
multi-interveniente que criaram a rede das redes – a que chamamos Internet –
permitem uma alargada diversidade de modelos de negócio. As normas técnicas
desenvolvidas pela Internet Engineering Task Force e pelo World Wide Web
Consortium criaram a interoperacionalidade. Um sistema de regulação controlado
pelo Estado não é apenas desnecessário. Irá quase invariavelmente aumentar os
custos e os preços e interferir com o crescimento rápido e orgânico da Internet
a que temos assistido desde que esta emergiu comercialmente, nos anos 1990.
O futuro da Internet está longe de estar assegurado e a História deixa-nos de
sobreaviso. Poucas décadas após a invenção de Gutenberg, príncipes e padres
quiseram restringir o direito a impressão de livros. A História está repleta de
exemplos de Governos a tomarem medidas para “proteger” os seus cidadãos através
do controlo do acesso à informação e da inibição da liberdade de expressão e de
outras liberdades consagradas na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Temos de assegurar, colectivamente, que a Internet não tem um destino
semelhante.