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04/12/12
• Rádio Digital - O retorno (27) - Artigo técnico de Takashi Tome: "O
sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale)
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Repito: estou convidando a mídia especializada para "se convidar" para dois
eventos sobre a implantação do Rádio Digital no Brasil: :-)
- Dia 5 Dez: Audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação
e Informática da Câmara dos Deputados e
- Dia 7 dez: Reunião do Conselho Consultivo de Rádio Digital, que contém na
agenda um debate com representantes dos sistemas DRM e IBOC (HD Radio).
02.
Sou contra a implantação de qualquer um dos padrões de Rádio Digital, no
momento. Creio que as tecnologias disponíveis não estão maduras e que o governo
atual não tem a menor condição técnica para tomada de qualquer decisão e,
principalmente, para planejamento e implementação.
Esta pressão para tomada de decisão deve-se exclusivamente ao poderoso lobby das
industrias interessadas e aos intermediários de sempre.
Mas considero a ampliação do debate extremamente saudável e a nossa mídia não
tem acompanhado o tema com a devida atenção.
Se não houver divulgação e participação da sociedade, as decisões serão tomadas
nos gabinetes e nós, que lemos jornais, sabemos que tais "recintos fechados" são
um enorme balcão de negócios.
O mínimo que podemos fazer é acompanhar e divulgar todo este processo.
Tenho dito! :-)
03.
Transcrevo abaixo este artigo:
Leia na Fonte:
Informativo Sete Pontos
[Mai 2007]
O sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale) - por
Takashi Tome
04.
No "post" anterior transcrevi:
Leia na Fonte: Sete Pontos
[27/09/05]
IBOC –
Sistema de Rádio Digital nos Estados Unidos - por Takashi Tome
Boas Festas e um ótimo 2013!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Informativo Sete Pontos
[Mai 2007]
O sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale) - por
Takashi Tome (1)
O sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale)
Parte 1 - Camada física
1. Introdução: Um breve histórico
Paris, setembro de 1996. Um grupo de emissoras se reúne para
discutir, entre outras coisas, as perspectivas de seu futuro. Estão presentes as
rádios Voice of America (VOA), a Deutsche Welle, a Radio France Internationale e
a Téle Diffusion de France (TDF), além da fabricante Thomcast. Essas emissoras
têm um ponto em comum: são emissoras "internacionais", ou seja, transmitem a sua
programação, em ondas curtas, com alcance mundial.
Essas emissoras surgiram entre as duas guerras mundiais (1919-1945) e tiveram,
durante muito tempo, um importante papel de levar suas culturas (e suas
ideologias) aos quatro cantos do mundo. No Brasil, durante o auge da repressão à
imprensa na década de 70 (e portanto antes do surgimento da Internet), essas
emissoras eram uma das poucas alternativas para os nossos ouvintes terem uma
versão não censurada das notícias. Do ponto de vista técnico, isso era possível
porque as ondas curtas (OC - faixa de freqüências de 300 kHz a 3 MHz) possuem um
alcance muito grande, embora um tanto quanto instável pelos padrões atuais de
comunicação.
Uma outra faixa de freqüências bastante utilizada é as ondas médias (OM, que
abrange a faixa de 30 a 300 kHz, embora seja utilizada para a radiodifusão
apenas na faixa de 540 a 1600 kHz), possuindo um alcance bem menor - geralmente,
de algumas dezenas de quilômetros no caso de ondas de propagação direta, e de
algumas centenas no caso de ondas troposféricas, que se refletem na atmosfera.
Uma preocupação que as une é que elas empregam uma técnica de transmissão que
remonta ao início do século XX. E se questionam se as novas técnicas digitais
não poderiam tornar suas transmissões mais eficientes, agregando novas
funcionalidades, para fazer face ao avanço da Internet e de outras mídias que
estão ameaçando a "velha rádio OM/OC" cair no desuso.
Um novo encontro é marcado para dali a dois meses. Esse último acaba contando
com um maior número de participantes, e são definidos alguns rumos essenciais: o
grupo investiria na criação de um sistema de rádio digital para as faixas de
ondas médias e curtas, e o nome adotado foi o DRM - Digital Radio Mondiale.
A partir daí, começam a ocorrer uma série de reuniões técnicas: Las Vegas
(Estados Unidos, 1997), Berlim (Alemanha, 1997), Guangzhou (China, 1998),
Amsterdam (Holanda, 1998). Em 2001, é publicada a primeira especificação do
sistema (2). Essa especificação foi ratificada pela
UIT no ano seguinte (2002) (3). Em 2003, a Deutsche
Welle, a Radio Netherlands, a Radio France Internationale e a Radio Sweden
iniciam suas transmissões experimentais.
2. A versão inicial do sistema: in
band simulcasting
Na versão inicial do sistema DRM, especificada na norma ETSI TS 101 980
(ETSI 2001:147), o sinal digital é transmitido em uma das bandas laterais do
sinal analógico, seja a banda inferior, seja a superior, conforme indicado na
figura 1 (4).
Fig. 1. Simulcasting do sistema DRM (proposta inicial, cf. ETSI 101 980, 2001).
Conforme indicado na figura 1, existem diversas combinações possíveis. O
sinal analógico (indicado como um triângulo verde) pode ser do tipo DSB (double
side band), ocupando 9 ou 10 kHz, que é o caso típico das emissoras de ondas
médias e da maioria das de ondas curtas; ou pode ser um sinal do tipo SSB (single
side band), ocupando 4,5 ou 5 kHz. O sinal digital, que pode ser alocado tanto
acima quanto abaixo do sinal analógico, pode ocupar meio canal (4,5 - 5 kHz), um
canal inteiro (9 ou 10 kHz) ou dois canais (18 ou 20 kHz)
(5)
A parte digital é modulada em COFDM, com as mini-portadoras podendo ser
moduladas em 4, 16 ou 64-QAM. Com isso, obtém-se uma capacidade de transporte de
16 a 40 kbit/s. No site do fórum DRM ( www.drm.org ),
existem alguns trechos de áudio gravados, que mostram a qualidade do sinal
digital recebido. Veja em:http://www.drm.org/videos/
3. A segunda versão: Single
Channel Simulcasting (SCS)
A versão inicial do DRM aplica-se sem maiores problemas para o caso das
emissoras de ondas curtas. Entretanto, no caso das ondas médias, é comum haver
um congestionamento do espectro, de modo que os canais adjacentes em geral não
estão livres. Ou melhor, eles servem de banda de guarda entre emissoras
analógicas adjacentes. Assim, ao se colocar um sinal digital nesses canais,
corre-se o sério risco de promover interferências em outras emissoras geográfica
e espectralmente próximas.
A solução encontrada foi batizada de Single Channel Simulcasting (SCS), em
contraposição ao Multichannel Simulcasting (MCS) do modelo anterior, em que o
simulcasting era realizado ocupando-se vários canais. No Single Channel
Simulcasting, toda a parte digital do sinal é transmitido estritamente dentro da
faixa de 10 kHz da própria emissora, de modo a não provocar interferências em
eventuais estações adjacentes. Uma grande vantagem dessa solução, além do fato
da introdução do serviço digital não degradar o serviço analógico (não
perturbando as emissoras vizinhas), é que ela possibilita uma maior ocupação do
espectro, dobrando o número de emissoras possíveis na modalidade digital
(6)
Fig. 2. Ocupação dos canais com o Single Channel Simulcasting
Conforme indicado na figura 2, o sinal digital é transmitido dentro do
próprio canal (10 kHz) da emissora analógica, com uma potência mais baixa. E os
canais de guarda do sistema analógico poderiam vir a ser ocupados com sinais
puramente digitais, de novas emissoras.
Entretanto, embora seja conceitualmente simples, do ponto de vista tecnológico,
não é fácil obter esse resultado. Qualquer sinal digital que seja colocado
dentro da mesma faixa do espectro ocupado pelo sinal analógico, tende a degradar
o mesmo, devido às interferências provocadas. A solução encontrada foi bastante
engenhosa, conforme veremos a seguir. Mas para que você possa compreender isso,
talvez seja melhor fazermos uma breve recapitulação de como funciona um sistema
AM.
3.1. Sistema AM
As rádios em ondas médias (OM) e curtas (OC) em geral empregam a modulação
em amplitude (AM - amplitude modulation). Na modulação AM, um sinal de
rádio-freqüência (RF, denominado "portadora") tem a sua amplitude variada,
conforme a amplitude do sinal de áudio. A figura 3 procura mostrar como seria
isso. Na parte esquerda da figura tem-se o sinal de RF puro, sem modulação.
Nesse caso, a amplitude do sinal é constante ao longo do tempo, ou seja, as
"subidas e descidas" do sinal de rádio (a linha azul) têm todas elas a mesma
intensidade.
Quando esse sinal de RF é "modulado", a amplitude dele passa a variar em função
das "subidas e descidas" do sinal de áudio (que são muito mais lentas). Assim,
as "subidas e descidas" do sinal de RF (denotado em azul, na figura 3) passam a
ser mais intensas ou menos intensas - como numa montanha russa - conforme o
sinal de áudio (denotado pela linha pontilhada em vermelho) estiver naquele
instante. Esse sinal de RF é então amplificado e irradiado - ou seja, "jogado no
ar" - pela emissora.
Na outra ponta da cidade, o teu receptor estará tentando captar esses sinais. O
receptor não enxerga a "linha vermelha" (o sinal de áudio), porém enxerga as
variações de intensidade do sinal de RF (as linhas azuis), e a partir dessa
informação consegue recuperar o sinal original de áudio que se queria
transmitir. A linha vermelha da figura 3 é tecnicamente conhecida como
"envoltória" ou "envelope" do sinal modulado em amplitude (AM).
Fig. 3. Sinal AM visto no tempo
Quando o sinal AM é visto no espectro de freqüências,
verifica-se um fenômeno curioso, conforme indicado na figura 4. Inicialmente, o
sinal de RF, ou seja, a "portadora", aparece como um traço no espectro. No
exemplo 4.a, a portadora é de 700 kHz, e tem-se um traço no espectro de
freqüências, nessa posição. Agora, se esse mesmo sinal for modulado por um sinal
de áudio, começam a surgir raias em volta dele. Digamos que a nossa portadora
foi modulada com uma nota "lá" (que é um tom de 435 Hz). Na figura 3, que mostra
o sinal ao longo do tempo, você "veria" a linha azul subindo e descendo 700 mil
vezes no intervalo de um segundo (700 kHz), enquanto que a linha vermelha (que
representaria a nossa nota "lá") subiria e desceria 435 vezes nesse mesmo
intervalo (435 Hz).
No espectro de freqüências, indicado na figura 4.a, esse fenômeno corresponde a
uma raia da portadora (denotada em azul) na posição de 700 kHz, e uma segunda
raia (denotada em vermelho) em 770,435 kHz ( = 770.000 + 435 Hz). Mas além
disso, aparece uma "raia fantasma", na posição 699.565 kHz ( = 700.000 - 435
Hz). Esse "espelhamento" do sinal é um pouco complexo para eu explicar em poucas
palavras, por isso por ora peço apenas que acredite e aceite essa informação.
Fig. 4. Sinal AM visto no espectro de freqüências.
(a) Sinal de RF modulado com um tom monofônico (nota "dó");
(b) sinal de RF modulado com um sinal de áudio complexo com 5 kHz de banda
passante.
Na figura 4.b, está ilustrada uma situação um pouco mais complexa - e real. O
espectro de áudio - vozes, música - na verdade é uma complexa composição de tons
de várias freqüências. Assim, o mais provável é que, se a gente prestar atenção
nele por alguns instantes, ouviremos uma gama muito grande de freqüências de
áudio - ou seja, algo variando entre 20 Hz e 5 kHz (7)
É como se você ficasse numa rua movimentada, por alguns instantes, olhando a
altura das pessoas que passam: Embora exista um certo limite, você verá pessoas
altas e baixas, aleatoriamente. Mas o mais notável, na figura 4.b, é que o
"espectro de áudio" (20 Hz a 5 kHz) aparece, de forma refletida, também na parte
do espectro abaixo da portadora (denotado na figura 4.b em lilás), exatamente da
mesma forma que ocorreu no caso da nota "lá" da figura 4.a. Esse sinal AM é
conhecido também como AM-DSB (Double Side Band), porque o sinal modulante ocupa
as duas bandas laterais da portadora.
Fig. 5. Obtenção do sinal SSB
Na figura 5, tem-se uma versão um pouco mais sofisticada. Como as duas bandas
laterais do sinal DSB transportam a mesma informação, teoricamente, uma delas
poderia ser suprimida. Isso é feito na técnica denominada AM-SSB (Single Side
Band). A figura 5 mostra como o sinal SSB pode ser obtido. Inicialmente, um
sinal senoidal puro na faixa de rádio-freqüência (por exemplo, de 700 kHz) passa
por um circuito modulador de amplitude (AM). Esse circuito vai variar a
amplitude do sinal de RF de forma proporcional ao sinal de áudio que estiver
recebendo em sua entrada. A saída do modulador AM é um sinal do tipo DSB,
conforme comentamos nas figuras 3 e 4. Esse sinal DSB passa então por um filtro
que vai deixar passar apenas uma parte das freqüências (filtro passa-faixa).
Esse filtro vai deixar passar a portadora e a banda lateral superior, mas vai
bloquear a banda lateral inferior. E assim se obtém um sinal SSB, que no caso
ocupa apenas a banda lateral superior da portadora.
Apesar do sinal SSB ser mais econômico em termos de banda (espectro) que o
AM-DSB, ele tem um problema: o circuito receptor de um sinal AM-DSB é
relativamente simples, enquanto o receptor de um sinal SSB é relativamente
complexo (e portanto caro). Por tal motivo, o AM-DSB, a despeito de sua menor
eficiência espectral, tem sido a solução empregada em larga escala nos sistemas
convencionais de rádio AM.
Feita essa explicação preliminar, acredito que estejamos em condições de
compreender o funcionamento do DRM SCS.
3.2. DRM SCS
A solução encontrada pelos engenheiros para a transmissão do sinal digital
ocupando apenas o canal atual está delineada na figura 6.
Fig. 6. Princípio básico do sinal DRM SCS
Ao se colocar o sinal digital na mesma janela de freqüências
do sinal analógico, tem-se um resultado como o delineado na figura 6.a, onde a
parte analógica está representada pelo triângulo verde e a parte digital,
geralmente de menor potência, representada pelo trapézio vermelho. Ocorre que o
receptor AM, ao receber e demodular esse tipo de sinal, não saberá distinguir o
que é informação analógica e o que é digital: para ele é tudo a mesma coisa,
pois ele só "enxerga" a variação de potência da emissora distante localizada
alhures. O sinal digital, então, passa a ser ouvido como um barulho de fundo
(chiado de "chuva", conhecido como ruído branco).
A técnica concebida pelos engenheiros do DRM consiste em transmitir, não as duas
bandas laterais do sinal modulante digital, mas apenas uma delas - ou seja, o
sinal digital é transmitido em modo SSB, conforme indicado na figura 6.b. E na
banda lateral inferior, é transmitido um sinal de erro, cuja finalidade é a de
compensar o ruído introduzido pelo sinal digital SSB. Esse sinal é calculado
matematicamente a partir do próprio sinal digital. Um receptor convencional AM (DSB),
ao receber essa mistura de sinais, automaticamente soma todas elas ao realizar a
detecção do envelope. Como o sinal de compensação é calculado para anular o
sinal digital numa operação de soma, o receptor convencional (AM-DSB) passa a
enxergar somente a porção analógica (triângulo verde) desse conjunto. Já o
receptor DRM é projetado para identificar o sinal digital SSB e ignorar o sinal
de compensação.
A informação digital é transmitida modulando-se (ou seja, variando-se) a fase da
onda portadora, conforme indicado na figura 7. Na parte esquerda da figura 7
está representada uma onda senoidal modulada apenas em fase, com a amplitude
constante; e na parte direita, a composição dos dois efeitos, modulando-se tanto
a fase quanto a amplitude. Comparando-se essa figura com a figura 3, observa-se
que quando há uma modulação da fase, ocorrem "mudanças abruptas" no sobe e desce
da onda senoidal, que acabam resultando em pequenos sons de "click" sobrepostos
ao áudio. Esses sons são em geral imperceptíveis, porque a amplitude deles é
pequeno, quando comparado ao áudio (envelope vermelho) (8)
Fig. 7. Modulação digital da portadora em fase (PSK)
Finalmente, na figura 8, tem-se a solução encontrada pelos engenheiros do DRM
para o simulcasting intra-canal (SCS). O sinal analógico é modulado em amplitude
(AM), obtendo-se o clássico sinal DSB, indicado no ponto "a". O sinal digital é
modulado em fase, obtendo-se inicialmente um sinal QPSK, que ocupa as duas
bandas laterais da portadora, conforme indicado no ponto "c". Tanto o sinal
analógico quanto o digital passam por filtros SSB, de modo a se ter, no ponto
"d", a banda lateral superior do sinal QPSK e no ponto "b", a banda lateral
inferior do sinal AM-DSB.
Essas duas metades são somadas, de modo que no ponto "e" tem-se um sinal
modulado contendo uma composição dos dois sinais originais, ou seja, o áudio
analógico corrompido pelo digital. Procede-se então à detecção de envelope desse
sinal, e o sinal resultante ("f") é subtraído do sinal AM original, obtendo-se
dessa forma o sinal-erro. Com uma última filtragem SSB, aproveita-se apenas a
metade inferior do sinal-erro ("g"). A soma das componentes "a" (sinal AM-DSB do
analógico), "d" (metade superior do sinal QPSK) e "g" (metade inferior do
sinal-erro) resulta no sinal composto "h", que é o sinal DRM-SCS, pronto para
ser transmitido.
Fig. 8. Esquema para a geração do sinal DRM-SCS
4. Pensando no Futuro: o DRMplus
Em paralelo ao desenvolvimento de uma solução intra-canal para as ondas
médias, surgiu o interesse de que o DRM provesse também uma solução para as
rádios na faixa de FM. Essa solução, denominada DRMplus, foi especificada em
2005, e encontra-se em desenvolvimento. A proposta é a de se empregar a
modulação COFDM, com as mini-portadoras moduladas em 4, 16 ou 64-QAM (Bernhardt,
2005). O sinal digital deverá ocupar uma largura de 100 kHz (± 50 kHz em torno
da portadora analógica, conforme indicado na figura 9).
Fig. 9. Máscaras de emissão para o DRMplus
A capacidade de transporte do DRMplus depende dos parâmetros de modulação empregada (constelação QAM, FEC). A tabela a seguir indica os valores esperados de taxas brutas (sem o FEC):
Modulação | 4-QAM | 16-QAM | 64-QAM |
---|---|---|---|
Taxa bruta (kbit/s) |
187 |
352 |
475 |
Tabela 1. Capacidade de transporte do DRMplus
O relatório de Schad e Steil (2007) traz os primeiros resultados de transmissão com uma implementação do DRM plus. Não está claro ainda como será feito o simulcasting, porém o espectro obtido está coerente com a máscara de emissão especificada.
5. Conclusão
O sistema DRM tem obtido um grande desenvolvimento com a forte atuação de
técnicos alemães. Isso é verdade tanto para a camada física de modulação (DRM-SCS,
DRMplus) quanto para a codificação de áudio (AAC-SBR). Da mesma forma que o
sistema norte-americano IBOC, ele foi concebido para funcionar na mesma banda de
freqüências do rádio analógico (in-band). Porém, ele logra um ganho adicional na
questão "on-channel", pois no caso do SCS, o sinal digital fica estritamente
confinado ao canal atual do radiodifusor (10 kHz). No caso do FM, embora o
mecanismo de simulcasting ainda não esteja definido, o fato do sinal digital
estar confinado em ± 50 kHz (ao contrário dos ± 200 kHz do sistema
norte-americano), traz uma perspectiva bastante animadora.
Num próximo artigo, veremos a camada lógica do DRM, ou seja, como as informações
são organizadas e o que é possível fazer com esse sistema, além da sua função
básica de transmissão de sons.
Referências
ETSI standard TS 101 980 - Digital Radio Mondiale (DRM) System Specification -
v.1.1.1. Set. 2001.
Bernhardt, F. "Untersuchung zur Implementierung eines
digitalen Übertragungssystem auf OFDM-Basis im UKW-Frequenzbereich". Wolfsteinf,
nov/2005. Disponível em http://www.fh-kl.de/~drm/
Schad, F. e Steil, A. ""Unterzuchung zur Generierung und
Mischung von DRM+ Signalen zur UKW-Senderansteuerung". Kaiserlautern, jan/2007.
Disponível em: http://www.fh-kl.de/~drm/
Notas
(1)
Takashi Tome é pesquisador em telecomunicações e trabalha na Fundação CPqD. É
membro do SinTPq e FITTEL. Eventuais erros e omissões, bem como qualquer
posicionamento expresso neste artigo refletem apenas a posição pessoal do autor.
O autor gostaria de agradecer aos colegas Renato Maroja (CPqD) e Fernando Castro
(PUC/RS), pelas valiosas discussões sobre espectro e modulação digital.
(2)
ETSI standard TS 101 980 - Digital Radio Mondiale (DRM) System Specification -
v.1.1.1 (2001-09)
(3)
ITU-R recommendation BS-1514.
(4)
Esse procedimento é diferente do IBOC da iBiquity, que aloca o sinal digital em
ambas as bandas laterais.
(5)
A titulo de comparação, o IBOC-AM da iBiquity ocupa 30 kHz adicionais: o canal
inferior inteiro (10 kHz) e o canal superior inteiro (10 kHz), além da presença
do sinal digital dentro do próprio canal analógico (mais 10 kHz).
(6)
No caso do IBOC, esse ganho não ocorre porque o sinal digital passa a ocupar 30
kHz, eliminando a possibilidade de espaço para novas emissoras.
(7)
A sensibilidade do ouvido humano vai, em média, de 20 Hz a 20 kHz. Entretanto, o
sistema AM convencional foi projetado para "transportar" somente a faixa até 5
kHz, o que acaba cortando fora as freqüências mais altas, ou seja, os sons mais
agudos.
(8)
Rigorosamente falando, esse ruído, no receptor, acaba sendo percebido não por
causa da mudança de fase em si, mas porque o receptor integra o sinal ao
detectar o envelope, e a mudança da fase acaba elevando ou reduzindo a integral
e portanto desviando o envelope de sua trajetória original. Conclui-se que esse
ruído é mais perceptível em receptores com tempo de integração mais curto, ou
seja, em receptores com maior sensibilidade aos sons agudos.