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08/12/12
• Rádio Digital - O retorno (31) - A 3ª reunião do Conselho Consultivo de
Rádio Digital + "Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio
brasileiras"
01.
Como a mídia ainda não repercutiu, lá vai uma "pauta" colhida no portal do
Minicom (essa doença pega...): :-)
Leia na Fonte: Minicom
[07/12/12]
Rádio Digital: Ministério recebe representantes dos padrões HD Radio e DRM para
debate
Recorte:
(...) De acordo com o diretor de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas do
ministério, Octavio Pieranti, o debate foi importante para dar mais subsídios ao
Conselho Consultivo, criado para auxiliar na implantação do sistema de rádio
digital no Brasil. O grupo tem formação plural, com representantes do Governo
Federal, do Poder Legislativo, do setor de radiodifusão e da indústria. “Os
padrões se apresentaram e conseguimos fazer um debate franco com todos os
segmentos”, afirma Pieranti.(...)
02.
As informações são superficiais e genéricas. Será que vamos ter acesso ao
debate?
03.
O texto da notícia informa:
"A próxima reunião do conselho, marcada para o dia 13 de dezembro, terá a
participação de pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do
middleware Ginga no rádio digital. Na ocasião, também será apresentada uma
pesquisa sobre o perfil do radiodifusor no Brasil."
04.
Lembro que, em junho de 2012, registrei, num
"post" do
WirelessBRASIL, um relatório Relatório da UnB de dezembro de 2011:
Fonte: FNDC
[Dez 2011]
Rádio
Digital no Brasil - Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio
brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora
terrestre
"Recorte" como motivação para a leitura:
(...) Relatório apresenta os resultados da pesquisa “Mapeamento das condições
técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de
transmissão digital sonora terrestre” realizada pelo Laboratório de Pesquisa em
Políticas de Comunicação da UnB (LAPCOM) junto 750 emissoras, representando
96,45% das rádios instaladas no país.
O estudo demonstra que a maioria das emissoras está digitalizada na parte de
produção, seja pelo uso de computadores ou de equipamentos de gravação e
reprodução.
No entanto, 35% delas ainda funcionam com transmissor valvulado, especialmente
entre as comerciais AM e educativas. Essa defasagem tecnológica merece reflexão,
uma vez que a capacidade de investimento manifestada pela maioria das emissoras
(81%) para promoverem adaptações à tecnologia digital, não alcança sequer os
US$150 mil.(...)
Se não for este o texto a ser apresentado na reunião do dia 13, pelo menos já
temos dados para comparação.
05.
Continuo a pesquisa no Blog
da jornalista Cristina de Luca, para colher os "posts", a partir de 2010,
sobre o "middleware Ginga" que o DRM deseja usar para "abrasileirar" o padrão.
O material coletado até 2009 está aqui:
TV Digital - Interatividade - Ginga
Sobre o Ginga, "software intermediário" que será usado para proporcionar a
interatividade da TV Digital, registro (sem transcrição) estas notícias de
ontem:
Leia na Fonte: Convergência Digital
TV digital: Governo cria programa de estímulo ao Ginga
Incentivo ao Ginga começa com contrato de R$ 5 milhões com RNP
Boa leitura!
Boas Festas e um ótimo 2013!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Minicom
[07/12/12]
Rádio Digital: Ministério recebe representantes dos padrões HD Radio e DRM para
debate
Reunião do Conselho Consultivo foi voltada para as apresentações das tecnologias
Brasília, 07/12/12 – O Conselho Consultivo do Rádio Digital recebeu, nesta
sexta-feira, representantes dos dois padrões testados pelo Ministério das
Comunicações e Inmetro em quatro capitais brasileiras. O objetivo foi que tanto
o HD Radio (modelo norte-americano) quanto o DRM (modelo europeu) pudessem
apresentar mais informações sobre suas tecnologias.
De acordo com o diretor de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas do ministério,
Octavio Pieranti, o debate foi importante para dar mais subsídios ao Conselho
Consultivo, criado para auxiliar na implantação do sistema de rádio digital no
Brasil. O grupo tem formação plural, com representantes do Governo Federal, do
Poder Legislativo, do setor de radiodifusão e da indústria.
“Os padrões se apresentaram e conseguimos fazer um debate franco com todos os
segmentos”, afirma Pieranti. Ele ressalta que as reuniões do Conselho Consultivo
não se restringem aos membros do grupo e têm contado com ampla participação. “A
gente tem deixado a porta aberta para a entrada de qualquer interessado. Isso
possibilita que a sociedade brasileira debata o rádio digital e é isso o que
estamos estimulando”, diz.
A próxima reunião do conselho, marcada para o dia 13 de dezembro, terá a
participação de pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do
middleware Ginga no rádio digital. Na ocasião, também será apresentada uma
pesquisa sobre o perfil do radiodifusor no Brasil.
Os resultados dos testes realizados com o HD Radio e o DRM em São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte e Brasília estão disponíveis no site do Ministério das
Comunicações. Para acessá-los, clique
aqui.
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Fonte: FNDC
[Dez 2011]
Rádio
Digital no Brasil - Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio
brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora
terrestre
Relatório Executivo (formato pdf)
Pesquisadores
Nelia R. Del Bianco
Carlos Eduardo Esch
Brasília, dezembro de 2011
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Transcrição parcial
Resumo
Relatório apresenta os resultados da pesquisa “Mapeamento das condições técnicas
das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão
digital sonora terrestre” realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas de
Comunicação da UnB (LAPCOM) junto 750 emissoras, representando 96,45% das rádios
instaladas no país.
O estudo demonstra que a maioria das emissoras está digitalizada na parte de
produção, seja pelo uso de computadores ou de equipamentos de gravação e
reprodução.
No entanto, 35% delas ainda funcionam com transmissor valvulado, especialmente
entre as comerciais AM e educativas. Essa defasagem tecnológica merece reflexão,
uma vez que a capacidade de investimento manifestada pela maioria das emissoras
(81%) para promoverem adaptações à tecnologia digital, não alcança sequer os
US$150 mil.
Com relação ao nível de informação que os profissionais do setor possuem sobre a
digitalização das transmissões radiofônicas, a maior parte dos técnicos e
gerentes de emissoras acompanham as discussões sobre o tema pela imprensa.
Metade afirma ter somente conhecimentos básicos sobre as tecnologias que estão
sendo discutidas para a digitalização do rádio. Pouco menos de 8% dos técnicos
já participaram de algum treinamento e curso de especialização ou visitaram
emissoras que realizaram testes com sistemas digitais.
O processo de discussão sobre a mudança tecnológica é criticado pelos
radiodifusores. Pouco mais de um quinto das emissoras diz que o processo está
mais lento e centralizado do que deveria (21%), que não tem sido realizado com a
devida clareza e quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela
ausência de políticas claras por parte do governo (16%).
O estudo demonstra que os radiodifusores estão à espera de políticas públicas
para enfrentar a transição. As medidas aguardadas pelo setor são isenção fiscal
na compra de
equipamentos (57%), estabelecimento de uma política industrial coerente (9%) e a
abertura de linhas de crédito nos bancos oficiais para financiamento da
modernização tecnológica
das emissoras (8%).
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Sumário
O estudo
Perfil das emissoras
Digitalização do processo de produção
Acesso à Internet
Estrutura de transmissão
Conhecimento sobre o rádio digital
Expectativa em relação ao rádio digital
Políticas públicas para a transição tecnológica
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1. O ESTUDO
A pesquisa “Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras
e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre” (1) foi
realizada no período de 2009-2011.
A composição da amostra foi constituída a partir da elaboração de um banco de
dados com informações sobre 6.338 emissoras AM, FM, OC e OT de caráter
comercial, educativo, cultural, público e comunitário. Para tanto, foram tomados
como referência os registros do cadastro do Ministério das Comunicações, da
Anatel e do Anuário de Mídia do Grupo de Mídia de São Paulo (2).
Foram utilizados dados relacionados à identificação da rádio tais como a
freqüência, o tipo de concessão, o prefixo e a localização.
Para realizar a investigação foi criado um sistema informático que permitiu a
geração automática de senhas de acesso destinadas ao uso exclusivo de emissoras
que aceitaram responder ao questionário eletrônico disponibilizado no site
www.lapcom.unb.br.
A ação de pesquisa foi complementada pela distribuição de um questionário
impresso para as emissoras cadastradas juntamente com um envelope de porte pago.
Essa medida permitiu àquelas rádios que não dispunham de acesso à Internet
responderem o formulário e enviá-lo pelos correios sem custos.
Durante a investigação foram utilizadas mais duas estratégias para garantir
maior participação dos radiodifusores: o envio de e-mail marketing personalizado
e ações continuadas de telemarketing junto àquelas que não responderam
responderam ao questionário dentro do prazo inicial estipulado pelos
pesquisadores.
(1) A pesquisa foi financiada pela Fundação Ford.
(2) Foi necessário obter informações sobre as emissoras em outros bancos de
dados não oficiais, a considerar o elevado nível de desatualização dos dados de
cadastro das emissoras junto ao Ministério das Comunicações disponíveis no
Sistema de Controle de Radiodifusão em 2009 ano de constituição da amostra.
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Amostra
A amostra da pesquisa é constituída por 750 emissoras brasileiras:
Composição da Amostra
(figura)
Desse grupo, 56% são FMs (incluídas 14% de comunitárias) e 43% AMs. Nos dois
sistemas de transmissão, predominam as emissoras comerciais. A maioria está
instalada nas regiões Sul e Sudeste.
A quantidade de emissoras ouvidas na pesquisa comparada com o total de registros
de rádios legais contidos no banco de dados elaborados para esta investigação,
permite afirmar que os resultados parciais aqui apresentados correspondem,
estatisticamente, a 96,42% do perfil das rádios brasileiras.
Portanto, o erro amostral do estudo é de 3,58% do universo analisado.
Importância
A pesquisa oferece um diagnóstico inédito no país que reúne dados sobre:
- as características técnicas, de produção e de infraestrutura física das
emissoras;
- perfil dos profissionais;
- nível de conhecimento de técnicos e diretores sobre a transmissão digital;
- estratégias técnicas e econômicas de enfrentamento do processo de
digitalização.
O conjunto de informações oferece subsídios para a construção de políticas
públicas aplicadas ao processo de transição tecnológica do rádio analógico para
o digital.
Com os dados coletados e interpretados é possível estabelecer padrões de
classificação geral das emissoras em relação à sua adaptabilidade aos possíveis
sistemas digitais de transmissão.
2. PERFIL DAS EMISSORAS
Predominam no país as pequenas e medias emissoras com características e
programação locais, além de infraestrutura física e quadro de profissionais
limitados.
Programação
74% das rádios não integram rede por satélite. E dos 26% que estão em rede,
apenas 13% são cabeça de rede, a grande maioria é afiliada.
Emissoras em re de via satélite
(figura)
A programação predominante é uma combinação, até certo ponto equilibrada, entre
jornalismo, música, prestação de serviço e programas de variedades com
comunicadores populares. Menos de 4% delas declararam ter programas comunitários
em sua grade de programação, sendo que das que possuem, a grande maioria se
concentra em rádios comunitárias.
(figura)
Estrutura física
Em geral, os setores das rádios pesquisadas são pequenos e estão instalados em
espaços que não ultrapassam 7 salas, já incluindo aí, os espaços destinados à
direção, produção de conteúdo, estúdios e áreas técnicas e administrativas.
(tabela)
Generos de programas em percentagem
As condições de instalação desses setores apresentam acentuadas precariedades e
os recursos disponíveis para trabalhar se apresentam reduzidos.
Contexto este que indica um perfil das condições de produção bem limitado
determinando programações ancoradas, primordialmente, no poder comunicativo e
carisma pessoal de seus comunicadores e na utilização de músicas, com pouca
produção nos programas em geral e no próprio jornalismo.
Perfil dos profissionais
Pouco mais de 38% das rádios não têm em seus quadros jornalistas com formação
superior e quase 27% delas também indicam que não possuem produtores graduados.
Das emissoras que possuem jornalistas, 47% delas tem entre um a três
profissionais graduados e 53% afirmam possuir entre um a três jornalistas
provisionados. Nas emissoras que registram a presença de produtores, 34%
apresentam entre um a três produtores com graduação em comunicação e 66% possuem
entre um a três produtores sem qualquer formação universitária.
O maiores índices de profissionais sem formação superior concentram-se em
emissoras comerciais AM e FM, além das comunitárias.
(tabela)
Quadro de profissionais das emissoras
Os dados obtidos sinalizam condições desfavoráveis à produção de conteúdo
jornalístico, informativo e mesmo de entretenimento, especialmente se for
considerada a forte presença e importância de locutores e comunicadores dentro
do quadro de profissionais das estações e na estruturação de seus programas.
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7. EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO RÁDIO DIGITAL
Apesar das criticas ao processo de discussão da digitalização do
rádio, há uma expectativa bastante positiva dos radiodifusores com relação aos
possíveis ganhos que a nova tecnologia irá proporcionar às emissoras. Esperam
que com a digitalização se consiga uma melhora significativa da qualidade de som
(36%), se incremente a oferta de produtos adicionais (16%), se produza um
aumento da audiência (13%) e do tão desejado faturamento (11%). Por outro lado,
poucos enxergam na tecnologia o potencial para conquistar novos ouvintes que se
diferenciem do perfil atual ou chegam a acreditar na melhoria da gestão do
negócio rádio.
O otimismo com as melhorias técnicas se contrapõe à crítica que os
radiodifusores fazem à forma como vem se desenvolvimento as discussões sobre a
digitalização do rádio no Brasil. Pouco mais de um quinto das emissoras acha que
o processo está mais lento do que deveria (21%); pouco mais de sexto delas
considera que as discussões estão centralizadas e acontecem ao redor de poucos
radiodifusores. Para aproximadamente um sexto das rádios o processo não tem sido
realizado com a devida quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela
ausência de políticas claras por parte do governo (16%).
Políticas públicas
Os radiodifusores estão à espera de políticas públicas que possam ajudá-los a
enfrentar os enormes desafios que a transição irá impor as emissoras. As medidas
de apoio que os radiodifusores acreditam que podem ser mais importantes nesse
processo são a isenção fiscal na compra de equipamentos (57%), estabelecimento
de uma política industrial coerente (9%) e a abertura de linhas de crédito nos
bancos oficiais para financiarem o processo de modernização tecnológica das
emissoras (8%). No entanto, é preciso considerar que 19% das emissoras disseram
não saber bem quais medidas devem ser tomadas ao longo do processo de migração.
Os resultados apresentados indicam a necessidade de construção de políticas
públicas que favoreçam a migração do rádio analógico para o digital e colaborem
para vencer as reais ameaças a sustentabilidade do meio como negócio surgidas a
partir do aprofundamento da atual crise econômica vivida pelas estações
brasileiras, notadamente as emissoras de Amplitude Modulada.
Entre os radiodifusores há o temor de que processo de incorporação tecnológica e
a falta de investimento, planejamento e estratégia poderão condenar emissoras,
como as de Amplitude Modulada, por exemplo, ao isolamento do sistema de
radiodifusão digitalizado caso não sejam tomadas medidas urgentes. Alguns
depoimentos de radiodifusores de comerciais AM ilustram essa situação:
****
“A digitalização será uma realidade inevitável, mas ainda existem muitas
indagações quanto a viabilidade das emissoras em se adaptar a essa nova
tecnologia cara. Existem também limitações técnicas com relação ao alcance do
sinal digital qual a capacidade de emissoras de pequeno e médio porte em
suportar os custos e gerir o negócio radio. Quando os receptores digitais vão
chegar ao mercado com preço acessível? Com os novos conteúdos como essa nova
ferramenta de fato aumentará o faturamento? São muitas as dúvidas nesse
contexto. Viabilidade é o fator que vai delimitar o tempo de transição.”
“As emissoras que tem outorga para transmitir apenas em AM, deveriam receber do
Governo Federal autorização para transmitir em FM até que o novo sistema de AM
digital se transformasse em realidade, pois do jeito que está não tem como
competir com as rádios FM.”
“...o rádio AM precisa de uma solução que o coloque em pé de igualdade com as
demais mídias e a digitalização é a nossa salvação e único caminho para
sobreviver...”
“Digitalizada, o AM poderá voltar a faturar o que faturava até 9 anos atrás. O
que colocou a rádio no vermelho foi a instalação das rádios piratas,
erroneamente chamadas de comunitárias. Elas cobram apenas 25% do valor de uma
hora de programa avisos e outras notas. Chegamos a ter até 6 rádios piratas no
município. Hoje são apenas 3, mas abalam fortemente a nossa arrecadação. O
Governo cobra absurdos da rádio AM.
*****
Ao mesmo tempo em que se manifestam otimistas em relação às vantagens que
poderão obter com a implantação do rádio digital, os radiodifusores demonstram
insegurança gerada pelas indagações que existem sobre a sobrevivência do meio,
pelas dúvidas advindas com a crise comercial e financeira vivida pelo setor,
somadas à falta de perspectiva da realidade atual.
*****
“...É difícil afirmar algo, por conta das incertezas do setor. As dificuldades
financeiras são intermináveis, e não nos permitem falar em investimento. O
mercado publicitário está, aos poucos, desconsiderando nosso poder como veículo
de mídia, o que é uma falta de conhecimento grande do comportamento das pessoas,
que não deixaram de ouvir rádio. Mas ainda
há esperança de que poderemos sobreviver com este meio nos próximos 20 anos...
Em suma: com ou sem rádio digital, os próximos 5 anos serão difíceis demais,
como foram os últimos 5 anos...”
“...luto todo o dia para atravessar o atoleiro e manter a rádio
em pé. Quanto ao futuro do rádio vejo-o com muitas dificuldades e incertezas
para sobreviver...”
“...é preciso uma maior aproximação do Ministério e disponibilizar meios que
possibilitem a modernização das emissoras do país. Desenvolver uma política que
ajude os radiodifusores.”
****************
Os resultados da pesquisa apontam que o maior nível de incerteza está entre as
emissoras de pequeno e médio porte situadas no interior do país. Entendem os
radiodifusores que esses tipos de estações são desconsideradas pelos atores
envolvidos no debate da digitalização, especialmente o governo e a Abert.
As incertezas também rondam as emissoras comunitárias:
***********
“A situação das rádios comunitárias no Brasil é a mais precária possível. Só
sobrevivemos por amor à causa. A lei 9.612 deixa bem claro que é proibida a
veiculação de propaganda comercial de qualquer tipo. Imaginem a nossa situação
em particular. Moramos em um município com pouco mais de 6000 habitantes, cuja
renda per capta é baixíssima. Como vamos prestar serviços, pagar aluguel, água,
luz, telefone etc...só com doações? O Ministério das Comunicações deveria adotar
um critério para avaliar a realidade, não um a
um, sabemos que é impossível, mas que verificasse a verdadeira realidade.”
“Incerteza, pois para as rádios comunitárias de cidades do interior será
impossível se adaptar ao novo sistema devido aos altos custos...O Ministério das
Comunicações deveria se preocupar em desburocratizar primeiro o sistema de
licença das comunitárias ao contrario de se preocupar com o sistema para o
digital.”
“O nosso caso é bastante complexo moramos numa cidade do interior do Pará com
uma população de 23 mil habitantes e o nosso apoiadores culturais são poucos.
Não dá para nos garantir um futuro promissor.
Esperamos que o governo federal reparta o bolo da mídia para as emissoras
comunitárias porque correm o risco de extinção.”
Os radiodifusores têm expectativa de que as ações de fomento por parte do
governo devem ser de amplo espectro, alcançando desde a promoção de capacitação
técnica dos profissionais do setor até o estabelecimento de um conjunto de
estratégias – financeiras e fiscais - que permitam as emissoras obterem níveis
de capitalização para realizar, em um primeiro instante, os investimentos
exigidos pela migração tecnológica e, em um segundo momento, continuarem a
existir no novo sistema digital.
Depoimentos de dirigentes de rádios AMs e FMs mostram a dificuldade de fazer
mudanças com recursos próprios:
********************
“Sem condições de melhorias. Nosso faturamento bruto mensal mal chega a R$
10.000,00. (..) Qualquer projeto de implementação do Rádio Digital que não
considerar tais especificidades, trará, para as pequenas emissoras, ainda mais
dificuldades para a subsistência das mesmas. Exemplo disso é que funcionamos há
52 anos e ainda não temos sede própria.”
“Uma emissora AM de cidade com menos de 50.000 habitantes, hoje tem seu valor
bruto para venda na faixa de 150 a 200 mil, como investir qualquer importância,
além disso toda cidade do Brasil tem uma rádio pirata ou comunitária que
atualmente faturam muito mais que as AMs locais.”
“ Rádio comercial FM numa cidade com menos de 20 mil habitantes e comércio muito
fraco, mal consegue se sustentar. A concorrência desleal das rádios comunitárias
que realizam práticas comerciais e mais os desafios da implantação do rádio
digital fazem com que a perspectiva para o futuro seja incerto.”
******************
Essas manifestações expressam o contexto de crise resultante de um complexo
conjunto de causas como: a) a falta de apoio do governo por meio de políticas
públicas de investimento para a modernização e desenvolvimento do setor; b) a
“competição comercial desleal” de emissoras “comunitárias e piratas” em todo o
país; c) a falta de uma política fiscal igualitária entre as emissoras
comerciais, comunitárias e educativas por parte dos governos; d) crescente perda
de audiência em grandes centros e, consequentemente, de faturamento; e) crise
de faturamento que levou a falta de investimentos na renovação da programação,
especialmente em emissoras AMs.
Registre-se ainda, que parte dos radiodifusores também acredita que a crise
atual vivida pelo setor é originária da falta de um maior profissionalismo e
estratégia de planejamento empresarial no sentido de repensar o chamado “negócio
rádio”. Neste caso, a modernização do setor também passaria por qualificar as
ações de produção de conteúdo e de venda de programação junto ao mercado
publicitário.
Clamores para o que o governo estabeleça um conjunto de políticas públicas
coerentes no âmbito industrial, fiscal ou de crédito que representem efetivo
apoio a todos os setores da cadeia produtiva que darão sustentação a implantação
de uma nova base tecnológica no rádio brasileiro, são os principais argumentos
que embasam as manifestações dos pequenos e médios radiodifusores. Esse
chamamento para que o governo atue de modo articulado em diversas frentes de
ação também marca o discurso das emissoras comunitárias, educativas e
públicas participantes da pesquisa.
Essas condições demonstram o quanto é urgente que o governo e demais atores
privados envolvidos na questão promovam amplas discussões com o objetivo de
refletir sobre a complexa situação na qual se encontra o rádio e os instrumentos
que esse meio irá dispor para afrontar as distintas transformações advindas com
a alteração tecnológica que já está no horizonte. A mensagem dos radiodifusores
é clara: não há mais tempo a perder e o processo de debate, testes e a definição
do sistema técnico a ser adotado na digitalização do meio,
deve acontecer o mais rápido possível, sem interrupções e com o devido apoio e
condução dos setores governamentais responsáveis.
Depoimentos de emissoras comerciais ilustram essa observação:
“O rádio está sendo deixado de lado para o governo, o sistema não foi ainda
decidido. Eu vejo a minha emissora daqui há cinco anos como estamos hoje. Temos
que acreditar em nossa capacidade de gerir o negócio com os instrumentos que nos
possibilita a manter grande a audiência com a reinvenção todos os dias.”
“Em se tratando de tecnologia, principalmente no que se refere ao rádio digital
é uma mudança que não tenho idéia. Mas temos que avançar nas discussões e ter
uma melhor atenção por parte do governo... Não podemos esperar mais, pois o
tempo é curto... A digitalização é feita por região econômica, imagina quando
isso vai chegar até nos do nordeste
brasileiro!”
“Esperamos que com a implantação do rádio digital possamos fazer uma verdadeira
revolução mercadológica, principalmente no campo das ferramentas da internet
(relacionamentos), casando o rádio com o twitter e similares, por exemplo. A
digitalização, em minha opinião, vai fortalecer este relacionamento com a
internet. Assim, creio, manteremos a nossa
audiência, onde somos líderes no mercado, e aumentaremos nosso faturamento. Duas
grandes metas para a nossa emissora.” *******
É imperioso que o Ministério das Comunicações assuma, de fato, o seu papel
governamental e conduza o debate público sobre a digitalização, estabelecendo
para isso, fóruns permanentes para a discussão de parâmetros – técnicos,
políticos, econômicos e regulatórios - que dotem o novo sistema de legitimidade
social. Situação esta que poderá permitir ao governo (,cumprir a difícil tarefa
– retirar isso!!!!) solucionar uma equação complicada: conduzir o processo de
modo a que se tenha um sistema de rádio digital, tecnicamente viável, eficaz em
alcance e qualidade de áudio, economicamente sustentável, representativo dos
interesses sociais e com parâmetros de acesso democrático. Nesse caminho,
certamente
o governo terá que tomar medidas – técnicas e políticas - que irão contra os
interesses de segmentos historicamente poderosos da radiodifusão nacional. A
trajetória é incerta, as necessidades são reais e o desafio está lançado.