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08/12/12

• Rádio Digital - O retorno (31) - A 3ª reunião do Conselho Consultivo de Rádio Digital + "Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras"

01.
Como a mídia ainda não repercutiu, lá vai uma "pauta" colhida no portal do Minicom (essa doença pega...):   :-)  

Leia na Fonte: Minicom
[07/12/12]  Rádio Digital: Ministério recebe representantes dos padrões HD Radio e DRM para debate
Recorte:
(...) De acordo com o diretor de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas do ministério, Octavio Pieranti, o debate foi importante para dar mais subsídios ao Conselho Consultivo, criado para auxiliar na implantação do sistema de rádio digital no Brasil. O grupo tem formação plural, com representantes do Governo Federal, do Poder Legislativo, do setor de radiodifusão e da indústria. “Os padrões se apresentaram e conseguimos fazer um debate franco com todos os segmentos”, afirma Pieranti.(...)

02.
As informações são superficiais e genéricas. Será que vamos ter acesso ao debate?

03.
O texto da notícia informa:
"A próxima reunião do conselho, marcada para o dia 13 de dezembro, terá a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do middleware Ginga no rádio digital. Na ocasião, também será apresentada uma pesquisa sobre o perfil do radiodifusor no Brasil."

04.
Lembro que, em junho de 2012, registrei, num "post" do WirelessBRASIL, um relatório Relatório da UnB de dezembro de 2011:
Fonte: FNDC
[Dez 2011]   Rádio Digital no Brasil - Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre

"Recorte" como motivação para a leitura:
(...) Relatório apresenta os resultados da pesquisa “Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre” realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas de Comunicação da UnB (LAPCOM) junto 750 emissoras, representando 96,45% das rádios instaladas no país.
O estudo demonstra que a maioria das emissoras está digitalizada na parte de produção, seja pelo uso de computadores ou de equipamentos de gravação e reprodução.
No entanto, 35% delas ainda funcionam com transmissor valvulado, especialmente entre as comerciais AM e educativas. Essa defasagem tecnológica merece reflexão, uma vez que a capacidade de investimento manifestada pela maioria das emissoras (81%) para promoverem adaptações à tecnologia digital, não alcança sequer os US$150 mil.(...)

Se não for este o texto a ser apresentado na reunião do dia 13, pelo menos já temos dados para comparação.

05.
Continuo a pesquisa no Blog da jornalista Cristina de Luca, para colher os "posts", a partir de 2010, sobre o "middleware Ginga" que o DRM deseja usar para "abrasileirar" o padrão.
O material coletado até 2009 está aqui: TV Digital - Interatividade - Ginga

Sobre o Ginga, "software intermediário" que será usado para proporcionar a interatividade da TV Digital, registro (sem transcrição) estas notícias de ontem:

Leia na Fonte: Convergência Digital
TV digital: Governo cria programa de estímulo ao Ginga
Incentivo ao Ginga começa com contrato de R$ 5 milhões com RNP

Boa leitura!

Boas Festas e um ótimo 2013!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Minicom
[07/12/12]  Rádio Digital: Ministério recebe representantes dos padrões HD Radio e DRM para debate

Reunião do Conselho Consultivo foi voltada para as apresentações das tecnologias

Brasília, 07/12/12 – O Conselho Consultivo do Rádio Digital recebeu, nesta sexta-feira, representantes dos dois padrões testados pelo Ministério das Comunicações e Inmetro em quatro capitais brasileiras. O objetivo foi que tanto o HD Radio (modelo norte-americano) quanto o DRM (modelo europeu) pudessem apresentar mais informações sobre suas tecnologias.

De acordo com o diretor de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas do ministério, Octavio Pieranti, o debate foi importante para dar mais subsídios ao Conselho Consultivo, criado para auxiliar na implantação do sistema de rádio digital no Brasil. O grupo tem formação plural, com representantes do Governo Federal, do Poder Legislativo, do setor de radiodifusão e da indústria.

“Os padrões se apresentaram e conseguimos fazer um debate franco com todos os segmentos”, afirma Pieranti. Ele ressalta que as reuniões do Conselho Consultivo não se restringem aos membros do grupo e têm contado com ampla participação. “A gente tem deixado a porta aberta para a entrada de qualquer interessado. Isso possibilita que a sociedade brasileira debata o rádio digital e é isso o que estamos estimulando”, diz.

A próxima reunião do conselho, marcada para o dia 13 de dezembro, terá a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do middleware Ginga no rádio digital. Na ocasião, também será apresentada uma pesquisa sobre o perfil do radiodifusor no Brasil.

Os resultados dos testes realizados com o HD Radio e o DRM em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília estão disponíveis no site do Ministério das Comunicações. Para acessá-los, clique aqui.

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Fonte: FNDC
[Dez 2011]   Rádio Digital no Brasil - Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre

Relatório Executivo (formato pdf)

Pesquisadores
Nelia R. Del Bianco
Carlos Eduardo Esch
Brasília, dezembro de 2011

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Transcrição parcial

Resumo

Relatório apresenta os resultados da pesquisa “Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre” realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Políticas de Comunicação da UnB (LAPCOM) junto 750 emissoras, representando 96,45% das rádios instaladas no país.

O estudo demonstra que a maioria das emissoras está digitalizada na parte de produção, seja pelo uso de computadores ou de equipamentos de gravação e reprodução.
No entanto, 35% delas ainda funcionam com transmissor valvulado, especialmente entre as comerciais AM e educativas. Essa defasagem tecnológica merece reflexão, uma vez que a capacidade de investimento manifestada pela maioria das emissoras (81%) para promoverem adaptações à tecnologia digital, não alcança sequer os US$150 mil.

Com relação ao nível de informação que os profissionais do setor possuem sobre a digitalização das transmissões radiofônicas, a maior parte dos técnicos e gerentes de emissoras acompanham as discussões sobre o tema pela imprensa. Metade afirma ter somente conhecimentos básicos sobre as tecnologias que estão sendo discutidas para a digitalização do rádio. Pouco menos de 8% dos técnicos já participaram de algum treinamento e curso de especialização ou visitaram emissoras que realizaram testes com sistemas digitais.

O processo de discussão sobre a mudança tecnológica é criticado pelos radiodifusores. Pouco mais de um quinto das emissoras diz que o processo está mais lento e centralizado do que deveria (21%), que não tem sido realizado com a devida clareza e quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela ausência de políticas claras por parte do governo (16%).

O estudo demonstra que os radiodifusores estão à espera de políticas públicas para enfrentar a transição. As medidas aguardadas pelo setor são isenção fiscal na compra de
equipamentos (57%), estabelecimento de uma política industrial coerente (9%) e a abertura de linhas de crédito nos bancos oficiais para financiamento da modernização tecnológica
das emissoras (8%).

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Sumário

O estudo
Perfil das emissoras
Digitalização do processo de produção
Acesso à Internet
Estrutura de transmissão
Conhecimento sobre o rádio digital
Expectativa em relação ao rádio digital
Políticas públicas para a transição tecnológica

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1. O ESTUDO

A pesquisa “Mapeamento das condições técnicas das emissoras de rádio brasileiras e sua adaptabilidade ao padrão de transmissão digital sonora terrestre” (1) foi realizada no período de 2009-2011.
A composição da amostra foi constituída a partir da elaboração de um banco de dados com informações sobre 6.338 emissoras AM, FM, OC e OT de caráter comercial, educativo, cultural, público e comunitário. Para tanto, foram tomados como referência os registros do cadastro do Ministério das Comunicações, da Anatel e do Anuário de Mídia do Grupo de Mídia de São Paulo (2).

Foram utilizados dados relacionados à identificação da rádio tais como a freqüência, o tipo de concessão, o prefixo e a localização.
Para realizar a investigação foi criado um sistema informático que permitiu a geração automática de senhas de acesso destinadas ao uso exclusivo de emissoras que aceitaram responder ao questionário eletrônico disponibilizado no site www.lapcom.unb.br.

A ação de pesquisa foi complementada pela distribuição de um questionário impresso para as emissoras cadastradas juntamente com um envelope de porte pago. Essa medida permitiu àquelas rádios que não dispunham de acesso à Internet responderem o formulário e enviá-lo pelos correios sem custos.

Durante a investigação foram utilizadas mais duas estratégias para garantir maior participação dos radiodifusores: o envio de e-mail marketing personalizado e ações continuadas de telemarketing junto àquelas que não responderam responderam ao questionário dentro do prazo inicial estipulado pelos pesquisadores.

(1) A pesquisa foi financiada pela Fundação Ford.
(2) Foi necessário obter informações sobre as emissoras em outros bancos de dados não oficiais, a considerar o elevado nível de desatualização dos dados de cadastro das emissoras junto ao Ministério das Comunicações disponíveis no Sistema de Controle de Radiodifusão em 2009 ano de constituição da amostra.

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Amostra
A amostra da pesquisa é constituída por 750 emissoras brasileiras:

Composição da Amostra
(figura)

Desse grupo, 56% são FMs (incluídas 14% de comunitárias) e 43% AMs. Nos dois sistemas de transmissão, predominam as emissoras comerciais. A maioria está instalada nas regiões Sul e Sudeste.
A quantidade de emissoras ouvidas na pesquisa comparada com o total de registros de rádios legais contidos no banco de dados elaborados para esta investigação, permite afirmar que os resultados parciais aqui apresentados correspondem, estatisticamente, a 96,42% do perfil das rádios brasileiras.
Portanto, o erro amostral do estudo é de 3,58% do universo analisado.

Importância
A pesquisa oferece um diagnóstico inédito no país que reúne dados sobre:
- as características técnicas, de produção e de infraestrutura física das emissoras;
- perfil dos profissionais;
- nível de conhecimento de técnicos e diretores sobre a transmissão digital;
- estratégias técnicas e econômicas de enfrentamento do processo de digitalização.

O conjunto de informações oferece subsídios para a construção de políticas públicas aplicadas ao processo de transição tecnológica do rádio analógico para o digital.
Com os dados coletados e interpretados é possível estabelecer padrões de classificação geral das emissoras em relação à sua adaptabilidade aos possíveis sistemas digitais de transmissão.

2. PERFIL DAS EMISSORAS

Predominam no país as pequenas e medias emissoras com características e programação locais, além de infraestrutura física e quadro de profissionais limitados.

Programação
74% das rádios não integram rede por satélite. E dos 26% que estão em rede, apenas 13% são cabeça de rede, a grande maioria é afiliada.

Emissoras em re de via satélite
(figura)

A programação predominante é uma combinação, até certo ponto equilibrada, entre jornalismo, música, prestação de serviço e programas de variedades com comunicadores populares. Menos de 4% delas declararam ter programas comunitários em sua grade de programação, sendo que das que possuem, a grande maioria se concentra em rádios comunitárias.
(figura)

Estrutura física
Em geral, os setores das rádios pesquisadas são pequenos e estão instalados em espaços que não ultrapassam 7 salas, já incluindo aí, os espaços destinados à direção, produção de conteúdo, estúdios e áreas técnicas e administrativas.

(tabela)
Generos de programas em percentagem

As condições de instalação desses setores apresentam acentuadas precariedades e os recursos disponíveis para trabalhar se apresentam reduzidos.
Contexto este que indica um perfil das condições de produção bem limitado determinando programações ancoradas, primordialmente, no poder comunicativo e carisma pessoal de seus comunicadores e na utilização de músicas, com pouca produção nos programas em geral e no próprio jornalismo.

Perfil dos profissionais
Pouco mais de 38% das rádios não têm em seus quadros jornalistas com formação superior e quase 27% delas também indicam que não possuem produtores graduados. Das emissoras que possuem jornalistas, 47% delas tem entre um a três profissionais graduados e 53% afirmam possuir entre um a três jornalistas provisionados. Nas emissoras que registram a presença de produtores, 34% apresentam entre um a três produtores com graduação em comunicação e 66% possuem entre um a três produtores sem qualquer formação universitária.
O maiores índices de profissionais sem formação superior concentram-se em emissoras comerciais AM e FM, além das comunitárias.

(tabela)
Quadro de profissionais das emissoras

Os dados obtidos sinalizam condições desfavoráveis à produção de conteúdo jornalístico, informativo e mesmo de entretenimento, especialmente se for considerada a forte presença e importância de locutores e comunicadores dentro do quadro de profissionais das estações e na estruturação de seus programas.

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7. EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO RÁDIO DIGITAL

Apesar das criticas ao processo de discussão da digitalização do rádio, há uma expectativa bastante positiva dos radiodifusores com relação aos possíveis ganhos que a nova tecnologia irá proporcionar às emissoras. Esperam que com a digitalização se consiga uma melhora significativa da qualidade de som (36%), se incremente a oferta de produtos adicionais (16%), se produza um aumento da audiência (13%) e do tão desejado faturamento (11%). Por outro lado, poucos enxergam na tecnologia o potencial para conquistar novos ouvintes que se diferenciem do perfil atual ou chegam a acreditar na melhoria da gestão do negócio rádio.

O otimismo com as melhorias técnicas se contrapõe à crítica que os radiodifusores fazem à forma como vem se desenvolvimento as discussões sobre a digitalização do rádio no Brasil. Pouco mais de um quinto das emissoras acha que o processo está mais lento do que deveria (21%); pouco mais de sexto delas considera que as discussões estão centralizadas e acontecem ao redor de poucos radiodifusores. Para aproximadamente um sexto das rádios o processo não tem sido realizado com a devida quantidade de informação (16%), e tem sido marcado pela ausência de políticas claras por parte do governo (16%).

Políticas públicas
Os radiodifusores estão à espera de políticas públicas que possam ajudá-los a enfrentar os enormes desafios que a transição irá impor as emissoras. As medidas de apoio que os radiodifusores acreditam que podem ser mais importantes nesse processo são a isenção fiscal na compra de equipamentos (57%), estabelecimento de uma política industrial coerente (9%) e a abertura de linhas de crédito nos bancos oficiais para financiarem o processo de modernização tecnológica das emissoras (8%). No entanto, é preciso considerar que 19% das emissoras disseram não saber bem quais medidas devem ser tomadas ao longo do processo de migração.

Os resultados apresentados indicam a necessidade de construção de políticas públicas que favoreçam a migração do rádio analógico para o digital e colaborem para vencer as reais ameaças a sustentabilidade do meio como negócio surgidas a partir do aprofundamento da atual crise econômica vivida pelas estações brasileiras, notadamente as emissoras de Amplitude Modulada.
Entre os radiodifusores há o temor de que processo de incorporação tecnológica e a falta de investimento, planejamento e estratégia poderão condenar emissoras, como as de Amplitude Modulada, por exemplo, ao isolamento do sistema de radiodifusão digitalizado caso não sejam tomadas medidas urgentes. Alguns depoimentos de radiodifusores de comerciais AM ilustram essa situação:

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“A digitalização será uma realidade inevitável, mas ainda existem muitas indagações quanto a viabilidade das emissoras em se adaptar a essa nova tecnologia cara. Existem também limitações técnicas com relação ao alcance do sinal digital qual a capacidade de emissoras de pequeno e médio porte em suportar os custos e gerir o negócio radio. Quando os receptores digitais vão chegar ao mercado com preço acessível? Com os novos conteúdos como essa nova ferramenta de fato aumentará o faturamento? São muitas as dúvidas nesse
contexto. Viabilidade é o fator que vai delimitar o tempo de transição.”

“As emissoras que tem outorga para transmitir apenas em AM, deveriam receber do Governo Federal autorização para transmitir em FM até que o novo sistema de AM digital se transformasse em realidade, pois do jeito que está não tem como competir com as rádios FM.”

“...o rádio AM precisa de uma solução que o coloque em pé de igualdade com as demais mídias e a digitalização é a nossa salvação e único caminho para sobreviver...”

“Digitalizada, o AM poderá voltar a faturar o que faturava até 9 anos atrás. O que colocou a rádio no vermelho foi a instalação das rádios piratas, erroneamente chamadas de comunitárias. Elas cobram apenas 25% do valor de uma hora de programa avisos e outras notas. Chegamos a ter até 6 rádios piratas no município. Hoje são apenas 3, mas abalam fortemente a nossa arrecadação. O Governo cobra absurdos da rádio AM.

*****

Ao mesmo tempo em que se manifestam otimistas em relação às vantagens que poderão obter com a implantação do rádio digital, os radiodifusores demonstram insegurança gerada pelas indagações que existem sobre a sobrevivência do meio, pelas dúvidas advindas com a crise comercial e financeira vivida pelo setor, somadas à falta de perspectiva da realidade atual.

*****


“...É difícil afirmar algo, por conta das incertezas do setor. As dificuldades financeiras são intermináveis, e não nos permitem falar em investimento. O mercado publicitário está, aos poucos, desconsiderando nosso poder como veículo de mídia, o que é uma falta de conhecimento grande do comportamento das pessoas, que não deixaram de ouvir rádio. Mas ainda
há esperança de que poderemos sobreviver com este meio nos próximos 20 anos... Em suma: com ou sem rádio digital, os próximos 5 anos serão difíceis demais, como foram os últimos 5 anos...”

“...luto todo o dia para atravessar o atoleiro e manter a rádio em pé. Quanto ao futuro do rádio vejo-o com muitas dificuldades e incertezas para sobreviver...”
“...é preciso uma maior aproximação do Ministério e disponibilizar meios que possibilitem a modernização das emissoras do país. Desenvolver uma política que ajude os radiodifusores.”

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Os resultados da pesquisa apontam que o maior nível de incerteza está entre as emissoras de pequeno e médio porte situadas no interior do país. Entendem os radiodifusores que esses tipos de estações são desconsideradas pelos atores envolvidos no debate da digitalização, especialmente o governo e a Abert.
As incertezas também rondam as emissoras comunitárias:

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“A situação das rádios comunitárias no Brasil é a mais precária possível. Só sobrevivemos por amor à causa. A lei 9.612 deixa bem claro que é proibida a veiculação de propaganda comercial de qualquer tipo. Imaginem a nossa situação em particular. Moramos em um município com pouco mais de 6000 habitantes, cuja renda per capta é baixíssima. Como vamos prestar serviços, pagar aluguel, água, luz, telefone etc...só com doações? O Ministério das Comunicações deveria adotar um critério para avaliar a realidade, não um a
um, sabemos que é impossível, mas que verificasse a verdadeira realidade.”
“Incerteza, pois para as rádios comunitárias de cidades do interior será impossível se adaptar ao novo sistema devido aos altos custos...O Ministério das Comunicações deveria se preocupar em desburocratizar primeiro o sistema de licença das comunitárias ao contrario de se preocupar com o sistema para o digital.”
“O nosso caso é bastante complexo moramos numa cidade do interior do Pará com uma população de 23 mil habitantes e o nosso apoiadores culturais são poucos. Não dá para nos garantir um futuro promissor.
Esperamos que o governo federal reparta o bolo da mídia para as emissoras comunitárias porque correm o risco de extinção.”

Os radiodifusores têm expectativa de que as ações de fomento por parte do governo devem ser de amplo espectro, alcançando desde a promoção de capacitação técnica dos profissionais do setor até o estabelecimento de um conjunto de estratégias – financeiras e fiscais - que permitam as emissoras obterem níveis de capitalização para realizar, em um primeiro instante, os investimentos exigidos pela migração tecnológica e, em um segundo momento, continuarem a existir no novo sistema digital.
Depoimentos de dirigentes de rádios AMs e FMs mostram a dificuldade de fazer mudanças com recursos próprios:

********************

“Sem condições de melhorias. Nosso faturamento bruto mensal mal chega a R$ 10.000,00. (..) Qualquer projeto de implementação do Rádio Digital que não considerar tais especificidades, trará, para as pequenas emissoras, ainda mais dificuldades para a subsistência das mesmas. Exemplo disso é que funcionamos há 52 anos e ainda não temos sede própria.”
“Uma emissora AM de cidade com menos de 50.000 habitantes, hoje tem seu valor bruto para venda na faixa de 150 a 200 mil, como investir qualquer importância, além disso toda cidade do Brasil tem uma rádio pirata ou comunitária que atualmente faturam muito mais que as AMs locais.”
“ Rádio comercial FM numa cidade com menos de 20 mil habitantes e comércio muito fraco, mal consegue se sustentar. A concorrência desleal das rádios comunitárias que realizam práticas comerciais e mais os desafios da implantação do rádio digital fazem com que a perspectiva para o futuro seja incerto.” ******************

Essas manifestações expressam o contexto de crise resultante de um complexo conjunto de causas como: a) a falta de apoio do governo por meio de políticas públicas de investimento para a modernização e desenvolvimento do setor; b) a “competição comercial desleal” de emissoras “comunitárias e piratas” em todo o país; c) a falta de uma política fiscal igualitária entre as emissoras comerciais, comunitárias e educativas por parte dos governos; d) crescente perda de audiência em grandes centros e, consequentemente, de faturamento; e) crise
de faturamento que levou a falta de investimentos na renovação da programação, especialmente em emissoras AMs.
Registre-se ainda, que parte dos radiodifusores também acredita que a crise atual vivida pelo setor é originária da falta de um maior profissionalismo e estratégia de planejamento empresarial no sentido de repensar o chamado “negócio rádio”. Neste caso, a modernização do setor também passaria por qualificar as ações de produção de conteúdo e de venda de programação junto ao mercado publicitário.
Clamores para o que o governo estabeleça um conjunto de políticas públicas coerentes no âmbito industrial, fiscal ou de crédito que representem efetivo apoio a todos os setores da cadeia produtiva que darão sustentação a implantação de uma nova base tecnológica no rádio brasileiro, são os principais argumentos que embasam as manifestações dos pequenos e médios radiodifusores. Esse chamamento para que o governo atue de modo articulado em diversas frentes de ação também marca o discurso das emissoras comunitárias, educativas e
públicas participantes da pesquisa.
Essas condições demonstram o quanto é urgente que o governo e demais atores privados envolvidos na questão promovam amplas discussões com o objetivo de refletir sobre a complexa situação na qual se encontra o rádio e os instrumentos que esse meio irá dispor para afrontar as distintas transformações advindas com a alteração tecnológica que já está no horizonte. A mensagem dos radiodifusores é clara: não há mais tempo a perder e o processo de debate, testes e a definição do sistema técnico a ser adotado na digitalização do meio,
deve acontecer o mais rápido possível, sem interrupções e com o devido apoio e condução dos setores governamentais responsáveis.

Depoimentos de emissoras comerciais ilustram essa observação:

“O rádio está sendo deixado de lado para o governo, o sistema não foi ainda decidido. Eu vejo a minha emissora daqui há cinco anos como estamos hoje. Temos que acreditar em nossa capacidade de gerir o negócio com os instrumentos que nos possibilita a manter grande a audiência com a reinvenção todos os dias.”
“Em se tratando de tecnologia, principalmente no que se refere ao rádio digital é uma mudança que não tenho idéia. Mas temos que avançar nas discussões e ter uma melhor atenção por parte do governo... Não podemos esperar mais, pois o tempo é curto... A digitalização é feita por região econômica, imagina quando isso vai chegar até nos do nordeste
brasileiro!”
“Esperamos que com a implantação do rádio digital possamos fazer uma verdadeira revolução mercadológica, principalmente no campo das ferramentas da internet (relacionamentos), casando o rádio com o twitter e similares, por exemplo. A digitalização, em minha opinião, vai fortalecer este relacionamento com a internet. Assim, creio, manteremos a nossa
audiência, onde somos líderes no mercado, e aumentaremos nosso faturamento. Duas grandes metas para a nossa emissora.” *******

É imperioso que o Ministério das Comunicações assuma, de fato, o seu papel governamental e conduza o debate público sobre a digitalização, estabelecendo para isso, fóruns permanentes para a discussão de parâmetros – técnicos, políticos, econômicos e regulatórios - que dotem o novo sistema de legitimidade social. Situação esta que poderá permitir ao governo (,cumprir a difícil tarefa – retirar isso!!!!) solucionar uma equação complicada: conduzir o processo de modo a que se tenha um sistema de rádio digital, tecnicamente viável, eficaz em alcance e qualidade de áudio, economicamente sustentável, representativo dos interesses sociais e com parâmetros de acesso democrático. Nesse caminho, certamente
o governo terá que tomar medidas – técnicas e políticas - que irão contra os interesses de segmentos historicamente poderosos da radiodifusão nacional. A trajetória é incerta, as necessidades são reais e o desafio está lançado.

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