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16/12/12
• UIT/Dubai (13) - Mais repercussões sobre a Conferência Mundial de
Telecomunicações Internacionais (WCIT-12)
Olá, WirelessBR e Celld-group!
Acompanhamos as "preliminares", o "durante" e agora "os ecos" de "Dubai".
As matérias abaixo já foram referenciadas mas ainda não transcritas. Vale
conferir tudo para formação da opinião!
Leia na Fonte: Teletime
[14/12/12]
Conferência termina com UIT dividida e tratado enfraquecido - por Letícia
Cordeiro
Leia na Fonte: Convergência Digital
[14/12/12]
UIT encampa controle da Internet e provoca racha em Dubai - por Luís Osvaldo
Grossmann
Leia na Fonte: Portal da Band / Blog Circuito de Luca
[14/12/12]
Para Brasil, novo tratado de telecom não ameaça ninguém - por Cristina de
Luca
Leia na Fonte: Portal da Band / Blog Circuito de Luca
[13/12/12]
EUA decidem não assinar o novo tratado de telecom proposto pela UIT - por
Cristina de Luca
Boa leitura!
Boas Festas e um ótimo 2013!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Teletime
[14/12/12]
Conferência termina com UIT dividida e tratado enfraquecido - por Letícia
Cordeiro
O fracasso da Conferência Mundial de Telecomunicações Internacionais (WCIT-12)
da União Internacional de Telecomunicações (UIT), realizada nas últimas duas
demanas em Dubai e já noticiada por TELETIME, foi confirmado nesta sexta-feira,
14, quando nada menos do que 55 nações, das 152 presentes à Conferência
realizada em Dubai, recusaram-se a assinar o texto final do novo tratado mundial
com os novos Regulamentos de Telecomunicações Internacionais (ITRs, na sigla em
inglês). Nas estatísticas, o tratado conseguiu a adesão da maioria dos
Estados-membros, com 89 assinaturas (oito países não se credenciaram para
votação por questões como falta de documentação), mas ainda assim sai
enfraquecido, por conta do peso daqueles que declinaram a proposta.
Entre esses 55 países não signatários estão alguns dos maiores e mais
importantes mercados de telecomunicações do mundo, como os Estados Unidos, o
Canadá, a União Europeia (que decidiu em bloco pela não assinatura do tratado),
países escandinavos, Reino Unido, Japão, Índia e a Austrália. Do lado dos
signatários, estão notadamente países com regimes totalitários ou
intervencionistas, como as nações islâmicas Emirados Árabes, Arábia Saudita,
Argélia e Sudão, além da China e da Rússia. O tratado também foi assinado pelo
Brasil, México, Coreia e pela Argentina. Veja aqui a lista de países signatários
(em verde) e não-signatários (em branco).
Foram duas semanas de intensos debates e negociações que quase tiveram sucesso
em estabelecer um consenso entre todos os Estados-membros. Um frágil acordo
chegou a ser costurado, inclusive com participação brasileira, para aprovar
questões importantes para o novo texto dos ITRs, como transparência para o
roaming internacional, estabelecimentos de números globais de emergência e
atualização dos acordos de cobrança para tráfego internacional de
telecomunicações. Mas o acordo caiu por terra, dando origem ao racha entre as
delegações quando uma resolução anexa aos ITRs, aprovada por maioria em uma
votação no mínimo confusa na madrugada de quarta para quinta-feira, colocou a
UIT em um papel central e ativo na definição do futuro da Internet.
O que começou, por volta da 1h30 da manhã da quinta-feira como uma "sondagem
para sentir" o que os delegados dos 152 Estados-membros achavam do texto com a
proposição de colocar a Internet sob as asas da UIT, transformou-se em uma
aprovação por maioria de votos, liderados por delegados da Nigéria, Cuba e
Arábia Saudita. A aprovação por maioria foi de encontro às alegações públicas do
secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré, de que o propósito da WCIT-12 não era
regular a Internet e que o objetivo era que houvesse consenso entre os
Estados-membros para aprovação dos textos.
Mesmo o secretário-geral da UIT alegando que a resolução tem caráter
não-vinculativo e que estava apenas em um anexo aos ITRs, a ampliação do escopo
do órgão para abraçar a Internet pegou de surpresa o bloco liderado pelos EUA e,
sem tempo para mais negociações, já que o texto deveria estar pronto para
assinatura na tarde desta sexta-feira, o bloco decidiu pela não assinatura do
tratado. Declarações de surpresa e de apoio irrestrito a uma Internet aberta e
plurissetorial, com alegações de que a resolução ameaça o futuro e as liberdades
da Internet e traz risco de prejuízo ao crescimento econômico não apenas dos
países desenvolvidos, como também os em desenvolvimento, foram feitas pelos EUA,
Reino Unido, União Europeia e tantos outros.
Consequências
A primeira consequência clara da negativa de assinatura de países importantes é
o enfraquecimento do tratado de Dubai. Na prática, os países em desacordo não
terão voz na implementação de novas diretrizes, no planejamento e na coordenação
de grupos de trabalho. Em compensação, eles não serão obrigados a seguir os ITRs
nem devem sofrer sanções. Conexões internacionais continuam sendo resolvidas com
acordos comerciais, mas as nações que optarem por não seguir os ITRs podem se
ver em um limbo, sem definições e padrões de elementos fundamentais das
telecomunicações.
Como declarou em nota a União Europeia, "menos da metade dos Estados-membros da
UIT (são 193 no total, mas nem todos compareceram a conferência), e que
respondem por uma pequena proporção do tráfego global de telecom, assinou o
tratado revisado hoje. A Comissão Europeia e os Países-membros da União Europeia
irão agora estudar os impactos desta ação. O que está claro é que acordos
comerciais existentes são intocáveis. Acordos comerciais impulsionados por
mercados inovadores continuam possíveis e a Internet aberta permanece."
Brasil
A delegação brasileira, embora tenha sido a quarta maior comitiva, atrás apenas
dos Emirados Árabes, dos Estados Unidos e da Nigéria, nesta ordem, como já dito
por este noticiário, teve participação discreta nos plenários nos pontos mais
polêmicos, apesar de ter encabeçado o grupo de trabalho sobre o artigo dedicado
à segurança – outro ponto cheio de desacordos e controvérsias. O País se absteve
de fazer qualquer ressalva ao texto principal e a seus anexos, manifestando-se
apenas na cerimônia de encerramento da WCIT-12, após a assinatura do tratado.
O chefe da delegação brasileira e assessor internacional da Anatel, Jeferson
Nacif, declarou que o Brasil não acredita "que este tratado seja uma ameaça para
ninguém. Pelo contrário, saímos todos daqui fortalecidos por ele". Nacif
declarou ainda que, dado o volume e diversidade de propostas, o Brasil tentou
encontrar uma leitura que levasse em consideração a opinião de todos e que
ajudasse a chegar a um consenso. "Em ordem de chegar a um consenso entre todos
os Estados-membros, nós não incluímos as diferenças acerca de conteúdo ou
governança de Internet no tratado. A resolução que foi aprovada não é parte do
tratado. Se fosse, presidente, então ele não estaria em conflito com o mandato
dado a esta organização pelo World Summit on the Information Society do qual
todos nós participamos. O mesmo princípio se aplica aos Artigos 5 A e 5 B. O
trabalho da conferência foi guiado pelo completo respeito ao mandato da UIT e do
escopo das regulações, que é o desenvolvimento da infraestrutura de
telecomunicações", disse Nacif em pronunciamento no encerramento da conferência.
"A Internet no Brasil não é diferente da de qualquer outro lugar. Ela inclui
pontos de vista de acadêmicos, governo, empresários e cidadãos comuns. Em
qualquer foro internacional, nós defendemos que o atual modelo de governança da
Internet seja aperfeiçoado de forma que possa realmente ser baseado nos
princípios do plurissetorialismo, plurilateralismo, muita democracia e total
transparência", disse.
O Brasil destacou ainda que as propostas apresentadas pelo País e seus
preparativos foram abertos, democráticos e avaliados por muitas partes e que
como resultado "a delegação brasileira é um testamento óbvio da nossa democracia
e dos pri
ncípios dos Direitos Humanos e respeito mútuo entre nações".
O Brasil destacou ainda os avanços trazidos pelos novos ITRs ao usuário final na
questão do roaming internacional e a aprovação dos pontos de troca de tráfego
(PTTs), que devem ajudar a melhorar a cobertura e reduzir custos. Em árabe,
Nacif encerrou a intervenção brasileira como as seguintes palavras: "acreditamos
que o fato de alguns países não poderem assinar este tratado não é um sinal
desencorajador. Devemos continuar a trabalhar para obter apoio total aos ITRs".
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[14/12/12]
UIT encampa controle da Internet e provoca racha em Dubai - por Luís Osvaldo
Grossmann
A conferência promovida pela União Internacional das Telecomunicações terminou
em fracasso – pelo menos na alegada disposição de se chegar a soluções de
consenso. Por conta de mudanças no texto do Tratado Internacional de
Telecomunicações (ITR na sigla em inglês) que encostam na Internet, diversos
países, liderados pelos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda se recusaram a
assinar e muitos já avisaram que o resultado final não será ratificado.
Já o Brasil ficou em outro campo, ao lado de Rússia, China, Arábia Saudita e
outros países que defendiam mais poder aos países sobre a governança de
Internet. Até aqui, esse time ainda é maioria, mas o número daqueles contrários
ao texto final está aumentando. A última contagem, da manhã desta sexta-feira,
14/12 no Brasil – já o fim do tarde em Dubai – estava em 89 países a favor e 55
contra.
“Não podemos apoiar um tratado da UIT inconsistente com o modelo
multirepresentativo de governança da Internet”, disparou o embaixador americano
Terry Kramer, após o país anunciar a decisão do país de não endossar o documento
final da Conferência Mundial das Telecomunicações Internacionais.
“Não entendemos que o ITR seja o local para tratar de questões da Internet”,
emendou o chefe da delegação britânica”, Simon Towle. O repúdio foi reforçado
por Canadá, Suécia, Holanda, República Tcheca, Nova Zelândia, Dinamarca,
Polônia, Quênia, Costa Rica e Austrália.
“Já foi um fracasso. A versão final começou a entrar na camada de conteúdo,
apesar das críticas de que a UIT não é o fórum apropriado para isso. Teremos
ITRs diferentes, dos quais apenas alguns países vão participar”, avalia Joana
Varon, do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, que participou da Conferência
e foi a única representante latinoamericana da sociedade civil.
Desde o início da Conferência, em 3/12, foi ficando clara a dificuldade de se
chegar a textos de comum acordo. Mas foi ao longo da quinta-feira, 13/12, que as
divergências se ampliaram, especialmente depois que a própria UIT recuou de uma
das posições básicas definidas para o encontro, de que as decisões seriam
tomadas por consenso.
Apesar dessa premissa, o chefe da delegação dos país anfitrião, os Emirados
Árabes, Mohamed Al Ghanim, aceitou um pedido do Irã e colocou em votação uma
resolução paralela, específica sobre Internet – o que resultou na aprovação por
77 a 33, com 8 abstenções. Foi a senha para o racha definitivo entre os países
cujo alinhamento pode ser dividido entre aqueles que não aceitavam a UIT como
entidade para assuntos relacionados à rede.
Do lado de lá, o bloco da Rússia e China, além de vários países islâmicos como
os próprios Emirados, Arábia Saudita, Argélia e Sudão, pressionaram por
alterações no tratado que dessem maiores poderes aos governos nacionais sobre a
rede mundial. O argumento principal envolvia o tema da segurança eletrônica, mas
o texto, na visão dos contrários, resultou vago o suficiente para permitir
diferentes interpretações.
Um dos pontos de especial discórdia é o artigo 5B, que diz: “Estados membros
devem procurar tomar as medidas necessárias para prevenir a propagação de
comunicações eletrônicas não solicitadas e minimizar seu impacto nos serviços
internacionais de telecomunicações”. Quem defende o texto, sustenta que ele
trata de spams. Quem é contra, acha que o campo para “comunicações eletrônicas
não solicitadas” pode permitir medidas de censura.
Outro ponto de muito conflito está naquela resolução paralela ao tratado,
aprovada em uma votação, no mínimo, confusa, visto que a ideia, repita-se, era
de decisões por consenso. Chamado de “Resolução para promover um ambiente para o
contínuo crescimento da Internet”, o documento trata exatamente de algo que a
UIT alegou que não faria: não apenas trata da Internet como dá um papel à
entidade na governança da rede.
A resolução incita os países membros a elaborar políticas sobre assuntos
relacionados à Internet nas diferentes instâncias da própria UIT. Além disso, dá
poderes ao secretário-geral da União Internacional das Telecomunicações para
“dar os passos necessários para a UIT exercer um papel ativo no modelo
multirepresentativo da Internet”.
Não é por menos que a Internet Society declarou ter ficado desapontada com o
resultado. “Divisões fundamentais foram expostas deixando um número
significativo de países impossibilitados de assinar o ITR. Declarações de
diversas delegações deixaram claro que os assuntos de Internet não pertencem ao
ITR e que elas não vão apoiar um tratado inconsistente com o modelo de
governança da Internet”.
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Leia na Fonte: Portal da Band / Blog Circuito de Luca
[14/12/12]
Para Brasil, novo tratado de telecom não ameaça ninguém - por Cristina de
Luca
Depois de duas semanas intensas de negociações, delegações de 89, dos 151
estados membros da União Internacional de Telecomunicações (UIT) presentes à
conferencia que revisou o Regulamento das Telecomunicações Internacionais
(ITRs), acordaram um novo tratado global que, na opinião da entidade, “ajudará a
pavimentar o caminho para um mundo hiper-conectado que vai trazer o poder das
tecnologias de informação e comunicação (TIC) para as pessoas em toda parte”.
A delegação brasileira está entre elas, assim como as delegações de outros dez
países latino-americanos: México, Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai,
Paraguai, Panamá, Guatemala, Cuba e República Dominicana e EL Salvador.
O tratado assinado (clique aqui para conhecê-lo na íntegra) estabelece
princípios gerais para garantir o livre fluxo de informações ao redor do mundo.
Novas disposições em texto especial ênfase lugar em futuros esforços para ajudar
os países em desenvolvimento na promoção da acessibilidade às pessoas com
deficiência, e na afirmação direito de todas as pessoas à liberdade de expressão
através de redes de telecomunicações e informações. Mas questões difíceis,
relacionadas à Internet, provocaram debates acirrados. Entre elas questões
relativas a segurança de rede, conteúdo em massa não solicitados, tais como
SPAM, o princípio do acesso não discriminatório dos países de cada um dos outros
redes, e a inclusão ou não de termos sobre a liberdade de expressão no texto.
Aos jornalistas, o presidente da conferência Mohamed Nasser Al Ghanim, falou do
grande desafio de rever o tratado de 24 anos de idade, para garantir que é
relevante para as futuras gerações de utilizadores das TIC e uma cada vez mais
globalizado, competitivo e altamente inovador ambiente de TIC.
“Viemos a esta conferência com uma grande divergência de opiniões. Diferentes
países lidam com ambientes de mercado muito diferentes, mas todos entendem como
as TIC são críticas para o seu desenvolvimento econômico e social. Não
conseguimos chegar a um consenso universal, mas acredito que mesmo assim
conseguimos um grande marco na obtenção de um amplo consenso, e estou confiante
de que estes ITRs vão preparar o caminho para um mundo melhor, mais conectado e
um ambiente mais justo para todos.”
Representantes dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e outros países
discursaram no penúltimo dia de uma conferência da ONU em Dubai e rejeitaram as
revisões propostas no tratado que governa a telefonia e o tráfego de dados
internacionais. O motivo? Especialmente a resolução sobre a Internet anexada ao
tratado. O temor é o de que esse e outros anexos tornam mais provável que a
Internet venha a funcionar de maneiras muito distintas em diferentes regiões.
Os EUA também questionaram outros obrigatórios, incluídos no texto do tratado,
como a defesa de regulação de spam – que na visão americana legitimaria a
inspeção dos pacotes trafegados na internet para reconhecer o conteúdo,
afrontando a liberdade de expressão e possibilitando a censura.
As delegações dos EUA e dos outros países que resistiram a um acordo disseram
que em futuros encontros internacionais continuariam a pressionar pelo que
definem como “modelo de múltiplos grupos de interesse”, sob o qual organizações
do setor privado determinariam padrões e desempenhariam papel importante no
desenvolvimento da mídia.
“Talvez no futuro venhamos a ter uma Internet fragmentada”, disse à Reuters
Andrey Mulkhanov, que ocupa importante posto executivo na divisão internacional
do Ministério das Telecomunicações e Comunicação de Massa russo. “Isso seria
negativo para todos, e espero que nossos colegas norte-americanos e europeus
cheguem a uma posição construtiva”. Uma nova reunião plenária da UIT está
marcada para 2014 na Coreia do Sul.
A adoção plena do novo tratado só deve acontecer em 2015, após a ratificação
pelos países no novo encontro da UIT. E não há definição ainda quanto à maneira
de obrigar seu cumprimento pelos signatários.
A posição do Brasil?
Conforme o esperado, o Brasil não fez nenhuma ressalva ao texto principal e seus
anexos. Limitou-se a fazer constar no documento uma declaração na qual afirma
que entender que a resolução aprovada não é parte do tratado. ” resolução que
aprovamos não faz parte do tratado e, ainda que o fizesse, não conflita com o
mandato que a esta organização foi dada pela Cúpula Mundial da Sociedade da
Informação. O mesmo princípio se aplica aos Artigos 5A (segurança e robustez das
redes) e 5B (bulk communications). Os trabalhos desta conferência foram pautados
exclusivamente pelo respeito ao mandato da UIT e o escopo definido para os ITRs,
qual seja, desenvolver as infraestruturas de telecomunicações”.
O texto da declaração ressalta que o Brasil em todos os foros internacionais que
o modelo atual de governança da internet deve ser aperfeiçoado para que seja
verdadeiramente construído sobre as bases do multilateralismo, do
multissetorialismo, da democracia e da transparência.
Na mesma declaração o Brasil faz constar que concordou com não inclusão das
divergências sobre controle de conteúdo ou a Governança da Internet no tratado.
Tratado esse que na opinião do Brasil não é uma ameaça a ninguém. “Estamos
convictos de que os princípios básicos de nossas instituições não estão de forma
alguma ameaçados por este tratado”, diz a declaração.
Veja a íntegra da declaração, em inglês.
BRAZIL: Thank you, Chairman. I would like the Secretariat to include this
statement in the records of the meeting. On behalf of the Brazilian delegation,
I would like to express our most sincere thanks to the United Arab Emirates to
host this very important ITU event which is important for the organisation and
for the international global telecommunications industry.
Pursuant to this conference, we held more than 30 meetings with wider society,
and the draft regulations were submitted for public consultation. The proposals
from Brazil and the procedure to prepare them was open, democratic and evaluated
and assessed by many parties. As a result, we had wide participation by many
different individuals, groups and bodies. The delegation of Brazil here is an
obvious testament to our democracy and the principles of Human Rights and mutual
respect between nations which we have the greatest attachment to.
The Internet in Brazil is no different than it is from anywhere else. It
includes the viewpoints of academia, business, government and ordinary citizens.
In all international fora, we defend the current model of governance of the
Internet being improved so that it can really be based on the principles of
multisectorallism, multilateralis many, democracy and full transparency. In this
connection, Chairman, in delegation would like to reiterate its firm commitment
to the ITU and its Member States and to discussing further with them after this
conference. We do not believe that this treaty is a threat to anyone. On the
contrary, we all emerge from here strengthened by it, given the volume and
diversity of the proposals we had, Brazil tried to find a read through that
would take into account everyone’s opinion and help us to reach consensus. In
order to reach consensus between all the Member States, we did not include
differences about content or Internet Governance in the treaty.
The resolution that was approved is not part of the treaty. If it were,
Chairman, then it would not be in conflict with the mandate that was given to
this organisation by the World Summit on the Information Society in which all of
us participated. The same principle is applied to Articles 5 A and 5 B. The work
of the conference was guided by full respect for the mandate of ITU and the
scope of the regulations, which is to develop telecommunications infrastructure.
Furthermore, we have not moved away from our commitment to Human Rights, ill
alienable as they are. And the right to have access to telecommunications
services, these are fundamental principles for all of us as are Human Rights.
And the right to access and Human Rights are in the preamble to the treaty.
The issue of roaming is very important for final users. And we all had a common
shared feeling when we dealt with that issue. As to traffic exchange points,
provisions at which were approved at this conference. We believe there will be
less centralization and also it will help us to improve coverage, and reduce
costs. The progress made in respect of telecommunications infrastructure through
this treaty will lead to clear benefits for users. That is what we can otherwise
describe as digital inclusion.
Chairman, I would like, with your permission, to now say a few words in the
language of your ancestors, and I do excuse myself for any errors.
Chairman, the Brazilian delegation would like to offer its thanks to you for the
efforts which you have been putting in throughout this conference. We believe
that the fact that some countries have been unable to sign this treaty is not a
discouraging sign. We must continue to work in order to get total support for
the ITRs. Thank you, sir.
PS: Grata Marília Maciel @MariliaM, pela indicação do link onde encontrar a
íntegra da declaração basileira, no site do Observatório Brasileiro de Políticas
Digitais.
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Leia na Fonte: Portal da Band / Blog Circuito de Luca
[13/12/12]
EUA decidem não assinar o novo tratado de telecom proposto pela UIT - por
Cristina de Luca
Acertou quem previa, como muitos representantes da delegação brasileira em Dubai, que a Conferência Mundial de Telecomunicações (wCIT-12), promovida pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) para revisar o Regulamento de Telecomunicações Internacionais, não resultaria em um acordo sobre a inclusão de disposições a respeito de temas como a governança da Internet e a censura na Web.
Hoje, os participantes da conferência concluíram o a elaboração do texto do tratado Internacional de Telecomunicações recém revisado (na íntegra aqui). E apesar dos esforços do secretário-geral da UIT, Dr. Hamadoun I. Touré, em reafirmar que a conferência não foi sobre regulamentação da Internet e que o texto do novo regulamento não incluirá disposições sobre a a grande rede, a inclusão da resolução sobre Internet, proposta e votada na quarta-feira, como um documento anexo ao texto do tratado levou diversos países, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá, a decidirem não assiná-lo. Na opinião desses países, a resolução anexada é, sim, uma forma de incluir disposições sobre governança da Internet no tratado.
Sob o pretexto de promover o desenvolvimento e crescimento da Internet, a resolução anexada ao texto principal do Regulamento de Telecomunicações Internacionais dá à UIT, na opinião de algumas delegações, um mandado perigoso para continuar a manter discussões sobre a política de internet. Na prática, a nova resolução convida os estados membros a discutirem questões de política de internet em outros fóruns da UIT.
Na opinião da delegação americana, ao concordar em ampliar o âmbito das regras da UIT para incluir a Internet, abrangendo suas operações e conteúdo, as nações favoráveis à inclusão da resolução, estão prejudicado radicalmente o modelo multi-stakeholder de governança da Internet.
Vários outros países, incluindo o Quênia, Suécia, Polônia, Holanda e Nova Zelândia, também já deixaram clara a intenção de não assinar o documento ou fazer reservas parciais, disse à COMPUTERWORLD americana, Terry Kramer, chefe da delegação dos EUA na WCIT-12.
Na opinião da delegação americana, a resolução anexada ao tratado que será assinado nesta sexta-feira, 14/12, permite aos governos se envolverem na governança da Internet. A delegação dos EUA se opõe a essa e a outras duas disposições, uma sobre a luta contra spam luta e outra sobre a segurança cibernética. “As disposições de spam e de segurança vão abrir a porta para nova censura da web”, afirmou Kramer. “Regulamentos da UIT não devem tratar de segurança cibernética, com “compromissos vagos que teriam implicações significativas, mas poucas melhorias práticas”, completou.
Mesmo a resolução sobre internet não sendo vinculativa, Kramer prevê alguns efeitos de curto prazo. Para começar, os EUA e seus aliados terão que trabalhar duro para manter o modelo multistakeholder para resolução das questões de governança da Internet, disse ele. “Estamos vislumbrando a necessidade de continuar a fazer isso com alcance global para não permitir inadvertidamente uma balcanização da internet”, disse ele. Nesse sentido, a FCC foi muito clara em um comunicado emitido nessa quinta-feira, 13/12: “Os Estados Unidos devem preparar-se para uma negociação uma ainda mais traiçoeira do tratado da UIT, na próxima conferência, a ser realizada em 2014 na Coréia. Essas negociações podem expandir o alcance da UIT ainda mais”.
Nesse aspecto, chamam atenção dois trechos do comunicado feito nesta quinta-feira pelo secretário-geral da UIT. Dizem:
“O anexo ao tratado é uma resolução não-vinculativa, que visa promover o desenvolvimento e crescimento da Internet – uma tarefa para a qual a UIT tem contribuído significativamente para desde o início da era da Interne. Uma tarefa central para o mandato da UIT para conectar o mundo“.
“A palavra Internet foi repetida durante toda esta conferência e acredito que este é simplesmente um reconhecimento da realidade atual – os dois mundos de telecomunicações e Internet são indissociáveis. Eu demonstrei isso, desde o início, convidando o meu amigo Fadi Chehade, CEO da ICANN, para tratar de nossa conferência“.
Alguns observadores da WCIT-12 também levantaram preocupações de que muitos países poderiam usar a resolução como um modelo para a regulação da Internet.Na opinião deles, mesmo com os Estados Unidos se recusando a assinar o novo acordo, o que aconteceu em Dubai pode ter efeito cascata. Consumidores acabarão por pagar o preço por essa tomada de poder ao tentarem navegar nesta nova era de uma Internet internacionalmente politizada.
Não assinar ao tratado desobriga esses países de seguirem as resoluções do tratado. Mas eles perdem o direito de opinar na implementação das resoluções por parte dos países signatários.
O BRASIL NA WCIT-12
O Brasil vai assinar. Apesar de toda polêmica em torno da Internet, o tratado
traz avanços em algumas questões. Entre elas, o compromisso de promover uma
maior conectividade para as pessoas com deficiência e uma maior transparência
nos preços do roaming internacional, vitória extremamente importante para os
consumidores, apoiada pela delegação brasileira.
Roaming internacional, spam, pontos de troca de tráfego, rotas internacionais
de telecomunicações, neutralidade e segurança de rede foram os pontos discutidos
pela delegação brasileira em Dubai, chefiada pelo Ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo.
Na opinião do ministro, bem como da Anatel, o país conseguiu conquistas
importantes na área de roaming internacional e na negociação para os pontos de
troca de tráfego de Internet.
Para quem chegou agora, o Brasil propôs em Dubai estimular a implantação de PTTs regionais, para reduzir os gastos com infraestrutura de telecomunicações internacionais. A oferta de capacidade internacional em bases competitivas e com diversidade de alternativas e importante para países em desenvolvimento. Hoje, diferentemente do que ocorria no passado, quando havia rateio dos custos, todo o custo de implantação e operação das rotas internacionais em direção aos países centrais da internet tem ficado sob responsabilidade de cada país e seus operadores. No caso do Brasil, esse modelo significa uma despesa anual superior a R$ 1 bilhão apenas na operação dos serviços. A intenção do Ministério das Comunicações é ter um PTT internacional no Brasil, no âmbito da Telebrás, para reduzir consideravelmente este custo.
@@@
O que ficou acordado sobre roaming?
4.4 Member States shall foster measures to ensure that authorized operating agencies provide free of charge, transparent, up-to-date and accurate information to end users on international telecommunication services including international roaming prices and the associated relevant conditions in a timely manner.
4.5 Member States shall foster measures to ensure that telecommunications services in international roaming of satisfactory quality are provided to visiting users.
4.6 Member States should foster cooperation among authorized operating agencies in order to avoid and mitigate against inadvertent roaming charges in border zones.
4.7 Members States shall endeavour to promote competition in the provision of international roaming services and are encouraged to develop policies that foster competitive roaming prices for the benefit of end users.
E sobre conectiva internacional?
3.9 Member States should create an enabling environment for the
implementation of regional telecommunications traffic exchange points with a
view to improve quality, increase the connectivity and resilience of networks,
foster competition and reduce the costs of international telecommunication
interconnections.