WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA

Fevereiro 2012             


06/02/12

• Debate sobre os "posts" "PGMC, PTT, PMS, ATM..."

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Lembro que o Bloco Tecnologia do Portal WirelessBRASIL tem funcionado, ao longo do tempo, como "compartilhoduto" entre os Grupos e o "mundo exterior".
De um modo geral evito transcrever o nome completo e o e-mail dos autores das mensagens, para preservar a privacidade. As mensagens identificadas são aquelas cujos participantes já forneceram uma autorização prévia.
Lembro também que qualquer texto pode ser corrigido, atualizado ou cancelado a qualquer momento, mediante simples solicitação.
Se algum leitor externo do Portal desejar entrar em contato com os autores das mensagens, estou à disposição para intermediar.

Para nivelamento dos dois Grupos.

Estes dois "posts" geraram um debate técnico (em andamento) cujas mensagens estão transcritas mais abaixo:
01/02/12
PGMC, PTT, PMS, ATM...(2): Os PTTs (Pontos de Troca de Tráfego) e o PNBL
PGMC, PTT, PMS, ATM...(1): Teletime: "Anatel retira do PGMC obrigações para construção de PTT"

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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de Rubens
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 1 de fevereiro de 2012 17:50
assunto Re: [wireless.br] PGMC, PTT, PMS, ATM...(1): Teletime: "Anatel retira do PGMC obrigações para construção de PTT"

> Mais uma vez eu diria que o jornalista (competente, bem intencionado mas apressado) noticiou mas não informou... :-)

Há uma outra questão na notícia, a de que a fonte na Anatel não é nominalmente citada. Apesar disso ser usual, neste caso ela impediu que a mesma fonte fosse ouvida por outro noticiário e confirmado o teor da matéria, pois há um ponto que diverge do discurso até então praticado pelo governo. E muito antes de qualquer teoria conspiratória, eu vejo uma boa chance disso ser um caso de "quem conta um conto aumenta um ponto" que seria sanado por uma outra matéria baseada numa entrevista em momento diferente por repórter (numa
definição ampla da palavra) diferente.

> Ao invés de construírem os PTTs, as empresas serão obrigadas a se conectarem aos PTTs existentes, controlados pelo Nic.Br, e adotarem política irrestrita de troca de tráfego, o chamado ATM (acordo de tráfego múltiplo). As companhias que aderem ao ATM concordam em formar e suportar acordos de troca de tráfego com todos os outros participantes do ATM no PTT.

É exatamente este ponto que me surpreendeu. O discurso do MinCom e da agência até então era de que não era possível obrigar as operadoras com PMS (Poder de Mercado de Significativo) a entrarem no acordo de tráfego múltiplo, por mais que eles gostariam de que isso fosse feito.
Eu não consegui notar alterações na LGT (que de fato aconteceram recentemente como bem nota o Smolka) que mudasse essa premissa; assim, por mais que esse tipo de medida possa gerar uma aumento significativo da qualidade de serviços Internet no país, me pergunto como isso possa ser feito dentro do arcabouço legal e regulatório.

Rubens

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de J. R. Smolka smolka@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br, "Celld-group@yahoogrupos.com.br"
data 3 de fevereiro de 2012 16:17
assunto Re: [wireless.br] PGMC, PTT, PMS, ATM...(1): Teletime: "Anatel retira do PGMC obrigações para construção de PTT"

> > Ao invés de construírem os PTTs, as empresas serão obrigadas a se conectarem aos PTTs existentes, controlados pelo Nic.Br, e adotarem política irrestrita de troca de tráfego, o chamado ATM (acordo de tráfego múltiplo). As companhias que aderem ao ATM concordam em formar e suportar acordos de troca de tráfego com todos os outros participantes do ATM no PTT.

Rubens comentou:
> É exatamente este ponto que me surpreendeu. O discurso do MinCom e da agência até então era de que não era possível obrigar as operadoras com PMS (Poder de Mercado de Significativo) a entrarem no acordo de tráfego múltiplo, por mais que eles gostariam de que isso fosse feito. Eu não consegui notar alterações na LGT (que de fato aconteceram recentemente como bem nota o Smolka) que mudasse essa premissa; assim, por mais que esse tipo de medida possa gerar uma aumento significativo da qualidade de serviços Internet no país, me pergunto como isso possa ser feito dentro do arcabouço legal e regulatório.

E não podem mesmo. Nem as operadoras com PMS nem as sem PMS, por um motivo simples: os PTTs tratam de interconexão de redes IP, e os PTTs instalados e operados pelo NIC.br são ainda mais específicos, pois referem-se ao tráfego da Internet.

A Internet nao é uma rede de suporte a serviços de telecomunicação (pelo menos por enquanto), e a Anatel já cansou de dizer que ela regula serviços de telecom, não a tecnologia usada para provê-los. Então obrigar os provedores de acesso e trânsito da Internet que, por acaso, também sejam concessionárias ou permissionárias de serviços de telecomunicação (STFC, SMP ou SCM - com ou sem PMS) a aderirem aos ATMs dos PTTS do NIC. br, ou a construírem seus próprios PTTs, é algo fora do alcance legal da Anatel ou do MiniCom. Isto pode ser negociado, mas não imposto.

Daí que este assunto não cabe no PGMC, que já é, por si só, discutível.

[ ]'s
J. R. Smolka

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de Jose
para "Celld-group@yahoogrupos.com.br"
data 6 de fevereiro de 2012 10:40
assunto RE: [Celld-group] Re: [wireless.br] PGMC, PTT, PMS, ATM...(1): Teletime: "Anatel retira do PGMC obrigações para construção de PTT"

Smolka,

Na sua visão, seria então impossível a Anatel enquadrar as PMS de forma que elas sejam obrigadas a trocar tráfego tendo os PTT como estrutura de suporte as redes de telecomunicações?

A tecnologia para o encaminhamento de tráfego via IP existe dentro das operadoras e já esta em uso a muito tempo, utilizada é claro, apenas no encaminhamento do tráfego interno (centrais 7iP por exemplo). A algum tempo atrás eu fiz um contrato de encaminhamento de tráfego SIP para uma operadora (STFC x STFC), a qual por não ter a tecnologia disponível (creio mais ser uma regra de negócio do que técnica) usava a Nexus para a conversão de tráfego SIP para TDM. Tivemos alguns problemas no inicio pelo ineditismo da operação, mas depois rodou bem.... O impedimento neste caso estava atrelado a exigência de quantidade de minutos exigido no contrato, o qual era enorme e altamente impeditiva para pequenas operadoras.

Assim, entendo que tecnologia temos, o que não temos é vontade política para que isso ocorra...

Atte.
José

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de J. R. Smolka smolka@terra.com.br por yahoogrupos.com.br
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, "wirelessbr@yahoogrupos.com.br"
data 6 de fevereiro de 2012 12:16
assunto Re: [Celld-group] Re: [wireless.br] PGMC, PTT, PMS, ATM...(1): Teletime: "Anatel retira do PGMC obrigações para construção de PTT"

Oi José,

Como de praxe nestes casos, respostas inline.

Jose escreveu:
> Na sua visão, seria então impossível a Anatel enquadrar as PMS de forma que elas sejam obrigadas a trocar tráfego tendo os PTT como estrutura de suporte as redes de telecomunicações?

Quando (repare que não uso SE, mas QUANDO... vai acontecer mais cedo ou mais tarde) as operadoras de telecom chegarem ao ponto de interoperarem seus serviços sobre transporte IP (o que não ocorre hoje) a Anatel não precisará regular a criação de PTTs entre elas. Ocorrerá naturalmente, como coisa normal e análoga aos acordos de interconexão TDM que existem hoje.

> A tecnologia para o encaminhamento de tráfego via IP existe dentro das operadoras e já esta em uso a muito tempo, utilizada é claro, apenas no encaminhamento do tráfego interno (centrais 7iP por exemplo).

Confere. Se as operadoras quisessem já poderiam, usando a infraestrutura de softswitches já instaladas, adotar uma arquitetura flat (mínimo uso de centrais de trânsito). A plataforma 7IP, até onde sei, é uma solução (talvez proprietária) para transporte de sinalização SS7 sobre IP.

> A algum tempo atrás eu fiz um contrato de encaminhamento de tráfego SIP para uma operadora (STFC x STFC), a qual por não ter a tecnologia disponível (creio mais ser uma regra de negócio do que técnica) usava a Nexus para a conversão de tráfego SIP para TDM. Tivemos alguns problemas no inicio pelo ineditismo da operação, mas depois rodou bem.... O impedimento neste caso estava atrelado a exigência de quantidade de minutos exigido no contrato, o qual era enorme e altamente impeditiva para pequenas operadoras.

O que você provavelmente fez foi um acordo de tráfego no atacado entre uma operação VoIP e a operadora. De fato, seja por miopia de negócio ou por pura inércia (veja mais abaixo), a operadora não devia ter (e talvez ainda não tenha) gateways de conversão de sinalização SIP/SS7 (o que é muito diferente do que faz o 7IP). [omitido] (a operadora tem que levar o assunto IMS muito a sério por causa do planejamento de migração para LTE) estas coisas devem mudar - espero.

E sim, para uma minutagem muito pesada, a maioria dos pequenos operadores de gateways VoIP não tem equipamento para dar conta do volume de tráfego.

> Assim, entendo que tecnologia temos, o que não temos é vontade política para que isso ocorra...

É uma maneira de dizer. Ainda existe muita resistência - especialmente nas operadoras fixas - à idéia de redes e serviços all-IP. Uma parte disso é o medo de canibalizar o serviço de voz (que ainda é a vaquinha leiteira do negócio das operadoras, fixas e móveis), e o outro é FUD (fear, uncertainty and doubt) espalhado entre o pessoal de planejamento técnico das operadoras por alguns fabricantes tradicionais de equipamentos de telecom que teriam muito a perder com uma migração rápida demais para um modelo all-IP.

[ ]'s
J. R. Smolka