WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA
Fevereiro 2012
10/02/12
• Mais controle sobre as agências -
por Mariana Mazza
Referenciei no "post" anterior (Loteamento
de agências reguladoras) e agora transcrevo:
Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[07/02/12]
Mais controle sobre as agências - por Mariana Mazza
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
-----------------------------------
Leia na Fonte: Portal da
Band - Colunas
[07/02/12]
Mais controle sobre as agências - por Mariana Mazza (foto)
A presidência da Câmara dos Deputados resolveu colocar a mão em um vespeiro
nesta semana. Ontem foi decidida a junção dos projetos que pretendem ampliar o
controle externo sobre as agências reguladoras e a criação de uma comissão
especial para analisar o assunto. Há anos, o tema tem sido tratado abaixo do
radar do parlamento. Para se ter uma ideia, os projetos mais antigos sobre o
tema já tem nove anos de tramitação. A proposta onde as demais foram apensadas é
de autoria de Arthur Virgílio (PSDB/AM), que na época era senador.
Há oito anos a campanha política para aumentar o controle sobre as ações das
agências reguladoras atingia o auge. O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva nunca simpatizou com essas autarquias, símbolos das privatizações da
era FHC. Dilma Rousseff, na época ministra de Minas e Energia, não dava refresco
à Aneel, que perdeu boa parte de seus poderes durante a reforma do setor
elétrico promovida no governo Lula. Enquanto isso, a Casa Civil, comandada por
José Dirceu, elaborava seus planos de unificação das leis que regem as agências,
devolvendo aos ministérios boa parte da gestão dos setores regulados. O projeto
mais polêmico sobre o tema, enviado ao Congresso em 2004, é de autoria da
própria Casa Civil.
Dizer que as agências ficaram histéricas é pouco para descrever o clima nessas
autarquias durante esse período. Mas nada como um dia após o outro. Os anos
foram passando e a fúria contra as agências parece ter sido aplacada. O lema de
que essas autarquias são órgãos de Estado (e não de governo) e que a autonomia é
o princípio mais nobre para a boa regulação se consolidou. Com isso, a ideia de
exigir que as agências prestassem conta aos órgãos de controle externo, como o
TCU, aos ministérios e aos deputados e senadores foi sendo pouco a pouco
enfraquecida. Enquanto isso, a comemorada autonomia foi se transformando em
soberania, com muitas agências decidindo e agindo como se realmente não devessem
explicações a ninguém.
Tantos anos depois, a decisão de criar uma comissão especial para analisar os
projetos que pretendem disciplinar as agências parece uma boa notícia. Mas ainda
é cedo para comemorar. Para quem acompanha a dança dos parlamentares, a criação
de uma comissão especial muitas vezes é decidida exatamente para engavetar
assuntos espinhosos. Isso porque os partidos têm que indicar quais parlamentares
participarão do grupo. Se ninguém for indicado, a comissão simplesmente existe,
mas não funciona.
Os projetos para uma Lei Geral das Agências também dão uma lição sobre a
distância entre o jogo político real e as iniciativas que acabam sendo apenas
manobras vazias. Cada um desses projetos tramita em regime de urgência, o que
permite que o Plenário vote em definitivo as propostas a qualquer momento. Basta
existir "vontade política", para usar o jargão do Congresso. Se um projeto fica
nove anos sem votação mesmo sendo considerado urgente, imaginem o que seria se
ele tivesse uma tramitação comum?
A reforma legal das agências não está entre as prioridades do governo em 2012.
Outros projetos importantes para o setor de telecomunicações também foram
esquecidos neste ano, como é o caso da nova Lei do Fust, que liberaria
praticamente R$ 1 bilhão por ano para investimentos na expansão da banda larga.
O marco civil da Internet também sumiu da lista de prioridades apresentadas na
semana passada, durante a abertura do ano legislativo.
Nesta primeira semana de trabalho, vários deputados criticaram a ausência desse
temas importantes na agenda legislativa. Se o setor está tão visado pelos
parlamentares, tomara que a tal vontade política dessa vez se concretize e
permita que a Lei Geral das Agências enfim saia do papel. Depois de 15 anos da
privatização dos serviços públicos, acho que já estamos maduros para colocar um
pouco de ordem nas agências.