WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA
Janeiro 2012
21/01/12
• Anatel divulga minuta de edital da "4G" que vai à consulta pública
Olá, WirelessBR e Celld-group!
Lembro que em Março de 2010 realizamos aqui em
nossos Grupos, com a apoio do e-Thesis,
um evento virtual chamado "Março com 4G".
Para saber "tudo" sobre 4G role
esta página
até o mês de março. Foram 38 "posts" com muito conteúdo!
Como ambientação e reciclagem nos "problemas" da 4G, transcrevo mais abaixo três
matérias, duas recentes e outra de 2011.
Luiz Queiroz do Convergência Digital informa:
"A Anatel aprovou nesta quinta-feira, 19/01, a minuta do edital de leilão para
as frequências de 450 MHz e 2,5 GHz, destinada pelo governo para os serviços LTE,
a 4G da telefonia móvel celular. Estranhamente o relator da matéria, o
conselheiro Rodrigo Zerbone, deixou fora do texto qualquer menção quanto aos
indicadores de qualidade do serviço Internet a ser prestado para os
consumidores, num momento em que a própria agência vem analisando um pedido da
Oi para retirar as metas impostas para os serviços disponíveis.
Zerbone alegou que o fato de não ter feito menção alguma quanto às metas de
qualidade que são impostas pelo órgão regulador no texto do esboço deste edital,
entende que as empresas já estão cientes de antemão, que terão de cumprir o que
manda os regulamentos em vigor para o SPM e o SCM." [Ler integra mais
abaixo]
Mariana Mazza da Band reclama:
(...) Depois de ouvir a proposta da Anatel para o Edital, divulgada ontem pelo
Conselho Diretor da agência, não tenho mais certeza se a estratégia dará certo.
Além de confusas, as regras inovadoras desenhadas pela agência para a disputa
pecam mais pela falta do que pelo excesso. Questões importantes como a
velocidade das conexões que devem ser oferecida pelas empresas vencedoras e a
qualidade do serviço ficaram de fora do documento.(...) [Ler integra mais
abaixo]
Em março de 2011 a jornalista Miriam Aquino, do Tele.Síntese fez uma
interessante entrevista com Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da
Alcatel-Lucent. Vale conferir!
Ler na Fonte: Tele.Síntese
[01/03/11]
Frequência e backhaul, dois desafios da LTE - por Miriam Aquino
[Ler integra mais abaixo]
Comentários?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
BLOCOs
Tecnologia e
Cidadania
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Leia na Fonte:
Convergência Digital
[19/01/12]
Anatel lança esboço de edital para 4G, mas não exige qualidade no serviço -
por Luiz Queiroz
(Visite a fonte para ver os vídeos!)
A
Anatel aprovou nesta quinta-feira, 19/01, a minuta do edital de leilão para as
frequências de 450 MHz e 2,5 GHz, destinada pelo governo para os serviços LTE, a
4G da telefonia móvel celular. Estranhamente o relator da matéria, o conselheiro
Rodrigo Zerbone, deixou fora do texto qualquer menção quanto aos indicadores de
qualidade do serviço Internet a ser prestado para os consumidores, num momento
em que a própria agência vem analisando um pedido da Oi para retirar as metas
impostas para os serviços disponíveis.
Zerbone alegou que o fato de não ter feito menção alguma quanto às metas de
qualidade que são impostas pelo órgão regulador no texto do esboço deste edital,
entende que as empresas já estão cientes de antemão, que terão de cumprir o que
manda os regulamentos em vigor para o SPM e o SCM.
Para ele a medida é desnecessária, apesar da Oi estar pleiteando justamente o
fim dessas metas de qualidade junto à Anatel, que ainda não se posicionou e
aguardará a manifestação da sociedade numa consulta pública.(assista ao vídeo do
conselheiro explicando os detalhes de sua decisão).
O texto da minuta de edital ainda será levada à consulta pública, que terá
duração de 30 dias, a contar de sua publicação no Diário Oficial da União. Na
apresentação do seu parecer, Zerbone solicitou que durante esse período, pelo
menos, duas audiências públicas, venham a ser realizadas. Elas devem acontecer
em Brasíla e São Paulo.
O Convergência Digital traduz os pontos principais da apresentação de Zerbone,
feita durante reunião do Conselho Diretor da Anatel, realizada nesta
quinta-feira, 19/01, e transmitida pela primeira vez ao vivo para a socidade.
450 MHz
O conselheiro Zerbone optou por elaborar um edital para venda separada da faixa
de frequência de 450 Mhz que será pelo menor preço do serviço ofertado ao
usuário no interior do país. Em seguida será a vez da agência colocar em disputa
a faixa de 2,5 GHz. Porém, Zerbone atrelou as duas frequências aos compradores.
Ou seja, não há a hipótese de o leilão dos 450MHz não ter disputa e as empresas
apenas demonstrarem interesse na faixa de 2,5 GHz.
Se não houver comprador para a faixa de 450 MHz, a Anatel obrigará os
compradores das frequencias de 2,5 GHz a pelo menos disponibilizarem
infraestrutura de rede para voz e dados na zona rural, que terá de ser
compartilhada com futuros interessados em prestar esse serviço. Porém, outra vez
o texto não deixa claro tal regra e a eventual necessidade de a Anatel ter de
mediar conflitos relativos ao compartilhamento da rede. Na prática, a divisão
ficou assim: São três blocos de 20 MHz + 20 MHz (bandas W, X e V) para serem
explorados com tecnologias FDD (como a tecnologia LTE), um central de 35 MHz +
35 MHz (U) para ser usado com tecnologias TDD(como o TD-LTE ou o WiMAX) e outro
de 10 MHz + 10 MHz (P) para ser explorado com tecnologia FDD. Há ainda um quarto
bloco de 15 MHz(T), destinado para administrações públicas e fora do processo de
licitação.
A banda de 35 MHz para a tecnologia TDD - considerada a "jóia da coroa",será
ofertada pela agência como sendo "de âmbito nacional" e, portanto, num único
lote. No FDD, a Anatel tornou como faixa nacional 20 MHz (10 + 10). Por conta
disso, a Anatel prevê a total limpeza dessas faixas, para garantir maior
qualidade de sinal.
Cobertura
Os compromissos de cobertura no 4G seguem os mesmos interesses comerciais das
empresas e políticos do governo, já que do ponto de vista comercial, o 4G
somente atenderá a aqueles consumidores que podem pagar caro pelo serviço.
Do ponto de vista político, salvará o governo de eventuais vexames com a conexão
de Internet nas cidades sedes da Copa das Confederações, do Mundo e nas
Olimpíadas 2016. A Anatel espera que a rede 4G esteja pronta seis meses antes da
realização da Copa do Mundo, ou seja até dezembro de 2013.
Nas demais capitais e cidades com maior aglomerado humano as regas são as
seguintes:
- Cidades com mais de 500 mil habitantes, a rede 4G estará pronta até 31 de maio
de 2014.
- Cidades com mais de 100 mil habitantes, 31 de dezembro de 2015.
- Cidades com população entre 30 mil e 100 mil habitantes, a rede terá de operar
Até 31 de dezembro de 2016. Mas neste caso as operadoras poderão suprir parte
das necessidades de atendimento com a rede 3G.
- Cidades abaixo de 30 mil habitantes, que sequer experimentaram a telefonia em
rede 3G a meta é dezembro de 2017, mas as operadoras poderão se valer da
ingraestrutura de rede 3G que ficará ociosa em outros locais do país.
Fosso digital
Enquanto as populações mais ricas do país contarão com Internet de altíssima
velocidade (no Japão a rede 4G oferece até 10 Mbps nas conexões móveis), na zona
rural o atendimento previsto com banda larga na faixa de frequência de 450 MHz
chega a ser praticamente a mesma velocidade que já foi estimada pelas operadoras
junto ao governo no PNBL (1Mbps). A Anatel tornou obrigatória apenas um plano de
serviços de dados que contempla velocidade mínima de download de 256 Kbps e de
upload de 128 Kbps.
A CDTV, do Convergência Digital, editou as principais partes da apresentação
feita pelo conselheiro Rodrigo Zerbone. Assista.
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Leia na Fonte: Portal da Band -
Colunas
[20/01/12]
4G sem qualidade? - por Mariana Mazza
Na
próxima semana, a Anatel iniciará uma consulta pública sobre as regras para o
leilão de duas faixas de radiofrequência que permitirão ao Brasil inaugurar a
tecnologia de quarta geração da telefonia celular, o chamado 4G. A vantagem da
adoção de tecnologias 4G é o aumento sensível da velocidade da conexão de banda
larga móvel. Bom, pelo menos tecnicamente.
A projeção dos técnicos da Anatel é que a tecnologia que deverá ser adotada no
Brasil - a Long Term Evolution (LTE) - garanta conexões até 10 vezes mais
rápidas do que os sistemas 3G que possuímos hoje. O início do debate do leilão
4G faz parte da agenda para a Copa do Mundo de 2014. O governo está seguro de
que teremos celulares super potentes até lá, desde que a Anatel promova o tal
leilão ainda neste ano.
Depois de ouvir a proposta da Anatel para o Edital, divulgada ontem pelo
Conselho Diretor da agência, não tenho mais certeza se a estratégia dará certo.
Além de confusas, as regras inovadoras desenhadas pela agência para a disputa
pecam mais pela falta do que pelo excesso. Questões importantes como a
velocidade das conexões que devem ser oferecida pelas empresas vencedoras e a
qualidade do serviço ficaram de fora do documento.
A explicação dada pelo conselheiro Rodrigo Zerbone, relator da proposta, para a
construção de um edital tão minimalista com relação ao que será prestado nas
faixas que serão vendidas é estranha. Segundo Zerbone, as escolhas foram tomadas
para garantir o interesse das teles em concorrer no leilão. E o excesso de
detalhamento poderia afastar os investidores.
A esquisitice por trás desse argumento é que a Anatel passou os últimos anos
defendendo de forma ferrenha de que as duas faixas que serão leiloadas - a de
2,5 GHz e de 450 MHz - representavam o que havia de melhor para a evolução da
tecnologia celular. Se isso é verdade, porque as empresas não compareceriam ao
leilão mesmo com a existência de regras mais rígidas? É difícil de entender.
A ausência de parâmetros de velocidade e qualidade no documento torna-se ainda
mais estranha se avaliarmos o contexto em que o edital está sendo colocado em
consulta. Nos últimos dias tenho dedicado a coluna a noticiar a confusão criada
pela Anatel por conta de um pedido de anulação feito pela Oi das regras de
qualidade da banda larga editadas pela agência no ano passado. A autarquia abriu
uma consulta pública apenas para debater a solicitação da Oi, alegando que o
procedimento (nunca antes adotado) está previsto no regimento do órgão.
Mas, se a motivação da consulta é meramente burocrática e a agência pretende
manter as regras que ela mesma criou, não seria de bom tom incluí-las na minuta
do edital do 4G? Em um documento como este, que ainda será discutido com a
sociedade para só então ser validado, acredito que o excesso não é pecado. A
falta de clareza do modelo adotado é que deveria preocupar.
Algumas empresas já começaram a reclamar do edital divulgado ontem. É o caso da
TIM, que deu declarações a noticiários econômicos criticando o timing da Anatel
para a execução do leilão. Para a empresa, não faz sentido o Brasil querem
inaugurar o 4G se os investimentos no 3G ainda estão sendo feitos.
Por ironia do destino talvez, a TIM sofreu uma grave pane em Brasília na noite
de ontem. Em comunicado enviado à Rede Bandeirantes, a empresa confirma que
diversos clientes ficaram sem comunicação entre às 20h34 e às 23h por conta de
um problema em uma de suas centrais na capital. O motivo da pane ainda está
sendo investigado.
Certamente, os clientes da TIM e das outras operadoras têm percebido nos últimos
meses que a necessidade de expansão das redes móveis é uma realidade no Brasil.
As redes estão cada vez mais congestionadas, graças em grande parte à explosão
de consumo da banda larga móvel. Sob esta ótica, tendo a concordar com a
operadora: será que o mais interessante no momento é trocar de tecnologia, o que
exigirá investimentos ainda mais robustos do que os necessários para reforçar as
redes que já temos? Ainda mais se não há nenhuma garantia de que as operadoras
4G oferecerão velocidades de fato maiores e com melhor qualidade.
Coisas ainda mais estranhas têm acontecido em torno das discussões sobre a
melhoria dos serviços de banda larga no Brasil. Dentro da Anatel cresce a
torcida para que a ABR Telecom, grupo formado pelas operadoras telefônicas para
coordenar os serviços de portabilidade, vença a disputa para ser a responsável
pela gestão dos parâmetros de qualidade da Internet. Essa concorrência foi
aberta também ontem pela Anatel.
Fontes da agência contam que o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br),
órgão criado pelo governo e formado por especialistas da área de tecnologia, tem
sido tacitamente excluído das reuniões realizadas pela Anatel sobre as regras de
qualidade. Se isso for verdade, a acusação é séria já que praticamente todos os
parâmetros fixados pela Anatel se baseiam em estudos conduzidos pelo CGI.
A entrada do 4G no Brasil alinhada com a evolução tecnológica mundial deve ser
uma meta da Anatel, mas não pode ser atingida a qualquer custo. Tive o
privilégio de experimentar essa nova tecnologia quando a primeira rede foi
lançada na Suécia e posso dizer que a qualidade do serviço é realmente
impressionante se comparada às velocidades que dispomos hoje no Brasil. Mas
acreditar que, apenas porque a tecnologia permite velocidades melhores as
empresas oferecerão pacotes mais robustos por aqui é temerário. Basta dizer que,
tecnicamente, as tecnologias 3G permitem conexões de até 7 Mbps em equipamentos
estacionários, ou seja, em conexões sem movimento. Desafio alguém a encontrar
uma oferta de 3G acima de 1 Mbps no Brasil.
De qualquer forma, a consulta do edital para o leilão do 4G será, ao menos, uma
oportunidade para ampliar o debate sobre a qualidade dos serviços de banda larga
prestados no país. A consulta pública é tradicionalmente um instrumento para
aperfeiçoar as propostas feitas pela agência. Fica a torcida para que,
especialmente neste caso, a Anatel aproveite este momento e apare as arrestas de
um documento tão importante para a sociedade brasileira.
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Ler na Fonte:
Tele.Síntese
[01/03/11]
Frequência e backhaul, dois desafios da LTE - por Miriam Aquino [Entrevista
com Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent]
A
LTE traz vantagens, mas também grandes desafios para as operadoras, diz Ken
Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent, que aponta como
desafios a necessidade de muita banda e de espectro, muitos investimentos em
backhaul e, principalmente, mudança de atitude, de maneira a também poderem
ganhar receitas com os serviços "over the top".
A quarta geração da telefonia móvel, a LTE, começa a ser implantada
paulatinamente pelas grandes operadoras globais, entre elas a norte-americana
Verizon. Para Ken Wirth, presidente de Redes 4G/LTE da Alcatel-Lucent, esta nova
tecnologia tem como vantagem frente às versões anteriores ser, mesmo toda IP, e
conseguir unificar os padrões de mercado existentes (UMTS, CDMA, etc.). Mas,
alerta o executivo, ela traz também grandes desafios para as operadoras:
necessidade de muita banda e de espectro, muitos investimentos em backhaul e,
principalmente, mudança de atitude, de maneira a também poderem ganhar receitas
com os serviços "over the top".
Conforme suas projeções, com o desenvolvimento do mercado máquina a máquina
(M2M), que vai ocorrer quando os smartphones estiverem bem mais baratos, cada
usuário deverá ter pelo menos cinco a seis diferentes aparelhos de celular.
Tele.Síntese – Quais são os desafios da LTE (Long Term Evolution), a quarta
geração do celular?
Ken Wirth – Temos observado que está sendo muito tranquila a implementação desta
nova tecnologia, seja de rádio, seja LTE fim-a fim. Mas há alguns desafios para
os quais as operadoras precisam se preparar.
Tele.Síntese – Quais seriam eles?
Wirth – O primeiro, a necessidade por espectro. As operadoras precisam ter suas
frequências para deixar a LTE usar toda as suas habilidades.
Tele.Síntese – Qual é o mínimo de banda indispensável para a LTE?
Wirth – O mínimo seria 5 MHz de espectro. Mas, para otimizar toda a tecnologia,
o ótimo é de pelo menos 20 MHz (10 MHz para o uplink e 10 MHz para o downlink).
Espectro é realmente imprescindível para que as operadoras consigam oferecer
bons serviços a seus clientes. A outra coisa muito importante é como se consegue
este espectro.
Tele.Síntese – Por que?
Wirth - As alternativas de hoje são conseguir o espectro do governo, o que,
geralmente, significa que o governo terá que liberar frequências atualmente
ocupadas, o que custa dinheiro. A segunda alternativa é o “refarming”. E como se
faz esta reutilização de espectro? Fizemos anúncios recentes nesta direção, de
maneira a ajudar a melhorar a atuação das operadoras. Um outro quesito
importante para a prestadora não está relacionado com a tecnologia, mas
refere-se ao planejamento da rede.
Tele.Síntese – Como assim?
Wirth - Encontrei muitas operadoras que estão “estranguladas” pelo backhaul. E
backhaul deve ser a segunda fonte de preocupação, pois há um crescimento enorme
nas redes de transmissão e, com a LTE, esta demanda vai aumentar. Ter backhaul
que sustente o ingresso da LTE é também uma das chaves. A terceira recomendação
é para as operadoras olharem as redes de maneira diferente. Tradicionalmente, as
operadoras têm expertises em radio, transmissão, em switching, e se organizam
desta forma. Agora, com a LTE, que é realmente uma rede toda IP, há uma mudança
completa na dinâmica. É preciso ver a performance por toda a rede, além de se
organizar em volta das redes.
Tele.Síntese – As soluções que os países estão encontrando para receber a LTE em
suas frequências estão sendo diferentes mundo afora. Não acha este um problema
para a concretização desta tecnologia?
Wirth - Esta é mesmo uma complexidade. Posso dizer que nos últimos 18 meses
tivemos que receber mais frequências em nossas soluções LTE do que a 2G e 3G
receberam em oito anos.
Tele.Síntese – No final, por causa de tanta diversidade, os equipamentos não
ficarão mais caros?
Wirth – Nos custa uma grande quantidade de dinheiro para incluirmos tantas
bandas diferentes em nossos equipamentos. Mas o outro lado da moeda também é
verdadeiro, quando se olha para o sistema como um todo. Agora, pela primeira vez
em todo o globo há um único padrão, baseado na LTE. Pode haver versões
diferentes, mas um único padrão. A LTE congrega os mercados de GSM, de UMTS, e o
mercado do CDMA, que estão todos consolidados. Isso também permitirá que os
fabricantes de aparelhos tenham mais flexibilidade para aportar as diferentes
faixas.
Tele.Síntese- Ouvimos falar da LTE há cerca de cinco anos. Havia um problema
sério, pois a rede 3G não conseguia “falar”com a LTE. Isto já foi resolvido?
Como?
Wirth - A primeira premissa de nossos clientes é: “vocês têm que fazer com que a
tecnologia fique interoperável com as minhas redes de 3G e 2G existentes”. E a
razão para isso é que, mesmo uma grande carrier, como a Verizon, que atua em
todo os Estados Unidos, não pode implantar a LTE tão rapidamente. A Verizon
instalou a quarta geração em 38 mercados no primeiro ano e irá implantar a
tecnologia em 140 novos mercados este ano. Só se consegue a cobertura de todo o
país em um prazo mínimo de três anos pois há limitações físicas.
Assim, por exemplo, na cidade de Nova Iorque, a LTE está implementada, mas
quando nos aproximamos da borda da célula, precisamos voltar para as tecnologias
3G para que a experiência do usuário – seja voz, seja acesso à internet- seja
mantida. Assim, a interoperabilidade entre a LTE, CDMA e HSPA é crítica. Fazemos
um trabalho interno nas redes das operadoras que lançam a LTE para que haja a
interoperabilidade com as outras tecnologias.
Tele.Síntese – Qual a sua expectativa para a LTE na América Latina? Estão sendo
realizados alguns trials, não?
Wirth - Sim, nós estamos participando de alguns testes na América Latina, por
exemplo, no México. Sei que está havendo muita discussão sob o ponto de vista da
política pública sobre se o espectro a ser reservado deve ser de 700, 800 MHz, e
estão sendo debatidas recomendações para este uso.
Tele.Síntese – Qual a sua avaliação sobre a faixa de 2,5 GHz? Ela também foi
destinada para o celular pela UIT, e deverá ser leiloada este ano no Brasil pela
Anatel.
Wirth – Toda a vez que se sobe no espectro de frequência, a cobertura e
principalmente a cobertura interna, não é tão boa. Nós já suportamos a banda de
2,6 GHz, o que significa que poderemos suportar também a de 2,5 GHz. Quando
descemos nas frequências- para 700, 800 ou 900 MHz- podemos dobrar as
capacidades.
Tele.Síntese – No Brasil, o espectro de 700 MHz está ocupado pela TV aberta.
Embora o governo tenha estabelecido a data de 2016 para a devolução de parte
dessa faixa, não acredito que isto ocorrerá, pelo menos neste prazo.
Wirth – Nos Estados Unidos, a faixa de 700 MHz também estava ocupada pelas TVs
analógicas, mas o governo conseguiu as bandas de volta e as vendeu muito bem. A
Europa está fazendo algo parecido, na faixa de 800 MHz, que era a destinada para
as TVs, no “plano do dividendo digital europeu”, em alguns países. Mas a chave
para esta questão é que, se for a faixa de 700 MHz ou a de 2,6 GHz pode-se fazer
funcionar a LTE. Nós podemos fazer com que a performance seja muito boa. Mas o
Capex das operadoras em faixas mais baixas é menor.
Tele.Síntese – As operadoras em todo o mundo reagem ao fato de que têm que
aumentar investimentos para os serviços “over the top” ganharem as receitas.
Como imagina que elas devem administrar esta questão?
Wirth - As operadoras estão agora discutindo sobre como elas vão controlar seus
próprios destinos versus serem as “vítimas” de tempos atrás. Estão se
conscientizando que, se se transformarem em vítimas não conseguirão resolver
seus negócios. Assim, as operadoras estão se mobilizando para saber como
participam dos dólares gerados nessa nova cadeia de valor.
Tele.Síntese – Acredita que as operadoras estão mesmo encontrando novos
caminhos?
Wirth – Sim. Dois terços dos provedores de aplicações constroem serviços sobre
as plataformas dos clientes, e nós consigamos mapear um modelo de negócios
relacionado a esses desenvolvimentos. Toda a vez que uma aplicação entra em uma
rede de telecom para uma localização de GPS, por exemplo, pode haver um preço
para isto. É um valor muito pequeno, mas a questão é que ele acontece inúmeras
vezes, sem parar. Acreditamos que uma das respostas está na publicidade. Para
nós, a publicidade móvel vai criar uma nova fonte de receita a qual as
operadoras poderão participar.
Tele.Síntese – Você acha que o usuário do celular vai querer receber anúncio em
seu aparelho?
Wirth – Isso pode ser feito em fatias. Por exemplo, nos serviços mais básicos
pode-se inserir os anúncios, mas se o consumidor não quiser receber os anúncios,
ele poderá ir para um outro nível de serviço, e assim por diante. A terceira
área onde vejo movimentação é que as operadoras de celular não querem ser os
provedores de internet (como as operadoras fixas acabaram se transformando), mas
querem criar valor nos servidores que os usuários usam em sua rede móvel. Se
olharmos no site da Verizon, ela oferece para a LTE três tipos de planos de
serviço para a comunicação de dados, por um preço “X’, oferta essa baseada na
capacidade. Exemplo, acho que 5 Gbps correspondem a US$ 50 por mês e acima disto
ela cobra por consumo de gigabits. A operadora, com isso, está mudando o
comportamento do cliente, pois não oferece uma acesso ilimitado à comunicação de
dados.
Tele.Síntese – Você acredita que a estratégia de controlar o consumo funciona?
Wirth - Se tomarmos como exemplo a Verizon, parece que sim. No primeiro dia do
lançamento da LTE, conquistou 19 mil clientes com esses planos. Mas o mais
importante é saber onde as operadoras querem estar. E elas querem oferecer um
conjunto de serviços que signifiquem valor para os consumidores, a ponto de
quererem pagar por isso. Se eu estiver em um jogo de futebol com o meu filho e
há outro jogo também interessante ocorrendo no mesmo horário, eu posso receber,
pelo meu smartphone, um vídeo stream ao vivo deste outro jogo. Isto é algo que o
cliente vai querer pagar e é conhecido como “modelo por clique”, e haverá uma
taxa associada. Em entretenimento e vídeos e filmes em alta definição, acho que
este modelo irá funcionar muito bem.
Tele.Síntese – Na feira de Barcelona deste ano, que reúne as principais
tendências do mundo móvel, ouvimos muito pouco sobre as soluções M2M (maquina a
máquina). A indústria está abandonando esta linha de mercado?
Wirth – Não. M2M é uma área chave e para a qual nós estamos nos focando
bastante. Nós temos algumas pesquisas nessa direção, como a cloud computing.
Acreditamos que os PCs vão embora e terão cada vez menos memórias. Outra área
que apostamos muito na M2M é a área de saúde. Neste segmento não vemos uma
relação entre a operadora e o paciente, mas entre a operadora e o centro de
saúde. Serviços de máquina a máquina ganharão mais corpo quando os aparelhos de
celular e os seus chips forem muito mais baratos. Aí eles passarão a ser usados
em casa, para a segurança; para cuidar da luz ou para mandar sinais para os
aparelhos elétricos. M2M trará uma variedade de opções.
Conforme estimativas, haverá de cinco a seis aparelhos de celular para cada
indivíduo. Hoje, muitas pessoas já têm o smartphone, um lap top, um tablet, e
haverá outros aparelhos para o carro, casa, etc.
Tele.Síntese – Socorro...
Wirth – Se forem cinco aparelhos diferentes com os quais teremos que nos
preocupar, realmente não será nada bom. Mas não é essa a aposta da LTE.