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24/07/12

• Mariana Mazza comenta algumas "histórias estranhas" sobre a suspensão da venda de celulares

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Transcrevo mais abaixo esta matéria publicada ontem:

Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[23/07/12]  Mais dúvidas do que certezas - por Mariana Mazza

Recorte para degustação:
(...)
Mas, passados cinco dias desde o anúncio da medida pela Anatel, já circulam histórias nos bastidores do setor sugerindo que a ação da agência não teve tanta relação assim com a visão dos consumidores. Um dos aspectos que teria pesado na escolha do tamanho da punição sobre a TIM teria sido o enorme crescimento da companhia nos últimos anos, arriscando a supremacia da líder Vivo, maior operadora celular do país desde a privatização, há 15 anos. Fontes do governo garantem que a TIM já teria ultrapassado a Vivo há alguns meses, mas a falta de uma rotina de limpeza da base de clientes - quando a companhia informa não só quantos novos consumidores adquiriu, mas também quantos deixaram a empresa no período - estaria inflando os números da Vivo. Se a história for verdadeira, isso explicaria porque a Vivo foi poupada da punição de suspensão das vendas. O jogo seria manter a líder sempre na liderança.

Outra história estranha que começou a circular é de que a agência escolheu a janela de 18 meses para medir a qualidade das redes e o nível de reclamação contra as empresas também para atingir especificamente a TIM. Segundo funcionários da Anatel que obviamente preferiram ficar no anonimato, se a agência tivesse considerado o último trimestre de coleta de dados, a operadora teria sido poupada da punição em boa parte dos estados onde agora está proibida de vender seus serviços. E as esquisitices não param por ai.

Essas histórias podem não passar de teorias conspiratórias, fomentadas até mesmo pelas próprias empresas punidas. Mas o simples fato de muitos desses boatos estarem circulando entre os próprios funcionários da Anatel é algo que reforça a estranheza do momento que estamos vivendo no setor de telecomunicações.(...)

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[23/07/12]  Mais dúvidas do que certezas - por Mariana Mazza

Começou a valer nesta segunda-feira o bloqueio das vendas de chips pelas empresas TIM, Oi e Claro. E Além do impedimento de obter novos clientes, a TIM também sofreu outra derrota hoje: a Justiça negou o pedido da companhia de suspender a medida cautelar da Anatel que proibiu a comercialização de serviços de telefonia móvel. Depois da decisão, a companhia soltou uma nota indicando que deixará a briga na Justiça de lado, por enquanto. De acordo com a nota, a empresa agora concentrará seus esforços na apresentação do "Plano Nacional de Ação de Melhorias da Prestação do Serviço Móvel Pessoal", que será discutido com a Anatel amanhã.

Apesar de favorável à agência reguladora, a decisão do juiz Tales Krauss Queiroz, substituto da 4ª Vara de Justiça Federal do Distrito Federal, levanta alguns efeitos preocupantes do bloqueio das vendas que não foram discutidos publicamente até agora. Um deles é como ficam os consumidores que moram em áreas onde apenas as empresas punidas operam..

Essa distorção de mercado existe, diga-se de passagem, por causa da própria Anatel. Quando foi realizado o leilão do 3G, a tecnologia em funcionamento hoje no Brasil, a agência reguladora dividiu os municípios menores entre as operadoras vencedoras. Assim, existem áreas do país onde apenas uma companhia funciona. O lembrete do juiz é interessante uma vez que joga por terra a história de que a Anatel preservou o consumidor garantindo que sempre exista uma empresa funcionando apesar da vigência do bloqueio nas vendas.

Mais um alerta feito pelo juiz Queiroz e que merece atenção é sobre os efeitos práticos da medida para milhares de trabalhadores que ganham a vida vendendo chips das companhias punidas. Se a suspensão feita pela Anatel durar muito tempo, essas pessoas seguramente perderão seus empregos. E este é um efeito nocivo para a sociedade que não pode ser ignorado.

Mesmo com essas dúvidas, o juiz entendeu que a Anatel agiu bem ao proibir as vendas de novos celulares e planos de banda larga das empresas TIM, Claro e Oi. Amparou-se claramente na visão do consumidor para tomar a decisão, o que é totalmente compreensível já que ele próprio deve ser vítima dos maus serviços das operadoras de celular. "Os planos de serviço da impetrante e das demais operadoras podem até ser infinitos e ilimitados, como expressam as frequentes e sedutoras campanhas publicitárias das empresas. A paciência do consumidor, não", resumiu bem o juiz.

Mas, passados cinco dias desde o anúncio da medida pela Anatel, já circulam histórias nos bastidores do setor sugerindo que a ação da agência não teve tanta relação assim com a visão dos consumidores. Um dos aspectos que teria pesado na escolha do tamanho da punição sobre a TIM teria sido o enorme crescimento da companhia nos últimos anos, arriscando a supremacia da líder Vivo, maior operadora celular do país desde a privatização, há 15 anos. Fontes do governo garantem que a TIM já teria ultrapassado a Vivo há alguns meses, mas a falta de uma rotina de limpeza da base de clientes - quando a companhia informa não só quantos novos consumidores adquiriu, mas também quantos deixaram a empresa no período - estaria inflando os números da Vivo. Se a história for verdadeira, isso explicaria porque a Vivo foi poupada da punição de suspensão das vendas. O jogo seria manter a líder sempre na liderança.

Outra história estranha que começou a circular é de que a agência escolheu a janela de 18 meses para medir a qualidade das redes e o nível de reclamação contra as empresas também para atingir especificamente a TIM. Segundo funcionários da Anatel que obviamente preferiram ficar no anonimato, se a agência tivesse considerado o último trimestre de coleta de dados, a operadora teria sido poupada da punição em boa parte dos estados onde agora está proibida de vender seus serviços. E as esquisitices não param por ai.

Essas histórias podem não passar de teorias conspiratórias, fomentadas até mesmo pelas próprias empresas punidas. Mas o simples fato de muitos desses boatos estarem circulando entre os próprios funcionários da Anatel é algo que reforça a estranheza do momento que estamos vivendo no setor de telecomunicações.

No final das contas, tanto as companhias quanto a Anatel estão pagando agora pelo comportamento errático e muitas vezes abusivo que adotaram ao longo dos anos. Justa ou injusta, a medida cautelar da agência punindo as operadoras acaba indo ao encontro do sentimento geral de indignação dos consumidores, cansados de pagar um alto preço pelos serviços e não ter uma oferta de qualidade em troca. Do outro lado, a imagem da Anatel junto aos consumidores não é melhor do que a das próprias empresas. Vista como uma protetora das companhias telefônicas, a demora da agência em agir abre caminho para dúvidas sobre os motivos de uma ação tão dura contra as operadoras. Ainda mais quando a mesma Anatel comemora mês após mês o crescimento do número de clientes de telefonia móvel no Brasil. Se o aumento sempre comemorado pela agência era, na verdade, imprudente, ela não deveria ter agido antes? As companhias telefônicas lideram os rankings de reclamações há anos. O motivo pelo qual a agência só deu ouvidos agora para estes protestos ainda é uma dúvida. Tomara que a ação da agência, mesmo que tardia, signifique realmente uma mudança de postura e que o consumidor não tenha sido usado como álibi para ocultar outras intenções.