WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Índice de 2012 --> "Post"
Obs: Os links indicados nas transcrições podem ter sido alterados ao longo do tempo. Se for o caso, consulte um site de buscas.
18/06/12
• Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (1) - Uma notícia e um
artigo
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
"O Wi-Fi é visto cada vez mais como a melhor forma para desafogar o tráfego de
dados e tem uma vantagem para as teles: usa uma frequência aberta - fora da
regulamentação da Anatel."
Sobre o tema, transcrevo uma notícia (do Convergência) e um "artigo de fôlego"
(do Teletime), entre várias matérias encontradas nos Portais especializados:
Leia na Fonte: Convergência Digital
[02/06/12]
TIM faz força-tarefa com Wi-Fi para aliviar rede 3G - por Carmen Lucia Nery
Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime -
Edição 153 - Abril 2012
[31/05/12]
WiFi salvador - por Letícia Cordeiro
02.
Hoje, uma boa parcela da população tem uma ideia, muiiiito simplificada,
de como funciona o sistema celular (aparelho e antenas) e um roteador Wi-Fi
doméstico.
Será que alguma boa alma poderia tentar resumir (em poucas frases), para
os leigos e até iniciados, como o Wi-Fi vai ser (está sendo) usado para
desafogar o tráfego de dados do sistema celular? :-)
Obrigado!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
-----------------------------------
Leia na Fonte: Convergência Digital
[02/06/12]
TIM faz força-tarefa com Wi-Fi para aliviar rede 3G - por Carmen Lucia Nery
Depois de realizar uma concorrência, que durou dois meses e envolveu vários
fornecedores do setor, a TIM Brasil definiu nesta sexta-feira, 01/06, que a
PromonLogicalis/Cisco assumirá a implantação, operação e manutenção da rede
Wi-Fi com 10 mil pontos, que tem de estar ativa até dezembro. O valor do
contrato não foi revelado. Hoje, a TIM possui cerca de 20 pontos Wi-Fi.
Durante a Rio Wireless, realizada nos dias 21 e 22 de maio, no Rio de Janeiro, o
diretor de Marketing da Intelig, Rafael Marquez, informou que os hotspots serão
instalados em pontos de grande concentração de tráfego, já vislumbrando a forte
demanda da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo,em 2014. Os
hotspots também serão localizados onde há postes por onde passam os cabos de
fibra óptica da TIM Fiber (ex-AES).
Ideia é ter os hotspots em pontos como hotéis, aeroportos, shoppings e lugar de
concentração popular - como a Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. O sinal
Wi-fi será utilizado pelos assinantes dos planos Liberty Web e Infinity Web, mas
de acordo com Marquez, da Intelig, haverá também áreas de navegação livre para
os não usuários da TIM. O Wi-Fi é visto cada vez mais como a melhor forma para
desafogar o tráfego de dados e tem uma vantagem para as teles: usa uma
frequência aberta - fora da regulamentação da Anatel.
Para se ter uma ideia da força do Wi-Fi, o estudo da Cisco sobre tráfego IP
mostra que no mercado brasileiro, o tráfego de conexões fixas/cabeadas vai
crescer cinco vezes entre 2011 e 2016, alcançando 1.6 Exabytes por mês em 2016.
Já o tráfego fixo Wi-Fi crescerá 17 vezes entre 2011 e 2016, atingindo 1.7
Exabytes por mês em 2016, contra 98 Exabytes por mês em 2011.
--------------------------------------
Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime -
Edição 153 - Abril 2012
[31/05/2012]
WiFi salvador - por Letícia Cordeiro
Operadoras móveis de todo o mundo têm um grande problema nas mãos: rentabilizar
os investimentos que precisam fazer em espectro e em suas redes para atender a
explosão do tráfego de dados e consumidores ávidos por velocidades cada vez
maiores, num cenário em que os preços ao usuário final se mantêm os mesmos, com
tendência de redução.
A questão ganhou importância apenas mais recentemente no Brasil, com o início da
massificação dos terminais 3G. E de uma hora para outra, a solução mais viável
para a equação de tráfego versus capacidade das redes 3G apareceu em uma
tecnologia madura, amplamente disseminada em ambientes domésticos, mas por anos
ignorada pelas operadoras: as redes WiFi.
É crescente, em mercados desenvolvidos, o uso por grandes operadoras do WiFi em
hotspots instalados em locais de grande concentração de usuários para desafogar
suas redes de dados móveis, escoando esse tráfego para redes fixas de fibra, HFC
ou par metálico. É o conceito de off-load WiFi.
Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Cisco, as teles respondem
atualmente por 10% a 20% da demanda mundial por equipamentos WiFi, um mercado
que movimenta US$ 3 bilhões ao ano. Apenas há três anos, essa participação era
de menos de 5%.
O engenheiro de redes da PromonLogicalis, Fabio Jardim, explica que a maneira
tradicional de fazer o atendimento utilizando macrocélulas 3G não é
economicamente viável para atender à explosão de dados móveis iniciada em 2010.
“A tendência é isso piorar. Entre 2009 e 2014 o consumo de dados deve aumentar
39 vezes e vídeo será 66% disso”, estima. A Cisco prevê que o tráfego global de
dados nas redes móveis aumente 18 vezes até 2016. “E nessa projeção estamos
considerando as estratégias de off-load WiFi das operadoras. Se não houvesse o
off-load, o crescimento seria de 22 vezes até 2016”, calcula o diretor de
relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara. Na América Latina, em 2011,
apenas em 2% do tráfego móvel foi feito o off-load WiFi. Para 2016, a
expectativa da Cisco é de que o volume chegue a 13%.
Assim, seria preciso colocar muitas radiobases 3G, diminuindo o tamanho das
células para atender menos usuários com mais velocidade em locais de grande
demanda. Além disso, pelos cálculos das operadoras brasileiras, para se
construir uma rede 3G com a mesma capacidade de uma WiFi, os custos seriam cinco
vezes maiores. “A maior parte dos acessos é feita em ambientes indoor e a
penetração da macrocélula 3G nesses ambientes é pior ainda”, complementa Jardim.
O diretor de operadoras da Cisco, Rodrigo Diestmann, concorda: “70% do tráfego
de dispositivos móveis já são gerados em WiFi, quando o usuário está parado em
algum ambiente, em casa, no trabalho, num shopping center etc. É um tráfego
nomádico, não móvel. Então, para operadoras que precisam baixar o Capex, o WiFi
é uma resposta extremamente econômica, seis vezes mais barata que o 3G e com
percepção de qualidade superior”.
Na opinião do engenheiro da PromonLogicallis, empresa que está envolvida nos
projetos de integração dessas redes das teles brasileiras, o WiFi não
substituirá o 3G ou o LTE, mas permitirá que as operadoras implementem o acesso
de forma mais eficiente e com menor custo. “Exatamente por ser uma tecnologia
madura, presente em diversos dispositivos e utilizar faixas de espectro
não-licenciadas de 2,4 GHz e 5,8 GHz, o WiFi acaba sendo uma solução mais barata
para melhorar a experiência dos usuários móveis, oferecendo velocidade e
desempenho maiores do que nas redes 3G”, avalia o vice-presidente e Head of
Innovation, Partnership and Alliances da Ericsson América Latina, Jesper Rhode.
Um estudo realizado pela Analysys Mason, por exemplo, indica que as redes WiFi
podem reduzir em até 50% os custos de transporte de rede e ajudar as operadoras
a enfrentar o aumento de até oito vezes nos custos de acesso 3G. “Um hotspot com
WiFi na versão 802.11n pode oferecer taxas de download de até 450 Mbps, e a
implantação dessa rede em áreas urbanas de alta densidade pode sair até 13 vezes
mais barata do que uma rede 3G”, calcula Jardim.
Brasil
No Brasil, para operadoras como Algar, Oi e Vivo, a instalação de hotspots WiFi
teve início há alguns anos, mas apenas como forma de dar uma certa mobilidade
para assinantes da banda larga fixa. Agora, todas as teles já começaram a traçar
suas estratégias de off-load WiFi para desafogar as redes 3G.
A capilaridade e velocidade de implantação dessas redes seguirão as redes fixas
ligadas às operações móveis. O link fixo dos hotspots WiFi poderá ser feito nas
redes de cabo (HFC) e xDSL em pontos de acesso de demanda moderada, como bares e
restaurantes. Já para escoamento de tráfego em grandes centros, a tendência é de
que sejam atendidos com fibra.
O primeiro movimento nesse sentido aconteceu em meados de 2011 com a disputa
entre Telefônica, TIM e Oi pela Vex. A Oi ganhou a disputa e levou em agosto os
1,6 mil hotspots da empresa por R$ 27 milhões. “O WiFi é uma tecnologia de
acesso complementar e a aquisição da Vex foi uma consequência da nossa
estratégia de oferecer Internet everywhere e com experiência muito melhor aos
nossos clientes”, conta o diretor de desenvolvimento e gestão de novos negócios
da Oi, Abel Camargo.
A Oi juntou três redes WiFi distintas em uma única, batizada de “Oi WiFi”.
Assim, a tele une os 1,6 mil hotspots da Vex no Brasil e mais de 40 mil ao redor
do mundo através de acordos de roaming às redes metropolitanas WiFi construídas
pela Oi em espaços abertos e ainda à Fon, rede WiFi compartilhada pelos próprios
usuários.
O objetivo é alcançar um milhão de hotspots no País até o final de 2013. Pode
parecer ambicioso, num primeiro momento, ainda mais se considerarmos que o
Brasil tem menos de 5 mil hotspots instalados, mas ela é factível, segundo
Camargo, por conta da parceria com a Fon, “que nos dará capilaridade muito
rápida em vários pontos de interesse”.
A Fon atua em 11 países e com mais de 4 milhões de hotspots WiFi e sua rede é
composta por roteadores em pequenos estabelecimentos comerciais que cedem 1 Mbps
de sua conexão fixa para o acesso público WiFi. Quem cede sua rede tem direito a
acessar de graça os 4 milhões de hotspots da Fon no mundo. Na Fon, mesmo
usuários residenciais podem se juntar à rede, compartilhando sua banda larga
para terem o benefício recíproco proporcionado por outros usuários.
No caso do Brasil, a rede da Fon está funcionando em restaurantes e outros
estabelecimentos comerciais que usam banda larga fixa da Oi de pelo menos 5 Mbps
nos bairros do Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro. “Estamos em teste-piloto com
usuários residenciais no Rio. Precisamos fazer alguns ajustes, mas em breve
também terão a opção de compartilhar suas conexões”, garante.
No caso das redes metropolitanas, a Oi montou uma primeira rede na orla das
praias de Ipanema e Leblon, no Rio de Janeiro, e agora começa a implatação
também em locais populares de Salvador, como o Farol da Barra e o Pelourinho. “E
sempre que a gente cobre uma área externa, começamos a expandir também a
capilaridade com a rede Fon nos estabelecimentos comerciais”, completa.
Aliado à estratégia de Internet everywhere, a Oi também tem o objetivo de
desaforgar a rede móvel 3G. “No fundo, o WiFi é uma forma de propagação a partir
de uma conexão fixa e é sim um modo de diminuir a necessidade de expansão das
redes 3G”, admite o executivo da Oi. “Com o off-load de tráfego 3G na orla do
Rio, por exemplo, posso levar muito mais tempo para ampliar a capacidade da
cobertura móvel celular”.
Com apenas três meses de operação do Oi WiFi, a tele tem verificado um
crescimento exponencial do tráfego nas três redes combinadas. “São 32 terabytes
(TB) de dados de tráfego se somarmos os hotspots das três redes e 960 mil
sessões nesse período e ainda nem começamos o roll-out no Brasil todo”. A Oi
totaliza até o momento cerca de 2,1 mil hotspots no País e o objetivo é chegar
às principais capitais brasileiras até dezembro com as redes metropolitanas e
Fon.
Os clientes da Oi de banda larga fixa a partir de 5 Mbps e banda larga móvel com
franquia de 2 GB têm acesso gratuito à Oi WiFi e a autenticação é feita com
login e senha no portal do serviço. “Estamos implantando também outros tipos de
autenticação para automatizar o processo com segurança a partir do SIMcard, mas
para funcionar o smartphone precisa ter a tecnologia EAP-SIM embarcada”, revela.
Ele explica que smartphones com sistemas operacionais iOS, da Apple, e
BlackBerry (RIM) já têm a funcionalidade, bem como os mais recentes lançamentos
nas plataformas Android e Windows Phone. “Estamos nos testes finais do nosso
aplicativo para esses sistemas operacionais, que além de fazer a autenticação
automática do usuário, ainda trará serviços agregados, como a distância até o
hotspot mais próximo”.
A TIM também decidiu investir em uma rede própria com tecnologia WiFi para
desafogar suas antenas 3G. A operadora instalará 10 mil pontos de acesso em
áreas públicas com grande concentração de pessoas, como praças, estádios e
aeroportos nas principais cidades do Brasil, tarefa que deve estar concluída até
o fim de 2012. A RFP para consulta de preços está em andamento e a expectativa é
de que até o final de abril sejam anunciados o fornecedor ou fornecedores dos
hotspots. Alguns pontos, como em aeroportos, já foram instalados para testes.
“A TIM vem em uma batida forte de crescimento de mercado desde que lançamos em
2010 os novos modelos de tarifação de voz e dados ilimitados, e com o expressivo
crescimento da base de usuários, aumentou também o uso médio da rede de dados”,
conta o diretor de marketing da TIM/Intelig, Rafael Marquez.
A tele vem observando de perto a movimentação das operadoras internacionais para
off-load WiFi há dois anos. “Queríamos uma solução para não ter que ‘tirar o pé’
quando a rede ficasse sobrecarregada, e é mais inteligente em termos de custo
utilizar WiFi para expandir capacidade do que o 3G”.
A estratégia WiFi da TIM só começou a ser posta em marcha despois das aquisições
da Intelig, em 2009, e da AES Atimus, em 2010, que deram origem no ano passado à
divisão TIM Fiber. “Para continuar agressivos no mercado precisávamos não
depender tanto de redes fixas dos concorrentes. Hoje temos mais de 20 mil km de
fibra no Brasil”, diz Marquez.
A TIM conseguiu grande capilaridade nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro
e São Paulo com as redes da Atimus e prevê agora a expansão da rede herdada da
Intelig, tanto para atendimento do mercado corporativo quanto para a
interligação das ERBs em todo o País. “Vamos usar a fibra para transporte entre
as antenas, mas também aproveitando para WiFi, seguindo o caminho das maiores
concentrações de usuários da TIM, como em Santa Catarina e no Nordeste”,
detalha.
A operadora estuda também acordos de roaming WiFi. “Abriremos nossa rede para
receber roamers de outros países e oferecer essa funcionalidade para os nossos
assinantes que vão para o exterior”.
WiFi popular
Um ponto interessante da estratégia da TIM é que ela se propõe também a
“popularizar” o WiFi. “A capilaridade do WiFi hoje é premium, em aeroportos,
bares e restaurentes onde circulam pessoas de maior poder aquisitivo. Nossa
estratégia é também colocar hotspots em áreas mais populares, como fizemos na
comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro”, pontua.
O teste-piloto da Rocinha foi lançado no final de dezembro e, após os ajustes
necessários na rede, entrou em operação comercial dia 1º de fevereiro. A fibra
da Atimus já chegava na borda da comunidade e a TIM usou uma arquitetura Mesh
(em que um hotspot serve de conexão a outro hotspot) para espalhar a cobertura.
O Complexo do Alemão, também no Rio, receberá o TIM WiFi em breve.
Para o executivo da TIM, o “pulo do gato” é a simplicidade. “O TIM WiFi é uma
continuação do 3G sem complicar a vida do usuário: está embutido no custo de
dados e usa um modelo de autenticação automática através do SIMcard”. A tele
também terá autenticação via portal com uso de login e senha, mas a autenticação
primária será com a tecnologia EAP-SIM. “Para garantir que a autenticação
automática seja massificada, estamos desenvolvendo um aplicativo em Android e em
Java para atender à base legada de smartphones sem EAP-SIM”, revela Marquez.
A operadora regional Algar Telecom, por sua vez, passou a oferecer acesso
gratuito WiFi em 130 hotspots em pontos estratégicos de Uberlândia (MG) e se
prepara para estender o serviço para Uberaba (MG) e Franca (SP). “A intenção é
garantir uma experiência diferenciada para o usuário e promover uma mobilidade
parcial de clientes de banda larga fixo”, diz o diretor de operações e
tecnologiada Algar, Luis Lima. A meta é chegar a 500 pontos de acesso ainda em
2012 e a 2,5 mil hotspots em dois anos.
“Temos também o Projeto Minas, de ampliação da rede móvel para cidades das áreas
que conquistamos com o leilão da banda H e usaremos WiFi para expandir essa
cobertura e fazer off-load de tráfego”, conta Lima. O analista de telecom da
Algar e engenheiro responsável pelo projeto de WiFi da operadora, Nelson
Orozimbo, ressalta, contudo, que a estratégia de off-load ainda está em estudo.
“Há questões de interferências, cobertura e locais de instalação que ainda
precisamos avaliar”. Uma vez posto em prática o uso do WiFi para off-load, Lima
estima que o total de hotspots possa chegar a 10 mil, em vez dos 2,5 mil
previstos em dois anos.
Hoje a autenticação nos hotspots da Algar é feita pelo portal da CTBC, mas a
tele estuda também fazer a autenticação automática pelo SIMcard e o roaming
entre hotspots da própria operadora e de outras, por meio de acordos comerciais.
Estratégia conjunta
Na Claro, a estratégia de WiFi está sendo tocada em conjunto com a operadora de
TV a cabo Net Serviço, uma vez que ambas são controladas pela América Móvil.
Os usuários da operadora móvel já podem usar a infraestrutura de WiFi que está
sendo instalada pela Net Serviços nas principais regiões metropolitanas do País.
“Utilizaremos a grande capilaridade das redes HFC da Net e a rede IPRAN da Claro
para trazer o tráfego dos acess points até o core WiFi da Claro”, afirma o
diretor de plataformas e rede da tele, Márcio Mendonça Nunes. Dessa forma, todo
o tráfego de dados 2G, 3G e WiFi é incluído no mesmo sistema de billing,
permitindo que a operadora aplique, por exemplo, políticas de degustação no 3G
ou a gratuidade de acesso a redes sociais.
A prioridade da Claro, entretanto, não é o offload. Para o gerente de SVA da
tele, Rafael Lunes, o papel da operadora celular é também de popularizar o
consumo de vídeo. “Os smartphones podem ser set-tops de bolso e, com uma
cobertura de banda larga móvel de qualidade somada à rede WiFi da Net e uma
solução de distribuição de conteúdos proprietária (em referência a conteúdos da
Net Serviços e da Claro TV, ex-Via Embratel), podemos trabalhar com tarifas
diferenciadas ou mesmo isenção de tarifas para esse tipo de tráfego”, revela
Lunes.
A Vivo, por sua vez, líder de mercado em total de usuários móveis no Brasil,
ainda não anunciou publicamente sua estratégia para WiFi. O diretor de
planejamento técnico da tele, Átila Araújo Branco, reconhece que o WiFi pode
garantir melhor experiência do assinante em locais de grande densidade, mas
afirma que o modelo de negócios ainda não está definido. “Estamos testando a
tecnologia há seis meses e posso dizer que funciona. É o caminho e estamos
próximos de lançar o serviço comercialmente, mas ainda não definimos o
fornecedor dos equipamentos”, revela Branco.
É bom, mas não é perfeito
Ao mesmo tempo em que operar em faixas não-licenciadas de espectro torna o WiFi
uma solução economicamente atraente, também o torna frequentemente sujeito a
interferências.
A faixa mais poluída é a de 2,4 GHz, frequência em que também funcionam, por
exemplo, fornos de micro-ondas, fones Bluetooth e telefones sem fio, além de
operações de banda larga com a tecnologia spread-spectrum e centenas de milhares
de redes domésticas. Hoje, a maior parte dos rádios para access points e novos
smartphones tablets e laptops já vêm com a opção de usar também WiFi na faixa de
5,8 GHz. A faixa é mais “limpa”, mas como toda frequência mais alta, tem raio de
cobetura menor e demanda um número maior de antenas.
“Existem soluções de análise e otimização do uso do espectro que selecionam os
canais mais limpos para a transmissão WiFi, ajustes de potência e outras
funcionalidades, mas ainda assim há um limite e pode ser que em um lugar de alta
demanda em que várias teles instalem seus próprios equipamentos WiFi haja
colapso do espectro e interferências entre os equipamentos de forma que nenhuma
consiga prestar o serviço”, alerta Jesper Rhode, da Ericsson, que no início do
ano anunciou a aquisição da fabricante de equipamentos WiFi canadense BelAir.
“A interferência nas redes não-licenciadas é uma realidade. Verificamos muito
problemas hoje mesmo nas redes WiFi domésticas de nossos clientes, o que acaba
prejudicando a percepção de qualidade da banda larga fixa”, reconhece o diretor
da Algar, Luis Lima. Mas na opinião dele, as interferências podem ser
minimizadas. “Está havendo um forte movimento na indústria de protocolos e
características dos access points para mitigar essa interferência, usando canais
mais limpos em 5,8 GHz, soluções de beam forming e antenas MIMO que direcionam o
sinal para os dispositivos que estão utilizando a rede WiFi”.
Para Márcio Nunes, da Claro, o uso de access points mais inteligentes que
consigam detectar a interferência e trocar a frequência utilizada
automaticamente é importante para garantir a qualidade nas redes WiFi. “É
importante também ter um controller que possa fazer a administração centralizada
dos access points de forma que qualquer problema seja rapidamente identificado e
resolvido”, complementa.
Outra solução para eliminar a interferência, segundo Rhode, seria o
compartilhamento da infraestrutura sem fio em grandes centros de demanda,
mantendo as redes WiFi de diferentes operadoras separadas apenas em nível
lógico. Isso já acontece nos aeroportos brasileiros, cuja infraestrutura
wireless é da própria Infraero. “Esse tipo de compartilhamento está sendo
adotado nos Estados Unidos e na Europa, mas por aqui, tirando o caso dos
aeroportos, o compatilhamento ainda não está na pauta imediata das operadoras,”
avalia Jardim, da PromonLogicallis. “As empresas estão apenas iniciando suas
implantações e ainda buscando estratégias individuais. Podemos fazer uma
analogia às ERBs: tecnologicamente é possível, mas ainda não vemos um movimento
de compartilhamento de infraestrutura por ser tudo ainda embrionário”, reconhece
Abel Camargo, da Oi. A diferenciação entre as operadoras em um cenário de
compartilhamento de acess points, complementa Nunes, se daria pelos serviços
oferecidos por cada uma.
A única iniciativa que parece estar tomando forma para o compartilhamento de
infraestrutura WiFi diz respeito à cobertura dos estádios que sediarão jogos da
Copa do Mundo de 2014. Existe ainda o grande risco de que os equipamentos de
hotspot WiFi de uso profissional, instalados pelas operadoras em postes e em
elementos de rede externa, acabem causando interferências e inviabilizando o uso
doméstico do WiFi. Nesses casos, o melhor é torcer para que o off-load WiFi não
aconteça no poste em frente à sua casa.
Tecnologia em evolução
Ao que tudo indica, os benefícios do off-load WiFi não devem ficar restritos ao
tráfego de dados. Soluções para o escoamento de voz móvel e SMS para as redes
fixas já começam a aparecer no mercado. Um exemplo é a solução da Syniverse WiFi
Talk & Text (WiTT). O vice-presidente sênior para Caribe e América Latina da
Syniverse, Pablo Mlikota, explica que a WiTT é uma solução baseada em software
que permite que, ao entrar em um hotspot WiFi, os smartphones passem a realizar
e receber chamadas e enviar mensagens utilizando o protocolo SIP. A migração
entre redes é transparente para o usuário, feita automaticamente pelo
dispositivo a partir de um aplicativo instalado no smartphone. “No momento,
temos o aplicativo desenvolvido apenas para o sistema operacional Android, mas
já estamos trabalhando no desenvolvimento para BlackBerry e iOS”, conta Mlikota.
O aplicativo não funciona sozinho, contudo. A operadora precisa instalar uma
plataforma em sua rede para permitir a conversão da voz e do SMS para o
protocolo IP.
Outro desafio importante das redes WiFi, sobretudo em ambientes doméstico em que
cada vez mais dispositivos estarão conectados, é ampliar a velocidade para algo
equivalente à das redes Gigabit Ethernet, hoje já comuns em roteadores
residenciais. A evolução do protocolo WiFi para o padrão 802.11ac parece ser o
próximo passo. A ponto de empresas como a Qualcomm, tradicional fabricante de
chipsets para redes móveis, ter recentemente adquirido a empresa de WiFi Atheros
para desenvolver a tecnologia e integrá-la em seus chips.
Letícia Cordeiro