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18/06/12

• Wi-Fi para desafogar o tráfego de dados (1) - Uma notícia e um artigo

Olá, WirelessBR e Celld-group!

01.
"O Wi-Fi é visto cada vez mais como a melhor forma para desafogar o tráfego de dados e tem uma vantagem para as teles: usa uma frequência aberta - fora da regulamentação da Anatel."

Sobre o tema, transcrevo uma notícia (do Convergência) e um "artigo de fôlego" (do Teletime), entre várias matérias encontradas nos Portais especializados:

Leia na Fonte: Convergência Digital
[02/06/12]  TIM faz força-tarefa com Wi-Fi para aliviar rede 3G - por Carmen Lucia Nery

Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime - Edição 153 - Abril 2012
[31/05/12]  WiFi salvador - por Letícia Cordeiro

02.
Hoje, uma boa parcela da população tem uma ideia, muiiiito simplificada, de como funciona o sistema celular (aparelho e antenas) e um roteador Wi-Fi doméstico.

Será que alguma boa alma poderia tentar resumir (em poucas frases), para os leigos e até iniciados, como o Wi-Fi vai ser (está sendo) usado para desafogar o tráfego de dados do sistema celular?  :-)
Obrigado!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

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Leia na Fonte: Convergência Digital
[02/06/12]  TIM faz força-tarefa com Wi-Fi para aliviar rede 3G - por Carmen Lucia Nery

Depois de realizar uma concorrência, que durou dois meses e envolveu vários fornecedores do setor, a TIM Brasil definiu nesta sexta-feira, 01/06, que a PromonLogicalis/Cisco assumirá a implantação, operação e manutenção da rede Wi-Fi com 10 mil pontos, que tem de estar ativa até dezembro. O valor do contrato não foi revelado. Hoje, a TIM possui cerca de 20 pontos Wi-Fi.

Durante a Rio Wireless, realizada nos dias 21 e 22 de maio, no Rio de Janeiro, o diretor de Marketing da Intelig, Rafael Marquez, informou que os hotspots serão instalados em pontos de grande concentração de tráfego, já vislumbrando a forte demanda da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo,em 2014. Os hotspots também serão localizados onde há postes por onde passam os cabos de fibra óptica da TIM Fiber (ex-AES).

Ideia é ter os hotspots em pontos como hotéis, aeroportos, shoppings e lugar de concentração popular - como a Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. O sinal Wi-fi será utilizado pelos assinantes dos planos Liberty Web e Infinity Web, mas de acordo com Marquez, da Intelig, haverá também áreas de navegação livre para os não usuários da TIM. O Wi-Fi é visto cada vez mais como a melhor forma para desafogar o tráfego de dados e tem uma vantagem para as teles: usa uma frequência aberta - fora da regulamentação da Anatel.

Para se ter uma ideia da força do Wi-Fi, o estudo da Cisco sobre tráfego IP mostra que no mercado brasileiro, o tráfego de conexões fixas/cabeadas vai crescer cinco vezes entre 2011 e 2016, alcançando 1.6 Exabytes por mês em 2016. Já o tráfego fixo Wi-Fi crescerá 17 vezes entre 2011 e 2016, atingindo 1.7 Exabytes por mês em 2016, contra 98 Exabytes por mês em 2011.

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Leia na Fonte: Teletime - Origem: Revista Teletime - Edição 153 - Abril 2012
[31/05/2012]  WiFi salvador - por Letícia Cordeiro

Operadoras móveis de todo o mundo têm um grande problema nas mãos: rentabilizar os investimentos que precisam fazer em espectro e em suas redes para atender a explosão do tráfego de dados e consumidores ávidos por velocidades cada vez maiores, num cenário em que os preços ao usuário final se mantêm os mesmos, com tendência de redução.

A questão ganhou importância apenas mais recentemente no Brasil, com o início da massificação dos terminais 3G. E de uma hora para outra, a solução mais viável para a equação de tráfego versus capacidade das redes 3G apareceu em uma tecnologia madura, amplamente disseminada em ambientes domésticos, mas por anos ignorada pelas operadoras: as redes WiFi.
É crescente, em mercados desenvolvidos, o uso por grandes operadoras do WiFi em hotspots instalados em locais de grande concentração de usuários para desafogar suas redes de dados móveis, escoando esse tráfego para redes fixas de fibra, HFC ou par metálico. É o conceito de off-load WiFi.
Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Cisco, as teles respondem atualmente por 10% a 20% da demanda mundial por equipamentos WiFi, um mercado que movimenta US$ 3 bilhões ao ano. Apenas há três anos, essa participação era de menos de 5%.

O engenheiro de redes da PromonLogicalis, Fabio Jardim, explica que a maneira tradicional de fazer o atendimento utilizando macrocélulas 3G não é economicamente viável para atender à explosão de dados móveis iniciada em 2010. “A tendência é isso piorar. Entre 2009 e 2014 o consumo de dados deve aumentar 39 vezes e vídeo será 66% disso”, estima. A Cisco prevê que o tráfego global de dados nas redes móveis aumente 18 vezes até 2016. “E nessa projeção estamos considerando as estratégias de off-load WiFi das operadoras. Se não houvesse o off-load, o crescimento seria de 22 vezes até 2016”, calcula o diretor de relações governamentais da Cisco, Giuseppe Marrara. Na América Latina, em 2011, apenas em 2% do tráfego móvel foi feito o off-load WiFi. Para 2016, a expectativa da Cisco é de que o volume chegue a 13%.

Assim, seria preciso colocar muitas radiobases 3G, diminuindo o tamanho das células para atender menos usuários com mais velocidade em locais de grande demanda. Além disso, pelos cálculos das operadoras brasileiras, para se construir uma rede 3G com a mesma capacidade de uma WiFi, os custos seriam cinco vezes maiores. “A maior parte dos acessos é feita em ambientes indoor e a penetração da macrocélula 3G nesses ambientes é pior ainda”, complementa Jardim. O diretor de operadoras da Cisco, Rodrigo Diestmann, concorda: “70% do tráfego de dispositivos móveis já são gerados em WiFi, quando o usuário está parado em algum ambiente, em casa, no trabalho, num shopping center etc. É um tráfego nomádico, não móvel. Então, para operadoras que precisam baixar o Capex, o WiFi é uma resposta extremamente econômica, seis vezes mais barata que o 3G e com percepção de qualidade superior”.

Na opinião do engenheiro da PromonLogicallis, empresa que está envolvida nos projetos de integração dessas redes das teles brasileiras, o WiFi não substituirá o 3G ou o LTE, mas permitirá que as operadoras implementem o acesso de forma mais eficiente e com menor custo. “Exatamente por ser uma tecnologia madura, presente em diversos dispositivos e utilizar faixas de espectro não-licenciadas de 2,4 GHz e 5,8 GHz, o WiFi acaba sendo uma solução mais barata para melhorar a experiência dos usuários móveis, oferecendo velocidade e desempenho maiores do que nas redes 3G”, avalia o vice-presidente e Head of Innovation, Partnership and Alliances da Ericsson América Latina, Jesper Rhode.

Um estudo realizado pela Analysys Mason, por exemplo, indica que as redes WiFi podem reduzir em até 50% os custos de transporte de rede e ajudar as operadoras a enfrentar o aumento de até oito vezes nos custos de acesso 3G. “Um hotspot com WiFi na versão 802.11n pode oferecer taxas de download de até 450 Mbps, e a implantação dessa rede em áreas urbanas de alta densidade pode sair até 13 vezes mais barata do que uma rede 3G”, calcula Jardim.

Brasil

No Brasil, para operadoras como Algar, Oi e Vivo, a instalação de hotspots WiFi teve início há alguns anos, mas apenas como forma de dar uma certa mobilidade para assinantes da banda larga fixa. Agora, todas as teles já começaram a traçar suas estratégias de off-load WiFi para desafogar as redes 3G.
A capilaridade e velocidade de implantação dessas redes seguirão as redes fixas ligadas às operações móveis. O link fixo dos hotspots WiFi poderá ser feito nas redes de cabo (HFC) e xDSL em pontos de acesso de demanda moderada, como bares e restaurantes. Já para escoamento de tráfego em grandes centros, a tendência é de que sejam atendidos com fibra.
O primeiro movimento nesse sentido aconteceu em meados de 2011 com a disputa entre Telefônica, TIM e Oi pela Vex. A Oi ganhou a disputa e levou em agosto os 1,6 mil hotspots da empresa por R$ 27 milhões. “O WiFi é uma tecnologia de acesso complementar e a aquisição da Vex foi uma consequência da nossa estratégia de oferecer Internet everywhere e com experiência muito melhor aos nossos clientes”, conta o diretor de desenvolvimento e gestão de novos negócios da Oi, Abel Camargo.

A Oi juntou três redes WiFi distintas em uma única, batizada de “Oi WiFi”. Assim, a tele une os 1,6 mil hotspots da Vex no Brasil e mais de 40 mil ao redor do mundo através de acordos de roaming às redes metropolitanas WiFi construídas pela Oi em espaços abertos e ainda à Fon, rede WiFi compartilhada pelos próprios usuários.
O objetivo é alcançar um milhão de hotspots no País até o final de 2013. Pode parecer ambicioso, num primeiro momento, ainda mais se considerarmos que o Brasil tem menos de 5 mil hotspots instalados, mas ela é factível, segundo Camargo, por conta da parceria com a Fon, “que nos dará capilaridade muito rápida em vários pontos de interesse”.

A Fon atua em 11 países e com mais de 4 milhões de hotspots WiFi e sua rede é composta por roteadores em pequenos estabelecimentos comerciais que cedem 1 Mbps de sua conexão fixa para o acesso público WiFi. Quem cede sua rede tem direito a acessar de graça os 4 milhões de hotspots da Fon no mundo. Na Fon, mesmo usuários residenciais podem se juntar à rede, compartilhando sua banda larga para terem o benefício recíproco proporcionado por outros usuários.
No caso do Brasil, a rede da Fon está funcionando em restaurantes e outros estabelecimentos comerciais que usam banda larga fixa da Oi de pelo menos 5 Mbps nos bairros do Leblon e Ipanema, no Rio de Janeiro. “Estamos em teste-piloto com usuários residenciais no Rio. Precisamos fazer alguns ajustes, mas em breve também terão a opção de compartilhar suas conexões”, garante.

No caso das redes metropolitanas, a Oi montou uma primeira rede na orla das praias de Ipanema e Leblon, no Rio de Janeiro, e agora começa a implatação também em locais populares de Salvador, como o Farol da Barra e o Pelourinho. “E sempre que a gente cobre uma área externa, começamos a expandir também a capilaridade com a rede Fon nos estabelecimentos comerciais”, completa.
Aliado à estratégia de Internet everywhere, a Oi também tem o objetivo de desaforgar a rede móvel 3G. “No fundo, o WiFi é uma forma de propagação a partir de uma conexão fixa e é sim um modo de diminuir a necessidade de expansão das redes 3G”, admite o executivo da Oi. “Com o off-load de tráfego 3G na orla do Rio, por exemplo, posso levar muito mais tempo para ampliar a capacidade da cobertura móvel celular”.
Com apenas três meses de operação do Oi WiFi, a tele tem verificado um crescimento exponencial do tráfego nas três redes combinadas. “São 32 terabytes (TB) de dados de tráfego se somarmos os hotspots das três redes e 960 mil sessões nesse período e ainda nem começamos o roll-out no Brasil todo”. A Oi totaliza até o momento cerca de 2,1 mil hotspots no País e o objetivo é chegar às principais capitais brasileiras até dezembro com as redes metropolitanas e Fon.

Os clientes da Oi de banda larga fixa a partir de 5 Mbps e banda larga móvel com franquia de 2 GB têm acesso gratuito à Oi WiFi e a autenticação é feita com login e senha no portal do serviço. “Estamos implantando também outros tipos de autenticação para automatizar o processo com segurança a partir do SIMcard, mas para funcionar o smartphone precisa ter a tecnologia EAP-SIM embarcada”, revela. Ele explica que smartphones com sistemas operacionais iOS, da Apple, e BlackBerry (RIM) já têm a funcionalidade, bem como os mais recentes lançamentos nas plataformas Android e Windows Phone. “Estamos nos testes finais do nosso aplicativo para esses sistemas operacionais, que além de fazer a autenticação automática do usuário, ainda trará serviços agregados, como a distância até o hotspot mais próximo”.

A TIM também decidiu investir em uma rede própria com tecnologia WiFi para desafogar suas antenas 3G. A operadora instalará 10 mil pontos de acesso em áreas públicas com grande concentração de pessoas, como praças, estádios e aeroportos nas principais cidades do Brasil, tarefa que deve estar concluída até o fim de 2012. A RFP para consulta de preços está em andamento e a expectativa é de que até o final de abril sejam anunciados o fornecedor ou fornecedores dos hotspots. Alguns pontos, como em aeroportos, já foram instalados para testes.
“A TIM vem em uma batida forte de crescimento de mercado desde que lançamos em 2010 os novos modelos de tarifação de voz e dados ilimitados, e com o expressivo crescimento da base de usuários, aumentou também o uso médio da rede de dados”, conta o diretor de marketing da TIM/Intelig, Rafael Marquez.
A tele vem observando de perto a movimentação das operadoras internacionais para off-load WiFi há dois anos. “Queríamos uma solução para não ter que ‘tirar o pé’ quando a rede ficasse sobrecarregada, e é mais inteligente em termos de custo utilizar WiFi para expandir capacidade do que o 3G”.
A estratégia WiFi da TIM só começou a ser posta em marcha despois das aquisições da Intelig, em 2009, e da AES Atimus, em 2010, que deram origem no ano passado à divisão TIM Fiber. “Para continuar agressivos no mercado precisávamos não depender tanto de redes fixas dos concorrentes. Hoje temos mais de 20 mil km de fibra no Brasil”, diz Marquez.
A TIM conseguiu grande capilaridade nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo com as redes da Atimus e prevê agora a expansão da rede herdada da Intelig, tanto para atendimento do mercado corporativo quanto para a interligação das ERBs em todo o País. “Vamos usar a fibra para transporte entre as antenas, mas também aproveitando para WiFi, seguindo o caminho das maiores concentrações de usuários da TIM, como em Santa Catarina e no Nordeste”, detalha.
A operadora estuda também acordos de roaming WiFi. “Abriremos nossa rede para receber roamers de outros países e oferecer essa funcionalidade para os nossos assinantes que vão para o exterior”.

WiFi popular

Um ponto interessante da estratégia da TIM é que ela se propõe também a “popularizar” o WiFi. “A capilaridade do WiFi hoje é premium, em aeroportos, bares e restaurentes onde circulam pessoas de maior poder aquisitivo. Nossa estratégia é também colocar hotspots em áreas mais populares, como fizemos na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro”, pontua.

O teste-piloto da Rocinha foi lançado no final de dezembro e, após os ajustes necessários na rede, entrou em operação comercial dia 1º de fevereiro. A fibra da Atimus já chegava na borda da comunidade e a TIM usou uma arquitetura Mesh (em que um hotspot serve de conexão a outro hotspot) para espalhar a cobertura. O Complexo do Alemão, também no Rio, receberá o TIM WiFi em breve.
Para o executivo da TIM, o “pulo do gato” é a simplicidade. “O TIM WiFi é uma continuação do 3G sem complicar a vida do usuário: está embutido no custo de dados e usa um modelo de autenticação automática através do SIMcard”. A tele também terá autenticação via portal com uso de login e senha, mas a autenticação primária será com a tecnologia EAP-SIM. “Para garantir que a autenticação automática seja massificada, estamos desenvolvendo um aplicativo em Android e em Java para atender à base legada de smartphones sem EAP-SIM”, revela Marquez.

A operadora regional Algar Telecom, por sua vez, passou a oferecer acesso gratuito WiFi em 130 hotspots em pontos estratégicos de Uberlândia (MG) e se prepara para estender o serviço para Uberaba (MG) e Franca (SP). “A intenção é garantir uma experiência diferenciada para o usuário e promover uma mobilidade parcial de clientes de banda larga fixo”, diz o diretor de operações e tecnologiada Algar, Luis Lima. A meta é chegar a 500 pontos de acesso ainda em 2012 e a 2,5 mil hotspots em dois anos.
“Temos também o Projeto Minas, de ampliação da rede móvel para cidades das áreas que conquistamos com o leilão da banda H e usaremos WiFi para expandir essa cobertura e fazer off-load de tráfego”, conta Lima. O analista de telecom da Algar e engenheiro responsável pelo projeto de WiFi da operadora, Nelson Orozimbo, ressalta, contudo, que a estratégia de off-load ainda está em estudo. “Há questões de interferências, cobertura e locais de instalação que ainda precisamos avaliar”. Uma vez posto em prática o uso do WiFi para off-load, Lima estima que o total de hotspots possa chegar a 10 mil, em vez dos 2,5 mil previstos em dois anos.
Hoje a autenticação nos hotspots da Algar é feita pelo portal da CTBC, mas a tele estuda também fazer a autenticação automática pelo SIMcard e o roaming entre hotspots da própria operadora e de outras, por meio de acordos comerciais.

Estratégia conjunta

Na Claro, a estratégia de WiFi está sendo tocada em conjunto com a operadora de TV a cabo Net Serviço, uma vez que ambas são controladas pela América Móvil.
Os usuários da operadora móvel já podem usar a infraestrutura de WiFi que está sendo instalada pela Net Serviços nas principais regiões metropolitanas do País.
“Utilizaremos a grande capilaridade das redes HFC da Net e a rede IPRAN da Claro para trazer o tráfego dos acess points até o core WiFi da Claro”, afirma o diretor de plataformas e rede da tele, Márcio Mendonça Nunes. Dessa forma, todo o tráfego de dados 2G, 3G e WiFi é incluído no mesmo sistema de billing, permitindo que a operadora aplique, por exemplo, políticas de degustação no 3G ou a gratuidade de acesso a redes sociais.
A prioridade da Claro, entretanto, não é o offload. Para o gerente de SVA da tele, Rafael Lunes, o papel da operadora celular é também de popularizar o consumo de vídeo. “Os smartphones podem ser set-tops de bolso e, com uma cobertura de banda larga móvel de qualidade somada à rede WiFi da Net e uma solução de distribuição de conteúdos proprietária (em referência a conteúdos da Net Serviços e da Claro TV, ex-Via Embratel), podemos trabalhar com tarifas diferenciadas ou mesmo isenção de tarifas para esse tipo de tráfego”, revela Lunes.
A Vivo, por sua vez, líder de mercado em total de usuários móveis no Brasil, ainda não anunciou publicamente sua estratégia para WiFi. O diretor de planejamento técnico da tele, Átila Araújo Branco, reconhece que o WiFi pode garantir melhor experiência do assinante em locais de grande densidade, mas afirma que o modelo de negócios ainda não está definido. “Estamos testando a tecnologia há seis meses e posso dizer que funciona. É o caminho e estamos próximos de lançar o serviço comercialmente, mas ainda não definimos o fornecedor dos equipamentos”, revela Branco.

É bom, mas não é perfeito

Ao mesmo tempo em que operar em faixas não-licenciadas de espectro torna o WiFi uma solução economicamente atraente, também o torna frequentemente sujeito a interferências.

A faixa mais poluída é a de 2,4 GHz, frequência em que também funcionam, por exemplo, fornos de micro-ondas, fones Bluetooth e telefones sem fio, além de operações de banda larga com a tecnologia spread-spectrum e centenas de milhares de redes domésticas. Hoje, a maior parte dos rádios para access points e novos smartphones tablets e laptops já vêm com a opção de usar também WiFi na faixa de 5,8 GHz. A faixa é mais “limpa”, mas como toda frequência mais alta, tem raio de cobetura menor e demanda um número maior de antenas.
“Existem soluções de análise e otimização do uso do espectro que selecionam os canais mais limpos para a transmissão WiFi, ajustes de potência e outras funcionalidades, mas ainda assim há um limite e pode ser que em um lugar de alta demanda em que várias teles instalem seus próprios equipamentos WiFi haja colapso do espectro e interferências entre os equipamentos de forma que nenhuma consiga prestar o serviço”, alerta Jesper Rhode, da Ericsson, que no início do ano anunciou a aquisição da fabricante de equipamentos WiFi canadense BelAir.

“A interferência nas redes não-licenciadas é uma realidade. Verificamos muito problemas hoje mesmo nas redes WiFi domésticas de nossos clientes, o que acaba prejudicando a percepção de qualidade da banda larga fixa”, reconhece o diretor da Algar, Luis Lima. Mas na opinião dele, as interferências podem ser minimizadas. “Está havendo um forte movimento na indústria de protocolos e características dos access points para mitigar essa interferência, usando canais mais limpos em 5,8 GHz, soluções de beam forming e antenas MIMO que direcionam o sinal para os dispositivos que estão utilizando a rede WiFi”.
Para Márcio Nunes, da Claro, o uso de access points mais inteligentes que consigam detectar a interferência e trocar a frequência utilizada automaticamente é importante para garantir a qualidade nas redes WiFi. “É importante também ter um controller que possa fazer a administração centralizada dos access points de forma que qualquer problema seja rapidamente identificado e resolvido”, complementa.
Outra solução para eliminar a interferência, segundo Rhode, seria o compartilhamento da infraestrutura sem fio em grandes centros de demanda, mantendo as redes WiFi de diferentes operadoras separadas apenas em nível lógico. Isso já acontece nos aeroportos brasileiros, cuja infraestrutura wireless é da própria Infraero. “Esse tipo de compartilhamento está sendo adotado nos Estados Unidos e na Europa, mas por aqui, tirando o caso dos aeroportos, o compatilhamento ainda não está na pauta imediata das operadoras,” avalia Jardim, da PromonLogicallis. “As empresas estão apenas iniciando suas implantações e ainda buscando estratégias individuais. Podemos fazer uma analogia às ERBs: tecnologicamente é possível, mas ainda não vemos um movimento de compartilhamento de infraestrutura por ser tudo ainda embrionário”, reconhece Abel Camargo, da Oi. A diferenciação entre as operadoras em um cenário de compartilhamento de acess points, complementa Nunes, se daria pelos serviços oferecidos por cada uma.

A única iniciativa que parece estar tomando forma para o compartilhamento de infraestrutura WiFi diz respeito à cobertura dos estádios que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014. Existe ainda o grande risco de que os equipamentos de hotspot WiFi de uso profissional, instalados pelas operadoras em postes e em elementos de rede externa, acabem causando interferências e inviabilizando o uso doméstico do WiFi. Nesses casos, o melhor é torcer para que o off-load WiFi não aconteça no poste em frente à sua casa.

Tecnologia em evolução

Ao que tudo indica, os benefícios do off-load WiFi não devem ficar restritos ao tráfego de dados. Soluções para o escoamento de voz móvel e SMS para as redes fixas já começam a aparecer no mercado. Um exemplo é a solução da Syniverse WiFi Talk & Text (WiTT). O vice-presidente sênior para Caribe e América Latina da Syniverse, Pablo Mlikota, explica que a WiTT é uma solução baseada em software que permite que, ao entrar em um hotspot WiFi, os smartphones passem a realizar e receber chamadas e enviar mensagens utilizando o protocolo SIP. A migração entre redes é transparente para o usuário, feita automaticamente pelo dispositivo a partir de um aplicativo instalado no smartphone. “No momento, temos o aplicativo desenvolvido apenas para o sistema operacional Android, mas já estamos trabalhando no desenvolvimento para BlackBerry e iOS”, conta Mlikota. O aplicativo não funciona sozinho, contudo. A operadora precisa instalar uma plataforma em sua rede para permitir a conversão da voz e do SMS para o protocolo IP.

Outro desafio importante das redes WiFi, sobretudo em ambientes doméstico em que cada vez mais dispositivos estarão conectados, é ampliar a velocidade para algo equivalente à das redes Gigabit Ethernet, hoje já comuns em roteadores residenciais. A evolução do protocolo WiFi para o padrão 802.11ac parece ser o próximo passo. A ponto de empresas como a Qualcomm, tradicional fabricante de chipsets para redes móveis, ter recentemente adquirido a empresa de WiFi Atheros para desenvolver a tecnologia e integrá-la em seus chips.
Letícia Cordeiro