WirelessBRASIL - Bloco TECNOLOGIA

Maio 2012             


16/05/12

• Mariana Mazza: "Oi coloca à venda 89 imóveis. Um negócio de R$ 58 milhões" + Bloco Resistência + "2025"

Olá, WirelessBR e Celld-group!

Estou de volta para mais um período de atividade na nossa área de telecom, depois de uma ausência para tratar de assuntos particulares e também para dar uma atenção ao BLOCO Resistência do Portal WirelessBRASIL.

01.
Quatro "posts" do "Resistência" tiveram uma grande repercussão e tratam de "movimentos na web" ligados ao atual governo e ao PT. Alguns são bem conhecidos outros nem tanto.
Creio que os detalhes possam interessar a todos que atuam "no virtual" (textos não transcritos nesta mensagem):

08/04/12
A tropa do BloP - Blogueiros Progressistas (1) - Definição de "progressismo" e de "Blogueiro Progressista"; ligação com o "PC do B"
10/04/12
A tropa do BloP - Blogueiros Progressistas (3) - O "Comando" dos "progressistas" e os sites e blogs sob sua influência
24/04/12
Levante Popular da Juventude (1) - A ascensão do Levante coincide com o declínio do MST - A atuação de Tarso Genro e João Pedro Stedile, revelada por Reinaldo Azevedo
03/05/12
MAV - "Militância em Ambientes Virtuais" (1) - A "patrulha do PT" na web - Conheça a organização, o treinamento e as pessoas envolvidas

02.
A jornalista Mariana Mazza, do Portal da Band, voltou à atividade rotineira na sua Coluna que já conhecemos bem.
Nas próximas mensagens vou transcrever as matérias, e começo pela mais recente:

Leia na fonte: Portal da Band - Coluna de Mariana Mazza
[15/05/12]   Oi coloca à venda 89 imóveis. Um negócio de R$ 58 milhões - por Mariana Mazza

Faço um recorte para degustação:  :-)
(...) Em princípio, não haveria nada de errado na negociação não fosse um lote muito suspeito no meio da lista. No lote 34, de acordo com a própria descrição do site, está sendo negociado o "Centro de Treinamento da Telebrás", localizado em Pernambuco. Bom, o nome deixa claro que o imóvel pertence (ou pertenceu) à estatal Telebrás. E, se foi construído ou comprado pela estatal, faria parte da chamada relação de bens reversíveis à União. (...)

03.
Sobre o tema "bens reversíveis e sua devolução em 2025", faço uma "juntada" e transcrevo mais abaixo estes três textos, para comparação e arquivo:

Leia na fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[17/04/12]   A telefonia fixa em 2025 - por Márcio Patusco - para o Instituto Telecom

Leia na Fonte: Tele.Síntese Análise edição nº 336
[20/04/12]   Avanço da convergência poderá antecipar o final da concessão

Fonte: Tele.Síntese
[11/04/12]   O futuro da concessão da telefonia fixa - por José Roberto de Souza Pinto

Comentários sobre os "reversíveis"?

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL

-----------------------------------

Fonte: Portal da Band - Coluna de Mariana Mazza
[15/05/12]   Oi coloca à venda 89 imóveis. Um negócio de R$ 58 milhões - por Mariana Mazza

Hoje tive uma grande surpresa ao me deparar com um leilão bastante estranho. Um grande site na Internet está negociando 89 imóveis em nome da Oi. Essas propriedades estão espalhadas por todo o Brasil e algumas chegam a custar milhões de reais no lance inicial. Ao todo, o negócio renderá à Oi, no mínimo, R$ 58.324.958,00, caso os imóveis sejam vendidos sem disputa, apenas pelos lances iniciais propostos.

Em princípio, não haveria nada de errado na negociação não fosse um lote muito suspeito no meio da lista. No lote 34, de acordo com a própria descrição do site, está sendo negociado o "Centro de Treinamento da Telebrás", localizado em Pernambuco. Bom, o nome deixa claro que o imóvel pertence (ou pertenceu) à estatal Telebrás. E, se foi construído ou comprado pela estatal, faria parte da chamada relação de bens reversíveis à União.

Já dediquei várias colunas à controvérsia envolvendo os bens reversíveis. Este é o termo usado para o conjunto de imóveis e equipamentos que são necessários à prestação da telefonia fixa. E, portanto, deverão ser devolvidos ao Estado brasileiro quando terminar a vigência das concessões das teles, em 2025. Para negociar um imóvel pertencente a esta lista é preciso obter uma autorização formal da Anatel antes de fechar a venda. E, até o momento, não é possível dizer se a Anatel deu essa autorização à Oi.

O caso do Centro de Treinamento é muito interessante. Primeiro porque não estamos falando de um imóvel "baratinho". Quem quiser arrematá-lo terá que desembolsar pelo menos R$ 7,235 milhões. Além de valorizado, o imóvel também já foi bastante disputado no passado. A briga, obviamente, foi entre a Oi e a Telebrás. A estatal chegou a ir à Justiça para recuperar o prédio e revitalizá-lo, retomando suas funções originais de centro de treinamento de profissionais. Coincidência ou não, o processo movido pela Telebrás teria sido concluído recentemente por meio de um acordo. O que diz o acordo? Segundo fontes, que o prédio poderia ser leiloado pela Oi. Com quem ficará o dinheiro arrecadado na oferta pública ainda é um mistério para esta que vos escreve.

O que é certo até o momento é que o leilão de imóveis feito pela Oi, legítimo ou não, coloca mais lenha no debate sobre os bens reversíveis. Muitas perguntas precisam ser respondidas. Estes imóveis são essenciais à prestação da telefonia fixa nos estados? A Anatel autorizou essas vendas? Telebrás e Oi têm selado acordos judiciais para contornar a controvérsia sobre o que é e o que não é reversível?

O leilão em si não é prova de que a negociação dessas propriedades é ilegal. Mas sua realização frisa a necessidade urgente desse assunto ser esclarecido de uma vez por todas. Afinal, o que é público e o que é privado? E quem pensa que este debate é apenas burocrático, se engana profundamente. Se as concessionárias estão mesmo vendendo imóveis comprados com dinheiro público, toda a sociedade está sendo lesada. No passado, as concessionárias não se intimidaram em negociar, mesmo sem aval da Anatel, centenas de imóveis em todo o país. Essas vendas ilegais estão registradas em relatórios de fiscalização da própria agência reguladora, produzidos em 2010 e mantidos em sigilo pela Anatel até hoje.

Este material, levantado graças a um mutirão de fiscalização conduzido sob o comando do ex-superintendente de Fiscalização Edilson Ribeiro dos Santos - demitido em novembro do ano passado - revela não só as negociações ilícitas de centenas de bens como a própria inabilidade da agência reguladora de controlar essas negociações. Um levantamento feito por advogados e procuradores na relação de propriedades do antigo Sistema Telebrás, disponível no Arquivo Nacional, mostrou que a controvérsia sobre os bens reversíveis gira em torno de um patrimônio estimado em R$ 80 bilhões. E este valor não leva em conta os investimentos feitos na rede de telecomunicações com dinheiro público, mas apenas os imóveis.

Há anos, a entidade de defesa do consumidor ProTeste tenta desatar este nó na Justiça. Muitos avanços foram feitos, mas o centro da polêmica continua. A última ação movida pela ProTeste está pronta para a decisão da Justiça. No ano passado, o juiz do caso negou o pedido de liminar feito pelo órgão de defesa do consumidor argumentando que não haveria urgência na ação uma vez que não estava constatada que a venda de imóveis estava sendo realmente realizada e, caso se comprovasse, a empresa teria que responder civil e criminalmente pela alienação. O leilão promovido pela Oi precisa ser investigado e sugere que as coisas não andam tão calmas assim no mundo dos bens reversíveis. A negociação dos prédios e terrenos está hospedada no site Zukerman Leilões e receberá lances até o dia 4 de junho, quando está previsto um pregão presencial dos imóveis na Mansão França, em São Paulo.

----------------------------------

Leia na fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[17/04/12]   A telefonia fixa em 2025 - por Márcio Patusco - para o Instituto Telecom

A discussão dos caminhos para o STFC - Serviço de Telefonia Fixa Comutada - é bastante complexa. Por diversas vezes, em eventos e documentos, o Clube de Engenharia e o Instituto Telecom vêm arguindo o Ministério e a Anatel a esse respeito: o que fazer com a rede em 2025, no encerramento dos contratos de concessão? Chegamos a dizer na plenária de um evento em Brasília, na presença do Minicom e da Anatel, que o que sobraria da rede fixa seria “cabos enterrados e um montão de ferro-velho das centrais de comutação”, tendo em vista que as operadoras a partir de um determinado ponto não estariam mais interessadas em investir numa rede que teriam que devolver à União, e pela própria decadência do serviço.

Alem do mais, está cada vez mais difícil estabelecer a separação do serviço prestado pela rede telefônica fixa, dos demais serviços, já que o fenômeno da convergência em telecomunicações criou domínios comuns em equipamentos e sistemas instalados. Na infraestrutura da rede telefônica fixa, hoje, trafega toda sorte de serviços, desde internet até vídeo, dados e mensagens. Questiona-se, inclusive, a propriedade dessa prestação múltipla de serviços suportada na RTPC (Rede de Telefonia Fixa Comutada), que poderia vir a configurar subsídio cruzado, o que não é permitido pela Lei Geral de Telecomunicações – LGT.

Na opinião do Clube e do Instituto, a adoção da banda larga como serviço prestado em regime público sucedâneo do STFC, pela sua importância estratégica, parece ser a alternativa mais interessante para a nossa sociedade, mesmo considerando o tremendo desafio para sua implementação. Na verdade, essa é provavelmente a mais importante proposta que a sociedade civil (via Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações - FNDC) vem colocando como discussão a ser feita no Marco Regulatório que está por vir.

É claro que todos no Ministério e na Anatel têm consciência do grande problema que se avizinha com o final dos contratos de concessão. Por certo devem estar preocupados para que bens reversíveis à União não se desvalorizem e continuem a ter o valor significativo do esforço material e humano relativo à sua construção.

Eles sabem do problema, mas têm fugido à discussão de assumir a banda larga como serviço prestado em regime público. Em diversos eventos, em cada momento, vislumbram um tipo de problema, sem nunca o enfrentarem. Sabem que o processo é demorado e politicamente arriscado. No entanto, se tivessem iniciado o processo logo após a Confecom, em 2009, onde a proposta primeiramente apareceu, a esta altura já teríamos uma nova realidade em prática.

Existem algumas propostas de abordagem do problema da RTPC no futuro, mas todas carecem de aprofundamento, acordos e tempo para implementação. Acreditamos que uma solução seja viável e negociável entre governo, prestadores de serviço e representantes civis, tendo em vista a importância para a sociedade, no longo prazo. É tempo de abrirmos uma discussão ampla, levando em conta as alternativas possíveis, e decidirmos com soberania e pragmatismo essa questão vital para a continuidade dos serviços em nosso país.

O Clube de Engenharia e o Instituto Telecom vêm se colocando à disposição para esta discussão e esperamos poder contribuir em qualquer fórum em que formos chamados a participar.

Márcio Patusco é Conselheiro do Clube de Engenharia e membro do Conselho Consultivo do Instituto Telecom

-------------------------------------

Leia na Fonte: Tele.Síntese Análise edição nº 336
[20/04/12]   Avanço da convergência poderá antecipar o final da concessão

Até meados do ano, a Anatel deverá apresentar ao Ministério das Comunicações uma contribuição ao debate do novo marco regulatório das comunicações. A proposta, em discussão em um grupo de trabalho, poderá contemplar a criação de um serviço convergente e a antecipação do fim da concessão do serviço telefônico fixo comutado, previsto para 2025.

Essas ideias foram apresentadas durante o 29° Encontro Tele.Síntese, realizado em Brasília, na terça-feira, 17. para discutir a convergência e suas consequências sobre o marco regulatório e o modelo de negócios. reunindo representantes do governo, das operadoras e de consultorias. Na abertura do encontro, o ministro Paulo Bernardo falou sobre a consulta pública do marco regulatório a ser lançada, em breve, pelo Minicom. Esclareceu que pretende um debate amplo, mas hoje o ministério é contra transformar a banda larga em serviço prestado em regime público, como reivindicam entidades da sociedade civil. E disse que a questão da reversibilidade dos bens das concessionárias de STFC não pode ser tratada como fetiche, pois as regras preveem que a União pague por eles se a concessão for extinta.

Os três pontos mencionados por Bernardo — amplo debate, regime da prestação dos serviços de telecomunicações e reversibilidade dos bens — integraram a apresentação do presidente da Anatel, João Rezende. Para ele, é preciso pensar o novo marco regulatório à luz da convergência de plataformas e serviços de telecomunicações, o que coloca em cena um personagem importante: o conteúdo. Lembrou que, no cenário de convergência, a voz fixa. o único serviço prestado em regime público, vem perdendo receita e espaço; e que o país precisa refletir se vai esperar o final da concessão para definir o que fazer, ou se vai antecipar esse debate. Rezende defende o debate imediato e uma troca dos ativos da concessão por investimentos em infraestrutura de rede de alta velocidade.

Se isso não for feito, ponderou, perde a União, com a desvalorização crescente dos ativos que suportam a prestação do STFC; e a sociedade, que deixa de ter acesso. a curto prazo, a redes de alta velocidade. A indefinição sobre o futuro da concessão é ruim para os investimentos. acredita Rezende. As concessionárias tendem a reduzir a melhoria das redes de cobre e a migrar novos serviços, à exceção do STFC, para novas redes, de forma que esses ativos não componham bens reversíveis da telefonia fixa para a União.

Essa dicotomia limita a convergência. provoca ineficiência econômica e não é boa para o cliente. Sem tocar diretamente na questão da reversibilidade dos bens da concessão, Antonio Carlos Valente, presidente do Grupo Telefônica, chamou atenção para o avanço do serviço de Voz sobre Protocolo IP. Segundo ele, a migração do STFC para VolP é uma tendência, hoje realidade no portfólio das entrantes como Embratel e GVT, mas que não pode ser realizada pelas concessionárias, em função dos condicionantes estabelecidos na concessão. "São questões que merecem atenção e reflexão do regulador", disse Valente.

Novo serviço convergente

O conselheiro Jarbas Valente foi especifico e apresentou uma proposta concreta, que reflete sua posição pessoal e não do regulador, de criação de um novo serviço convergente. Para receber uma licença única para prestar serviços de telecomunicações, de qualquer natureza, as empresas teriam de aderir a um plano de metas de oferta de serviços, que deverá ser revisto a cada cinco anos. Todos os serviços estariam abrigados dentro do guarda-chuva do serviço convergente, inclusive o STFC.

Para migrar o STFC para o novo serviço, a hipótese levantada por Jarbas Valente é de um inventário dos bens da concessão e da transformação do montante apurado em metas de investimento em redes de nova geração, a serem implantadas preferencialmente nas regiões mais carentes (Norte, Nordeste e Centro-Oeste), mantendo todas as demais obrigações presentes na concessão em relação à telefonia fixa (como metas de qualidade, de cobertura etc.).

Para Jarbas Valente, o serviço convergente deveria ser em regime privado, que hoje é o estatuto de quatro dos cinco grupos de serviços prestados no país (SCM, SMP, SME e SeAC). Ele não vê prejuízo na adoção do regime privado, desde que o regulador possa intervir no estabelecimento das condições de prestação do serviço, como vem ocorrendo. "A telefonia móvel é em regime privado e é o serviço que mais cresceu e mais se universalizou. Interviemos várias vezes nas condições de prestação do serviço com sua mudança de SCM para SMP. estabelecemos metas de cobertura e de qualidade", esclareceu ele.

A vantagem do regime privado, disse, é que é mais flexível. não carrega a figura rígida da concessão em relação ao equilíbrio econômico-financeiro e dá mais estímulo à competição. A dúvida do conselheiro é se a criação do novo serviço deve vir associada à separação estrutural das redes. Em princípio, acha que a separação não é mandatária, mas deve ser avaliada no debate.

------------------------------------------

Fonte: Tele.Síntese
[11/04/12]   O futuro da concessão da telefonia fixa - por José Roberto de Souza Pinto (*)

Para assegurar a continuidade dos serviços públicos, Jose Roberto Pinto propõe que as atuais concessões de telefonia fixa passem a ser concessões de rede.

A estruturação dos serviços de telecomunicações no Brasil, consolidada a partir da Lei Geral de Telecomunicações – LGT (Lei 9472 de julho de 1997) trouxe para o cidadão um crescimento enorme na oferta dos serviços de telefonia. Primeiro na telefonia fixa que saiu de cerca de 11 milhões de linhas de assinantes para mais de 40 milhões num período relativamente curto de 3 anos.

No momento da reforma do setor, a telefonia móvel celular estava engatinhando e o acesso à internet em banda larga estava restrito às grandes empresas usuárias de serviços de telecomunicações.

Este cenário dos serviços de telefonia móvel celular logo se alterou experimentando taxas de crescimento elevadas e, no final de 2011, atingiu a marca de 242 milhões de linhas de assinantes.

Por outro lado, a telefonia fixa se estabilizou na faixa de 40 milhões de linhas de assinantes, fruto do elevado preço da assinatura básica local, que inacreditavelmente teve esta tarifa aumentada ano a ano e principalmente pela falta de competição neste segmento de telefonia fixa.

Os usuários, apesar dos preços elevadas dos serviços de telefonia móvel celular, preferiram pagar mais e fugir da parcela fixa da assinatura, optando pelos celulares pré-pagos (80% dos terminais móveis estão em planos de serviço pré-pago), onde a alternativa de controle da utilização e do custo parecia ser mais razoável.

Recentemente, após a regulamentação da portabilidade numérica aplicada as telefonia fixa e móvel, e com o crescimento da demanda por acessos à internet em banda larga, a telefonia fixa ganhou uma sobrevida e sofreu um incremento, motivado basicamente pela introdução da competição nestes dois segmentos de serviços. Dados recentes de janeiro de 2012 indicam que foram realizados 17 milhões de pedidos de troca de operadora e que cerca de 36% destes foram de assinantes da telefonia fixa. Neste esforço de sobrevida a telefonia fixa tinha, em 2011, cerda de 43 milhões de terminais de assinantes.

Outro aspecto que deve ser considerado é o elenco de empresas dispostas a prestar este serviço. Excluindo as concessionárias de telefonia fixa local nas suas áreas de concessão, podemos identificar 20 prestadoras de serviços de telefonia e de acesso à internet em banda larga com uma participação representativa no mercado.

A participação total do conjunto de empresas autorizadas a prestar o serviço de telefonia fixa, as conhecidas como entrantes, já atinge 28% deste mercado.

Novas bases

Estamos em 2012 e os contratos de concessão da telefonia fixa se encerram em 2025 e naquele momento novas bases deverão ser ajustadas entre o poder concedente e as empresas interessadas no objeto da concessão deste serviço de telefonia fixa, ou algo que possa substituí-lo.

Não resta dúvida que a tendência da telefonia fixa é de sofrer queda no número de assinantes, assim como em sua receita. Uma hipótese bastante otimista seria a manutenção dos níveis atuais de assinantes, mas com uma participação no mercado das concessionárias de telefonia fixa inferior a atual e possivelmente não superior a 20 milhões de assinantes, com uma concentração em áreas de baixa ou nenhuma competição. Este quadro já estaria considerando uma posição competitiva destas empresas com preços reduzidos e sem a imposição da assinatura básica.

Devemos também considerar que, no período, novas tecnologias estarão disponíveis no mercado e os serviços tradicionais de voz, como a telefonia, serão substituídos por soluções integradas de voz, dados, textos e imagem com preços bem mais acessíveis à população.

Mantido este cenário, as concessões de telefonia fixa estarão gradativamente perdendo o seu valor, uma vez que a perda de mercado e de receita será iminente e as empresas concessionárias continuarão com os compromissos de universalização e de continuidade do serviço.

Certamente este cenário não interessa ao poder concedente e muito menos às empresas que detem esta concessão.

A possível cobertura de custos destas concessionárias por outros serviços como acessos em banda larga, TV por assinatura e o Serviço Móvel Pessoal (celular para voz e acesso à internet) não é algo recomendável e até irregular. Segundo a regulamentação, estamos tratando de serviços em regimes diferenciados de prestação dos serviços. A telefonia fixa no regime público sobre a égide de contratos de concessão, com compromissos de universalização, entre outros, e os demais serviços no regime privado sobre a égide de termos de autorização.

Soma-se a este cenário uma maior intensidade na competição entre os serviços prestados no regime privado, o que tornaria esta hipótese de subsídios cruzados insustentável.

Temos então que identificar o que estas concessionárias de telefonia fixa têm ainda de grande valor. Neste contexto, visualizamos a sua rede de telecomunicações, composta por uma infraestrutura de prédios, instalações, linhas de dutos, torres, postes e cabos de pares e de fibras ópticas e sistemas de multiplexação e transmissão. Estes recursos, além de suportar os serviços de telefonia fixa nas suas áreas de concessão, suportam também os demais serviços prestados no regime privado, como o acesso à internet em banda larga, à telefonia móvel celular e à TV por assinatura. Há ainda o atendimento às redes corporativas dos grandes clientes, que sem dúvida é a peça de maior rentabilidade, pela demanda agregada e a pela otimização periódica dos recursos da rede.

A atenção dada à questão dos bens reversíveis, que retornarão para a União ao final da concessão passa a ser decisiva, visto que os recursos da rede de telecomunicações, alocados efetivamente para o serviço de telefonia fixa, objeto da concessão, serão irrisórios se comparados com os alocados aos demais serviços prestados no regime privado.

Há que se considerar que grande parte dos investimentos realizados pelas concessionárias na sua rede de telecomunicações há muito tempo são destinados aos demais serviços e não à telefonia fixa, o que certamente vai provocar uma discussão sem precedentes com risco de grandes perdas para ambas as partes e em particular para o usuário consumidor.

A verdade é que cada vez mais estes novos serviços de telecomunicações fazem parte do dia a dia do cidadão, das empresas e das diversas organizações, sendo indispensáveis e, portanto, devem ter alguma garantia de sua continuidade. Outro aspecto é que as demandas são crescentes por bandas de comunicação cada vez mais largas, alocadas para os diversos serviços e consumidores, o que faz com que investimentos em redes de telecomunicações de suporte aos serviços também tenham que ter um grande crescimento.

Transformar a concessão

Imaginar que uma empresa privada focada exclusivamente no atendimento ao mercado possa realizar estes investimentos em rede de telecomunicações sem algum compromisso ou mesmo que o governo, a partir de uma empresa estatal, possa arcar com toda esta responsabilidade, me parece que estamos fadados ao insucesso.

Temos então que encontrar um espaço onde os investimentos sejam realizados para garantir o funcionamento seguro e ininterrupto da rede de telecomunicações e a sua demanda de crescimento gerada pelos serviços privados que serão suportados por esta rede.


Um caminho a ser avaliado seria o de transformar as concessões do serviço de telefonia fixa, o STFC (Serviço de Telefonia Fixa Comutada) numa concessão de rede de telecomunicações. A partir desta opção, seria definido o escopo inicial da rede de telecomunicações que estaria sob este regime de concessão, os compromissos de universalização, de continuidade e de expansão da rede de telecomunicações entre outras.

Este caminho se justifica pelas seguintes razões:

O que a União faria com os recursos da rede de telecomunicações devolvidos?
Passaria a operar a rede e os serviços de telecomunicações através de uma empresa estatal? Ou faria um processo licitatório para escolha de novos concessionários de serviços?

Estas são algumas das perguntas que, se respondidas a tempo, podem facilitar um processo de negociações de grande complexidade que giram em torno de uma solução adequada para o futuro das concessões da telefonia fixa no Brasil.

(*) Jose Roberto de Souza Pinto é engenheiro, mestre em economia e consultor na área de telecomunicações.