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15/11/12
• Rádio Digital - O retorno (23) - Artigo em defesa do DRM: "A escolha do
padrão do rádio digital no contexto das rádio comunitárias" - por Rafael Diniz e
Nils Brock
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
A primeira reunião do "Conselho Consultivo da Rádio Digital", realizada em 23 de
outubro de 2012, definiu a composição de três comissões técnicas do conselho que
ficarão responsáveis por aprofundar as discussões e decisões em três áreas:
- política industrial,
- inovação tecnológica e
- análise e acompanhamento dos testes técnicos.
A atuação do Conselho Consultivo "está prevista" para ir além da definição do
padrão de rádio digital e envolver temas como financiamento da transição do
sistema e parâmetros internacionais.
No final desta página está a composição do conselho, acrescida do Grupo de
Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom, que conseguiu vaga após a
publicação inicial.
02.
Os resultados de mais uma bateria de testes, em andamento, agora com a novidade
da participação do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), conforme
previsão, serão o tema da próxima reunião do conselho, que ocorrerá no dia 28
de novembro.
Em 31 de outubro de 2012 o Minicom
publicou o os primeiros resultados da última bateria de testes em que foram
avaliados os sistemas DRM+ (Rádio Itatiaia FM e Rádio UFMG Educativa FM),
DRM30 (Rádio CBN AM e Rádio Cultura AM) e IBOC (Rádio Cultura FM,
Rádio Itatiaia FM e Rádio UFMG Educativa FM).
03.
Em
"post" anterior citei:
(...) As associações ligadas às "rádios comunitárias" têm forte interesse
no processo de escolha do padrão de "Rádio Digital" e estão representadas no
Conselho Consultivo recentemente "revitalizado":
- Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO)
Titular: Ismar Capistrano Costa Filho - Suplente: Divino Cândido Ferreira
- Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC)
Titular: Arthur William Cardoso dos Santos - Suplente: Taís Ladeira de
Medeiros (...)
(...) Voltando às "rádios comunitárias", transcrevo, para formação de opinião,
uma entrevista interessante, publicada ontem, com Christer Hederström, do
Fórum Europeu da Mídia Comunitária (CMFE), em que fica evidente a preferência
das "comunitárias" pelo padrão DRM, o que é bom para o debate:
Leia na Fonte: AMARC Brasil
[31/10/12]
O futuro da rádio digital na Europa, no Brasil e no mundo (...)
02.
Via "Alerta do Google" recebi a indicação deste artigo, publicado no site da
AMARC Brasil, que faz defesa explícita do padrão europeu DRM:
Leia na Fonte: AMARC Brasil
[09/11/12]
A escolha do padrão do rádio digital no contexto das rádio comunitárias -
por Rafael Diniz e Nils Brock
A AMARC – Associação Mundial de Rádios Comunitárias, fundada em 1983, no
Canadá, é uma organização não governamental internacional, de caráter laico e
sem fins de lucro. Agrupa mais de 4.000 rádios comunitárias, Federações e
aliados das rádios comunitárias em mais de 115 países. Leia mais:
O que é a AMARC -
O que é a AMARC Brasil
Vale conferir o texto pois há muitas comparações entre o padrão americano HD
("IBOC") e o DRM.
O artigo é de autoria de:
Rafael Diniz - Cientista da Computação formado pela Unicamp, Pesquisador
do Instituto de Pesquisas Eldorado e da SDR Telecom, é ligado ao Consórcio DRM
como DRM Supporter.
Nils Brock - jornalista e cientista político, colabora com mídias livres
e comunitárias.
03.
A matéria, que defende o DRM, apresenta muitas informações qualitativas, mas no
término, os autores acenam com esta possibilidade que, na minha opinião,
enfraquece a argumentação, pois já vimos tese semelhante na adoção do padrão
japonês de TV Digital:
"Com a adição do Ginga ao DRM, somadas possíveis melhorias, o padrão aqui
proposto é o DRM-B, um padrão de radiodifusão digital baseado no DRM com
adaptações nacionais.".
A conferir.
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: AMARC Brasil
[09/11/12]
A escolha do padrão do rádio digital no contexto das rádio comunitárias -
por Rafael Diniz e Nils Brock
Sobre os autores
Rafael Diniz - Cientista da Computação formado pela Unicamp, Pesquisador
do Instituto de Pesquisas Eldorado e da SDR Telecom, é ligado ao Consórcio DRM
como DRM Supporter.
Nils Brock - jornalista e cientista político, colabora com mídias livres
e comunitárias.
Introdução
O seguinte texto pretende explicar um pouco mais a respeito dos dois padrões de
radiodifusão digital em debate no Brasil com foco no contexto e preocupações das
rádios comunitárias. Resumimos algumas características tecnológicas de interesse
comunitário e suas implicações sociais e terminamos com uma descrição da postura
do DRM-Brasil dentro do debate, como um ator que reconhece a importância e
suporta a futura existência das rádios comunitárias transmitindo tanto em
analógico quanto em digital. De maneira comparativa, o texto pretende socializar
conhecimentos com as rádios comunitárias, intensificando o debate com elas e
suas associações. Esperamos que este diálogo possa contribuir com uma iniciativa
ampla para
garantir um futuro aberto e participativo da radiodifusão no Brasil, na América
Latina e no mundo.
...........................................................................................
Índice
1. O que é um padrão de rádio? Como se distinguem padrões analógicos e digitais?
2. Características tecnológicas do rádio digital
2.1. De que maneira o DRM e HD Radio permitem um uso compartilhado da faixa do
FM e outras faixas?
2.2. Como mudará o número de frequências disponíveis?
2.3. Como mudará a questão de potência e recepção?
2.4. Abertura e flexibilidade do padrão
2.5. Como padrão vai influenciar no debate e implementação do novo marco
regulatório das comunicações?
2.6. O pagamento de royalties e a disponibilidade de tecnologia
2.7. Quem recebe royalties?
2.8. O que se pode comprar e quem produz o equipamento?
2.9. 2.9. O futuro desenvolvimento do uso e possibilidades de participar.
3. Para entender melhor a postura do DRM Brasil (DRM-B)
.................................................................................................
1. O que é um padrão de rádio? Como se distinguem padrões analógicos e
digitais?
Um padrão de radiodifusão define a forma como é feita transmissão de conteúdo,
principalmente audiofônico, através do espectro, com a finalidade de enviar
sinais que serão recebidos por receptores, dado certas regras e normas de uso.
FM e AM são os padrões analógicos de rádio atualmente utilizados, aceitos
mundialmente e em funcionamento há décadas em muitos países. Ambos os padrões de
rádio digital considerados pelo Brasil, DRM e HD Radio, permitem a coexistência
dos atuais modos de transmissão, com diferentes características
tecnológicas e implicações sociais.
2. Características tecnológicas do rádio digital
2.1. De que maneira o DRM e HD Radio permitem um uso compartilhado da faixa
do FM e outras faixas?
HD Radio: Permite um uso compartilhado entre sinais analógicos e digitais na
faixa de FM. Não existe uma proposta do HD Radio para emissões digitais nas
faixas de Ondas Tropicais e Ondas Curtas. Na faixa de Ondas Médias (faixa onde
se utiliza a modulação AM), o sistema não se mostra satisfatório e apresenta uma
lenta adoção nos Estados Unidos.
O DRM permite compartilhar frequências dentro do FM e adicionalmente em todas as
outras faixas de radiodifusão, por exemplo as Ondas Curtas, pelas quais hoje
transmitem emissoras da EBC, como a Rádio Nacional da Amazônia, que garante uma
cobertura radiofônica em todo Brasil, como serviço gratuito e universal.
2.2. Como mudará o número de frequências disponíveis?
Dentro de um ambiente compartilhado entre usos analógicos e digitais se podem
distinguir os padrões HD Radio e DRM nas seguintes visões:
HD Radio: Pretende compartilhar a faixa FM entre rádios analógicas e
digitais. Num ambiente isolado (na banda de 88 a 108MHz) se poderia manter o
mesmo número de rádios analógicas, permitindo que estas mesmas rádios transmitam
também em digital. Pelo fato do sistema utilizar os dois canais adjacentes ao
analógico (superior e inferior, considerando os 200kHz do FM somados aos 200kHz
do sinal HD, resulta em 400kHz e, em AM, 20kHz que somados aos 10kHz do AM chega
a 30kHz), sinais de emissoras nestas frequências adjacentes, que estejam em
regiões próximas, poderão sofrer interferência. Desta forma, tanto a recepção
digital quanto a analógica serão prejudicadas.
[ver: Minassian, Ara - SEMINÁRIO DE RÁDIO DIGITAL Impactos na Gestão do Espectro
de Radiofrequência, em:
http://www.mc.gov.br/servicos/apresentacoes/doc_download/432-ara-apkar-minassian-anatel]
Vale a pena sublinhar dois pontos: compartilhar não significa que assim se
assegure a futura existência de todas as licenças e outorgas. Rádios de baixa
potência, por exemplo, poderiam tanto sofrer interferência de emissoras potentes
como serem consideradas causadoras destas interferências, justificando
argumentos para o seu fechamento. Além disso o HD Radio não possui uma proposta
para o futuro uso das Ondas Curtas e Tropicais.
DRM: Pode compartilhar a banda do FM com as transmissões digitais, mas
também pode aproveitar outras faixas de espectro. Quando transmitido em canal
adjacente, o sinal digital DRM ocupa somente um desses canais (inferior OU
superior, considerando os 200kHz do FM somados aos 100kHz do sinal DRM, resulta
em 300kHz e, em AM, 10kHz que somados aos 10kHz do AM chega a 20kHz) de forma a
permitir uma gestão do espectro que garanta uma menor interferência entre
distintas emissoras. No caso de não ser possível emitir o sinal digital em canal
adjacente devido a interferência [Minassian, Ara, ibidem], é possível fazer o
simulcast (transmissão simultânea) analógico/digital posicionando o sinal
digital em frequência distinta, dentro da faixa dos canais 5 e 6 da TV
analógico, por exemplo. Essa característica de flexibilidade do DRM garante uma
gestão ótima do espectro sem que haja nenhuma interferência destrutiva entre
emissoras.
O número disponível de estações depende de como será negociado o futuro uso do
espectro por atores estatais, públicos, comerciais, comunitários, etc. De toda
forma, no processo de digitalização, a introdução do DRM não restringiria o
acesso de rádios comunitárias à faixa do FM analógica, onde o acesso depende
mais da legislação vigente sobre o uso de licenças e outorgas. Em comparação
direta com a transmissão HD Radio + FM, a cada 4 emissoras DRM + FM, caberiam
somente 3 emissoras HD Radio + FM.
Dentro de um ambiente totalmente digital, os padrões se distinguem da seguinte
forma:
HD Radio: Prevê uma canalização de 400kHz. Na banda atual de FM
analógica, será possível, com a digitalização, uma transmissão HD Radio a cada
dois canais FM, num total de 50 emissoras em ambiente isolado (sem considerar
características geográficas), considerando-se a faixa de 88MHz a 108MHz.
DRM: Prevê uma canalização de 100kHz. Na banda atual de FM analógica,
serão possíveis duas transmissões DRM por canal FM, num total de 200 emissoras
em ambiente isolado (sem considerar características geográficas),
considerando-se a faixa de 88MHz a 108MHz.
2.3. Como mudará a questão de potência e recepção?
Antes de falar dos dois padrões em questão, apresentamos algumas características
gerais sobre a questão da potência no ambiente digital:
O ambiente digital exige que seja estabelecida uma relação de potência entre a
transmissão analógica e digital.
Considerando uma estação FM com dada potência, pode-se transmitir com o sinal
digital em canal adjacente com uma potência menor porém com o mesmo alcance do
sinal analógico, ou alternativamente, pode-se manter a mesma potência analógica
abrangendo uma maior área de cobertura. Isso influencia também na questão do uso
igualitário do espectro entre os distintos atores radiofônicos estatais,
comerciais e comunitários.
Na recepção digital o áudio ou é recebido com qualidade perfeita ou não é
recebido, sendo que no limite da área de cobertura do sinal, o áudio fica
cortando. Ademais, existe um atraso entre o áudio injetado no transmissor e o
áudio reproduzido pelo receptor (no DRM esse atraso varia de 0,4s a 2,5s e no HD
varia de 4s a 8s).
As características dos padrões ligados à potência e distintos tipos de emissoras
de rádios são:
O HD Radio não foi pensado para emissoras de baixa potência. Fica evidente que
este sistema é inadequado para a realidade brasileira onde cerca de 7.000
emissoras são de baixa potência. Tais emissoras seriam eventualmente
enfraquecidas pela interferência de sinais de alta potência de rádios
transmitindo em frequência adjacentes.
O DRM não prioriza nenhuma classe de potência, permitindo a coexistência de
rádios de distintos alcances, fomentando a diversidade de usos do meio.
2.4. Abertura e flexibilidade do padrão
HD Rádio está previsto para operar nas faixas do FM (VHF banda e OM,
sendo que em OM não funciona satisfatoriamente segundo as próprias emissoras
norte-americanas.
[ver http://hdradiofarce.blogspot.com.br/2009/08/hd-radio-am-hd-radio.html]
Não possui solução para as bandas de OT e OC. O codec de áudio do HD Radio é
segredo industrial e possui uma implementação cara que só é vendida pela empresa
que detém o padrão, a Ibiquity, ou com sua autorizada brasileira, a TellHD.
Tanto no uso compartilhado como em ambiente digital puro, funciona como um
padrão comercial fechado.
O DRM: pode se aplicar a todas as faixas de frequência, de acordo com as
necessidades e visões da sociedade civil. Pode ser usado dentro e fora da faixa
FM.
Possui a capacidade de transmitir mais de um programa de áudio pela mesma
infraestrutura de transmissão permitindo que, por exemplo, até quatro programas
de áudio da mesma emissora ou de emissoras distintas sejam transmitidos de forma
compartilhada simultaneamente.
O codec de audio do DRM é o AAC, que é o mesmo da TV Digital, fato que permite a
um equipamento receptor de TV Digital compartilhe tanto o hardware que
decodifica o AAC como os royalties, que seriam pagos somente uma vez para ambos
sistemas, tanto de rádio quanto de TV Digital nacionais.
2.5. Como o padrão de rádio digital vai influenciar no debate e implementação
do novo marco regulatório das comunicações?
A introdução do DRM ou do HD Radio vão contribuir de maneiras distintas sobre o
futuro debate do marco legal das comunicações.
HD Radio: a introdução do HD Radio prevê o “fechamento” do uso de
espectro, pois não o otimiza, além de não favorecer o compartilhamento de
frequências. É um padrão rígido que busca evitar a entrada de novos atores
dentro da faixa do espectro para radiodifusão.
DRM: funciona como uma plataforma de radiodifusão digital que otimiza o
uso do espectro. Existem já evoluções ao padrão com distintos componentes
tecnológicos (como a incorporação do sistema de interatividade brasileiro da TV
Digital, o Ginga) e será possível também desenvolver outros dispositivos que
possam ser aplicados de acordo com as necessidades das comunidades.
2.6. O pagamento de royalties e disponibilidade de tecnologia
HD Radio: o valor dos royalties do HD Radio não está publicado
abertamente e é cobrado diretamente pela empresa que desenvolveu a tecnologia.
No caso de receptores, são pagos royalties tanto pelo produtor de chipset quanto
pela empresa que fabrica o receptor. A página que descreve royalties da Ibiquity
é:
http://www.ibiquity.com/manufacturers/receiver_manufacturers/license_agreement
Grandes empresas que produzem chipset, como a NXP e a Parrot, já declararam
publicamente que os valores de royalties cobrados pelo HD Radio são muito
superiores ao cobrados pelo DRM.
A tecnologia de codificação e modulação do HD Radio está disponível somente
através da Ibiquity, e não existe nem é possível implementação aberta do padrão
pois existem segredos industriais no HD Radio que não são conhecidos, como o
codec de áudio HDC.
DRM: os royalties são pagos por empresas que produzem transmissores e
receptores. O valor dos royalties cobrados pelo uso do padrão DRM é divulgado,
pago somente uma vez, e cobrado por uma empresa terceirizada especializada (Via
Licensing) que somente distribui os royalties às empresas que desenvolveram
tecnologias presentes no padrão. O Consórcio DRM não recebe nenhum royalty. Os
valorem cobrados podem ser acessado nessa página:
http://www.vialicensing.com/licensing/drm-fees.aspx
No caso de um receptor DRM, os royalties variam de nenhum pagamento até U$ 1,70
por unidade, dependendo do volume de produção.
No caso de um transmissor DRM, o valor é de 2% do produto final, ou U$100 caso o
valor de 2% seja inferior a U$100.
A tecnologia de codificação e modulação do DRM está amplamente disponível,
existindo inclusive implementações abertas do padrão a custo zero.
2.7. Quem recebe royalties?
HD Radio: a empresa Ibiquity cobra todos os royalties. Pagar royalties
somente pode ser reduzido em negociações com Ibiquity, sem a possibilidade de
substituir tecnologias ou técnicas com royalties por outros componentes.
DRM: Distintas instituições (Fraunhofer, Dolby, etc.) recebem os royaties
através da mediação de uma empresa isenta, a Via Licensing. Os royalties são em
sua maioria investidos em desenvolvimentos direcionados à evolução do padrão.
Além disso, a estrutura do DRM permitiria trocar componentes que exigem
royalties por outros que não resultam em custos.
2.8. O que se pode comprar e quem produz o equipamento?
No caso do HD Radio, pode-se adquirir transmissores de alta potência, com
alto custo, de empresas como Harris e Continental. Quando se fala da maior
disponibilidade de transmissores e receptores digitais, devemos entender o
contexto a que se refere esse tipo de equipamento levando em consideração as
necessidades de potências mais diversas. Não existe nenhuma empresa nacional que
fabrica transmissores HD Radio devido ao desinteresse da Ibiquity em transferir
a tecnologia às empresas brasileiras.
[ver: Carta da Associação Brasileira da Indústria da Radiodifusão ao Ministro
Paulo Bernardo -
http://www.drmbrasil.org/content/associa%C3%A7%C3%A3o-brasileira-da-ind%C3%BAstria-da-radiodifus%C3%A3o-envia-carta-favor-do-drm-ao-paulo-bernard]
Já o DRM permite a entrada de novos atores. Existem hoje empresas
nacionais produzindo transmissores DRM, como a BT Broadcast Transmitters,
Digicast e Teletronix. A tecnologia de encoder e modulador DRM é provida por
várias empresas e institutos de pesquisa como a Digidia, RF Mondial, KETI e
Fraunhofer Institute, além de existirem implementações abertas do DRM feitas por
Universidades como a Leibniz University de Hannover, da Karlsruhe University e a
Darmstadt Univesity.
Como o DRM é um padrão aberto, encoder e moduladores DRM nacionais de baixo
custo devem estar disponíveis no mercado em menos de um ano, possibilitando
preços acessíveis às rádios comunitárias. Isso é também consequência do modelo
de concepção do desenvolvimento do DRM, um consórcio internacional formado por
emissoras públicas (BBC, Deutsche Welle, All India Radio) empresas privadas,
universidades e institutos de pesquisa.
2.9. O futuro desenvolvimento do uso e possibilidades de participar.
Perguntando-se como a introdução de um padrão ou outro influirá sobre o futuro
das comunicações, suas implicações e implementações de tecnologias, podem-se,
baseado nos modelos de negócios e parcerias existentes, tirar as seguintes
conclusões:
HD Radio: é, como dito já varias vezes, um padrão comercial que até agora
somente prevê o uso de implementações proprietárias estrangeiras e fechadas.
DRM: Pensado como padrão global, reconhecido pela UIT (União
Internacional de Telecomunicações - ONU), é apoiado por vários atores de
diversos segmentos da radiodifusão em vários países. Sendo uma norma aberta,
facilita a inserção de inovações. Como exemplo dessa característica colaborativa
podemos citar implementações em software livre do DRM, como o Dream, que é um
transmissor e receptor DRM.
[ver: http://drm.sourceforge.net] e GNU
Radio DRM [ver
https://github.com/fewu/gnuradio_drm]
O uso de software livre permitirá também a adaptação especifica ao padrão dado
pelo contexto brasileiro. Já existe uma experiência similar na área de televisão
digital onde houve uma adaptação do padrão japonês. Demonstra que existem
possibilidades para modificar e adaptar padrões tecnológicas segundo
necessidades especificas, sem necessariamente ter que criar um padrão nacional
específico – um projeto que a essa altura já perdeu viabilidade ou chance de
adoção global.
Como exemplo podemos citar a incorporação do middleware de interatividade Ginga
ao DRM. Já consolidado na TV Digital, a adoção do Ginga permitiria a
interoperabilidade entre os sistemas além de oferecer novos e diversos usos em
sua utilização no rádio, como por exemplo aplicações de educação à distância,
informação multimídia, soluções de geolocalização, alertas de emergência e
quaisquer outros fins comunitários e comunicacionais a serem pensados no
aplicativo interativo.
Com a adição do Ginga ao DRM, somadas possíveis melhorias, o padrão aqui
proposto é o DRM-B, um padrão de radiodifusão digital baseado no DRM com
adaptações nacionais.
Ver:
http://www.fayerwayer.com/2012/08/ginga-el-arma-secreta-para-potenciar-la-television-digital-ensudamerica/
3. Para entender melhor a postura do DRM Brasil (DRM-B)
Gostaríamos de resumir as vantagens e especificar o porquê da defesa de um
padrão que vamos chamar DRM-B.
• O DRM-B se propõe ao uso adicional das faixas de transmissão, além do atual
uso do FM. Não exige ou prevê qualquer apagão, visando garantir seu uso futuro
ao lado e concomitantemente a outros serviços e padrões.
• O DRM-B permite o uso público do espectro, a complementaridade dos serviços de
radiodifusão, incluso evidentemente os serviços da radiodifusão comunitária.
• O DRM-B possibilita o aproveitamento e a flexibilidade da tecnologia DRM como
uma plataforma para definir o futuro uso do espectro. Como já dito, a
implementação do HD Radio fecharia essa possibilidade precipitadamente.
• O DRM-B possibilita adequar a potência das rádios comunitárias em todas as
bandas e de acordo com as necessidades de cada comunidade.
• O DRM-B viabiliza um debate público no âmbito da implementação de sua
tecnologia.
Além disso vemos com muito gosto a decisão da Agencia Latino-americana da
Educação Radiofônica (ALER), do CMFE (Centro de Mídia Comunitária Europeu) e
AMARC Europa de não somente reclamar o direito de fazer rádio comunitária também
num ambiente digital, mas também apoiar publicamente o DRM como melhor padrão
tanto para as suas regiões como internacionalmente.
O DRM permite manter aberto o debate do rádio, fazendo com que o Brasil se
apresente como espaço de experimentação e inovação, onde se podem implementar
ideias e propostas da sociedade civil. O desenvolvimento do rádio digital em sua
dimensão sócio-técnica se fará num diálogo com outras iniciativas em outros
países interessados na criação de um ambiente aberto, plural e participativo
para os distintos atores radiofônicos.
Mais informações e documentos em:
www.drm-brasil.org
www.drm.org
------------------------------------------------------
Composição do Conselho Consultivo de Rádio Digital:
I - Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica do
Ministério das Comunicações
Titular: Genildo Lins de Albuquerque Neto
Suplente: Elza Maria Del Negro Barroso Fernandes
II - Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas
da Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério
das Comunicações
Titular: Octavio Penna Pieranti
Suplente: Samir Amando Granja Nobre Maia
III - Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia da
Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações
Titular: José Gustavo Sampaio Gontijo
Suplente: Otávio Viegas Caixeta
IV - Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República
Titular: José Eduardo Castro de Macedo
Suplente: André Barbosa Filho
V - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Titular: Virgílio Augusto Fernandes Almeida
Suplente: Antenor Cesar Vanderlei Correa
VI - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior
Titular: João Batista Lanari Bó
Suplente: Dermeval da Silva Júnior
VII - Agência Nacional de Telecomunicações
Titular: Marconi Thomaz de Souza Maya
Suplente: Thiago Aguiar Soares
VIII - Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática da Câmara dos Deputados
Titular: Deputado Federal Sandro Alex
Suplente: Deputado Federal Manoel Junior
IX - Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática do Senado Federal
Titular: Igor Villas Boas de Freitas
Suplente: Ary César Interaminense Rodrigues
X - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert)
Titular: Luis Roberto Antonik
Suplente: Monique Cruvinel Bandeira
XI - Associação Brasileira de Radiodifusão, Tecnologia e
Telecomunicação
Titular: Marcelo de Lima Brasil
Suplente: André Felipe Seixas Trindade
XII - Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra)
Titular: Flávio Lara Resende.
Suplente: Ronald Siqueira Barbosa
XIII - Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária
Titular: Ismar Capistrano Costa Filho
Suplente: Divino Cândido Ferreira
XIV - Associação Mundial de Rádios Comunitárias
Titular: Arthur William Cardoso dos Santos
Suplente: Taís Ladeira de Medeiros
XV - Associação das Rádios Públicas do Brasil
Titular: Mário Celso Sartorello
Suplente: Bráulio Costa Ribeiro
XVI - Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos
Titular: José Francisco Alvarenga
Suplente: Anderson Aroldo Piche
XVII - Associação Brasileira da Indústria da Radiodifusão
Titular: Eduardo Santos de Araújo
Suplente: João Eduardo Ferreira da Silva
XVIII - Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom
(*)
Titular: Professora doutora Nélia Del Bianco (UnB)
(*) Acréscimo após a publicação inicial
dos componentes.
Leia na Fonte:
Intercom
A Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação –
é uma instituição sem fins lucrativos, destinada ao fomento e à troca de
conhecimento entre pesquisadores e profissionais atuantes no mercado. A entidade
estimula o desenvolvimento de produção científica não apenas entre mestres e
doutores, como também entre alunos e recém-graduados em Comunicação, oferecendo
prêmios como forma de reconhecimento aos que se destacam nos eventos promovidos
pela entidade. Ler mais