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19/11/12
• O rádio cognitivo e o futuro da internet - por Cristina de Luca
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Estou fazendo, na medida do possível, uma "retronavegação" :-) no Blog
Circuito de Luca e
garimpando algumas preciosidades.
Encontro lá um texto recente sobre "Rádio Cognitivo".
Os participantes veteranos talvez ainda se lembrem do website "WirelessBR"
(dentro do domínio wirelessbrasil.org); algumas das antigas "Seções" pioneiras
ainda estão no ar, mas desatualizadas. Uma delas é sobre "Rádio
Cognitivo", inaugurada creio que no ano de 2006.
Fiquei feliz em ver o tema tratado pela jornalista Cristina de Luca. :-)
Assim, transcrevo abaixo esta matéria:
Leia na Fonte: IDG Now! / Blog Circuito de Luca
[10/10/12]
O rádio cognitivo e o futuro da internet - por Cristina de Luca
Cristina de Luca faz referência à uma ótima matéria sobre o assunto e que também
é uma aula didática sobre a realidade do espectro de frequências,
principalmente no Brasil:
(...) Em artigo publicado na próxima edição da revista
poliTICs, editada pela Nupef,
disponível na internet nas próximas semanas, CA (Carlos A. Afonso)
questiona, nas entrelinhas, se não era hora do Minicom e da Anatel, em vez de
ceder ao lobby das grandes operadoras para que decidam os termos dos contratos
de interconexão com provedores de conteúdo e com usuários, na ponta, violando
princípios básicos de neutralidade e isonomia de acesso, não ampliam os estudos
e o debate - através de consultas públicas - sobre o aproveitamento da
tecnologia de rádio cognitivo? (...)
Aqui está o artigo do CA:
Leia na Fonte: poliTICs
[15/11/12] Espectro e
novas tecnologias de rádio digital – oportunidades e desafios - por Carlos
A. Afonso, diretor executivo do Instituto Nupef e conselheiro do Comitê Gestor
da Internet no Brasil
O pdf está disponível para download
aqui mas vou transcrever em "formato web" no próximo "post".
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: IDG Now! / Blog Circuito de Luca
[10/10/12]
O rádio cognitivo e o futuro da internet - por Cristina de Luca
A jornalista Cristina De Luca, Diretora de Conteúdo do Grupo Now!Digital,
é formada em Comunicação com Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro e
ganhadora do Prêmio Comunique-se na categoria Tecnologia em 2005 e 2010.
Já ouviu falar em rádio cognitivo?
Em português claro, podemos dizer que é uma tecnologia de otimização das
transmissões das redes sem fio, compartilhando frequências (usando uma
frequência que já está sendo usada por outros aparelhos, ou o intervalo livre
entre essas frequências, sem causar interferência na transmissão original). O
transmissor é capaz de “estudar” as transmissões já existentes no ambiente e de
ajustar a própria transmissão para evitar interferências. Na maioria das
aplicações existentes o transmissor identifica espaços vazios no espectro de
radiofrequência para acomodar serviços de telecomunicações, fazendo uso mais
racional do espectro.
Em todo o mundo, órgãos reguladores de vários países estudam o rádio cognitivo
como uma alternativa para ampliar as redes de acesso a internet banda larga. O
Brasil inclusive. Há anos a Anatel, em busca de soluções para o Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL), estuda o rádio cognitivo como uma das soluções possíveis,
especialmente para o acesso à internet em banda larga a partir de áreas rurais
com baixa densidade populacional.
Desde 2011 o Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação coordena um esforço
para o desenvolvimento de um novo chip projetado especificamente para isso. O
projeto do chamado Sistema de Rádio Cognitivo
segue um
novo padrão, chamado IEEE 802.22. Já o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações (CPqD), instalou a primeira rede experimental cognitiva
brasileira no campus da instituição. A rede foi constituída com base no roteador
Wi-Fi Mesh de primeira geração, tecnologia do CPqD já licenciada para sua
parceira industrial WxBR. Está instalada entre dois extremos do campus – a torre
e um dos prédios onde está localizado o laboratório de redes sem fio – e conta
com 600 metros de extensão. A estrutura montada reproduz um ambiente com
características necessárias para a simulação do desempenho de equipamentos
desenvolvidos, para o seu posterior licenciamento para a indústria.
Em meio à toda discussão em torno da neutralidade de rede, início de
investimento das teles nas redes 4G, ampliação da rede 3G, apagão digital da TV
analógica, Carlos Afonso, o CA, diretor executivo do Instituto Nupef e
conselheiro do Comitê Gestor da Internet, provoca: por que não considerar o uso
da tecnologia de rádio cognitivo _ mais precisamente as faixas liberadas da TV
analógica e dos “espaços livres”entre os canais de transmissão em uso hoje pela
TVs, para a criação de serviços comunitários e serviços de acesso à Internet no
âmbito dos municípios?
Em artigo publicado na próxima edição da revista
poliTICs, editada pela Nupef,
disponível na internet nas próximas semanas, CA questiona, nas entrelinhas, se
não era hora do Minicom e da Anatel, em vez de ceder ao lobby das grandes
operadoras para que decidam os termos dos contratos de interconexão com
provedores de conteúdo e com usuários, na ponta, violando princípios básicos de
neutralidade e isonomia de acesso, não ampliam os estudos e o debate - através
de consultas públicas - sobre o aproveitamento da tecnologia de rádio cognitivo?
Em agosto do ano passado (2011) a Anatel chegou a realizar, em Brasília, um
seminário onde foram apresentadas as atividades em desenvolvimento no Brasil na
área de rádio cognitivo, incluindo-se os projetos financiados pelos órgãos de
fomento; o cenário regulatório; a convivência entre sistemas de rádio cognitivo
e os serviços de telecomunicações.
Ficou claro, na época, que existem diversas aplicações potenciais de uso
secundário de espectro a partir dessa tecnologia. Uma delas seria a implantação
de uma rede de acesso Internet, nos moldes de uma rede Wi-Mesh, como já faz o
CPqD. A rede permite que qualquer usuário com laptop ou smartphone se conecte,
via WiFi em 2,4 GHz, ao rádio cognitivo, que realiza o encaminhamento dos dados
para outra interface WiFi, operando em faixas abaixo de 1 GHz (sub-1 GHz), que
proporcionam maior raio de cobertura.
Outra aplicação possível já está em uso nos Estados Unidos, onde, em janeiro
desta ano, foi inaugurada a primeira rede comercial usando os espaços em branco
da TV UHF, já desativada lá. Fica na cidade de Wilmington, na Carolina do Norte.
Serve principalmente para serviços de monitoramento de vias públicas, e a
comunicação de veículos de serviços de emergência, como viaturas policiais, do
corpo de bombeiro e as ambulâncias.
Técnicos da Anatel e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
(Abert) costumam argumentar que uma das dúvidas em relação ao rádio cognitivo é
de que ainda não se pode afirmar com 100% de certeza que a tecnologia será capaz
de identificar problemas de interferência na recepção do serviço de
radiodifusão, mesmo em zonas rurais, onde o congestionamento do espectro é bem
menos critico. Afinal, essa é mais uma tecnologia que pretende se apoderar de
parte da faixa dos 700MHz. Ou seja, é mais uma ameaça a faixa de VHF destinada
aos canais 5 e 6 da TV.
Em linhas gerais, essa incerteza tornaria a regulamentação de serviços baseados
nela um grande desafio, já que, inicialmente, não poderia permitir a busca
aleatória por faixas de frequência. Na prática, o órgão regulador teria que
definir uma faixa de frequência para um determinado serviço e só então fornecer
a autorização e a licença.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT), por sua vez, já sinalizou que o
rádio cognitivo não pode fazer uso das chamadas faixas de segurança, que incluem
serviços estratégicos para os países, como a radiodifusão, a radio-astronomia e
a radiolocalização (GPS), por exemplo.
Por conta disso, a Federal Communications Commission (FCC) _ a Anatel americana
_ concordou, em 2008, em abrir os intervalos livres (ou espaços em branco de
frequência, conhecidos pelo jargão técnico de TVWS) para uso não licenciado ou
de licenciamento leve. E, em 2010, aprovou regras para uso desses intervalos e
dos canais liberados a partir do uso da TV Digital, através do método de
geolocalização de frequências por base de dados, para proteger o uso primário do
espectro de possíveis interferências. E provou que, quando há interesse, as
soluções aparecem.
[Ver
gráfico na fonte]
Pergunto: em vez de continuarem a brigar publicamente pela neutralidade, Anatel,
Minicom e CGI.br não deveriam estar colaborando para encontrar formas mais
eficientes e racionais de uso do espectro para atender a demanda dos usuários
por mais largura de banda.
***
E o que tudo isso tem a ver com a Internet do futuro?
Caminhamos para um mundo onde os dispositivos da rede serão virtualizados de tal
forma que suas funcionalidades serão modificadas por software, como acontece com
o rádio cognitivo. Isso será essencial para que a Internet seja muito mais
dinâmica, flexível, personalizável, ciente de nossos interesses, objetivos,
capaz de se auto-organizar, auto-proteger, auto-configurar e auto-otimizar. As
informações serão publicadas por pessoas e por máquinas (M2M),
e os interessados terão que solicitá-las.
Segundo o professor Antônio Marcos Albert, do Inatel, rádios cognitivos poderão
ser os dispositivos de acesso da nova Internet. Esta arquitetura vai integrar as
novas abordagens de redes centradas na informação, com aplicações baseadas em
serviços, virtualização e tecnologias autonômicas e cognitivas.
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Mostrando 2 comentários
01. Adriano Mannarini Santos
Canais 5 e 6 da TV em VHF não ficam na faixa dos 700MHz como mencionado no
texto. Esses canais ficam na faixa de VHF baixo que ocupam o espectro de 54MHz
até 88MHz.
Na faixa que mencionada pelo autor, os 700MHz, se refere aos canais acima do 53
que já é classificado como UHF.
02. Cristina De Luca
Adriano, pelo que entendi, a ideia é essa mesmo, usar também os intervalos da
frequência de VHS baixa, usada pela TV analógica (700Mhz do dividendo digital)
para o rádio cognitivo. Os canais acima de 14 até 69 (que pega a faixa UHF) são
da TV Digital, e são o exemplo da rede comercial com rádio cognitivo nos Estados
Undios. são duas situações possíveis. No dividendo digital e nos espaços em
branco estão as novas oportunidades de uso de espectro de forma ampla para redes
comunitárias.