19/10/12
• Rádio Digital - O retorno (18) - Artigo: "Radiodifusão digital"
por Steve Buckley, presidente da AMARC – Associação Mundial de Rádios
Comunitárias
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
O artigo citado na "manchete" é de 2007 mas o conteúdo é muito atual:
Fonte: Oboré
[23/04/07]
Radiodifusão digital por
Steve Buckley, presidente da AMARC – Associação Mundial de
Rádios Comunitárias
O autor tece comentários sobre os diversos padrões e conclui, "cristalino":
(...) Em suma, a proliferação de padrões de radiodifusão digital cria um
sério conjunto de desafio regulamentares no que se refere ao planejamento do
espectro e na apresentação de novos serviços. Com mais de dez padrões
diferentes disponíveis, cada um deles necessitando de um receptor diferente,
e com nenhum destes padrões tendo alcançado aceitação ampla, a
radiotransmissão digital ainda está longe de um estado de convergência e
interoperabilidade. A abordagem administrativa à alocação de espectro
envolve uma escolha entre padrões concorrentes cuja viabilidade é incerta a
longo prazo, especialmente em termos de receptores a nível de consumidor.
Abordagens com base no mercado não garantem de forma alguma a aceleração do
desenvolvimento, e podem até diminuir sua velocidade. A incompatibilidade e
a interferência causada entre os sistemas incompatibiliza a aplicação de um
modelo de espectro aberto. Diante desta situação, vários governos tem
iniciado uma revisão fundamental das diversas opções para a difusão de som e
das suas práticas regulatórias tradicionais.
Para os países em desenvolvimento ou em transição seria correto admitir que,
ao menos a médio prazo, os sistema analógicos tradicionais (AM e FM)
continuarão a ser a forma dominante de rádio. Não seria recomendável
investir no desenvolvimento de grande infra-estrutura e novos sistemas de
transmissão digital de rádio até que haja maior certeza da viabilidade dos
diversos sistemas digitais disponíveis, além de disponibilidade geral de
aparelhos receptores a preços acessíveis às audiências dos países em
desenvolvimento. Enquanto isso, a melhor política de regulamentação pode ser
a de esperar que tecnologias serão bem-sucedidas nas economias mais
desenvolvidas, de acordo com uma revisão regular de padrões técnicos em
desenvolvimento e de tendências de mercado. (...)
02.
Ainda em 2007, quando a Anatel ainda estava engajada no problema, o então
superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da
agência, Ara Apkar Minassian fez algumas declarações que contam de notícia
transcrita mais abaixo):
(...)
Há dois anos, a Anatel começou a autorizar emissoras a realizarem testes com
sistema digital. Ao todo, 19 emissoras pediram autorização, no entanto, a
Anatel não sabe dizer quantas efetivamente realizaram testes.
Minassian conta que cada rádio testava o sistema da sua forma e o
resultado dos relatórios entregues à Anatel não responderam a uma série de
dúvidas sobre os sistemas. “Ninguém até agora conseguiu apresentar um
resultado concreto, sólido, que possa dizer o seguinte: ‘Eu usei o sistema e
ele me atendeu, não perdeu cobertura, não gerou interferência nos sistemas
analógicos vizinhos’. Ninguém me apresentou isso”, diz.
A Anatel definiu as metodologias que devem ser usadas pelas rádios nos
testes. Com ela, “vamos tentar fazer isso de forma coordenada” (...)
Transcrição completa mais abaixo
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Fonte: Oboré
[23/04/07]
Radiodifusão digital por
Steve Buckley, presidente da AMARC – Associação Mundial de
Rádios Comunitárias
A primeira geração da radiodifusão digital está sendo superada por tecnologias
melhores e mais eficientes.
A digitalização da televisão resultou na proliferação de padrões de
irradiação concorrentes, ao invés de uma convergência de uma plataforma
digital única. Comparado ao rádio, no entanto, a escolha de padrões é
relativamente limitada e a seleção pode ser feita pela administração pública
de cada país de acordo com uma decisão de custo/benefício público e
econômico relativamente simples.
No caso da radiodifusão digital, onde sistemas de transmissão digital tenham
sido testados e desenvolvidos durante um período de tempo bem maior, a
situação é mais confusa. A primeira geração da radiodifusão digital está
sendo superada por tecnologias melhores e mais eficientes. Os países,
empresas e consumidores que fizeram um investimento antecipado em sistemas
digitais encaram agora a necessidade de substituir uma tecnologia de
primeira geração cada vez mais obsoleta. É cada vez maior a proliferação de
padrões. Para os países em desenvolvimento ou em transição há oportunidades
de pular os primeiros estágios de desenvolvimento mas ainda há riscos de se
comprometer com tecnologias ainda não testadas.
A digitalização do rádio, assim como a da televisão, promete a melhoria da
qualidade técnica do serviço, o uso mais eficiente do espectro e maior
funcionalidade. Em contraste com a televisão, no entanto, a adoção de
plataformas digitais pelos consumidores tem sido lenta, mesmo em países onde
os serviços de rádio são amplamente disponíveis em plataformas digitais. Os
principais motivos para isso são que, aparentemente, a qualidade do serviço
não é o suficiente para convencer a audiência a mudar para o padrão digital,
além do custo do equipamento de recepção digital ser muito superior ao seu
equivalente analógico e das plataformas digitais não oferecerem uma escolha
ainda maior na variedade e diversidade dos serviços disponíveis.
As agência de regulamentação no ambiente de radiodifusão digital
confrontam-se, por um lado, com uma adoção relativamente lenta das
plataformas digitais e, por outro, com as demandas concorrentes de possíveis
sistemas de transmissão digitais, todas necessitando acesso ao espectro de
rádio se elas desejarem se firmar. Ao mesmo tempo o avanço tecnológico,
particularmente em técnicas de codificação de áudio, exige que os padrões
digitais sejam suficientemente flexíveis para poder evoluir com o tempo sem
a necessidade de substituir equipamento caro pelo consumidor.
As tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento para a radiodifusão
digital situam-se em seis grupos principais. Três deles foram
especificamente desenvolvidos para transmissão terrestre e são conhecidos
como DAB, IBOC e DRM. Além disso, as tecnologias digitais de televisão DVB e
ISDB estão sendo desenvolvidas para incorporar serviços de transmissão de
som. Nenhum desses sistemas ainda foi aceito de maneira ampla. Finalmente,
existe um grupo distinto e não-compatível de tecnologias desenvolvidas para
rádio digital por satélite (SDR).
DAB, a primeira geração de radiodifusão digital, foi desenvolvido por um
consórcio europeu (1) no fim dos anos 80 e em alguns países, especialmente
no Reino Unido, recebeu substancial investimento de infra-estrutura e
promoção pública como a “nova” tecnologia. O padrão DAB apresenta uma
melhoria da qualidade de áudio apenas marginal, sua aplicação exige novo
espectro e para serviços de rádio locais (ao contrário de redes nacionais)
não representa uma melhoria significativa da eficiência do espectro em
comparação com sistemas analógicos. Uma tecnologia de codificação mais
avançada foi apresentada com uma versão atualizada e conhecida como DAB+.
Além disso, uma plataforma derivada que pode transmitir rádio e televisão
foi desenvolvida na República da Coréia com o nome de DMB (2). Infelizmente,
a primeira geração de receptores DAB são incapazes de receber sinais DAB+ ou
DMB e eventualmente terão que ser substituídos.
Uma preocupação adicional com o DAB, sob a perspectiva do interesse público,
é a introdução de uma nova e poderosa função para o operador da plataforma
DAB e o alto custo de infra-estrutura, inviável para muitos serviços de
rádio rurais, de pequena escala ou comunitários (3). A plataforma DAB
funciona como um “multiplex” em que um mesmo sistema de transmissão pode
carregar até 10 programas. Na prática esta característica somente é viável
para cobertura regional ou nacional, ou para áreas urbanas que possam
sustentar este número de serviços de programa. Onde o DAB foi aplicado, o
operador do multiplex ganha uma posição de dominação que pode gerar maior
concentração de mídia, a não ser que sejam tomadas medidas para garantir
acesso justo e acessível à plataforma DAB, ou que haja a garantia de
oferecimento de serviços de interesse público específico – como rádios
comunitárias.
IBOC é um método geral ao invés de um padrão técnico específico. A sigla em
inglês significa “In Band On Channel” e tem sido a abordagem preferida para
a radiotransmissão digital nos Estados Unidos. Os sistemas IBOC oferecem
sinal digital sobre um canal de rádio analógico. Em essência, IBOC é uma
abordagem incremental à digitalização, com impacto mínimo em sistemas de
regulamentação existentes ou na seleção de serviços disponíveis. Há dois
sistemas IBOC em operação nos Estados Unidos, conhecidos como HDRádio (4) e
FMeXtra (5). O Brasil, as Filipinas, a Tailândia e a França já se
licenciaram para testar a transmissão de rádio HD.
DRM (6) significa Digital Radio Mondiale, que é o nome tanto de um consórcio
internacional como de um padrão de transmissão digital desenvolvido por este
consórcio. DRM foi desenvolvido inicialmente para a operação nas bandas AM
(até 30MHz) e particularmente para transmissão digital de rádios
internacionais como a Deutsche Welle. DRM oferece transmissão a custo
relativamente baixo e vem sendo considerado como um substituo viável para
serviços de rádio AM existentes. Comparado à transmissão em AM ele oferece
qualidade de som muito superior e maior eficiência de espectro. Uma versão
extensiva do DRM, conhecida como DRM+, está sendo desenvolvida para bandas
acima dos 30MHz, incluindo bandas de FM, e pode oferecer uma solução de
transmissão digital mais flexível e acessível que a DAB para serviços de
rádio em pequena escala, rurais ou comunitários. A regulamentação dos
serviços DRM deve ser semelhante à abordagem dos serviços de rádio
analógicos.
Tanto o sistema DVB europeu como o ISDB japonês, discutidos na seção
anterior e destinados à transmissão de TV, estão sendo desenvolvidos para
radiotransmissão digital. Uma versão compacta do sistema DVB, conhecido como
DVB-H, para sistemas portáveis (sistema de mão ou handheld), é de particular
relevância à transmissão de som e pode tornar-se disponível rapidamente se
mais fabricantes de telefones celulares embutirem chips DVB-H na próxima
geração de celulares. Da mesma forma, uma variante do sistema japonês ISDB,
conhecido como ISDB-Tsb, está sendo desenvolvido no Japão para serviços de
transmissão de som terrestres.
Rádio Digital por Satélite (SDR) agrupa sistemas distintos e não compatíveis
para a transmissão digital por satélite. Ao nível internacional tem
liderança o sistema desenvolvido por Worldspace e pode ser captado na
África, no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina, e em desenvolvimento
na Europa. Esse sistema está em direta concorrência pelo uso do mesmo
espectro que na distribuição terrestre e por satélite de DAB. Nos EUA, XM
Radio e Sirius Radio conseguiram uma base substancial de assinantes para
serviços exclusivos em SDR. Os sistemas DMB, DVB e ISDB tem adaptações que
permitem distribuição por satélite.
(Tradução: Ricardo Paoletti)
(1) Desenvolvido pelo projeto Eureka 147, ver
http://www.worlddab.org
(2) Digital Multimedia Broadcasting, ver
http://eng.t-dmb.org
(3) Já em 1992 um estudo do Conselho da Europa chamou atenção para as
dificuldades que o sistema DAB representa para radialistas em áreas pequenas
ou comunitárias, ver: Gronov, Lannegren e Maren (1992) New Technical
development in the sound broadcasting sector and their impact on mass media
policy, CDMM (92)18, Strasbourg: Council of Europe
(4) Desenvolvido por Ibiquity Consortiumm, ver
http://www.ibiquity.com
(5) Desenvolvido por Digital Radio Express, ver
http://www.dreinc.com
(6) Digital Radio Mondiale, ver
http://www.drm.org
(7) Na França, por exemplo, ver: Republico f France (2006) “Consultation
publique sur lês norms de la radio numérique”, disponível em
http://www.drm.gouv.fr/IMG/pdf/consultationradionumvf.pdf
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Fonte: Hoje
[30/10/07]
Sistema digital deve ser testado por três rádios
Nas próximas semanas, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) vai
enviar a duas ou três emissoras de rádio escolhidas a metodologia criada
para a realização de testes com os sistemas de rádio digital.
De acordo com o superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da
agência, Ara Apkar Minassian, a escolha das rádios fica a cargo do setor.
“Nós pedimos que escolhessem, entre eles, quem vai ser o cobaia para estes
testes. É mais fácil do que você impor”. Para tanto, as especificações e
metodologia serão entregues à Abert (Associação Brasileira das Emissoras de
Rádio e Televisão) e à Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores).
Três principais questões deverão ser avaliadas: a qualidade do sinal, a
abrangência da cobertura e possíveis interferências entre emissoras do
sistema digital sobre o analógico.
O superintendente destaca que concentrar os testes em duas rádios “não
significa que são as duas melhores. Não tem nada a ver. Mas tenho que fazer
um teste na praça de São Paulo porque é crítica. Tenho edifícios altos e um
monte de obstáculos. Se o sistema der certo em São Paulo, a tendência de dar
certo em outras cidades mais planas é muito maior”.
Ele cita também Belo Horizonte e Rio de Janeiro como cidades que têm a
topografia bem diversificada. “Não pretendo remeter para 20 emissoras
porque, quando você abre muito o leque, vai ter resultados dispersos”,
acrescenta.
RELATÓRIOS
Há dois anos, a Anatel começou a autorizar emissoras a realizarem testes com
sistema digital. Ao todo, 19 emissoras pediram autorização, no entanto, a
Anatel não sabe dizer quantas efetivamente realizaram testes.
Minassian conta que cada rádio testava o sistema da sua forma e o resultado
dos relatórios entregues à Anatel não responderam a uma série de dúvidas
sobre os sistemas. “Ninguém até agora conseguiu apresentar um resultado
concreto, sólido, que possa dizer o seguinte: ‘Eu usei o sistema e ele me
atendeu, não perdeu cobertura, não gerou interferência nos sistemas
analógicos vizinhos’. Ninguém me apresentou isso”, diz.
A Anatel definiu as metodologias que devem ser usadas pelas rádios nos
testes. Com ela, “vamos tentar fazer isso de forma coordenada”, completa o
superintendente.