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29/09/12
• Mariana Mazza comenta a "unificação do CNPJ": "Sinal verde para a
verticalização total das telecomunicações"
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
"No Brasil, o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (acrônimo: CNPJ)
é um número único que identifica uma pessoa jurídica e outros tipos de arranjo
jurídico sem personalidade jurídica (como condomínios, órgãos públicos, fundos)
junto à Receita Federal brasileira (órgão do Ministério da Fazenda). O CNPJ
compreende as informações cadastrais das entidades de interesse das
administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios[2] e é necessário para processar (Art. 15, da Lei 11.419/2006)[3]. O
CNPJ veio substituir o CGC, Cadastro Geral de Contribuintes e por vezes também é
grafado como CNPJ-MF." (Wikipédia).
02.
O tema na berlinda é a unificação do CNPJ das empresas que participam de
grupos econômicos que exploram serviços de comunicações.
O portal Teletime antecipou as ações neste sentido, nesta matéria de agosto,
da qual destaco o trecho inicial, como ambientação:
Leia na Fonte: Teletime
[15/08/12]
Análise da consolidação da Sercomtel chega ao Conselho e será referência para as
demais - por Samuel Possebon
"Já está no Conselho da Anatel para decisão o processo de consolidação das
subsidiárias da Sercomtel. Trata-se do primeiro caso a ser analisado pela
agência sobre a consolidação de empresas permitida após a mudança no Artigo 86
da Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Essa alteração, realizada pela Lei
12.485/2011 (Lei do SeAC) permite que os grupos econômicos que exploram diversos
serviços de telecomunicações consolidem sob o CNPJ da concessionária todas as
suas outras atividades (telefonia móvel, banda larga, TV paga etc). A Sercomtel
pede, justamente, essa consolidação dos serviços de celular, telefonia fixa e
banda larga, todos sob a concessionária.
A forma como a Anatel decidirá no caso da Sercomtel é fundamental para todas as
demais empresas.
Três questões centrais estão em jogo:
1) os bens reversíveis;
2) o que fazer com os ganhos fiscais, tributários e de eficiência/produtividade
que a consolidação acarretar;
3) como garantir que essas consolidações não gerem efeito concorrencial nocivo
para outras empresas." (...)
03.
Esta matéria mais recente, do mesmo Teletime, anuncia a concretização do
previsto:
Leia na Fonte: Teletime
[27/09/12]
Anatel concede anuência para Sercomtel fixa prestar demais serviços de telecom
- por Helton Posseti
Recorte:
"O conselho diretor da Anatel aprovou nesta quarta, 27, a anuência prévia
para a incorporação da Sercomtel Celular (operadora móvel) pela Sercomtel
Telecom (concessionária de telefonia fixa), pedido este que só foi possível com
a aprovação da lei 12.485/2011, que alterou o Artigo 86 da Lei Geral de
Telecomunicações e assim abriu caminho para que as concessionárias prestem
outros serviços de telecom que não apenas a telefonia fixa. A decisão sobre a
Sercomtel. (...)
04.
Em recente "post" em seu Blog (Bens
reversíveis: União está entregando as telecomunicações), Flávia Lefèvre
citou esta Coluna, onde Mariana Mazza comenta a unificação no CNPJ, faz sua
análise e externa suas preocupações:
Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[28/09/12]
Sinal verde para a verticalização total das telecomunicações - por Mariana
Mazza
Recorto dois trechos:
(...) O Conselho Diretor da Anatel aprovou nessa quinta-feira, 27, a
unificação, sob um mesmo CNPJ, das empresas do grupo Sercomtel. Esta companhia é
a menor concessionária de telefonia fixa do país, operando apenas na cidade de
Londrina, no Paraná. Ao contrário das grandes operadoras de telecomunicações do
país, a Sercomtel nasceu bem antes da privatização da Telebrás. Mas essa pequena
companhia ganhou um papel muito importante na história do setor nessa
quinta-feira. Ao ter o seu pedido de unificação aprovado pela Anatel, a
Sercomtel se tornou a pioneira da verticalização total dos serviços de
telecomunicações.(...)
(...) Este é um movimento muito sério, com implicações enormes para o serviço.
Obviamente, a Anatel destacou apenas os impactos, em tese, positivos dessa
operação. Anunciou que os eventuais ganhos tributários que a concessionária
tiver com a incorporação serão repassados aos consumidores, com uma estimada
redução da assinatura básica cobrada em Londrina. Também prometeu rever o modelo
de reajuste tarifário para incorporar os ganhos de eficiência que a empresa terá
com a unificação. Essa segunda etapa pode garantir reajustes mais suaves no
futuro. Mas, se ultrapassarmos a superfície sedutora de uma promessa de redução
no preço dos serviços, a operação aprovada hoje torna-se extremamente
preocupante. Vamos analisar melhor o jogo das tarifas.(...)
05.
Apenas como informação, vale lembrar este trecho do resumo biográfico de João
Rezende, Presidente da Anatel (grifo meu):
(...) Com perfil técnico, o novo conselheiro é antigo conhecido do setor por
ter presidido a concessionária Sercomtel entre 2003 e 2006. Rezende, que é
economista, também foi vice-presidente da Abrafix em 2005 e 2006 e assumiu
vários cargos públicos no Paraná. É autor de dois livros: Reforma e Política
Tributária (1999) e Economia Real (2008) (...) [Fonte: Teletime - 03/06/09 -
Rezende toma posse no
Conselho Diretor dia 17]
Como João Rezende conhece bem a Sercomtel, Mariana Mazza e Flávia
Lefèvre também conhecem bem a Anatel;
Recorto de seus resumos biográficos:
(...) Mariana Mazza, iniciou carreira na Anatel, mas logo mudou de lado
do balcão e passou a se dedicar à cobertura do segmento no grupo Gazeta
Mercantil, escrevendo para a Agência InvestNews e para os jornais Gazeta
Mercantil e Jornal do Brasil. (...)
(...) Flávia Lefèvre foi representante das entidades de defesa do
consumidor no Conselho Consultivo da ANATEL de fevereiro de 2006 a fevereiro de
2009.(...)
Comentários?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Portal da Band / Colunas
[28/09/12]
Sinal verde para a verticalização total das telecomunicações - por Mariana
Mazza
O
Conselho Diretor da Anatel aprovou nessa quinta-feira, 27, a unificação, sob um
mesmo CNPJ, das empresas do grupo Sercomtel. Esta companhia é a menor
concessionária de telefonia fixa do país, operando apenas na cidade de Londrina,
no Paraná. Ao contrário das grandes operadoras de telecomunicações do país, a
Sercomtel nasceu bem antes da privatização da Telebrás. Mas essa pequena
companhia ganhou um papel muito importante na história do setor nessa
quinta-feira. Ao ter o seu pedido de unificação aprovado pela Anatel, a
Sercomtel se tornou a pioneira da verticalização total dos serviços de
telecomunicações. Seu caso, apesar da diferença absurda de tamanho em relação às
demais concessionárias, servirá de parâmetro para que as demais companhias
incorporem todas as operações sob um único CNPJ.
Este é um movimento muito sério, com implicações enormes para o serviço.
Obviamente, a Anatel destacou apenas os impactos, em tese, positivos dessa
operação. Anunciou que os eventuais ganhos tributários que a concessionária
tiver com a incorporação serão repassados aos consumidores, com uma estimada
redução da assinatura básica cobrada em Londrina. Também prometeu rever o modelo
de reajuste tarifário para incorporar os ganhos de eficiência que a empresa terá
com a unificação. Essa segunda etapa pode garantir reajustes mais suaves no
futuro. Mas, se ultrapassarmos a superfície sedutora de uma promessa de redução
no preço dos serviços, a operação aprovada hoje torna-se extremamente
preocupante. Vamos analisar melhor o jogo das tarifas.
É fácil anunciar que eventuais ganhos de eficiência que, diga-se de passagem,
virão muito provavelmente de demissões de funcionários ajudarão a reduzir os
preços. Mas há o outro lado da moeda. A dúvida que ainda paira no ar é como a
Anatel garantirá que os custos das operações privadas desta empresa não sejam
repassados para os clientes da telefonia fixa, único serviço prestado em regime
público no setor. Para a Anatel, uma simples separação contábil dos serviços
dará jeito em tudo. Mas será mesmo?
Esta separação contábil foi colocada como uma condicionante à aprovação da
anuência prévia da operação. Em outras palavras, se a empresa não cumprir a
exigência, a Anatel pode retirar o aval dado ontem e proibir a conclusão da
incorporação. Mas não fiquem muito animados com o mecanismo de controle
anunciado pela agência. O que ela não disse é que a separação contábil dos
serviços já é um princípio desde os primórdios da privatização. A citação mais
longínqua da separação contábil das atividades de telecomunicações está na
exposição de motivos encaminhada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso para
justificar a emenda constitucional que permitiria a privatização do setor,
escrita em 1995. Consta entre as obrigações dos futuros prestadores de serviço.
Os operadores deverão manter separação contábil para aqueles serviços prestados
em regime de competição, de maneira a tornar seus custos transparentes para o
órgão regulador, que assim poderá, com maior facilidade, averiguar a eventual
existência de subsídios cruzados ou a prática de dumping. Vamos ver se entendi
direito. O principal mecanismo de controle que a Anatel terá para evitar que a
Sercomtel pratique subsídios cruzados (alias, proibidos por lei) é um princípio
que existe no setor há 17 anos? Ou seja, a Anatel está tranquila porque, apesar
de ter autorizado a verticalização completa de uma concessionária, nada mudará
no setor. Só pode ser brincadeira.
O relator do processo, conselheiro Rodrigo Zerbone, apesar de ter sugerido a
aprovação da unificação de CNPJ mostrou-se bem preocupado com a contaminação
entre as operações durante a leitura de seu voto. Tanto que ponderou que a
barreira mais indicada para preservar realmente as operações nesta nova
composição seria a separação funcional das atividades. Nesta modalidade, seria
exigido da empresa não apenas a diferenciação dos negócios na planilha contábil,
mas também a criação de um departamento específico para cada atividade
financeira. O ponto mais crítico é a oferta de serviços no atacado,
especialmente a comercialização de linhas dedicadas. Mas, apesar da ressalva,
Zerbone acabou concluindo que a separação funcional seria um remédio forte
demais para uma concessionária tão pequena quanto a Sercomtel. Ainda assim, o
conselheiro fez uma sinalização de que, para as grandes concessionárias como Oi,
Telefônica e Embratel provavelmente a separação dos serviços em departamentos
será exigida. Vamos torcer para que essa profecia se cumpra.
De todas as formas de separação, a mais transparente e de melhor controle ainda
é a estrutural. Neste modelo, usado por várias companhias telefônicas mundo
afora, a operação em atacado é feita de forma independente da prestação dos
serviços. A possibilidade de adoção dessa modalidade é discutida no Brasil desde
2007. A Anatel chegou a colocar esta etapa de separação em seus planos de longo
prazo, compilados em um documento chamado de Plano de Atualização da
Regulamentação (PGR), datado de 2008. Infelizmente, a decisão tomada nesta
semana também colocou uma pedra sobre este assunto. Na visão da Anatel, a ideia
de uma separação estrutural agora entra em contradição com a lei do setor. Para
que o leitor compreenda como um projeto chancelado pela própria Anatel se tornou
ilegal da noite para o dia é preciso explicar como foi que as companhias
telefônicas ganharam o direito de unificar suas operações sobre um único CNPJ.
Quando o setor foi privatizado, a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) passou a
reger o setor. Nela, os legisladores incluíram uma trava para proteger a
concessão de telefonia fixa em um ambiente onde as operadoras passassem a
prestar também serviços em regime privado. Esta barreira estava no artigo 86 e
previa que a concessionária deveria possuir um CNPJ específico para a concessão.
Para operar qualquer outro serviço era preciso criar uma outra empresa. Pois
bem, esta trava foi retirada durante a tramitação de uma das mais controversas
leis do setor na atualidade: a Lei do Serviço Especial de Acesso Condicionado (Seac).
Esta nova lei remodelou o mercado de prestação do serviço de TV por assinatura
exatamente para que as concessionárias de telefonia fixa também pudessem entrar
nesse mercado (até este momento, elas estavam proibidas legalmente). E, de
brinde, os parlamentares resolveram derrubar a trava do artigo 86, permitindo
que as companhias misturassem todos os serviços dentro de uma única mega
empresa. Tudo em prol da convergência, diziam os parlamentares. Pois saibam que
no pouco tempo em que as teles invadiram o mercado de TV por assinatura, os
consumidores têm tido mais dor de cabeça do que benefícios. Na próxima coluna
falarei mais sobre como as teles já estão colocando seus novos clientes, e a
própria Anatel, de cabelo em pé. Com o fim da barreira legal, as teles se viram
livres para pedir a unificação das operações em um único CNPJ. Assim, os planos
de separar a rede da prestação de serviço foram assassinados e substituídos pela
nova onda da verticalização. Uma guinada de 180 graus.
O próximo movimento de verticalização já está sendo feito dentro da Anatel. Na
esteira da Sercomtel, a Telefônica pretende unificar todas as suas operações
sobre um mesmo CNPJ, concluindo a manobra iniciada há pouco tempo de consolidar
seus serviços sobre a marca Vivo. O grande problema de toda esta história é que,
pouco a pouco, a concessão pública vai desaparecendo nesse mar de modernidades
promovido por legisladores e pela Anatel. Justamente a concessão, que deveria
ser preservada a todo custo por garantir à sociedade o acesso ao serviço
universal. Não sou uma grande fã do modelo de privatização promovido nas
telecomunicações. Uma das minhas críticas sempre foi o excesso de
verticalização, corrigido na privatização feita logo depois, a do setor
elétrico. Na área de energia, os três pilares do setor distribuição, transmissão
e geração foram negociados de forma independente. Dessa maneira, esta área ficou
melhor protegida do poderio econômico e político que uma jamanta dominando as
três áreas teria.
O que me assusta no momento é que minhas críticas à verticalização das
telecomunicações promovida no governo de Fernando Henrique Cardoso parecem
ingênuas perto do que está sendo feito hoje. Superada a fase de unificação dos
CNPJs, o próximo passo será certamente a criação da licença única, um projeto
antigo da Anatel que beneficia exclusivamente os grandes grupos econômicos que
controlam as telecomunicações do país.
Depois de ouvir as explicações dadas pela Anatel ontem à noite lembrei-me de uma
conversa que tive com um funcionário da Oi em 2007. Nesse ano a Anatel discutia
a revisão dos contratos de concessão e o tema bens reversíveis começava a surgir
como uma grande polêmica. Argumentei com este executivo que definir desde já, de
forma clara, o que seria devolvido à União no fim das concessões, em 2025, era
muito importante tanto para as empresas quanto para os consumidores. Foi então
que ouvi uma das mais chocantes declarações de toda a minha carreira nas
telecomunicações: Mariana, você acha mesmo que as concessões vão durar até 2025?
As empresas vão se livrar da telefonia fixa bem antes disso. Elas vão reduzir
esse serviço e depois dizer que não tem mais interesse nas concessões. Ai é só
devolvê-las à Anatel. Hoje percebo que o comentário que ouvi há cinco anos não
era apenas uma opinião pessoal. Era uma estratégia, colocada em prática desde o
primeiro dia de existência do setor privatizado. E, ao que tudo indica, o plano
está indo de vento em popa.
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Leia na Fonte: Teletime
[27/09/12]
Anatel concede anuência para Sercomtel fixa prestar demais serviços de telecom
- por Helton Posseti
O
conselho diretor da Anatel aprovou nesta quarta, 27, a anuência prévia para a
incorporação da Sercomtel Celular (operadora móvel) pela Sercomtel Telecom
(concessionária de telefonia fixa), pedido este que só foi possível com a
aprovação da lei 12.485/2011, que alterou o Artigo 86 da Lei Geral de
Telecomunicações e assim abriu caminho para que as concessionárias prestem
outros serviços de telecom que não apenas a telefonia fixa. A decisão sobre a
Sercomtel,
conforme antecipou este noticiário, (transcrição mais
abaixo) será referência para todas as demais operadoras que optarem pelo
mesmo caminho.
A próxima operação semelhante que deve ser autorizada pela Anatel é a da
Telefônica/Vivo. A empresa já entrou com o pedido de anuência prévia, mas a
Anatel antes precisa aprovar a conversão das suas operações de TV para o SeAC,
já que nenhum tipo mudança societária pode ser feita sem a adaptação das
autorgas de TV por assinatura para a nova licença.
O conselho da Anatel decidiu que, como determina a lei, os ganhos de eficiência
de uma operação conjunta devem ser repassados aos consumidores, assim como os
ganhos econômicos que serão advindos principalmente de economia tributária.
Quando a operadora móvel aluga linha dedicada da fixa, precisa pagar impostos, o
que deixa de acontecer quando essa operação é feita pela mesma empresa,
exemplificou o conselheiro relator da matéria, Rodrigo Zerbone.
Os ganhos econômicos e de eficiência serão repassados aos consumidores através
da assinatura básica, em dois momentos. O conselheiro Zerbone determinou que a
Superintendência de Serviços Públicos (SPB) faça imediatamente a revisão
tarifária da Sercomtel para incorporar integralmente os ganhos financeiros que
ela terá com a operação conjunta.
Já os ganhos de eficiência, que são refletidos no cálculo do fator X, serão
absorvidos no reajuste anual das tarifas. A decisão de Zerbone, acompanhada pelo
conselho, determina que a SPB faça uma revisão do novo regulamento do fator X
que está em consulta pública. “O regulamento não capta esse novo cenário. Grande
parte das receitas de uso da rede vai sumir, pela regra atual isso geraria uma
diminuição na eficiência da empresa, quando na verdade é o contrário”, diz
Zerbone. O conselheiro disse que o regulamento do Fator X deverá prever duas
metodologias. Uma para as empresas integradas e outras para as não integradas.
Separação contábil vs. funcional
A Anatel determinou também que a Sercomtel mantenha a contabilidade das empresas
separadas para que haja visibilidade da utilização de meios da operação fixa
pela móvel. Zerbone explica que a Anatel utilizou os contratos de EILD entre
empresas do mesmo grupo para elaborar a nova tabela dos preços de referência.
“Potencialmente há uma queda na capacidade da agência de regular, principalmente
o mercado de atacado”. Foi determinado também a manutenção dos registros de
despesas e receitas internas da concessão.
Como se trata de uma empresa pequena, a avaliação é que a separação contábil é
suficiente. No caso das outras concessionárias, o conselheiro já manifestou
entender que seria mais apropriado que elas faça a separação funcional. Ou seja,
além de manterem as contas separadas, deverão manter uma diretoria específica
para os assuntos de atacado.
Bens reversíveis
Em relação aos bens reversíveis, o conselheiro explica que o contrato de
concessão já prevê que os bens das empresas do grupo podem ser considerados
reversíveis. A Sercomtel deverá apresentar um inventário dos bens que serão
integrados à concessão.
Condicionante
A efetivação da incorporação está condicionada à conclusão do processo de
revisão tarifária. Mas caso a empresa queira acelerar a incorporação, ela poderá
apresentar uma declaração expressa que reconhece e assume os riscos financeiros
e econômicos associados ao resultado da revisão tarifária. Além disso, nesta
declaração, a empresa renuncia ao direito de recorrer administrativamente e de
solicitar arbitragem prevista no contrato de concessão.
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Leia na Fonte: Teletime
[15/08/12]
Análise da consolidação da Sercomtel chega ao Conselho e será referência para as
demais - por Samuel Possebon
Já
está no Conselho da Anatel para decisão o processo de consolidação das
subsidiárias da Sercomtel. Trata-se do primeiro caso a ser analisado pela
agência sobre a consolidação de empresas permitida após a mudança no Artigo 86
da Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Essa alteração, realizada pela Lei
12.485/2011 (Lei do SeAC) permite que os grupos econômicos que exploram diversos
serviços de telecomunicações consolidem sob o CNPJ da concessionária todas as
suas outras atividades (telefonia móvel, banda larga, TV paga etc). A Sercomtel
pede, justamente, essa consolidação dos serviços de celular, telefonia fixa e
banda larga, todos sob a concessionária.
A forma como a Anatel decidirá no caso da Sercomtel é fundamental para todas as
demais empresas.
Três questões centrais estão em jogo:
1) os bens reversíveis;
2) o que fazer com os ganhos fiscais, tributários e de eficiência/produtividade
que a consolidação acarretar;
3) como garantir que essas consolidações não gerem efeito concorrencial nocivo
para outras empresas.
Sobre a questão dos bens reversíveis, a discussão ainda promete ser muito longa,
mas essencialmente o entendimento que a Anatel está passando às concessionárias
hoje é simples: se determinado bem foi usado para o serviço de telefonia fixa,
ele é reversível. Seja uma central telefônica, um cabo de fibra ótica ou um
prédio. A quantificação disso, eventuais indenizações a serem pagas ao final da
concessão por bens não amortizados e o compartilhamento dessa infraestrutura
são, contudo, discussões que ainda nem começaram.
O debate interno na agência está mais aquecido em relação aos ganhos fiscais,
tributários e de produtividade e em como isso se reverte ao consumidor. Ao
consolidar diferentes subsidiárias em um único CNPJ, as teles deixam de fazer
transferência de recursos entre suas diferentes empresas, o que traz economia em
impostos e otimiza processos. Evita, por exemplo, que a concessionária tenha que
pagar interconexão para a sua própria operadora móvel e vice-versa. Esse ganho
precisa ser revertido aos usuários, diz a lei. O debate é se apenas os ganhos
que a concessionária tiver serão revertidos em redução das tarifas ou se os
ganhos que todo o grupo econômico, incluindo os que as empresas de banda larga e
mobilidade tiverem, também entrarão na conta. Quem dará a palavra final será o
Conselho Diretor, em uma decisão que está sendo acompanhada de perto por todos
os grupos.
Segundo apurou este noticiário, a área jurídica da agência acha que se deve
olhar todos os ganhos do grupo e considerá-los todos na redução de tarifas. A
área técnica acha que apenas o que for benefício à concessionária deve pesar, e
propõe que as empresas façam uma detalhada separação contábil para que isso
possa ser analisado e fiscalizado. Esse debate é tão relevante que deve,
inclusive, pesar na análise do fator X, que determina os reajustes tarifários
das empresas de telefonia fixa e que está sendo reformulado pela Anatel.
A terceira preocupação da Anatel é que as os grandes grupos de telecomunicações,
ao se consolidarem internamente e eliminarem diferentes subsidiárias, tornem-se
menos transparentes em relação à forma com que estão dando tratamento, por
exemplo, à comercialização de capacidade no atacado, negociação de interconexão,
troca de tráfego etc. O medo é que internamente as empresas pratiquem
determinados valores e ao se relacionarem com outras empresas, os patamares
sejam outros. É um problema considerado sério pela Anatel e de difícil solução.
São esperadas algumas manifestações do conselho nesse sentido, que podem
aparecer agora e mesmo no Plano Geral de Metas de Competição.
Próxima da fila
A próxima da fila das consolidações, depois da Sercomtel, é a Telefônica, que já
pediu para a Anatel analisar a consolidação de suas diferentes empresas e
estabelecer as condições para isso. Mas, segundo apurou este noticiário, a
Telefônica ainda não bateu o martelo se quer fazer como a Sercomtel e colocar
tudo sob o CNPJ da concessionária de telefonia fixa. Essa é a principal
possibilidade, mas tudo vai depender de como a Anatel decidir no caso da
Sercomtel. Conforme for, fica tudo como está. No caso da Embratel e da Oi, as
reestruturações societárias estão mais atrasadas e esses pedidos de consolidação
de empresas junto à Anatel, se acontecerem, devem demorar um pouco mais.
Fontes do mercado acham que a Anatel deveria aproveitar esse debate e acelerar
uma discussão necessária sobre o que acontecerá ao final das concessões de
telefonia fixa, em 2025. Para a agência, contudo, ainda é preciso ter subsídios
para esse debate. Entre eles o modelo de custos, que permitirá à Anatel saber
exatamente como funcionam as empresas do ponto de vista de receitas e custos e
qual a sustentabilidade de cada serviço isoladamente. Isso é chave para uma
política tarifária, de interconexão e de compartilhamento de infraestrutura. O
modelo de custos só deve sair em 2013.