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26/04/13
• "Marco Civil da Internet" e a "Neutralidade da Rede" (27) - Convergência
Digital: "Teles ensinam deputados sobre ‘boa’ e ‘má’ neutralidade de rede"
Olá, "WirelessBR"
e "telecomHall Brasil"!
[Consulte mais informações sobre este tema no WirelessBRASIL:
Crimes Digitais, Marco Civil da Internet e Neutralidade da Rede]
01.
A "neutralidade da rede" é o tema mais polêmico contido no projeto de lei do
"Marco Civil da Internet" (PL 2126/2011).
Ainda não consegui a versão final que está em debate.
Nesta página da Câmara dos Deputados há um quadro comparativo de duas
versões (julho de 2012), creio que a original, encaminhada pelo governo, e o
substitutivo do deputa Molon; como disse, não descobri ainda se esta seria a
última versão.
02.
Transcrevo abaixo um nova coleção de matérias recentes, começando por este bom
texto de ontem do "Convergência":
Leia na Fonte: Convergência Digital
[25/04/13]
Teles ensinam deputados sobre ‘boa’ e ‘má’ neutralidade de rede - por Luís
Osvaldo Grossmann
Recorte do trecho inicial:
"Sem fanfarra, mas com clara competência, as operadoras de telecomunicações
começaram a catequisar deputados sobre os perigos de manter o que consideram uma
extrema rigidez do projeto do Marco Civil da Internet. Ou seja, pela alteração
do artigo que é a essência da proposta ao gravar em lei a obrigação de que seja
respeitada a neutralidade de rede.
Ainda que alinhem diversos pontos merecedores de reparos no texto, que já está
no Plenário da Câmara, os representantes das teles concentram fogo em duas
mudanças principais, poriam fim à cizânia e abririam caminho para a aprovação do
projeto – ambas no nono dos 25 artigos propostos pelo relator do PL 2126/2011.
O artigo é o que trata da neutralidade de rede. A lógica é de que ele precisa
ser alterado para não criar um grave problema à Internet. Mas a premissa sobre a
qual se sustenta a fundamentação é, no mínimo, discutível, como será demonstrado
adiante." (...)
No seu texto, o jornalista Luís Osvaldo Grossmann cita esta matéria, que está
transcrita mais abaixo, em português (recebi o artigo via boletim do
SindiTelebrasil):
Leia na fonte (em inglês): Blog de Neelie Kroes,
Vice-Presidente da Comissão Europeia
[29/05/12]
Próximos passos
na Neutralidade de Rede – Certifique-se de que você está recebendo Champanhe, se
foi por isso que você pagou - por Neelie Kroes
03.
A jornalista Mariana Mazza tem tratado do tema "neutralidade" e noticia,
questiona e opina com desenvoltura e coragem. Pode-se não concordar com tudo que
ela escreve, o que é normal, mas é preciso admitir que suas matérias,
confrontadas com o noticiário, são excelentes para a "meditação" e a formação de
opinião.
Faço uma tentativa de reunir suas Colunas sobre o "Marco da Internet" e a
"Neutralidade da Rede":
Leia na Fonte: Portal da Band - Colunas
[18/04/13]
O Marco Civil da Internet e o apoio ministerial - por Mariana Mazza
[26/11/12]
A Europa quer a neutralidade. E o Brasil? - por Mariana Mazza
[21/11/12]
Marco Civil da Internet: as teles venceram - por Mariana Mazza
[14/11/12]
Mais uma semana de conflitos no Marco Civil - por Mariana Mazza
[07/11/12]
Entrevista de ministro derruba votação do Marco Civil - por Mariana Mazza
[11/10/12]
Neutralidade: o que dói nas teles é o bolso - por Mariana Mazza
[19/09/12]
Teles assumem controle do Marco Civil da Internet - por Mariana Mazza
[30/08/12]
Como não se ofender? - por Mariana Mazza
[11/07/12]
Neutralidade: governo pressiona e relator cede - por Mariana Mazza
[10/07/12]
Neutralidade à brasileira - por Mariana Mazza
[06/07/12]
Teste sua banda larga - por Mariana Mazza
[12/10/11]
Direito à neutralidade - por Mariana Mazza
04.
Aqui estão as matérias transcritas hoje:
Leia na Fonte: Convergência Digital
[25/04/13]
Teles ensinam deputados sobre ‘boa’ e ‘má’ neutralidade de rede - por Luís
Osvaldo Grossmann
Leia na Fonte: Tele.Síntese
[25/04/13]
Modelos de negócios criativos na web ficarão proibidos com aprovação do Marco
Civil da Internet, alerta Ahciet - por Lúcia Berbert
Leia na Fonte: Convergência Digital
[23/04/13]
Marco Civil: Google pede votação ao Minicom. Teles reafirmam ressalvas - por
Luís Osvaldo Grossmann
Fonte: Sinditelebrasil (recebido por e-mail)
[23/04/13] Próximos passos na Neutralidade de Rede
Leia na Fonte: Convergência Digital
[17/04/13]
Marco Civil: Neutralidade de rede é concorrência - por Luís Osvaldo
Grossmann
Leia na Fonte: Convergência Digital
[17/04/13]
Esquecimento é o maior inimigo do Marco Civil da Internet - por Luís Osvaldo
Grossmann
Leia na Fonte: Teletime
[17/04/13]
Princípio de neutralidade busca evitar abusos concorrenciais, diz ex-conselheiro
do Cade - por Helton Posseti
Leia na Fonte: Teletime
[21 02/13]
Para Minicom, é necessário ajustar regras de neutralidade propostas no projeto
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[25/04/13]
Teles ensinam deputados sobre ‘boa’ e ‘má’ neutralidade de rede - por Luís
Osvaldo Grossmann
Sem fanfarra, mas com clara competência, as operadoras de telecomunicações
começaram a catequisar deputados sobre os perigos de manter o que consideram uma
extrema rigidez do projeto do Marco Civil da Internet. Ou seja, pela alteração
do artigo que é a essência da proposta ao gravar em lei a obrigação de que seja
respeitada a neutralidade de rede.
Ainda que alinhem diversos pontos merecedores de reparos no texto, que já está
no Plenário da Câmara, os representantes das teles concentram fogo em duas
mudanças principais, poriam fim à cizânia e abririam caminho para a aprovação do
projeto – ambas no nono dos 25 artigos propostos pelo relator do PL 2126/2011.
O artigo é o que trata da neutralidade de rede. A lógica é de que ele precisa
ser alterado para não criar um grave problema à Internet. Mas a premissa sobre a
qual se sustenta a fundamentação é, no mínimo, discutível, como será demonstrado
adiante.
Transparência & gestão
Munidas de bons argumentos, um porta-voz internacional e palavras-chave, as
operadoras organizaram uma primeira reunião com duas dezenas de parlamentares na
quarta-feira, 24/4 – por coincidência, ao mesmo tempo em que o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, defendia diante de igual número de deputados a
necessidade de “ajustes” para a votação do Marco Civil.
“Estamos falando de como fazer que a Internet funcione da melhor maneira. Para
isso o que precisa é que ela tenha transparência, sem discriminação arbitrária,
e que haja gestão da rede”, alegou o secretário geral da AHCIET, Pablo Bello
Arellano, que assumiu a tarefa de “explicar” aos parlamentares o que seria, ou
não, neutralidade de rede.
Arellano tem credenciais impecáveis para tratar do tema com deputados pouco
familiarizados com o funcionamento da Internet. Antes da Associação
Hispano-Americana de Centros de Investigação e Empresas de Telecomunicações –
uma entidade que defende interesses das teles latinas – ele foi um dos
principais articuladores da primeira legislação do planeta a garantir a
neutralidade, quando subsecretário de telecomunicações do Chile, em 2010.
É importante ressaltar que a lei chilena garante ampla margem de manobra aos
provedores de conexão – “é bastante flexível”, nas palavras do ex-subsecretário.
Ela permite todo e qualquer gerenciamento da rede, desde que isso não afete a
concorrência. Se estiver no contrato, vale qualquer tipo de diferenciação de
tráfego. É o que as teles brasileiras querem reproduzir por aqui.
Diferenciação
O artigo nono do Marco Civil, no entanto, é um impeditivo. Segundo o sindicato
nacional das teles, a redação é tão draconiana que terá efeito perverso no
mercado, visto que só permitiria a oferta de um único tipo de plano de serviço
para conexões à Internet. Ou, ainda, que com a aprovação do projeto em lei só
será possível vender acesso à “Full Internet” [Internet cheia] – e releve-se,
por enquanto, os receios do que seria uma “Internet vazia”.
Depois de explicada o que é a “boa” neutralidade de rede, os parlamentares foram
advertidos sobre a técnica legislativa aplicada ao Marco Civil da Internet, que
“distorce e radicaliza” o conceito, “intervém” na livre iniciativa e estabelece
“grave restrição” ao vedar práticas como a inspeção dos dados dos internautas.
Mais uma jabuticaba que “não encontra paralelo no mundo”. As palavras são do
diretor regulatório do Sinditelebrasil, Alex Castro.
“O Marco Civil distorce e radicaliza a conceituação de neutralidade de rede,
cria uma interferência que não encontra paralelo no mundo, no modelo de negócio
das prestadoras e na gestão do projeto e no dimensionamento de suas redes. Não
haverá sustentabilidade dos investimentos, o que leva ao risco de colapso da
Internet. O que hoje parece bom pode trazer graves consequências para o futuro”,
resumiu o representante das operadoras.
Embora soe como as trombetas do apocalipse, o que de fato incomoda as teles é o
entendimento que o Marco Civil, da forma como está redigido, proíbe a oferta de
planos diferenciados. Ao determinar que os provedores devem “tratar de forma
isonômica quaisquer pacotes de dados”, as empresas alegam que ficarão impedidas
de vender conexões com limites de download, ou que deem acesso somente a
e-mails, ou mesmo serviços do tipo 0800 na Internet.
Outro impacto negativo viria da redação do parágrafo terceiro do mesmo artigo
nono, que proíbe aos provedores de acesso “bloquear, monitorar, filtrar,
analisar ou fiscalizar o conteúdo dos pacotes de dados”. “Não queremos
bisbilhotar. Mas monitorar, analisar e fiscalizar os pacotes são
imprescindíveis. Queremos saber se o aplicativo é peer to peer, se está baixando
uma música, se é uma aplicação de vídeo, se é uma aplicação real time, para usar
a gestão e garantir a estabilidade da rede”, explicou Castro.
Como mencionado, é discutível que a isonomia de tratamento aos pacotes de dados
impeça as operadoras de dimensionar as ofertas de acordo com o que entendem seja
a capacidade econômica dos clientes – ou ainda, cobrar mais daqueles que,
alegam, usam mais a rede. A neutralidade está justamente em os ‘pacotes de
dados’ – os pedacinhos em que são quebradas todas as informações que trafegam na
Internet – serem transportados independentemente de sua origem ou conteúdo. Há
inúmeros motivos para isso, mas o cerne é evitar que os detentores das redes
tenham poder absoluto para escolher os ‘vencedores’, quem vive ou morre na
Internet.
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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[25/04/13]
Modelos de negócios criativos na web ficarão proibidos com aprovação do Marco
Civil da Internet, alerta Ahciet - por Lúcia Berbert
Acordos entre provedores de conteúdo e de acesso para garantir maior velocidade
aos usuários ficam inviabilizados, diz Pablo Bello.
Modelos de negócios criativos no mercado de banda larga que ganham espaço em
diversos países do mundo, como o acerto entre provedores de conteúdo e acesso
para aumentar a velocidade da conexão quando o usuário acessa serviços de vídeo,
podem ficar proibidos no Brasil, caso o projeto de lei do Marco Civil da
Internet seja aprovado sem alterações. O alerta foi feito pelo secretário-geral
da Associação Latino-Americana de Centros de Investigação e Empresas de
Telecomunicações (Ahciet), Pablo Bello, a deputados em encontro promovido pelo
SindiTelebrasil.
Bello afirmou que a Netflix, que a cada dia agrega mais assinantes, paga
diretamente às operadoras para que, ao assistirem seus vídeos, os clientes
disponham de velocidade maior, sem onerar os demais usuários da rede. Também
advertiu que ficará inviável a possibilidade da Amazon co-financiar a utilização
do Kindle, como já acontece agora. Segundo ele, esses modelos de negócios são
incompatíveis com o conceito de neutralidade de rede estabelecida na proposta,
que prevê tratamento isonômico de quaisquer pacotes de dados, sem distinção por
serviço.
“Se eliminar a possibilidade de ter planos de serviços diferentes, que atendam o
interesse dos usuários, o custo da conexão encarece e retira a sustentabilidade
do negócio”, avalia Bello, que participou da elaboração da lei chilena de
neutralidade de rede, como vice-ministro de comunicações daquele país. Pela
norma, aprovada em 2010 e regulamentada em 2011, os provedores de acesso podem
diferenciar conteúdos e aplicações de forma não arbitrária, autoriza a oferta de
planos diferentes ao “internet full”, permite que provedores de acesso gerenciem
o tráfego desde que não afetem a livre concorrência e obriga a transparência aos
usuários sobre questões relacionadas à velocidade e qualidade.
O diretor-geral da Ahciet disse também que outras poucas normas internacionais
sobre o tema, como a dos Estados Unidos e da Colômbia, focam a garantia de
informações ao consumidor e de impedir discriminações arbitrárias, mas permitem
a gestão de rede razoável. “A internet é um mercado em desenvolvimento, tem que
haver um cuidado para que o regulamento não limite o crescimento e a inovação”,
recomendou.
O encontro de Bello com os parlamentares, inclusive com o relator do Marco Civil
da Internet, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), faz parte da nova estratégia do
SindiTelebrasil para defender a posição das teles no debate. Os empresários
abandonaram o discurso técnico da necessidade de gerenciamento não arbitrário da
rede, após constatar a dificuldade de entendimento. “Somos totalmente a favor da
neutralidade de rede, mas o atual projeto distorce e radicaliza esse conceito”,
disse o diretor de Banda Larga e Infraestrutura do sindicato, Alexander Castro.
Durante o encontro, ele entregou a proposta de alteração do projeto de lei das
operadoras.
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[23/04/13]
Marco Civil: Google pede votação ao Minicom. Teles reafirmam ressalvas - por
Luís Osvaldo Grossmann
O Google foi nesta terça-feira, 23/4, ao Ministério das Comunicações e defendeu
a votação do Marco Civil da Internet – o projeto está ‘pendurado’ na Câmara dos
Deputados, desde novembro do ano passado.
“Aproveitamos a conversa com o ministro Paulo Bernardo para falar da importância
do Marco Civil”, disse o diretor geral do Google no Brasil, Fabio Coelho.
“Muitas empresas aguardam o projeto, até para maior segurança jurídica”, emendou
o diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da empresa, Marcel
Leonardi.
Segundo eles, Paulo Bernardo repetiu o posicionamento firmado na semana passada,
quando participou de evento promovido pela Associação Brasileira de Internet (Abranet),
que representa provedores de acesso. Na ocasião, o Marco Civil foi um dos
principais temas em discussão.
Uma série de eventos vem tentando recolocar o Marco Civil na agenda parlamentar.
O projeto 2126/2011 saiu de pauta – mas segue na ‘gaveta’ do Plenário – desde
que a tentativa de votá-lo foi encerrada, pela sexta vez, por falta de acordo
político.
O ministro, que no ano passado demonstrou resistências ao texto apresentado pelo
relator, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), afirma agora que apoia a proposta
como está. “Apesar de algumas alterações, está adequado e deve ser aprovado”,
disse então Paulo Bernardo.
Até então, o ministro estava mais alinhado com a posição das operadoras de
telecomunicações – detentoras das redes que suportam a Internet. As teles não
querem que a legislação imponha a neutralidade de rede como princípio legal por
temer que isso inviabilize seus modelos de negócios.
Laissez-faire
Nesta mesma terça-feira, 23, o sindicato nacional das teles recuperou a posição
de Neelie Kroes, comissária europeia para a ‘agenda digital’, que defende a
abordagem laissez-faire para a neutralidade. “Não queremos criar obstáculos para
os empresários que desejam fornecer serviços de conexão sob medida ou pacotes
especiais de serviços”, já sustentava Kroes em maio de 2012 – o artigo
recuperado pelo Sinditelebrasil é dessa data – quando avaliou resultados de uma
pesquisa sobre práticas das teles na UE.
Nem precisavam ir tão longe. No início deste ano, Kroes voltou a defender que
cada provedor aja como preferir, voltando a se posicionar contrariamente a que a
Comissão Europeia promova qualquer legislação que trate a neutralidade de rede
como obrigação – como já fizeram estados membros da UE individualmente.
Para sorte das operadoras daquele continente, é a Comissão Europeia que tem
poder legal – embora seus membros não sejam eleitos e sim nomeados pelos
governos nacionais. Já o Parlamento Europeu, esse sim com eleitos, aprovou uma
moção favorável a que a Europa adote legislação pró-neutralidade.
Embora tenha evitado comentar, a questão da segurança jurídica é claramente
importante para uma empresa como o Google – que já teve seu diretor geral detido
porque em Juiz de Mato Grosso do Sul entendeu que o Youtube deveria ter tirado
do ar um vídeo sobre um candidato a prefeito de Campo Grande.
Na semana passada, a representação da empresa no Brasil sofreu outro revés,
quando o STJ determinou que deve ser quebrado o sigilo do gmail em um caso de
investigação criminal, apesar de o serviço de e-mail não ser administrado pela
perna brasileira do Google.
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Fonte: Sinditelebrasil (recebido por e-mail)
[23/04/13] Próximos passos na Neutralidade de Rede
E-mail recebido do Sinditelebrasil:
Em artigo publicado em 2012 em seu blog na internet, intitulado "Próximos passos
na Neutralidade de Rede – Certifique-se de que você está recebendo champanhe, se
foi por isso que você pagou", a vice-presidente da Comissão Europeia, Neelie
Kroes, trata da discussão da neutralidade de rede nos países europeus.
Leia a íntegra do artigo:
Leia na fonte (em inglês): Blog de Neelie Kroes,
Vice-Presidente da Comissão Europeia
[29/05/12]
Próximos passos
na Neutralidade de Rede – Certifique-se de que você está recebendo Champanhe, se
foi por isso que você pagou - por Neelie Kroes
Quando se trata da questão da Neutralidade da rede, quero garantir que os
usuários possam escolher sempre acesso pleno à Internet. Ou seja, acesso a uma
internet robusta, operando com os melhores esforços (best-efforts) em todas as
aplicações que se deseja.
Mas não me agrada intervir em mercados competitivos, a menos que eu esteja certa
de que este é o único caminho para ajudar os consumidores ou as empresas.
Preferencialmente ambos. Em especial porque um remédio mal administrado pode ser
pior do que a própria doença - produzindo efeitos nocivos e imprevistos por
longos períodos no futuro. Assim, eu quero ter melhores dados antes de intervir
sobre a neutralidade da rede.
Há um ano, solicitei ao BEREC (*), o Organismo de Reguladores Europeu das
Comunicações Eletrônicas, que me fornecesse evidências de que os serviços estão
sendo prestados aos usuários com a qualidade correta. Quanto de bloqueio e
filtragem está ocorrendo? Na prática, que dificuldades os usuários enfrentam
para trocar de provedores ou de serviços? Em suma, com que facilidade os
consumidores podem escolher com transparência um serviço que atenda às suas
necessidades, incluindo o acesso pleno à Internet, se este for o serviço por
eles requerido?
Também solicitei aos legisladores europeus e reguladores dos países membros que
aguardassem por maiores informações antes de darem início a uma regulação de
maneira desordenada, país por país, o que retarda a criação de um mercado
digital único e uniforme.
O BEREC já forneceu os dados que eu estava esperando. Para a maioria dos
europeus, o seu acesso à Internet funciona bem a maior parte do tempo. Mas os
resultados mostram a necessidade de mais segurança regulatória e a existência de
problemas suficientes para justificar uma ação rigorosa e orientada para uma
maior proteção aos usuários e consumidores.
Pela primeira vez, sabemos que pelo menos 20% e, potencialmente, até a metade
dos usuários de banda larga móvel da União Europeia têm contratos que permitem
que o seu Provedor de Acesso à Internet (ISP) restrinja serviços como o VOIP
(por exemplo, Skype) ou serviços P2P (peer-to-peer) de compartilhamento de
arquivos.
Cerca de 20% das operadoras de banda larga fixa (espalhadas por praticamente
todos os estados membros da UE) aplicam restrições, tais como limitar os volumes
de dados dos serviços P2P em horários de pico. Isso pode afetar até 95% dos
usuários em um determinado país.
Ao mesmo tempo, em quase todos os Estados-Membros, a maior parte, senão todos,
dos Provedores de Acesso à Internet também oferecem serviços de acesso à
Internet fixa e móvel que não estão sujeitos a tais restrições. De acordo com os
dados do BEREC, cerca de 85% de todos os ISPs fixos, e 76% de todos os ISPs
móveis oferecem pelo menos um tipo de oferta irrestrita.
Portanto, o mercado em geral tem ofertado opções de escolha, embora elas sejam
bastante limitadas em alguns países da União Europeia.
Mas os clientes têm realmente condições para escolher bem? Será que eles
conhecem o que estão contratando? Eu não li todas as páginas do meu contrato de
celular e eu aposto que você também não! Acredito que todos nós precisamos de
informações mais transparentes.
Dado que os resultados encontrados pelo BEREC destacam problemas para uma
escolha eficaz por parte dos consumidores, vou preparar recomendações que
proporcionem opções de forma real, e por um fim neste jogo de espera pela
neutralidade da rede na Europa.
Em primeiro lugar, os consumidores necessitam de informações claras sobre as
velocidades reais, da banda larga do dia-a-dia. Não apenas a velocidade às 3h da
manhã , mas a velocidade nos horários de pico. O upload, bem como a velocidade
de download e a velocidade mínima, quando aplicável. E que velocidade você terá
quando estiver assistindo à sua IPTV como parte de seu pacote triple-play ou
baixar um arquivo de video on demand usando um serviço de qualidade premium.
Adicionalmente, você deve sempre saber o que essas velocidades anunciadas
realmente permitem que você faça quanto estiver online.
Em segundo lugar, os consumidores também precisam de informações claras sobre
quais os limites dos serviços pelos quais eles estão pagando. Logicamente, é
melhor ter um limite específico para a quantidade de dados que o usuário pode
baixar ou enviar pela Internet do que contratar algo não limitado, mas sujeito à
política de um uso razoável que dão aos provedores de serviços de internet (ISP)
um alto grau de discricionariedade. Isto permite que os usuários de baixo volume
encontrem as ofertas que melhor lhes convém. Do mesmo modo, incentivam os ISPs a
ofertar volume de dados a preços que reflitam seus custos e, assim, poderem
suportar seus investimentos em modernização de redes, dado o conhecido declínio
das suas receitas com os serviços de voz.
Em terceiro lugar, os consumidores também precisam saber se eles estão recebendo
Champagne ou apenas um vinho espumante. Se não é um serviço de acesso pleno à
Internet, ele não deveria ser comercializado como tal. Talvez ele não devesse
ser comercializado como serviço de Internet, ao menos se não tiver uma
qualificação mínima. Os reguladores devem ter esse tipo de controle de como os
ISPs comercializam o serviço.
Mas eu não proponho forçar um determinado provedor, ou todos os provedores, a
fornecer somente acessos plenos à Internet: Esta é uma questão para ser decidida
pelos próprios consumidores.
Se os consumidores querem ter acesso a descontos porque só pretendem usar
serviços online limitados, por que criarmos obstáculos para isso? E também não
queremos criar obstáculos para os empresários que desejam fornecer serviços de
conexão sob medida ou pacotes especiais de serviços, sejam eles de acesso a
redes sociais, música, redes inteligentes, serviços de saúde online, ou outro
qualquer. Mas quero que os clientes estejam cientes do tipo de serviço que estão
recebendo e o que estarão deixando de receber.
Nossa orientação é a de facilitar a troca de provedor de acesso à Internet pelo
consumidor, de modo que possa escolher o tipo de acesso ofertado no mercado que
melhor lhe convier.
Vou continuar a acompanhar o mercado para garantir que os consumidores europeus
em geral tenham acesso a serviços competitivos e plenos de Internet, em redes
fixas ou móveis.
Ao mesmo tempo, os produtos que limitam o acesso à Internet muitas vezes exigem
monitoramento de tráfego online, através do que se chama “Inspeção de pacotes”.
Isso suscita questões relativas à privacidade e nós precisamos de uma orientação
clara sobre as ações dos ISPs, os quais devem ter, neste assunto, um
comportamento responsável, e de quanto esses consumidores estão bem informados
para terem um controle eficaz, se optarem por esses produtos.
Sou a favor de uma Internet aberta e com ampla capacidade de escolha. Isso deve
ser protegido. Mas você não precisa que eu ou a UE lhe diga sobre que tipo de
serviços de Internet que você tem que pagar.
(*) BEREC – Body of European Regulators for Electronic Communications
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[17/04/13]
Marco Civil: Neutralidade de rede é concorrência - por Luís Osvaldo
Grossmann
Ponto central do Marco Civil, a neutralidade de rede é uma tentativa de garantir
a competição na Internet, de forma a preservar o caráter de incentivo a ideias
inovadoras. Com essa leitura, o ex-conselheiro do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica, Olavo Chinaglia, defendeu que esse princípio seja mantido como
previsto na proposta que estacionou no Plenário da Câmara dos Deputados.
“Quando se faz referencia à neutralidade de rede do ponto de vista
concorrencial, não se está pensando em termos lógicos ou de engenharia, mas a
possibilidade ou não dos controladores das redes que dão suporte ao serviço
possam controlar os fluxos de dados conforme sua origem ou sua natureza. Eles
não podem ter uma vantagem em relação aos demais prestadores de serviço”,
afirmou Chinaglia, que participou do seminário sobre o Marco Civil promovido
pela Abert e a Fundação Getúlio Vargas, nesta quarta-feira, 17/4.
A liberdade para adotar práticas de mercado que julgarem mais convenientes é um
dos argumentos mais importantes das operadoras de telecomunicações – portanto,
as detentoras das redes – no trabalho, até aqui bem sucedido, de evitar que o
projeto 2126/2011 seja votado no Congresso Nacional. O ex-conselheiro lembra,
porém, que nos últimos 10 anos o Cade teve oportunidade de se debruçar sobre
três casos emblemáticos sobre as práticas concorrenciais (ou anti) das teles, em
processos sobre interconexão fixa, móvel e de oferta de linha dedicada – EILD,
ou seja, oferta de redes no atacado.
Um ponto foi comum nesses casos, lembra o ex-conselheiro: “Os controladores das
redes, na medida em que eram fornecedores do insumo e ao mesmo tempo
concorrentes, tinham incentivos econômicos e condições estruturais para adoção
de práticas discriminatórias.” É justamente aí que reside a necessidade de a
neutralidade estar prevista no Marco Civil da forma como foi redigida, acredita
Chinaglia.
“Quem pode assegurar que, ao propor um modelo de negócios com base na
diferenciação dos clientes, as detentoras de redes não adotarão mecanismos que
vão favorecer os conteúdos gerados por seus grupos? Não há como assegurar, nem
há como não garantir. O importante, portanto, é que os modelos de negócios sejam
neutros do ponto de vista da concorrência”, insistiu.
O diretor de assuntos regulatórios da Oi, Marcos Mesquita, também presente ao
seminário, sustentou que as empresas querem somente que a redação da lei não
impeça as operadoras de venderem pacotes baseados na velocidade das conexões ou
no volume de dados trafegados. “Da maneira como está colocado, não temos essa
segurança”, disse.
O ponto, no entanto, é o impacto desse tipo de flexibilidade no mercado como um
todo e não somente nas relações com os usuários – mesmo porque provedores de
conteúdo são também usuários e as teles não fazem segredo de que gostariam de
adotar taxações extras de grandes geradoras de tráfego como o Netflix.
“Cobrar mais de alguém que consuma mais dados ou dependa de velocidades maiores
para usufruir dos diversos produtos disponibilizados nessa plataforma não parece
ser algo que gere perplexidade. Mas a questão é o tipo de imposição que isso
implica aos competidores”, destacou Olavo Chinaglia. “Considerando o histórico
do uso das redes em mercados verticalmente integrados, a neutralidade é
necessária”, completou.
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[17/04/13]
Esquecimento é o maior inimigo do Marco Civil da Internet - por Luís Osvaldo
Grossmann
Em estado criogênico desde o sexto nocaute na Câmara dos Deputados, em novembro
do ano passado, o projeto de lei 2126/2011 – mais conhecido como Marco Civil da
Internet – começa, lentamente, a passar por um tratamento de ressuscitação. Dois
eventos em Brasília voltam a discutir o tema publicamente nesta semana com o
objetivo claro de sensibilizar os parlamentares a retomarem a análise da
proposta.
O esforço se justifica. Como destacou o relator do projeto na Câmara, deputado
Alessandro Molon (PT-RJ), o engavetamento dessa discussão é o risco mais grave
de ferir de morte a iniciativa. “É importante falar desse projeto e cobrar da
Câmara sua votação para impedir o esquecimento, o grande inimigo de agora”,
destacou Molon, ao abrir nesta quarta-feira, 17/4, um seminário organizado pela
Abert e a Fundação Getúlio Vargas especificamente sobre o Marco Civil.
“É preciso empurrar a votação. Enquanto não for votado, quem perde é o Brasil.
Perde novos investimentos na Internet, perde novas empresas, perde novos
investimentos, perde a inovação, perde a livre concorrência. Perdem os usuários
na sua privacidade, no seu direito à liberdade de expressão. Perde a liberdade,
não por haver acesso proibido, mas por práticas de mercado que ao quebrar a
neutralidade da rede vão tornar inviável uma escolha verdadeiramente livre.”
Os indícios, no entanto, não são muito animadores. Embora no início da nova
legislatura tenha havido uma sinalização do novo presidente da Câmara Henrique
Eduardo Alves, de que o projeto voltaria à pauta antes do fim de abril, até
agora não aconteceu nenhuma movimentação significativa de que isso realmente
aconteça. E, como lembrou o presidente da Abert, Daniel Slaviero, há novos
atores que nem conhecem esse debate. “O desafio é mesmo não deixar o projeto
morrer, especialmente com a nova composição, as novas lideranças.”
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Leia na Fonte: Teletime
[17/04/13]
Princípio de neutralidade busca evitar abusos concorrenciais, diz ex-conselheiro
do Cade - por Helton Posseti
A garantia da neutralidade de rede é a condição necessária para que práticas
discriminatórias de acesso não sejam adotadas pelas teles no campo da Internet,
assim como aconteceu em outras áreas. A constatação é do ex-conselheiro do Cade,
Olavo Chinaglia, que participou de seminário promovido pela Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e pela FGV sobre o Marco
Civil da Internet em Brasília.
Conforme entendimento do Cade à época, ficou provado que as concessionárias de
telecomunicações praticavam preços maiores para as concorrentes do que os preços
cobrados das empresas do grupo no acesso à rede local – mercado conhecido como
Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD). As provas foram colhidas das
informações que as concessionárias forneciam para participar de licitações, em
que era exigido que elas informassem os seus custos.
Chinaglia menciona também um caso, mais antigo, de suspeita de práticas de
condições não-isonômicas, mas que dessa vez o Cade não se convenceu de que havia
provas suficientes para a condenação. Trata-se da interconexão da Embratel com
as concessionárias locais para que a empresa pudesse originar e entregar
chamadas de longa distância. A suspeita era de que as concessionárias locais
dificultassem a vida da Embratel, já que também ofereciam serviços de longa
distância.
Outro caso, esse ainda não julgado, em que pode ser constatada a existência de
preços discriminatórios, é na interconexão móvel, a VU-M. Segundo Chinaglia, sem
citar os envolvidos, já há um parecer da Secretaria de Direito Econômico (SDE)
pela condenação. Para o ex-conselheiro do Cade, "a discussão da questão de
neutralidade pode ser comparada de forma plena com esses casos", já que há a
possibilidade da empresa se beneficiar indevidamente da sua posição dominante em
mercados verticalmente integrados.
Olavo Chinaglia pondera, entretanto, que a neutralidade não garante que as donas
das redes se abstenham de adotar esse tipo de prática. "A consagração da
neutralidade é condição necessária, mas não suficiente. Será necessário um
'enforcement' das autoridades, mas sem esse princípio não há o que se exigir",
diz ele.
Além da questão concorrencial e econômica, a neutralidade da rede é importante
para que a inovação tenha condições de prosperar. Para o advogado Carlos Afonso,
professor da FGV-Rio, sem a neutralidade a Internet será mais ou menos como a TV
por assinatura, em que são oferecidos pacotes de conteúdos, cada um com um
preço. "Será que a gente quer a Internet fracionada em pacotes de conteúdo tal
qual a TV por assinatura?", pergunta ele. "Esse tipo de modelo de negócio parece
restringir, você perde a diversidade da Internet", completa.
Afonso também mencionou casos de países não-democráticos como a China, os
Emirados Árabes e a Arábia Saudita, que filtram resultados de buscas. Na China,
quando se busca pelas imagens da Praça da Paz Celestial, por exemplo, não
aparece a foto clássica do estudante que se postou na frente dos tanques do
Exército chinês.
Outros países avançam na garantia da neutralidade, como a Holanda, que proibiu a
prática do Deep Packet Inspection, usado pelas provedoras de conteúdo para
identificar preferências do usuário e, assim, direcionar publicidade. No Chile,
a lei proíbe o "bloqueio arbitrário" de pacotes, mas o uso da palavra
"arbitrário", segundo ele, abre uma brecha para que bloqueios sejam realizados
com uma justificativa qualquer.
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Leia na Fonte: Teletime
[21 02/13]
Para Minicom, é necessário ajustar regras de neutralidade propostas no projeto
A discussão sobre a necessidade de um Marco Civil de Internet parece estar, pelo
menos do ponto de vista dos principais segmentos interessados na discussão,
relativamente pacificada. Mas ainda é cedo para dizer que haja um consenso para
a votação do projeto, pelo menos no que diz respeito a esses setores. O
Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, realizado nesta quarta, 20, pela
Converge Comunicações (que edita este noticiário) e pelo Centro de Estudos de
Políticas de Comunicação da UnB (CCOM), reuniu representantes do setor de
radiodifusão, telecomunicações, Internet e sociedade civil, além do governo.
"Temos que nos espelhar em uma discussão recente, que reuniu mais ou menos os
mesmos atores, e que conseguiu produzir um texto bom dentro do possível, que foi
a Lei do Serviço de Acesso Condicionado", lembrou o vice-presidente de relações
institucionais das Organizações Globo, Paulo Tonet Camargo. Para ele, o texto do
Marco Civil está muito perto de um acordo e é fundamental para organizar os
princípios de um mercado que será, cada vez mais, explorado comercialmente. "O
Marco Civil deveria ser chamado de uma lei sobre os usos da Internet, porque é
disso que se trata, de regular o uso que é feito da Internet, e não a própria
rede".
Globo e a neutralidade
Para o grupo Globo, a questão da neutralidade é fundamental no debate sobre o
Marco Civil. A ponto de o grupo ter tomado a decisão de abrir mão de qualquer
possibilidade de negócio que decorra de um tratamento não isonômico do acesso
aos conteúdos. Ao ser perguntado se a Globo abriria mão de bons acordos com as
teles para uma distribuição privilegiada de seus conteúdos, Tonet foi
categórico. "Abrimos, pois entendemos que o princípio da neutralidade é
incontestável. Nós como grupo decidimos abrir mão desses modelos", disse.
A posição das Organizações Globo é, curiosamente, a mesma de movimentos da
sociedade civil como o Coletivo Intervozes, que milita nas causas de
democratização das comunicações e com frequência se coloca em posição antagônica
aos grupos de mídia existentes. Para Jonas Valente, do Intervozes, é fundamental
que o Marco Civil não permita que diferenças socioeconômicas criem desigualdade
em relação ao acesso à rede. "É inconcebível pensar em uma Internet que tenha
algum de seus serviços limitados", disse. Para Valente, contudo, as diferenças
de posições entre os agentes de mercado tendem a tornar muito complexa a votação
do Marco Civil.
Castelo de cartas
Já o representante da Oi, André Borges, diretor de assuntos regulatórios da
tele, ponderou que o desconforto está, essencialmente, na questão da
neutralidade. "Nada contra a neutralidade como princípio geral, mas quando se
começa a querer colocar, em uma lei principiológica, todas as situações, isso
limita definitivamente algumas possibilidades de desenvolver o mercado", disse
Borges. Para ele, é preciso entender que as teles, pressionadas pela necessidade
de investir na infraestrutura, precisarão buscar modelos alternativos e
complementares, "do contrário não farão os investimentos necessários, e sem as
redes de banda larga, o modelo de todo mundo desaba".
Minicom quer rever redação
A posição do Ministério das Comunicações também é de apoio ao projeto, mas com a
necessidade de rever alguns aspectos da redação atual. "O projeto saiu do
Executivo e o Minicom entende que a redação proposta originalmente na questão da
neutralidade era a ideal. Nos preocupa que a redação atual acabe causando
algumas limitações", disse Miriam Wimmer, diretora de Universalização do
ministério. Um dos exemplos citados por ela como modelos alternativos seria o do
projeto banda larga 0800, em que o acesso seria pago por determinados provedores
de conteúdo. A depender da redação dada ao artigo da neutralidade no Marco
Civil, projetos como esse poderiam ser inviabilizados.
Para o Minicom, a regulação mais específica para as questões decorrentes dos
princípios da neutralidade pode vir de decreto presidencial, e os subsídios
técnicos podem ser trazidos pela Anatel.
Novas discussões
Outros pontos de atrito no debate do Marco Civil da Internet passam pela questão
da privacidade dos dados dos usuários e a questão dos direitos autorais e da
responsabilização dos provedores em caso de distribuição irregular de conteúdos
protegidos por direito. Para o diretor de políticas públicas do Google do
Brasil, Marcel Leonardi, esses são assuntos que, a exemplo da questão de crimes
na Internet, acabarão sendo tratados de forma mais pormenorizada em leis
específicas. "Já temos a sinalização de uma legislação sobre proteção dos dados
pessoais na Internet e a questão dos direitos autorais também já traz uma
discussão nesse sentido", disse ele. Para o Google, é natural e aceitável que
existam parâmetros externos em relação às regras de privacidade, e que isso não
fique sob a responsabilidade e discricionariedade das próprias empresas. "Temos
políticas de privacidade muito claras, mas não vemos problema em ver princípios
estabelecidos em lei."
Da Redação