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01/01/13
• UIT/Dubai (16) - Web War, a guerra da internet - por Ethevaldo Siqueira (de
Dubai)
Olá, WirelessBR e Celld-group!
01.
Recentemente, através de um "'post" no
Blog do jornalista Orlando Barroso, veiculado aqui, tomamos
conhecimento que Ethevaldo Siqueira tinha se desvinculado do Estadão,
onde atuou por muitos anos.
Realmente, o Blog
que Ethevaldo mantinha no domínio do Estadão está "congelado" desde 07 de
outubro, com este último "post":
A Sinergia das quatro forças.
Mas o Website do Ethevaldo continua
em grande atividade e anoto lá este artigo, que transcrevo mais abaixo:
Leia na Fonte: Website de Ethevaldo Siqueira
[21/12/12]
Web War,
a guerra da internet - por Ethevaldo Siqueira (de Dubai)
Recorto o trecho inicial para degustação: :-)
"Nunca uma conferência mundial de telecomunicações foi tão polêmica e
controversa quanto a Conferência Mundial sobre Telecomunicações Internacionais (CMTI
2012), ou World Conference on International Telecommunications (WCIT 2012),
realizada de 3 a 14 de dezembro de 2012, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Foi a primeira grande batalha da guerra wwww, como poderá ser chamada a Web
Worldwide War, que começa a mobilizar os Estados Unidos e boa parcela dos países
europeus. Durante duas semanas, mais de 1.500 representantes dos países-membros
da União Internacional de Telecomunicações (UIT) reuniram-se e debateram, da
forma mais acalorada e intensa, as regras que vão reger as telecomunicações
internacionais nos próximos anos. Essas regras são chamadas de ITRs (International
Telecommunications Regulations).
Num primeiro momento, apenas 89 países aprovaram o tratado que representa as
novas ITRs. Entre eles, Brasil, China, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul,
Indonésia e México. Contrários ao tratado, 55 países recusaram-se a assinar o
documento, pelo menos num primeiro momento. Entre eles estão Estados Unidos,
Japão, Catar, Colômbia, Alemanha e praticamente todos os demais países da União
Europeia.
Na realidade, o novo tratado só entrará em vigor no prazo de 24 meses, ou seja,
em dezembro de 2014, época em que será realizada a Conferência de
Plenipotenciários da UIT, em Busan, na Coreia do Sul.(...)
02.
Lá no final da página está a relação dos "posts" anteriores desta Série.
Saúde e Sucesso em 2013!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Website de Ethevaldo Siqueira
[21/12/12]
Web War,
a guerra da internet - por Ethevaldo Siqueira (de Dubai)
Nunca uma conferência mundial de telecomunicações foi tão polêmica e controversa
quanto a Conferência Mundial sobre Telecomunicações Internacionais (CMTI 2012),
ou World Conference on International Telecommunications (WCIT 2012), realizada
de 3 a 14 de dezembro de 2012, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Foi
a primeira grande batalha da guerra wwww, como poderá ser chamada a Web
Worldwide War, que começa a mobilizar os Estados Unidos e boa parcela dos países
europeus. Durante duas semanas, mais de 1.500 representantes dos países-membros
da União Internacional de Telecomunicações (UIT) reuniram-se e debateram, da
forma mais acalorada e intensa, as regras que vão reger as telecomunicações
internacionais nos próximos anos. Essas regras são chamadas de ITRs
(International Telecommunications Regulations).
Num primeiro momento, apenas 89 países aprovaram o tratado que representa as
novas ITRs. Entre eles, Brasil, China, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul,
Indonésia e México. Contrários ao tratado, 55 países recusaram-se a assinar o
documento, pelo menos num primeiro momento. Entre eles estão Estados Unidos,
Japão, Catar, Colômbia, Alemanha e praticamente todos os demais países da União
Europeia.
Na realidade, o novo tratado só entrará em vigor no prazo de 24 meses, ou seja,
em dezembro de 2014, época em que será realizada a Conferência de
Plenipotenciários da UIT, em Busan, na Coreia do Sul.
A grande oposição norte-americana foi à possibilidade de a UIT aprovar o
controle da internet por governos ou pela própria agência internacional de
telecomunicações. Nesse sentido, os Estados Unidos rejeitaram qualquer
referência à internet. E, na verdade, o tratado aprovado não menciona essa rede
nem, muito menos, autoriza qualquer interferência no conteúdo dela. Rússia e
China, com apoio de alguns outros países, defendiam o controle da internet por
governos, diretamente ou por intermédio da UIT.
O clima foi de grandes debates e controvérsias. A delegação norte-americana
chegou a ameaçar abandonar a conferência, mas, depois de vários dias de
negociação, a maioria dos delegados aprovou uma declaração paralela ao texto do
tratado, não obrigatória (non binding), com uma referência genérica à governança
da internet.
Mesmo não fazendo referência específica à internet, o tratado foi questionado
pelos representantes norte-americanos em diversos outros pontos, em especial aos
que trataram do tema spam, denominado eufemisticamente de “comunicação de massa
não solicitada”. Na visão americana, haveria risco para a liberdade de
expressão, por tratar de aspecto ligado ao conteúdo de internet.
Na verdade, apesar de todas as discordâncias e controvérsias, o chefe da
delegação norte-americana, Terry Kramer, disse que o caminho continua aberto ao
entendimento e à harmonia e que as objeções de seu país “em nenhuma hipótese
significaria o fim do diálogo sobre o papel de governos e das partes
interessadas no crescimento dos setores de telecomunicações e internet”.
Resultados práticos
Entre os resultados concretos no campo das ITRs, pode ser citada a decisão sobre
os pontos de tráfego (PTTs) internacionais, que poderá reduzir sensivelmente os
custos de utilização das redes internacionais para os países em desenvolvimento.
Outro ponto positivo decorreu da aprovação da proposta brasileira que sugeriu
maior transparência nos custos para o usuário e a redução dos preços do roaming
internacional, em especial, nas regiões de fronteira.
Um tratado difícil e polêmico
Depois de 14 dias de difíceis e complexas negociações, representantes de 193
países-membros da União Internacional de Telecomunicações (UIT) elaboraram o
tratado que aprova o novo Regulamento Internacional de Telecomunicações, ou ITRs
(sigla do inglês International Telecommunication Regulations). Essas regras,
segundo a UIT, constituem “o arcabouço para o mundo hiperconectado de amanhã,
que vai levar o poder das tecnologias da informação e das comunicações (TICs) às
pessoas em todos os lugares”.
As novas regras serão adotadas pelos 193 países-membros nas áreas de
interconectividade para facilitar a interconexão e a interoperabilidade dos
serviços de comunicação e informação, conferir-lhes mais eficiência operacional
e maior disponibilidade para o público em todo o mundo.
Do ponto de vista da UIT, o novo tratado apoia-se em princípios que consolidam
“o livro fluxo da informação em todo o mundo”. Além disso, o texto dá especial
ênfase aos esforços futuros visando à assistência aos países em desenvolvimento,
promovendo o acesso às pessoas que enfrentam deficiências físicas e assegurando
a todas as pessoas o direito à liberdade de expressão nas redes e serviços
baseados nas tecnologias de comunicação e informação (TICs).
Uma das resoluções prevê, por exemplo, a harmonização mundial de números de
acesso a serviços de emergência, a obrigatoriedade de textos muito mais claros e
transparentes nas informações sobre preços e roaming móvel, bem como novas
providências para melhorar a eficiência das redes de comunicação e informação,
de modo a combater o lixo eletrônico.
Debates candentes foram travados durante a conferência diante de questões
referentes à segurança da rede, o crescente volume de conteúdos não solicitados
(como no caso do spam), a definição de entidades que proverão os serviços,
segundo os termos do tratado, o princípio de acesso não discriminatório às suas
respectivas redes e se deveria ser incluído ou não no preâmbulo a defesa da
liberdade de uso do idioma (que não os oficiais ou dominantes) no conceito de
liberdade de expressão.
Um dos pontos culminantes das discussões foi quando o presidente da conferência
(chairman), Mohamed Nasser Al Ghanim, dos Emirados Árabes Unidos, tentava
superar um impasse surgido na quarta-feira, dia 12 de dezembro, depois de
discussões que se estenderam até altas horas a respeito dos pontos finais do
tratado que ainda deveriam ser aprovados. Ao retomar os trabalhos na manhã
seguinte, na quinta-feira, dia 13 de dezembro, o presidente Al Ghanim apresentou
um “pacote consolidado” que continha todos os textos que mencionavam os pontos
de compromisso aprovados que haviam sido negociados, e que constituíram uma
seção mais sensível e controversa do tratado debatido durante duas semanas em
Dubai.
O consenso majoritário final e a assinatura dessa seção do tratado foram
considerados pelo secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré, responsável pelo
Grupo Ad Hoc, como “uma oportunidade histórica para se levar conectividade aos
dois terços da humanidade que ainda se encontram off-line, ou seja, fora da
internet”.
Na assembleia de encerramento da conferência na tarde do dia 14 de dezembro,
Touré disse: “Sugiro a todos vocês que, depois de olhar para trás e de avaliar o
trabalho tão intenso e tão longo aqui despendido, levantem a cabeça
orgulhosamente diante do triunfo sobre a adversidade e da consecução de
resultados finais tão positivos”.
Hamadoun Touré, no entanto, lamentou que “alguns países tenham, até agora, se
recusado a assinar o tratado”, mas confessou sua esperança de que a UIT continue
a trabalhar construtivamente com essas nações para que elas avancem. Touré
agradeceu e homenageou o trabalho de Al Ghanim, como chairman da conferência,
conferindo-lhe a Medalha de Ouro da UIT, por sua dedicação e, em especial, por
sua habilidade em superar situações e discussões difíceis.
Al Ghanim, por sua vez, agradeceu e ressaltou o “enorme desafio em que se
constituiu a revisão de um tratado depois de 24 anos de vigência, de modo a
assegurar às futuras gerações e aos usuários dos serviços de comunicações e
informação um ambiente globalizado altamente inovador e competitivo”.
Na visão de Al Ghanim, a conferência começou com uma das mais vastas
divergências de visões, com o confronto de diversos países em vários e
diferentes ambientes de mercado – mas todos com a visão consensual sobre o papel
crucial e decisivo das TICs no desenvolvimento social e econômico das nações.
“Embora não tenhamos alcançado o consenso universal”, ressaltou Al Ghanim, “eu
acredito que alcançamos um marco notável neste amplo acordo, e confio que essas
novas Regulamentações Internacionais de Telecomunicações (ITRs) vão pavimentar
um novo caminho para um mundo melhor, mais conectado, e um ambiente para
equitativo para todos.”
A WCIT-12 foi, na avaliação da UIT, uma das conferências desse tipo mais
abertas, arquivando eletronicamente – com som, imagem e textos – todos os
pronunciamentos. No telão, todos os discursos e intervenções apresentavam
legendas em inglês, do tipo close captions, mesmo no caso de tradução
simultânea.
Para o Brasil, “um bom avanço”
Na avaliação tanto do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, quanto do
secretário-executivo do ministério, Cézar Alvarez, e dos representantes da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Bruno Ramos e Jeferson Nacif, a
conferência foi um grande evento, positivo sob todos os aspectos.
É claro que se o resultado final for considerado em função do número de países
que aderiram imediatamente ao novo tratado das ITRs, esta conferência, embora
tenha sido muito mais polêmica e de difícil consenso, obteve menor adesão
imediata do que a de 1988, última a fixar as ITRs em vigor. Naquele ano, apenas
22 países deixaram de assinar o tratado. Os demais acabaram aderindo
progressivamente.
Desta vez, 55 países se recusaram a assinar o novo tratado, principalmente
porque as ITRs trataram de temas mais controversos, como o controle de spam,
considerado por alguns países como uma brecha para controle de conteúdos na
internet. Nesse aspecto, a delegação brasileira, responsável pela redação da
proposta no Grupo Ad Hoc, optou, a pedido dos Estados Unidos, por evitar a
palavra spam, estranha às regulamentações internacionais, preferindo, em seu
lugar, a expressão “comunicação de massa não solicitada”. Mas nem assim a
delegação norte-americana aprovou o novo tratado.
Para os integrantes da delegação brasileira, muitos países que não assinaram o
novo tratado das ITRs de 2012 deverão aderir nos próximos meses, à exceção dos
Estados Unidos, cuja posição é, sem dúvida, definitivamente contrária às
referências mesmo indiretas à internet, segundo expressaram seus delegados.
Segundo o superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, apenas os
Estados Unidos foram categóricos na recusa em assinar o documento final da
conferência. A expectativa, portanto, é de que os países europeus possam rever
sua posição e aderir ao tratado num futuro próximo. A posição contrária dos
norte-americanos nesse caso foi de que o dispositivo tratava de internet –
embora os países desenvolvidos obtenham elevada receita com o trânsito que os
outros países pagam para acessar conteúdos em suas redes.
Ainda segundo Bruno Ramos, não existe o risco de, por força do tratado, países
não democráticos bloquearem ou interceptarem conteúdos e mensagens na web,
porque já no preâmbulo do tratado, declara-se textualmente que as ITRs não
tratam de conteúdo. Dessa forma, o temor norte-americano de controle do conteúdo
da internet parece sem fundamento.
Pontos de tráfego (PTTs)
Para o chefe da Assessoria Internacional da Anatel, Jeferson Nacif, uma das
maiores vitórias dos países em desenvolvimento foi o artigo que trata dos pontos
de troca de tráfego (PTTs) regionais. O objetivo do tratado agora é criar redes
Tier 1, capazes de conectar ou alcançar qualquer outra rede sem pagar trânsito.
Essas redes são, hoje, norte-americanas ou europeias, o que beneficia fortemente
esses países, que têm grandes trocas de tráfego entre si sem pagar nada.
Outra proposta brasileira vitoriosa, embora com modificações em seu texto
original, foi a que prevê a redução dos preços de roaming internacional e dá
muito mais transparência desses custos ao usuário.
Um evento mundial único
Raros são os eventos que podem apresentar os números que caracterizaram a
Conferência Mundial sobre Comunicações Internacionais de 2012, que reuniu a
maioria dos países-membros da União Internacional de Telecomunicações durante
duas semanas, em Dubai. A foi conferência foi aberta no dia 3 de dezembro de
2012 e encerrada no dia 14 do mesmo mês. Eis alguns números desse evento:
* 1.600 delegados de 151 dos 193 países-membros da entidade, inclusive 70
ministros, vice-ministros e embaixadores;
* 1.275 propostas apresentadas pelos estados-membros;
* Com conferência paperless, o evento economizou literalmente alguns milhões de
páginas de papel;
* 150 horas de reuniões no grande auditório ou ainda milhares de horas de
reuniões informais em salas de conferência do excelente Centro de Convenções
Internacionais de Dubai (ou Dubai World Centre);
* 13 milhões de visitas às páginas da website da WCIT-12 ao longo da conferência
e das duas semanas que antecederam o evento;
* Cerca de 12 milhões de mensagens/dia do twitter com as impressões postadas
durante a conferência;
* Mais de 30 vídeos de qualidade profissional produzidos no local e que foram
vistos mais de 10 mil vezes no YouTube, além de notícias em vídeo distribuídas
mundialmente para as principais emissoras de TV do mundo;
* Mais de 360 jornalistas acompanharam remotamente os briefings diários, via
internet, economizando, assim, milhões de quilômetros em viagens a Dubai e
reduzindo a emissão de carbono em cerca de 420 toneladas de CO2. A cobertura in
loco foi feita por pouco mais de 10 jornalistas internacionais, representando
agências de notícias, veículos especializados e este site
(www.ethevaldo.com.br);
* Mais de 300 horas de webcasts retransmitidos;
* 600 horas de tradução e interpretação simultânea de voz e mais de 700 mil
palavras de textos eletrônicos.
WirelessBRASIL
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