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15/03/13
• Rádio Digital - O retorno (34) - "Rádio Digital: da simplicidade analógica
à democratização digital" - por Ismar Capistrano C. Filho
Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!
01.
Estamos aguardando - e salivando - as observações e críticas de um
participante dos fóruns, membro do Conselho Consultivo de Rádio Digital, que
gentilmente se ofereceu para comentar o último "post":
Rádio
Digital - O retorno (33) - O Conselho Consultivo de Rádio Digital faz duas
reuniões em 2013 + Matérias recentes.
Por oportuno, e para formação de opinião, transcrevo esta matéria de ontem,
de outro membro do Conselho:
Leia na Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[14/03/13]
Rádio Digital: da simplicidade analógica à democratização digital - por
Ismar Capistrano C. Filho
Ismar Capistrano C. Filho é doutorando em Comunicação Social
pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em Comunicação pela
Universidade Federal de Pernambuco, jornalista pela Universidade Federal do
Ceará e professor de ensino superior, coordenador executivo da Associação
Brasileira de Radiodifusão no Ceará (Abraço Ceará) e membro efetivo do Conselho
Consultivo do Rádio Digital.
Recortes (os grifos são meus):
(...) O desenvolvimento da digitalização radiofônica carece indubitavelmente de
investimentos em pesquisa e aprimoramentos. Essa é uma das primeiras conclusões
que se pode tirar das discussões do Conselho Consultivo do Rádio Digital,
reunido pelo Governo Federal desde outubro de 2012. No entanto, como
conseguir avanços num cenário excludente no qual, tanto DRM como HD Rádio, estão
impulsionados não pelo ideal de democratização da digitalização radiofônica,
mas, sobretudo, pela lucratividade? Num cenário onde os oligopólios da
comunicação buscam acima de tudo concentrar audiência com baixos custos evitando
ampliar e pulverizar canais e serviços? Onde o Ministério das Comunicações
está à mercê de negociações políticas que se articulam com linhas editoriais dos
conglomerados midiáticos que garantem a governabilidade? (...)
(...) "Assim, a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço)
defende que o Ministério das Comunicações chame a população, através de
audiências públicas em todos os Estados Brasileiros, para discutir qual rádio
digital se deve construir, principalmente, com a participação dos ouvintes,
personagens que mais serão mais afetados nesse processo. O Governo Federal
precisa ainda convocar os pesquisadores das universidades brasileiras para
encontrar saídas para os desafios postos na construção de um rádio digital
democrático e popular. E os movimentos sociais necessitam ficar atentos e
atuantes para evitar decisões a “toque de caixa” e obscuras sobre o padrão do
rádio digital, ampliando a discussão para um modelo digital inclusivo e
participativo."
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
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Leia na Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[14/03/13]
Rádio Digital: da simplicidade analógica à democratização digital - por
Ismar Capistrano C. Filho
Ismar Capistrano C. Filho é doutorando em Comunicação Social pela
Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em Comunicação pela Universidade
Federal de Pernambuco, jornalista pela Universidade Federal do Ceará e professor
de ensino superior, coordenador executivo da Associação Brasileira de
Radiodifusão no Ceará (Abraço Ceará) e membro efetivo do Conselho Consultivo do
Rádio Digital.
A simplicidade do rádio analógico constitui-se um patrimônio da humanidade
porque, mesmo em situações de calamidades e precariedades, consegue-se, com
resíduos, construir um receptor (como o rádio de galena) e um transmissor para
comunicar-se à distâncias surpreendentes, podendo prover contatos
indispensáveis. Por outro lado, a digitalização da tecnologia radiofônica traz
uma série de inovações, agregando serviços e valores ao meio, mas tornando-o bem
mais complexo com a perda de uma de suas principais vantagens: sua forma simples
de comunicar-se.
Ao invés de escutar nos lugares mais longínquos com os chiados característicos
das emissões analógicas, que não tiram necessariamente a inteligibilidade, e do
baixo custo do aparelho, da emissora e da produção, o rádio digital, em qualquer
dos padrões existentes, tem investimentos mais elevados. Fora de seu eixo
principal de irradiação, funciona oscilando entre ausência e presença de sinal,
entre tudo ou nada. Convencidos das, até hoje, insuperáveis características
analógicas, as empresas que desenvolvem a tecnologia digital, os governos e a
sociedade organizada têm ironicamente buscado superar o maior desafio da
digitalização radiofônica: a convivência entre os dois sistemas através do
simulcast, isto é, a possibilidade de transmissão analógica e digital do sinal
de uma mesma emissora.
Este gargalo esbarra num outro problema: a escassez de espaço para a inesgotável
demanda de canais. Ao transmitir simultaneamente em analógico e digital, as
rádios irão ocupar o espaço de duas ou três emissoras analógicas. Em outras
palavras, a digitalização poderá significar a crescente impossibilidade de novos
canais nos aparelhos receptores, podendo configurar-se como um “usucapião do
espectro” e promovendo ainda mais a concentração das mídias. Além disso, as
emissoras com menos de 100 watts de potência, como as rádios comunitárias, ficam
quase inviabilizadas do serviço digital na plenitude de suas possibilidades,
cavando um fosso maior entre as pequenas e grandes emissoras.
O desenvolvimento da digitalização radiofônica carece indubitavelmente de
investimentos em pesquisa e aprimoramentos. Essa é uma das primeiras conclusões
que se pode tirar das discussões do Conselho Consultivo do Rádio Digital,
reunido pelo Governo Federal desde outubro de 2012. No entanto, como conseguir
avanços num cenário excludente no qual, tanto DRM como HD Rádio, estão
impulsionados não pelo ideal de democratização da digitalização radiofônica,
mas, sobretudo, pela lucratividade? Num cenário onde os oligopólios da
comunicação buscam acima de tudo concentrar audiência com baixos custos evitando
ampliar e pulverizar canais e serviços? Onde o Ministério das Comunicações está
à mercê de negociações políticas que se articulam com linhas editoriais dos
conglomerados midiáticos que garantem a governabilidade?
É certamente uma arena de lutas a construção de um modelo digital no qual o
Brasil tem a possibilidade de mostrar para o mundo que o rádio digital pode
avançar muito mais do que a programação multiforme que agregue, além do som,
imagens e textos; a multiprogramação, que traga a opção de escutar num mesmo
canal vários serviços; a interatividade, que o ouvinte possa em tempo real
tornar-se mais presente na programação e a conectividade, que permita o acesso à
Internet através do aparelho radiofônico. A digitalização da tecnologia
radiofônica deve, acima de tudo, buscar conquistas democráticas e cidadãs com a
inclusão das pequenas emissoras como as rádios comunitárias e públicas, através
da capacitação de seu pessoal e do financiamento público para investimentos
diminuindo os abismos criados por uma política de comunicação pautada na
imposição dos interesses empresariais.
Assim, a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) defende que
o Ministério das Comunicações chame a população, através de audiências públicas
em todos os Estados Brasileiros, para discutir qual rádio digital se deve
construir, principalmente, com a participação dos ouvintes, personagens que mais
serão mais afetados nesse processo. O Governo Federal precisa ainda convocar os
pesquisadores das universidades brasileiras para encontrar saídas para os
desafios postos na construção de um rádio digital democrático e popular. E os
movimentos sociais necessitam ficar atentos e atuantes para evitar decisões a
“toque de caixa” e obscuras sobre o padrão do rádio digital, ampliando a
discussão para um modelo digital inclusivo e participativo.