WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Índice de 2013 --> "Post"
Obs: Os links indicados nas transcrições podem ter sido alterados ao longo do tempo. Se for o caso, consulte um site de buscas.
07/11/13
• Marco Civil: Primeiros "ecos" da "Comissão Geral" com textos das jornalistas Cristina de Luca e Mariana Mazza
Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!
01.
Transcrevo alguns dos primeiros "ecos" da "Comissão Geral", evento que aconteceu
ontem no plenário da Câmara dos Deputados, para discussão do Marco Civil da
Internet.
Cristina de Luca e Mariana Mazza fazem um voo panorâmico sobre o
que ocorreu, e opinam.
Dos textos pincei estas informações sobre a provável sequência das ações:
"Serão feitas rodadas de diálogo, tanto na
segunda-feira (11/11) quanto na terça-feira (12/11), para chegar ao maior
consenso possível"
"É conveniente para o governo que a pauta
da Câmara continue trancada. Chama a atenção também o fato de nenhum
representante do Ministério das Comunicações – que se diz apoiador do projeto -
ou da Anatel ter participado da comissão geral desta quarta, 6."
"O projeto de lei do Marco Civil da internet não deverá ser votado pelo plenário
da Câmara dos Deputados neste mês ou sequer neste ano de 2013. Esta é a
avaliação de parlamentares de diferentes partidos, mas todos da base do governo,
ouvidos hoje pelo Tele.Síntese. Segundo esses interlocutores, além do
substitutivo apresentado nesta terça-feira, dia 5 de novembro, pelo deputado
Alessandro Molon ter muitas mudanças em relação ao que era conhecido no ano
passado, há uma "pauta bomba" de projetos prontos para serem votados que o
governo não quer a sua votação e que, por isto, não tem interesse em que o Marco
Civil destranque a pauta do parlamento brasileiro."
02.
Abaixo estão transcritas estas matérias:
Leia na Fonte: IDG Now! - Blog Circuito de Luca
[06/11/13]
Marco Civil: conheça os argumentos dos que são contra o projeto - por
Cristina de Luca
Leia na Fonte: Band /
Colunas
[06/11/13]
O Marco Civil e a Internet dos ricos - Por Mariana Mazza
Leia na fonte: Teletime
[06/11/13]
Preocupado com projetos que elevam gastos, pauta trancada é conveniente para o
governo - por Helton Posseti
Leia na Fonte:
Tele.Síntese
[06/11/13]
Marco Civil não deverá ser votado este ano, mas continuará trancando a pauta da
Câmara - por Miriam Aquino
03.
Ler mais informações nos principais (critério meu) sites especializados que
fazem a cobertura:
Convergência Digital, IDG Now!,
IP
News,
Tele.Síntese e
Teletime.
04.
Na medida do possível, estou "arquivando" as matérias no WirelessBRASIL:
Crimes Digitais, Marco Civil da Internet e Neutralidade da Rede
-->
Índice de artigos e notícias
05.
Neste mundo hiper-conectado a participação individual é possível, desejável e
faz muita diferença!
É preciso debater e interagir com congressistas, empresários e jornalistas!
Vamos lá?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
Leia na Fonte: IDG Now! -
Blog Circuito de Luca
[06/11/13]
Marco Civil: conheça os argumentos dos que são contra o projeto - por
Cristina de Luca
Cristina de Luca: Jornalista, Editor at large do Grupo Now!Digital, é formada
em Comunicação com Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro e ganhadora do
Prêmio Comunique-se na categoria Tecnologia em 2005 e 2010.
Ao menos para os que torcem pela rápida aprovação do Marco Civil, as cinco horas
e meia de debate na Comissão Geral da Câmara na manhã desta quarta-feira, 06/11,
serviram para deixar o cenário um pouco menos nebuloso. Ao exporem suas
divergências e concordâncias com o texto do relator, cada um dos convidados
relevou claramente os interesses que defende - resta saber agora, que manobras
usarão para fazer valerem seus pontos de vista.
As discussões mais acaloradas foram protagonizadas pelo líder do PMDB na câmara,
deputado Eduardo Cunha, em dois momentos distintos: ao ser citado pelo
representante do coletivo Intervozes, Pedro Ekman e ao divergir com o relator,
deputado Alessandro Molon (PT/RJ) sobre a venda de pacotes de internet com
velocidades diferentes.
Por ter solicitado o debate na Comissão Geral, Eduardo Cunha foi o primeiro
deputado a falar. Classificou a versão final do texto do Marco Civil,
apresentada ontem pelo relator, como um bom exemplo do “intervencionismo do
Estado Brasileiro na infraestrutura”. E que, por isso, vai acabar afastando
investidores do país. “Não podemos é passar uma imagem para o mercado externo de
que no Brasil o investimento de infraestrutura estrangeiro não terá retorno.
Isso num momento em que pretendemos trazer investimento para petróleo,
aeroporto, ferrovia”, alertou.
Na opinião do líder do PMDB, ao impedir a venda de pacotes com serviços
diferenciados de Internet, por volume e por velocidade, e forçar a venda de
internet ilimitada, o Marco Civil acabará prejudicando o consumidor brasileiro,
porque provocará aumento dos valores pagos pelo provimento de conexão, já que
forçará as operadoras a terem que investir em uma infraestrutura capaz de
suportar carga máxima. Portanto, “ao exigir que um mesmo serviço seja oferecido
a todos os usuários, a internet será comunizada no pico e quem vai pagar a conta
é o usuário”.
“Dizer que todos terão o mesmo direito é discurso bonito, mas falacioso. É como
se disséssemos que todos terão energia elétrica igual, mesmo que use cinco
aparelhos de ar condicionado ou uma lâmpada. Não só o preço pago por quem usa
uma lâmpada será injusto, como essa pessoa será estimulada a usar também
aparelhos de ar condicionado. Se eu tenho de oferecer infraestrutura igual para
todo mundo, eu tenho de oferecer uma estrutura maior”, exemplificou Eduardo
Campos, seguindo a lógica que de o serviço de banda larga deveria ser cobrado
como os de fornecimento de água, luz e até de telefonia - quem usa mais paga
mais.
“O PMDB é a favor da neutralidade no conteúdo, ou seja, não ter preferência no
acesso de conteúdo. Agora, obrigar todo mundo a oferecer o mesmo serviço não tem
amparo na realidade. Na energia elétrica, telefonia, todo mundo tem acesso a um
serviço diferenciado com preço diferenciado”, disse o deputado.
Foi apoiado por Eduardo Levy, executivo do Sindicato Nacional das Empresas de
Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil).
“Não podemos ter ofertas ilimitadas”, afirmou Levy. “Pelo atual projeto
poderemos ter apenas uma oferta única, que inviabilizará a gerência da rede e a
oferta de serviço pré-pago de banda larga”, continuou.
Levy garante que, como proposto o Marco Civil vai aumentar os custos ao
consumidor. E impedir que os usuários com menos recursos tenham acesso à larga,
já que os valores gastos pelo serviço deverão aumentar muito. “Ofertamos hoje a
possibilidade de inclusão com ofertas de menos de R$ 1 por dia, sendo que a
qualidade já é garantida com padrões mínimos estabelecidos pela Anatel. Isso
acabará com o projeto da forma como está hoje”, alertou.
Segundo o executivo, há recursos suficientes no mercado para suprir a demanda de
infraestrutura, caso o projeto seja aprovado como está hoje. “Os R$ 25 bilhões
aplicados pelo setor hoje não são infinitos. As ofertas são limitadas. A rede
não é infinita – quem usa mais deve pagar mais, como é com a água, como é com a
luz”, defendeu.
Ambos foram contestados por outros deputados, por convidados da sociedade civil
e pelo próprio relator.
Velocidades diferentes
Segundo o deputado Paulo Henrique Lustosa (PP-CE) e o relator do Marco Civil,
deputado Alessandro Molon, o texto atual não impede a contratação de pacotes com
velocidades diferentes. “Mas não tem nenhum artigo do substitutivo que diga que
possa haver velocidade diferenciada. Do jeito que está o projeto, proíbe sim”,
rebateu Eduardo Alves. “Se não tem nada, nenhuma referência proibindo, então não
é necessário ter nenhuma referência liberando, porque todo legislador sabe que o
que não está proibido, está automaticamente liberado”, disse Molon.
Segundo o relator, “o que o marco civil proíbe é que, dentro do 1 mega ou dos 10
mega que eu pago, o provedor diga como vou usá-los”. “É preconceito contra os
pobres estabelecer que eles só vão poder receber ou enviar e-mail, por exemplo”,
provocou.
Princípio de neutralidade
Vários deputados e convidados manifestaram-se favoráveis também ao princípio de
neutralidade colocado no texto, com raras exceções.
“Enquanto no mundo inteiro tenta-se mudar o jeito que a internet funciona, o
marco civil garante que a internet continue como é. Ao tentarem quebrar a
neutralidade eles [representantes da operadoras] querem criar uma internet para
ricos e outra para pobres. Não pode existir uma internet para ricos e uma
internet para pobres”, disse Sergio Amadeu, conselheiro do Comitê Gestor da
Internet. Para isso, segundo ele, é preciso manter o princípio da neutralidade
de rede no texto.
“Aceitar a quebra da neutralidade é violar princípios de isonomia e de não
discriminação previstos na Constituição e na Lei Geral de Telecomunicações”,
disse advogada Flávia Lefevre, que é integrante do Conselho Consultivo da
Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.
Usando a mesma analogia do serviço de energia elétrica, Pedro Ekman, do
Intervozes, explicou que a neutralidade trata tão somente de garantir que o
provedor de serviço não possa definir que tipo de aparelho o consumidor vai
conectar à rede, se apenas uma lâmpada ou um ar condicionado. Em outras
palavras, quem controla a infraestrutura de internet, tem que ser neutro em
relação ao conteúdo. “Não pode fazer negócios comerciais com conteúdos e decidir
qual conteúdo tem prioridade e qual não tem. Se puderem fazer isso, o consumidor
vai ficar à mercê da decisão comercial dessas empresas com outras”, disse.
Demi Getschko, presidente do NIC.br e conselheiro do Comitê Gestor da Internet
foi ainda mais didático: “O Marco Civil é um projeto que não tenta consertar
nada na Internet, mas que tenta prevenir futuras doenças. É uma vacina contra
coisas que não estão sendo feitas de mal, mas que podem ser feitas. Não vai
impedir nada do que está sendo feito hoje, porque não há nada errado no que está
sendo feito hoje”, referindo-se ao modelo de negócio dos provedores de conexão.
“Se você é mensalista de um estacionamento, você paga pela vaga independente se
você está usando uma hora por dia, duas horas ou trinta horas. Mas se você
estiver usando a zona azul, aí você terá uma tarifação cronometrada, por
taxímetro, tempo. São modelos de negócio diferentes, de origens diferentes, mas
que têm que ser neutros entre si. Assim como a banda larga fixa e a banda larga
móvel. Telefonia celular tem taxímetro. Internet fixa não tem taxímetro, tem
banda. São conceitos que convivem perfeitamente bem”, explica Demi. “Mas ao
deixar que um deles polua o outro, entramos nessa zona de espectros, de
fantasmas, que não nos leva a lugar nenhum, a não ser continuarmos a discutir
isso indefinidamente”.
Portanto, na opinião de Demi, “neutralidade não tem nada de oculto, nada de
anormal. “Deveríamos ser todos a favor dela”, conclui.
Na opinião de vários deputados e convidados para o debate da Comissão Geral, o
princípio de neutralidade de rede deve ser o que provocará mais debates entre os
deputados, até à votação, na semana que vem. E o que deve motivar maior número
de manobras e emendas.
Eduardo Cunha já avisou que o PMDB vai apresentar em Plenário destaque para que
seja votado o projeto original, e não o substitutivo. E que que o PMDB já
apresentou emendas e pretende levar o tema à discussão no Plenário. “O PMDB tem
a sua posição, e ela será expressa em Plenário. Se vamos ganhar ou perder, é um
detalhe do processo”.
Último a falar durante o debate, Molon fez um apelo aos deputados que votem o
substitutivo, aprovando a neutralidade, já que nas suas contas, durante a
comissão geral, 18 dos 28 convidados manifestaram apoio integral à proposta; 7
tiveram objeções pontuais; e 3 foram contrários à neutralidade da rede tal qual
está no relatório. E discutam apenas as divergências pontuais.
“Nossa principal tarefa, na votação do projeto na semana que vem, será separar
assunto por assunto”, afirmou Molon. “Não vamos confundir discussões específicas
com a discussão sobre os pontos principais da proposta – e o ponto principal é a
neutralidade”, completou. Ele disse que conta inclusive com os votos da oposição
para aprovar este ponto.
Molon salientou que, além da neutralidade de rede, os outros pilares do marco
civil da internet são a liberdade da expressão e a garantia da privacidade do
usuário.
Privacidade e guarda de logs
Por várias vezes Molon ouviu críticas ao fato da proposta não obrigar os
provedores de serviços na internet (como Google e Facebook) a guardar os
registros de acessos a aplicativos.
Na opinião de João Vianey Xavier Filho, representante da Polícia Federal, o
dispositivo que prevê que o provedor de internet responsável pela guarda de
dados pessoais do usuário e do registro de acesso a aplicações de internet só
será obrigado a disponibilizar essas informações mediante ordem judicial pode
prejudicar a investigação policial. Parecia desconhecer o texto final, divulgado
na noite anterior, que incluiu no artigo 10 o parágrafo terceiro (“O disposto no
caput não impede o acesso, pelas autoridades administrativas que detenham
competência legal para a sua requisição, aos dados cadastrais que informem
qualificação pessoal, filiação e endereço, na forma da lei”).
Hoje, segundo o delegado, a legislação já garante que o delegado e o Ministério
Público tenham acesso a dados cadastrais do investigado, mantidos por empresas
telefônicas e provedores de internet. “Somos demandados diariamente para
investigar condutas ilícitas na internet. Para isso, precisamos ter acesso ao
dono da conexão responsável por determinado acesso”, explicou. “É uma demanda
simples, que será judicializada se esse texto for aprovado”, completou.
Para o delegado, o acesso da Polícia Federal a esses dados sem necessidade de
ordem judicial não afetaria a intimidade, “já que são dados cadastrais simples”.
Já o representante da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal
Carlos Eduardo Miguel Sobral criticou o artigo que prevê que os provedores de
conexão à internet deverão guardar os logs do usuário (dados de conexão, que
incluem endereço IP, data e hora do início e término da conexão) por apenas 1
ano. De acordo com Sobral, acordo com telefônicas, feito em 2008, prevê a guarda
de logs por três anos, o que vem sendo cumprindo até hoje. “A redução para um
ano pode prejudicar a investigação de crimes”, disse.
O delegado, assim como representante do Instituto Brasileiro de Peritos,
Giuliano Giova, também criticaram o fato de o texto não obrigar também os
provedores de serviços na internet a guardar os logs de acesso a aplicativos.
Para ele, não apenas provedores de conexão, mas também provedores de serviços,
como Google e Facebook, deveriam ter essa obrigação.
“Se obrigamos todos os provedores de aplicação a guardarem os registros de
acesso a aplicativos, isso facilitaria a investigação criminal, mas geraria peso
muito grande para os pequenos provedores de aplicações na rede, como os
blogueiros”, rebateu Molon. “No texto, o sigilo é a regra, e a exceção é a
guarda de toda a navegação do usuário a partir da ordem judicial”, completou.
Molon ressaltou ainda que outras regras contidas no Marco Civil também vão
fortalecer a privacidade dos internautas brasileiros. Pelo texto, quando os
provedores de aplicativos de internet guardarem os registros de navegação dos
internautas e seus dados pessoais, deverão deixar isso claro para o usuário.
“Hoje a navegação dos brasileiros é gravada, analisada e vendida, e isso passa a
ser coibido”, afirmou o relator.
Data centers
Em relação à obrigatoriedade de instalação de datas centers no Brasil, Molon
afirmou que o ponto é importante para se mostrar claramente a outras nações e
empresas transnacionais que o Brasil é contrário ao monitoramento de dados dos
seus usuários. E explicou mais uma vez que a inclusão no Marco Civil, além de
atender a um pedido da presidente Dilma Rousseff, foi motivada na provável
demora na tramitação do PL de Proteção de Dados Pessoais, ainda não enviado ao
Congresso pelo Ministério da Justiça. O prazo estimado para aparovação do PL é
de três anos.
De acordo com o texto final do Marco Civil, um decreto do Poder Executivo poderá
determinar essa obrigação. Eduardo Cunha afirmou que a sua bancada deverá ser
contrária a esse dispositivo. O decreto deverá considerar o porte dos
provedores, seu faturamento no Brasil e a amplitude da oferta do serviço ao
público brasileiro.
O diretor jurídico da Associação Brasileira das Empresas de Software, Antonio
dos Santos, criticou a medida. “Tememos que isso leve que muitos provedores a
não disponibilizar serviços a usuários brasileiros”, afirmou. “Os provedores
podem não querer criar data centers no Brasil, porque o custo de manter esses
bancos de dados no País é muito elevado”, completou.
O deputado João Arruda (PMDB-PR), também. Na opinião de Arruda, ela não resolve
o problema da espionagem no Brasil. “A resposta que a presidente está buscando
envolve investimentos no Serviço Federal de Processamento de Dados, o Serpro .
Os data centers são instalados de acordo com o custo, é uma questão de mercado.
Precisamos, isso sim, criar um ambiente favorável para essas unidades de
processamentos de dados no Brasil, com desonerações”, argumentou, no debate em
Plenário.
O representante da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (Brasscom), Nelson Wortsman, também defendeu que o
governo brasileiro estimula a instalação dos data centers no Brasil e não
obrigue. “Assim, naturalmente o Brasil se tornará atrativo”, acredita.
Molon se mostrou disposto a dialogar a respeito. Esse, com certeza, será outro
ponto que receberá emendas durante a votação.
Remoção de conteúdo
A grande surpresa do debate foi o posicionamento da Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) em relação ao tratamento dado pela texto
final à questão da infração aos direitos autorais e direitos conexos na
internet. “O projeto é oportuno e definidor”, disse, Luis Roberto Antonik,
representando a entidade.
De acordo com o texto do substitutivo, os provedores serão obrigados a remover
conteúdo apenas por ordem judicial e só serão responsabilizados se não cumprirem
essa ordem judicial. Porém, o texto ressalva que esse dispositivo não será
aplicado a infrações a direitos autorais e direitos conexos. Nesses casos,
valerá o que ficar decidido na reforma da Lei de Direitos Autorais, ainda em
fase formulação pelo Poder Executivo. Por enquanto, continua valendo a
legislação atual, que é anterior ao surgimento da internet. Pela jurisprudência
da Justiça, basta uma notificação extrajudicial para que o conteúdo seja
retirado pelo provedor.
A advogada de Direitos Autorais representante do Fórum do Livro e da Literatura,
Mariana Boffino, também defendeu que a infração aos direitos autorais na
internet seja tratada em legislação específica. Posição contrária à defendida
pelos representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD),
Paulo Rosa, e do diretor-geral da Motion Picture Association – América Latina,
Ricardo Castanheira.
Rosa acredita que a necessidade de acesso à Justiça nesses casos deve gerar
danos aos donos de filmes e músicas, por exemplo. “Em todo o mundo civilizado, a
regra é a simples notificação para a retirada”, afirmou. Segundo ele, as
empresas associadas à ABPD emitiram, em 2012, cerca de 20 mil notificações aos
provedores para remoção de conteúdos. Este ano serão cerca de 30 mil. “Em nenhum
desses casos houve reclamação ou contestação. A regra é o atendimento e os
abusos são a exceção. A bem da instituição do direito autoral, esse procedimento
deve ser mantido”.
Próximos passos
Uma nova reunião para discutir o Marco Civil foi marcada para segunda-feira
(11/11), durante um encontro agora, no fim do dia, entre os líderes da base
governista e os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, das Relações
Institucionais, Ideli Salvatti.
“O governo avalia esse relatório como bom, e estamos dialogando com a base
governista na perspectiva de verificar a possibilidade da sua verificação na
defesa desse projeto”, disse Cardozo à Agência Brasil.
De acordo com Cardozo, serão feitas rodadas de diálogo, tanto na segunda-feira
(11/11) quanto na terça-feira (12/11), para chegar ao maior consenso possível.
“O diálogo com a base é sempre importante, nós defendemos a neutralidade e nós
vamos ouvir e dialogar, embora tenhamos como sólido esse ponto da neutralidade”,
disse.
A intenção do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, é votar o Marco
Civil no Plenário da Câmara na próxima semana. O projeto tramita em regime de
urgência constitucional e tranca a pauta da casa.
-------------------------------------
Leia na Fonte: Band / Colunas
[06/11/13]
O Marco Civil e a Internet dos ricos - Por Mariana Mazza
Hoje foi dia de comissão geral na Câmara dos
Deputados para debater o Marco Civil da Internet. 28 convidados apresentaram
suas visões do projeto, sem contar uma dezena de líderes que também comentaram
os pontos fortes e fracos da proposta relatada pelo deputado Alessandro Molon
(PT/RJ). Foram mais de cinco horas de apresentações. E, apesar de o evento ter
sido sugerido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) - o líder do dissenso neste
tema - , a comissão geral revelou um cenário bastante positivo para quem defende
a neutralidade de redes, considerado o ponto mais polêmico da proposta.
A primeira coisa que ficou claríssima: apenas um único segmento é contrário ao
princípio da neutralidade de redes como está posto no texto. Adivinhem qual? As
empresas de telefonia. É claro que as teles alegam que, na verdade, são
favoráveis a este princípio. Na visão das teles é o resto do mundo que não
entende o que ele significa. Nesta esteira, divulgam uma versão do que seria
neutralidade onde elas podem cobrar preços diferenciados para que o consumidor
possa ter acesso a conteúdos específicos sem ferir o tratamento neutro na rede.
Lamento informar mas isso não é neutralidade.
Como vários palestrantes explicaram de forma simples e precisa, para que a
neutralidade seja respeitada todas as informações devem ser trafegadas na rede
de forma equânime. E bloquear quem não tem dinheiro para comprar "pacotes
especiais com acesso a conteúdos específicos é uma forma de descumprir esse
princípio. Uma coisa é a venda de pacotes com velocidade diferenciada quem pode
pagar, tem uma velocidade melhor. Outra bem diferente é seccionar a Internet
pelo conteúdo de interesse, comercializando planos para acesso de e-mails,
vídeos, redes sociais e outras aplicações. Caso essa visão errônea prevaleça,
teremos uma sociedade de castas na Internet. "Nós criaremos uma sociedade onde
só os ricos tem acesso ao conhecimento. Os pobre não", resumiu o deputado
Domingos Sávio (PSDB/MG).
Mas o fato de as teles estarem isoladas nesta briga não diminui o poder e a
influência que este grupo parece exercer sobre o Poder Legislativo. Eduardo
Cunha, líder do PMDB na Câmara, já anunciou que defenderá com unhas e dentes uma
mudança no conceito de neutralidade quando o projeto for à votação,
provavelmente na próxima semana. Um detalhe: Cunha não tem falado apenas em seu
nome, mas pelo "partido", indicando que trabalhará para que o PMDB, segunda
maior bancada na Câmara, vote contra o texto alinhavado por Molon.
No momento mais tenso da comissão geral, o representante do Coletivo Intervozes,
Pedro Ekman, lembrou os parlamentares de que estamos às vésperas de um ano
eleitoral e que eventuais posições contrárias aos interesses da sociedade serão
"lembradas nas urnas. Cunha não gostou. Foi à tribuna, indignado, e rechaçou o
que considerou uma ameaça à livre opinião dos parlamentares. Cunha chegou a
mencionar que, não fosse sua sugestão para a convocação da comissão geral, Ekman
sequer estaria ali para emitir sua opinião. Não compreendo porque a lembrança de
que os eleitores poderão considerar o Marco Civil na hora de decidir seus votos
em 2014 é entendida como uma ameaça e um desrespeito. Cada vez mais temos uma
sociedade consciente do poder da Internet como ferramenta de livre manifestação
do pensamento e de informação. As manifestações de junho, em boa parte
mobilizadas pelas redes sociais, mostram essa realidade. Relembrar aos
parlamentares de que os eleitores devem considerar a posição dos políticos na
hora de decidir se irão reelege-los não é crime algum. É um simples lembrete de
como a democracia funciona.
Cunha afirmou que as entidades civis representam apenas "uma parte da
sociedade". É verdade. Existem organizações econômicas que também compõem esse
organismo chamado "sociedade" e sem dúvida é legítima a defesa de seus
interesses. Mas não é possível colocar na mesma esfera de representatividade uma
entidade civil, que fala em nome de milhões de cidadãos, e uma entidade
patronal, por exemplo, que representa os interesses de um grupo extremamente
pequeno de empresas. As companhias telefônicas continuam tendo todo o direito de
brigar por um modelo que lhes beneficie. Mas o que se espera do Poder
Legislativo é que ele tome decisões que beneficiem a maioria e não pequenos
grupos. Desqualificar a crítica de um representante da sociedade não me parece
um bom caminho para um parlamentar.
Vendo a briga travada hoje lembrei-me do famoso memorando produzido pelo
Citigroup em 2006 defendendo a consolidação da "plutonomia", a economia dos
ricos. No documento, o Citigroup esse velho conhecido do setor de
telecomunicações brasileiro explica como o modelo funciona. "Em uma plutonomia
não existe tal animal como 'o consumidor dos EUA' ou 'o consumidor do Reino
Unido', ou mesmo o 'consumidor russo'. Há consumidores ricos, poucos em número,
mas desproporcionais na gigantesca fatia de renda e consumo que eles tomam. E há
o resto, os 'não-ricos', em multidões, mas que curiosamente só ficam com pequena
fatias do bolo nacional". O memorando comemora como esse sistema tem funcionado
com sucesso pelo mundo todo. Lamenta apenas a demora na consolidação de uma
segunda etapa para um mundo plenamente gerido pelos ricos e em favor dos ricos,
batizada de "plutocracia", que seria o governo dos ricos. Na visão do Citi,
infelizmente o voto dos pobres ainda tem o mesmo peso do voto dos ricos. E essa
equivalência é terrível para os mais abastados, já que eles representam apenas
1% da população mundial.
A ponderação feita por Ekman nada mais faz do que frisar este aspecto. Se o
Congresso Nacional aprovar um Marco Civil que privilegie os ricos em detrimento
dos pobres, os prejudicados podem revidar pelo simples fato de serem maioria nas
urnas. É bem verdade que o apoio de grandes empresas é decisivo nas campanhas
eleitorais. E o tamanho dessas campanhas pode ser a diferença entre ganhar ou
perder nas urnas, especialmente em um cenário de desinformação dos eleitores.
Mas, em um debate sobre Internet, essa ferramenta tão rica no processo de
informação do cidadão, é um erro estratégico menosprezar o impacto sobre os
eleitores de uma eventual medida que cerceie a liberdade de uso da rede.
Apesar de mais uma vez ficar claro que a grande polêmica em torno do Marco Civil
resume-se ao esperneio das empresas de telecomunicações, que querem faturar cada
vez mais com a Internet, ainda assim esse atrito pode jogar por terra todo o
trabalho para construir essa carta de princípios. Sem contar que outras questões
perigosas surgiram nos últimos dias envolvendo as mudanças solicitadas pela
presidente Dilma Rousseff, especialmente nos itens sobre a guarda de dados no
Brasil. A luta agora é para garantir ao menos um texto-base que preserve o
coração do Marco Civil: a neutralidade de redes, sem brechas para que as
empresas manipulem comercialmente o cumprimento dessa regra. Se considerarmos os
discursos feitos hoje pelos parlamentes, a grande maioria da Câmara parece
concordar com os pilares do Marco Civil. Resta saber se, na hora da votação, os
nossos deputados manterão a coerência.
------------------------------
Leia na fonte: Teletime
[06/11/13]
Preocupado com projetos que elevam gastos, pauta trancada é conveniente para o
governo - por Helton Posseti
Embora o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tenha declarado
sua intenção de votar o Marco Civil da Internet na próxima semana, há alguma
chance de isso não acontecer. Hoje o Marco Civil está trancando a pauta da
Câmara, o que significa dizer que nenhuma outra matéria ordinária (MPs e
propostas com pedido de urgência não entram nessa regra) pode ser votada antes
dele, o que até aqui tem sido conveniente para o governo.
A ministra das relações institucionais, Ideli Salvati, deu declarações na última
terça, 5, acerca da preocupação do governo com a aprovação de projetos que
elevam os gastos públicos. Segundo reportagem do Valor Econômico, circula entre
os líderes da base uma lista com 30 projetos deste tipo. "Esses projetos podem
ultrapassar a casa de R$ 60 bilhões ou até mais ao ano", disse ela, de acordo
com reportagem do jornal.
O primeiro da lista seria o projeto de lei que cria o piso salarial nacional
para os agentes comunitários de saúde e de combate a endemias. Segundo a
reportagem do Valor, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estima em R$ 4,4
bilhões por ano o impacto da aprovação do projeto nas contas públicas.
Com a aprovação do Marco Civil, abre-se o caminho para que esses projetos sejam
deliberados pelo Congresso Nacional. Por isso, é conveniente para o governo que
a pauta da Câmara continue trancada. Chama a atenção também o fato de nenhum
representante do Ministério das Comunicações – que se diz apoiador do projeto -
ou da Anatel ter participado da comissão geral desta quarta, 6.
----------------------------
Leia na Fonte:
Tele.Síntese
[06/11/13]
Marco Civil não deverá ser votado este ano, mas continuará trancando a pauta da
Câmara - por Miriam Aquino
A avaliação é de deputados da base aliada do governo
O projeto de lei do Marco Civil da internet não deverá ser votado pelo plenário
da Câmara dos Deputados neste mês ou sequer neste ano de 2013. Esta é a
avaliação de parlamentares de diferentes partidos, mas todos da base do governo,
ouvidos hoje pelo Tele.Síntese. Segundo esses interlocutores, além do
substitutivo apresentado nesta terça-feira, dia 5 de novembro, pelo deputado
Alessandro Molon ter muitas mudanças em relação ao que era conhecido no ano
passado, há uma "pauta bomba" de projetos prontos para serem votados que o
governo não quer a sua votação e que, por isto, não tem interesse em que o Marco
Civil destranque a pauta do parlamento brasileiro.
Os deputados afirmam que, embora o presidente da Câmara, deputado Henrique
Eduardo Alves, tenha anunciado hoje que pretende colocar o projeto para votar na
próxima quarta-feira, dia 13 de novembro, isto não deverá ocorrer.
Primeiramente, porque o próprio Eduardo Alves está com viagem marcada para a
próxima semana, que tem um feriado no dia 15, sexta. Em segundo lugar, porque há
muita discordância na base do governo sobre os demais projetos que estão na
"fila" de votação. Na lista desta " pauta bomba" estão projetos que fixa o piso
nacional para os agentes de saúde (impacto de mais R$ 4,4 bilhões no Orçamento
do governo); o projeto que elimina o fator previdenciário (mais R$ 9,7 bilhões
ao ano); ou o que extingue a contribuição dos aposentados à Previdência Social.
Em terceiro, porque deu-se início hoje à votação do Código de Processo Civil
(que não sofre paralisação devido ao Marco Civil da Internet) quando foi
aprovado o corpo principal do projeto. Mas o diabo está nos destaques, que
começam a ser votados na próxima semana e deverão tomar pelo menos mais cinco
sessões. "O Código também traz muitas polêmicas, e a do Marco Civil acabará se
perdendo até o final do ano", avalia um deputado.
Polêmicas do Marco Civil
Além da neutralidade da rede e da obrigatoriedade da instalação de data center
no país, o pouco tempo para a guarda dos logs - de apenas um ano - foi o outro
item do projeto de Molon que levantou mais críticas, durante os debates de hoje,
principalmente dos integrantes da Polícia Federal e delegados de polícia. Para
esses interlocutores, havia sido acordado, quando da elaboração do projeto pelo
Ministério da Justiça, que a guarda dos logs ocorreria por um período de três
anos, tempo considerado mais razoável pela área de segurança pública para a
investigação criminal.