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16/01/14
• Justiça dos EUA dá fim à neutralidade da rede (que não é bem neutra) - por Altieres Rohr
Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!
01.
Anteontem o José Smolka sugeriu a leitura deste artigo, que está
transcrito no
seu website:
14/01/14
Sugestão de leitura: Federal Court Guts Net Neutrality Rules - by David
Kravets
02.
Tomei a liberdade de acrescentar, após a trasncrição, esta notícia recente:
Leia na Fonte: Convergência Digital
[14/01/14]
Neutralidade: Justiça (USA) nega direito da FCC impor regras para Internet -
por Luís Osvaldo Grossmann
03.
Altieres Rohr, em sua coluna "Segurança
Digital" no G1, também comenta o assunto:
Leia na Fonte: G1 / Coluna "Segurança Digital"
[15/01/14]
Justiça dos EUA dá fim à neutralidade da rede (que não é bem neutra) - por
Altieres Rohr
04.
No texto, Rohr cita uma Coluna de novembro de 2012:
Leia na Fonte: G1 / Coluna "Segurança Digital"
[19/11/12]
Entenda a polêmica com o conceito de ‘neutralidade da rede’ - por Altieres
Rohr
Para facilitar a consulta, ambientação e formação de opinião, todas as matérias
estão transcritas mais abaixo.
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL
Leia na Fonte: G1 / Coluna "Segurança Digital"
[15/01/14]
Justiça dos EUA dá fim à neutralidade da rede (que não é bem neutra) - por
Altieres Rohr
Perfil
Altieres Rohr é Editor do site de segurança
Linha Defensiva, acompanha o mundo dos hackers
e códigos que atacam sistemas informatizados, do supercomputador ao celular.
A coluna "Segurança
Digital" é publicada às terças-feiras no G1,
com um 'pacotão' que responde dúvidas de leitores sobre o tema toda quinta-feira
e um resumo de notícias no final da semana.
Um tribunal federal dos Estados Unidos decidiu em favor da companhia de
telecomunicação Verizon, derrubando as chamadas regras de “neutralidade da rede”
instituídas pelo Federal Communications Commission (FCC), a “Anatel” dos Estados
Unidos, em 2010. Ainda fica a dúvida do que virá a seguir, mas, como toda medida
proativa, as regras de neutralidade da rede foram criadas para resolver um
problema que não existia. Agora, provedores terão liberdade para melhorar a
internet, ou destruí-la, e aí internautas poderão decidir se é preciso uma
regulamentação.
Defensores da neutralidade da rede temem que, sem ela, as companhias de
telefonia passem a priorizar tráfego de uma ou de outra empresa, ou a criar
planos de acesso à internet da mesma forma que a TV a cabo cria planos de
canais: cada plano libera mais canais (sites), até que o plano “top” libere
todos eles. Temem, ainda, que uma empresa possa pagar mais para que seu conteúdo
seja entregue com mais velocidade.
O otimismo excessivo dessa visão desconsidera as questões técnicas básicas do
funcionamento da internet. Esta coluna já explicou. Embora não seja preciso
pagar mais para acessar sites de estrangeiros, para o provedor de internet a
situação não é essa, porque o tráfego internacional costuma ser mais caro. E
mais: um site abrigado fora do país será mais lento que um abrigado próximo ao
internauta que o acessa.
Sites grandes, esses mesmos sites que são os vilões da neutralidade e que podem
adquirir planos de “dados patrocinados” já ofertados nos EUA – em que você pode
acessar um site de graça, sem usar seu plano de dados, e o site cobre esse
custo, como um 0800 da web -, já fazem uso de infraestrutura distribuída que
acelera a navegação e, no todo, diminui os custos de tráfego mundial.
Sites menores, os mesmos prejudicados pela falta de neutralidade, já são
prejudicados quando precisam hospedar fora do país porque é muito caro hospedar
localmente, ou quando adquirem tráfego de segunda categoria, compartilhado entre
muita gente, por ser mais barato.
Não importa a situação, um site que deseja ser visto precisa investir. A
internet não é tão igualitária quanto parece.
Imaginar que os planos de acesso à internet ficarão mais caros para internautas
também é não compreender exatamente quem paga pela web. São as grandes
organizações e sites que pagam boa parte da conta: qualquer coisa abaixo de 15
dólares (R$ 35) por um único Mbps provavelmente é acesso de segunda categoria.
No Brasil, esse valor costuma ser dez vezes maior, com custo de cerca de R$ 0,30
por gigabyte no excedente das franquias (como o custo do megabit é caro,
servidores normalmente trabalham com franquias de acesso).
O problema, claro, reside nos acessos ponto a ponto (P2P). Somente internautas
pagam por esse acesso, e o aumento desse tipo de tráfego pode facilmente
encarecer os planos de internet, já que as estimativas de uso, que resultam no
preço cobrado, serão muito baixas. Isso ocorre com ou sem a neutralidade da
rede, com a diferença que, com a neutralidade, a internet ficaria mais cara para
todos. Agora, é mais provável que quem use mais, pague mais, ou tenha seu
tráfego reduzido (prática já adotada por provedores brasileiros).
Já para os provedores de conteúdo, quem quer acesso realmente barato em longo
prazo faz como o Google: adquire a própria fibra ótica, transforma-se em um
provedor de internet, e “troca” tráfego com outros provedores. Com isso, paga-se
pela diferença de tráfego. Com neutralidade ou sem, é bastante difícil concorrer
com essa situação. Com a neutralidade, porém, só há uma maneira de concorrer:
seguindo a mesma estratégia caríssima.
A neutralidade da rede pode existir como conceito que impede sites de serem
discriminados de algumas formas. Mas não impede a discriminação, e muito menos
transforma automaticamente a web em um mercado mais competitivo. Há muitas
formas, mesmo em uma rede “neutra”, de ser mais rápido que o concorrente. E tudo
envolve dinheiro.
A “solução” da neutralidade, que pouco resolve, é proposta em meio a pedidos
para que as companhias telefônicas melhorem a rede para atender a demanda
crescente. Novamente: quem paga a conta? Não será a margem de lucro das empresas
– a não ser que o governo também adote um limite máximo de lucro.
Em uma internet realmente neutra, internautas teriam de pagar 100% da conta,
dando aos provedores de conteúdo a liberdade de hospedar seus serviços em uma
estrutura igualitária e mais justa possível, de acordo com seu público alvo.
Esse extremo, bastante caro, ninguém em sã consciência sugere.
Sem a neutralidade da rede, provedores norte-americanos devem agora buscar novos
modelos de negócios aproveitando as novas “liberdades”. E aí o mercado, quer
dizer, as pessoas, poderão finalmente decidir se esses modelos são justos e
desejáveis, ou se devem ser, de fato, coibidos por meio de regulamentação.
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Leia na Fonte: Wireled
[14/01/13]
Federal Court Guts Net Neutrality Rules - by David Kravets
A federal appeals court today nullified key provisions of the FCC’s net
neutrality rules, opening the door to a curated approach to internet delivery
that allows broadband providers to block content or applications as they see fit.
The 3-0 decision by the U.S. Court of Appeals for the District of Columbia
Circuit guts much of a 2010 Federal Communications Commission order, in a
challenge brought by Verizon. The nation’s number one mobile provider
successfully argued that the regulatory agency overstepped its authority because
it issued the rules in 2010 without classifying broadband providers as common
carriers, like rank-and-file telcos.
While it’s a nuanced legal argument, the effects are huge.
Here’s the rules that were negated:
*Wireline or fixed broadband providers may not block lawful content,
applications, services, or non-harmful devices. Mobile broadband providers may
not block lawful websites, or block applications that compete with their voice
or video telephony services.
*Fixed broadband providers may not unreasonably discriminate in transmitting
lawful network traffic. That rule, however, does not apply to wireless services.
FCC Chairman Tom Wheeler is mulling whether to continue the litigation. His
options include asking the court to rehear it with the same three judges or with
a larger, en banc panel, or going directly to the Supreme Court.
“We will consider all available options, including those for appeal,” Wheeler
said, “to ensure that these networks on which the internet depends continue to
provide a free and open platform for innovation and expression, and operate in
the interest of all Americans.”
If the decision stands, broadband providers are likely to implement pay-to-play
plans like the one AT&T announced last week — plans that many said violated, at
a minimum, the spirit of net neutrality.
The second largest mobile provider is taking advantage of the data caps it
imposes on subscribers by letting companies sponsor the bandwidth their wares
use. The consumer who enjoys those sponsored services will not have that
broadband count against their monthly data allotment. Sponsorship is not
mandatory — if a company doesn’t pay AT&T, the bandwidth will count against the
user’s cap as always.
However, under today’s ruling, AT&T conceivably could demand that companies like
Netflix or others pay to be carried on their pipes.
The decision could also be a boon for anti-piracy measures. The providers would
be free to throttle BitTorrent traffic or to block file-sharing sites altogether.
“Without high-level rules of the road, or other replacement high-level rules,
the broadband carriers are free to discriminate and block content from consumers,”
Chris Lewis, a vice president at digital rights group Public Knowledge, said in
a telephone interview.
The appeals court ruled that the regulations it nullified are akin to those
assigned to “common carriers,” like brick-and-mortar telephone services, which
are heavily regulated, from everything including rates to interconnections.
“Because the Commission has failed to establish that the anti-discrimination and
anti-blocking rules do not impose per se common carrier obligations, we vacate
those portions of the Open Internet Order,” the appeals court wrote.
Adding broadband providers into the common carrier legal thicket would give the
FCC the power to reinstate the regulations. But doing so could open the door to
regulating the internet in ways that might hamper its progress by mandating
rates, interconnectedness and perhaps even speeds.
Free Press president Craig Aaron said under today’s ruling “broadband providers
will race to turn the open and vibrant Web into something that looks like cable
TV. They’ll establish fast lanes for the few giant companies that can afford to
pay exorbitant tolls and reserve the slow lanes for everyone else.”
The Competitive Enterprise Institute hailed the decision, saying “net neutrality
is another example of over regulation that flies in the face of every proper
tenet of infrastructure wealth creation and expansion of free speech and
consumer welfare.”
For what it’s worth, the appeals court left intact a net-neutrality rule
requiring wireless and wireline broadband providers to disclose the network
management practices, performance characteristics, and commercial terms of their
services.
David Kravets
David Kravets is a WIRED senior staff writer and founder of the fake news site
TheYellowDailyNews.com. He's a dad of two boys and has been a reporter since the
manual typewriter days. His PGP fingerprint is 066F 245D 22A0 7511 B36B CB4F
0F53 B742 5919 4A18.
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Leia na Fonte: Convergência Digital
[14/01/14]
Neutralidade: Justiça (USA) nega direito da FCC impor regras para Internet -
por Luís Osvaldo Grossmann
A corte de apelações de Columbia, nos Estados Unidos, acaba de fortalecer os
argumentos em prol de legislação sobre a neutralidade de rede. Em ação movida
pela operadora Verizon, a corte entendeu que a Comissão Federal de Comunicações
(FCC, semelhante à Anatel no Brasil) não tem poderes para definir regras que
impeçam os provedores acesso de bloquear serviços ou cobrar preferências dos
provedores de conteúdo.
Ou melhor, disse a Justiça que a forma como a FCC resolveu ‘regular’ a
neutralidade não encontra guarida nos poderes que a legislação dá à agência. Daí
ter entendido a corte que “como a Comissão falhou em estabelecer que as regras
antidiscriminação e antibloqueio não impõem, per se, obrigações de ‘portadora
pública’, esvaziamos esse trecho da Ordem de Internet Aberta”.
Aqui cabe uma explicação. Primeiro, ‘portadora pública’ é uma tradução
aproximada para um termo que, na prática, só existe nos países que adotam o
sistema de direito comum, em contraposição às nações de tradição legal
romano-germânica, como o Brasil, na qual valem mais os atos legislativos. O
termo é o common carrier, usado incialmente para transportes de coisas, mas que
nos EUA também vale para as operadoras de telecom.
Por que isso faz diferença? É que em 2010, quando a FCC baixou sua Open Internet
Order e disse que os provedores de acesso à Internet não poderiam discriminar ou
bloquear conteúdo, o fez através de um atalho que, como lembrado pela corte de
apelações, não aplicou o conceito de common carriers aos ISPs. O resumo é que,
dessa forma, não há competência da FCC para dizer o que eles não podem fazer.
Na época da Internet Open Order, mesmo defensores da neutralidade de rede
questionaram muito o que se considerava abuso normativo da FCC. Daí que a
decisão da corte de apelações no caso movido pela Verizon não é nenhuma
surpresa. Até por isso, não se trata de ler o caso como “o fim da neutralidade”.
Mesmo porque a lógica do tribunal é que a FCC não poderia ter feito como fez, e
não necessariamente que não poderia fazer.
O caso ainda pode chegar à Corte Suprema dos EUA – é esperado que a própria FCC
recorra da decisão, mas o mais provável é que a decisão seja mantida. De outra
ponta, a discussão sobre a abrangência do poder normativo da FCC também é capaz
de fazer o Congresso americano a retomar a discussão sobre a necessidade de lei
sobre a neutralidade de rede – apesar da clara divisão partidária sobre o tema
por lá, com Democratas a favor e Republicanos contra.
Para o Brasil, também é molho no debate. Afinal, as teles daqui apontavam para
os EUA como um país onde a questão da neutralidade estava superada com aqueles
princípios da Open Internet Order baixados pela FCC, sem que os americanos
precisassem levar o assunto para uma lei federal. A votação do Marco Civil da
Internet está à espera das 'férias' dos parlamentares e só deverá voltar à mesa
em fevereiro.
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Leia na Fonte: G1 / Coluna "Segurança Digital"
[19/11/12]
Entenda a polêmica com o conceito de ‘neutralidade da rede’ - por Altieres
Rohr
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões,
cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção
de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as
quartas-feiras.
A votação do Marco Civil da Internet foi adiada na semana passada e o conceito
de “neutralidade da rede” foi apontado como principal ponto de divergência no
projeto, que busca definir responsabilidades, deveres e direitos de provedores
de acesso, conteúdo e usuários na internet. A ideia de neutralidade da rede
prevê que todos os pacotes de dados – cada um dos fragmentos que compõem a
comunicação na internet – sejam tratados de forma igualitária. E qual o motivo
da polêmica?
O primeiro é que uma rede 100% “neutra” é menos útil e pode impedir que alguns
serviços funcionem de forma adequada. Existem serviços como chamadas de voz (VoIP)
e videoconferência ou streaming de vídeo que se beneficiam de uma “via rápida”,
privilegiada, para que não existam atrasos na comunicação, enquanto outros usos,
como downloads, não sofrem nenhum problema com atrasos de alguns milissegundos.
O Marco Civil reconhece que a neutralidade tenha de ser deixada de lado em
alguns casos em que ela é uma medida técnica necessária ou de emergência. Mas o
que exatamente é uma medida técnica ou emergencial não é definido no projeto, e
existe uma polêmica em relação a quem terá a responsabilidade de definir isso: o
governo, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou se haverá consulta
ao Comitê Gestor da Internet (CGI.br), algo que era previsto na versão original
do projeto, mas foi removido.
A neutralidade de rede nada tem a ver com a capacidade dos provedores cobrarem
um internauta pela quantidade de dados usados durante a navegação na web, por
exemplo.
O objetivo da neutralidade de rede é impedir que provedores de acesso cobrem
mais para criar essa “via exclusiva” em seus serviços, ou de priorizar um
serviço de TV pela internet próprio, por exemplo. Para os provedores, isso
também significa que há menos possibilidades de comercializar uma conexão. Mas,
além dos problemas comerciais, existe uma realidade técnica bastante complexa.
Neutro, exceto quando não for
Embora a internet seja às vezes chamada de “rede mundial de computadores”, ela é
na verdade a conexão de diversas redes. E essas redes são formadas de
equipamentos, cabos e pessoas – todos reais. Para um internauta, que pode
acessar um site na França, na Rússia, no Canadá – todos ao mesmo tempo, sem
diferença nenhuma aparente, pode parecer que a “internet” é uma coisa só e que a
distância geográfica não importa.
Isso não é verdade.
O acesso a um conteúdo na Rússia ou no Japão, quando feito a partir de uma
cidade brasileira, precisa percorrer longos cabos de fibra ótica – cabos
submarinos, que cruzam os oceanos. E usar essa infraestrutura não é de graça,
mesmo que o internauta não pague a diferença. E, claro, percorrer milhares de
quilômetros em cabos leva tempo.
Na telefonia é comum a oferta de preços especiais para quem faz ligações apenas
para telefones da própria operadora. Na internet, este também é o acesso mais
barato para o provedor – e também o mais rápido.
Isso significa que, se você deseja que pessoas de São Paulo tenham um acesso
mais rápido ao seu conteúdo, isso é fácil: basta alugar um servidor que ficará
alojado em um centro de dados em São Paulo. Detalhe: contratar esse tipo de
serviço no Brasil é muito mais caro do que no exterior. Isso significa que
empresas com melhores condições financeiras já conseguem responder a seus
acessos com mais velocidade, tanto por estarem geograficamente mais próximas,
como por utilizarem sistemas mais rápidos, que aceleram a resposta a um acesso.
Empresas hoje também contam com a possibilidade de criar pontes de alta
velocidade entre filiais e a matriz, usando soluções fornecidas por provedores
de internet que criam uma rota mais rápida e dedicada à empresa contratante.
Essas conexões são muito mais caras e contratadas só quando há grande
necessidade. Provavelmente não é o objetivo do Marco Civil proibi-las.
Nem todas as conexões são iguais
Um acesso de 10 Mbps não é igual a um acesso de 5 Mbps, que também não é igual a
um acesso de 5 Mbps em uma região saturada de clientes. O detalhe é que a
contratação de internet hoje é diferente dependendo da necessidade do cliente.
Conexões de banda larga doméstica possuem uma garantia baixa – normalmente de
10% da velocidade contratada, que agora passará a ser 20% por determinação da
Anatel.
Conexões com garantia acima de 90% custam caríssimo, podendo chegar a mil reais
por megabit no Brasil. Nos Estados Unidos, é possível contratar uma conexão de 1
Gigabit por segundo (1000 Mbps) por menos de 200 dólares – se você não quiser
garantia alguma. Uma conexão com garantia de 99% e ilimitada dificilmente sai
por muito menos de US$ 2 mil para 100 Mbps.
Essas conexões são, de certa forma, “prioritárias”, porque há um contrato que
obriga sua disponibilidade. Mesmo em países como Coreia do Sul e Japão,
conhecidos por terem internet doméstica rápida e barata, um único megabit para
conexão empresarial com alta garantia custa entre 30 e 60 dólares.
Além da rede
A priorização do tráfego vale dentro da rede do provedor de origem. Quando a
conexão abandona o provedor de origem e cai em outro provedor, qualquer
“priorização” é perdida, exceto se houver algum acordo comercial ou técnico para
mantê-la. No entanto, manter essas regras dentro da internet não é simples,
porque hoje a internet tende a procurar o melhor caminho disponível.
É mais fácil priorizar quando as duas “pontas” de uma conexão estão no mesmo
provedor, embora existam provedores de acesso especializados em oferecer
determinados tipos de conexão, que vão acelerar um pouco acessos de outros
provedores também. Esses serviços são oferecidos por vários provedores de
internet, com cabos de fibra próprios.
Com ou sem redes “neutras”, quem tem melhores condições financeiras para pagar
um servidor melhor, um cabo menos saturado e ficar mais próximo (fisicamente) do
internauta terá vantagens. Não importa se o cabo é “neutro” e não prioriza
ninguém se o tráfego que passa por ele já é seleto – e isso é roteamento, não
priorização. Isso já existe hoje: algumas das empresas que oferecem esse
privilégio também têm parceiros com provedores para distribuir geograficamente o
conteúdo, diminuindo custos e acelerando os acessos.
Pelo Marco Civil da Internet, nada disso será ilícito. Tudo vai continuar da
mesma forma. E qualquer regulamentação futura terá de conceder exceções à
neutralidade para as empresas que precisam do acesso prioritário para seu
próprio uso interno (como acesso de sistemas e banco de dados de filiais a uma
matriz). Logo, embora o consumidor seja colocado como o prejudicado pela
neutralidade da rede, o consumidor não precisa (e geralmente não pode nem pagar)
as conexões prioritárias, e mesmo com tudo “neutro”, alguns sites continuarão
sendo carregados mais rápidos do que outros. O que muda realmente é a forma que
isso será feito, e a habilidade das operadoras de cobrar mais de serviços que
utilizam muitos recursos de rede.
A questão toda, para as operadoras de telefonia, é como pagar os investimentos
necessários para atualizar as redes e acompanhar as demandas por consumo, entre
os quais o que mais cresce é vídeo, tanto streaming como sob demanda.