WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Índice de 2014 --> "Post"
Obs: Os links indicados nas transcrições podem ter sido alterados ao longo do tempo. Se for o caso, consulte um site de buscas.
06/07/14
• Espectro de 700 MHz - Matérias recentes
Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!
01.
Atualizei, com matérias recentes,
o website
Espectro de 700 MHz do Portal WirelessBRASIL.
Este website é constituído de uma
Página Inicial, contendo a legislação sobre o tema, um resumo
e um acompanhamento dos principais eventos.
Contém ainda um
Índice de artigos e notícias e uma coleção de transcrições.
02.
Destaco estes textos, transcritos mais abaixo:
Leia na Fonte: Administradores
[30/06/14]
Incertezas podem comprometer leilão dos 700 mhz no Brasil - por Adriano
Fachini
Leia na fonte: Instituto Telecom
[11/06/14]
Licitação do 700 MHz: mais uma oportunidade perdida - por Márcio Patusco
Leia na Fonte: Intervozes
[23/06/14]
Contribuição do Intervozes à consulta da Anatel sobre o leilão da faixa de 700
MHz
03.
Um dos autores, Márcio Patusco, é participante dos Grupos e capitaneou,
na época, um precioso website sobre a
1ª Confecom.
Anoto seu perfil:
Marcio Patusco Lana Lobo é
formado em Engenharia de Telecomunicações pela PUC-RJ em 1973, trabalhou na NEC
do Brasil na implantação da Rede Nacional de Telex da Embratel, e posteriormente
na própria Embratel, onde coordenava o planejamento de introdução de novas
tecnologias. Foi representante brasileiro em reuniões da União Internacional de
Telecomunicações - UIT, e autor do livro RDSI a Infraestrutura para a Sociedade
da Informação. Atualmente atua na Divisão Técnica de Eletrônica e Tecnologia da
Informação - DETI - do Clube de Engenharia e nas Comissões Brasileiras de
Comunicações - CBCs - da Anatel.
04.
Por oportuno, lembro esta matéria já veiculada aqui:
Leia na Fonte: Blog da Flávia Lefèvre
[05/06/14]
Contribuição da PROTESTE à Consulta Pública do Edital para licitação das
frequências dos 700 MHz - por Flávia Lefèvre
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal
WirelessBRASIL
Leia na Fonte: Administradores
[30/06/14]
Incertezas podem comprometer leilão dos 700 mhz no Brasil - por Adriano
Fachini
Adriano Fachini é empresário de telecomunicações e presidente
da Aerbras - Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil.
O leilão da faixa de 700 mhz contém um custo adicional: a limpeza do espectro
que hoje é utilizado pela TV analógica
Em reunião realizada no último dia 26, na Telco, a Telefônica ficou mais próxima
de aumentar sua participação acionária em sua maior rival européia do setor de
telecomunicações. A Telco hoje é sócia da Telecom Itália, controladora da TIM no
Brasil. O processo vem sendo acompanhado pelo CADE e pela Anatel, haja vista a
Telefônica ser impedida de ser majoritária nas empresas controladoras da Vivo e
da TIM, simultaneamente. Como o CADE e a Anatel reagirão face a essa fusão? A
lei antitruste brasileira será cumprida e impedirá essa fusão? A postura das
autoridades brasileiras de um modo ou de outro impactarão o leilão da faixa de
700 mhz.
Enquanto isso na América do Sul, a Nextel se desfez de dois importantes ativos
na Argentina e no Chile. Aqui no Brasil já existe uma parceria com a Vivo, hoje
a maior operadora do país, que aumentou substancialmente sua área de cobertura e
possibilitou o lançamento de pacotes 4G. Com isso, a Nextel Brasil vem se
reposicionando no mercado não mais como uma empresa provedora de
radiocomunicação, mas sim como provedora de serviço de dados. Não obstante a
isso, o caminho natural para a Nextel Brasil é ser vendida ou incorporada por
outra operadora móvel de maior porte, o que provavelmente ocorrerá em breve.
Como ficarão seus clientes de radiocomunicação, ninguém sabe.
Nesse ambiente efervescente de movimentações dos grandes players dentro e fora
do Brasil, o leilão da faixa de 700 MHz, previsto para ocorrer até setembro
deste ano, foi divulgado em Nova York e em Londres semana passada. O ministro
das Comunicações, Paulo Bernardo, lidera a comitiva que conta com integrantes do
Ministério das Comunicações e da Anatel. A iniciativa do governo visa atrair
novos participantes para o mercado brasileiro de telefonia móvel, hoje bastante
cristalizado e com um nível de competição bastante baixo, haja vista o
brasileiro atualmente, segundo dados da UIT, pagar a conta de telefonia móvel
mais cara do mundo.
Embora o governo tenha a seu favor o fato do Brasil ser o terceiro maior mercado
de telefonia móvel do mundo, atrás somente dos EUA e China, é visto com bastante
cautela pelos investidores estrangeiros por diversos fatores. Podemos citar como
o principal deles a mudança de regras que beneficia algumas operadoras em
detrimento de outras.
Por exemplo: a nova política da Anatel do que vem sendo chamado de Uso
Industrial do Espectro. Antes determinadas frequências eram associadas a
determinados serviços. Se por um lado a adaptação de um serviço específico para
outro pode flexibilizar, por outro, as operadoras que pagaram caro em leilões
passados para ter o acesso a uma determinada subfaixa de frequência, agora terão
que concorrer com outras empresas que sequer pagaram pelos canais ou em alguns
casos, pagaram muito pouco.
Tal fato está prestes a se tornar realidade caso a Consulta Pública número 15
seja aprovada nos termos colocados pela Anatel. O assunto é polêmico e sinaliza
que mudanças nas regras podem ocorrer no decorrer do jogo. Ora, para quem
investe bilhões em um leilão somente para entrar no jogo e depois ainda terá que
investir pesado em infraestrutura para concorrer com empresas que já estão
estabelecidas no mercado, isso não é nada animador.
Afora tudo isso, o leilão da faixa de 700 mhz contém um custo adicional: a
limpeza do espectro que hoje é utilizado pela TV analógica. Caberá aos
vencedores do edital indenizar as emissoras de TV hoje usuárias dessa faixa. A
nova TV digital, além do conteúdo da TV aberta, terá interatividade com a
internet 3G por meio do aplicativo Ginga, desenvolvido para possibilitar o
acesso a conteúdos televisivos, muito a contra gosto das concessionárias de TV
aberta que ganharão novos concorrentes. Esse é o cenário de incertezas e
transformações que se desenha às vésperas do leilão da faixa de 700 mhz, que
seja como for será definido em breve.
--------------------------------------------------------------------
Leia na fonte: Instituto Telecom
[11/06/14]
Licitação do 700 MHz: mais uma oportunidade perdida - por Márcio Patusco
O Brasil tem perdido oportunidades importantes para universalizar alguns de seus
serviços de telecomunicações essenciais para a população. À exceção do STFC
(telefonia fixa), que é um serviço prestado em regime público, todos os demais
serviços são prestados em regime privado, ou seja, não têm obrigações de
universalização. Isso traz distorções de atendimento importantes, tanto entre
classes de renda, como entre regiões do país. Como conseqüência, temos um abismo
de inclusão digital que não se tem conseguido superar.
No recente edital de licitação da faixa de 700 MHz, para prestação do serviço
celular 4G, vamos repetir o erro de não colocar metas de cobertura para os
vencedores de uma faixa de frequências das mais importantes para uma melhoria e
abrangência de nosso serviço de banda larga móvel. Aos vencedores do leilão
serão emitidas licenças nacionais de prestação de serviço que não imporão
regras, ficando a decisão ou não de atendimento das diversas regiões do país
inteiramente nas mãos das operadoras. Pode-se depreender perfeitamente destas
condições onde serão os pontos preferenciais para a localização desta
infraestrutura, privilegiando sempre o retorno financeiro, acentuando com isso
as diferenças sociais e regionais que atualmente já temos.
O leilão da faixa de 700 MHz segue um ritual de licenças “verticais”, onde os
vencedores implantam toda a infraestrutura para a prestação do serviço, desde os
protocolos de rede ate os protocolos de distribuição dos sinais, passando pelos
sistemas de back office que dão suporte ao serviço. Cada empresa vencedora da
licitação, prevê-se pelo menos 6 licenças a serem adquiridas, deverá implantar
todos estes sistemas e equipamentos sem compartilhamentos significativos de
infraestrutura. Isso é o que vem sendo feito em todas as licitações por aqui, e
também na grande maioria dos países. Não existiria alternativa mais econômica?
Mais dentro da realidade de países com interesse na universalização do serviço?
Com uma preocupação maior nos custos e na forma de sua efetiva cobrança ao
usuário?
Sim, existe. Essas perguntas vêm sendo respondidas pelo edital de licitação da
mesma faixa de 700 MHz idealizada pelo México. Inicialmente, durante o ano de
2013, os legisladores mexicanos incluíram na Constituição Federal a
conectividade como um direito do cidadão. Criaram um novo órgão regulador, o
Ifetel – Instituto Federal de Telecomunicaciones -, com maiores poderes, e vão
leiloar a faixa de 700 MHz para uma única empresa privada que será responsável
pela instalação da infraestrutura, correspondente aos recursos de rede, cabos,
fibras, antenas, etc., para provimento do serviço no atacado, com obrigações de
cobertura. Esta empresa colocará a sua infraestrutura, a preços estabelecidos
pelo Estado, para ser utilizada por empresas virtuais (MVNOs), na prestação do
serviço no varejo. Estima-se que existirão milhares de empresas virtuais nesse
mercado, desde os tradicionais prestadores de telecomunicações, como também os
prestadores de aplicações OTTs (over the top) que atuarão em nichos específicos,
num ambiente de competição e inovação.
A par do ineditismo técnico de separação da prestação do serviço em camadas de
atacado e varejo, outras duas preocupações se distinguem da implementação em
relação ao modelo brasileiro. Primeiro, o estabelecimento de obrigações de
cobertura à empresa de atacado, fazendo com que esta tenha que atender regiões
onde não haja obrigatoriamente retorno financeiro. E, segundo, o de controle de
custos, de modo a se prover o serviço com modicidade tarifária ao usuário. Estas
preocupações se revelam importantes no sentido de não deixar ao mercado as
soluções de atendimento em uma região onde exista uma dominância de empresas com
poder de mercado significativo, que naturalmente optarão por soluções que
privilegiarão o seu retorno financeiro.
O setor de telecomunicações a cada dia se torna mais dinâmico. Cabe aos
reguladores acompanharem essas mudanças no objetivo de oferecer soluções que
venham beneficiar a sociedade. Não se trata de simplesmente adotar modelos de
outros países que eventualmente não se adequem à nossa realidade, mas de
estudar, discutir e decidir por medidas inovadoras que melhor atendam às
necessidades de um país ainda carente por soluções adequadas à sua população.
Temos discutido pouco os caminhos por onde devem trilhar nossas
telecomunicações. Não existe sequer um fórum onde todos os interessados nesta
discussão possam expor suas idéias. Aliado aos resultados pouco alentadores de
nossa indústria, parece hora de se promover o incentivo a uma discussão aberta
do rumo desse mercado com vistas a alavancar o setor.
----------------------------------------------
Leia na Fonte: Intervozes
[23/06/14]
Contribuição do Intervozes à consulta da Anatel sobre o leilão da faixa de 700
MHz
No último dia 3 de junho, o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
enviou sua contribuição à Consulta Pública aberta pela Anatel para recolher
subsídios em relação ao Edital de Licitação para Autorização de uso de
Radiofrequências na faixa de 708 a 748 MHz e 763 a 803 MHz, associada à
Autorização para prestação do Serviço Móvel Pessoal (SMP). Trata-se de faixa do
espectro destinada à complementação da prestação do serviço de banda larga móvel
na tecnologia LTE (Long Term Evolution).
Na opinião do coletivo, o Edital submetido à consulta pública expressa a
priorização do viés arrecadatório do leilão, desperdiçando oportunidade preciosa
de estabelecer às empresas obrigações relacionadas à ampliação da cobertura e
qualidade do serviço, bem como a redução do preço cobrado dos usuários finais.
Tal priorização está em desacordo com a Portaria 14/2013 do Ministério das
Comunicações, que prevê diretrizes para a aceleração do acesso ao Sistema
Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) e para a ampliação da
disponibilidade de espectro de radiofrequência para atendimento dos objetivos do
Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).
Ao mesmo tempo, a faixa de 700 MHz abrange, hoje, os canais de 52 a 68 do UHF,
destinados, em sua maioria, à TV aberta, na qual estão alocados também canais de
emissoras do campo público. No entanto, a política de mudança da alocação da
faixa mencionada retirará essas emissoras dos canais já consignados, sem uma
clareza até o presente momento de que haverá espaço para elas e para novos
canais do campo público, como aqueles de emissoras já existentes.
Em função deste cenário, o Intervozes apresentou sugestões à agência reguladora,
na expectativa de ver tais problemas solucionados previamente à realização do
leilão da faixa de 700 MHz, previsto para agosto deste ano.
Confira abaixo a íntegra da contribuição enviada à Anatel.
Anexo – Contribuição à Proposta de Edital de Licitação para Autorização de uso
de Radiofrequências na faixa de 708 a 748 MHz e 763 a 803 MHz, associada à
Autorização para prestação do Serviço Móvel Pessoal – SMP.
1. Obrigações de investimentos pelas operadoras vencedoras do leilão
A Lei 12.965/2014, o recentemente aprovado Marco Civil da Internet, explicita em
seu art. 7º que o acesso à Internet é essencial ao exercício da cidadania e
prevê a todos o direito a esse acesso no art. 4º, I. Compreensão semelhante da
relevância do acesso à Internet se verifica da Portaria 14/2013 do Ministério
das Comunicações, que prevê diretrizes para a licitação da faixa do espectro ora
em discussão. Assim é que já nas considerações iniciais da Portaria se apresenta
o que reproduzimos abaixo:
“O MINISTRO DE ESTADO DAS COMUNICAÇÕES, no uso das atribuições que lhe confere o
inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição,
considerando o disposto no Decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, que institui
o Programa Nacional de Banda Larga – PNBL, e no Decreto nº 5.820, de 29 de junho
de 2006, que dispõe sobre a implantação do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital Terrestre – SBTVD-T;
considerando a necessidade de expansão da infraestrutura dos serviços de
telecomunicações e de radiodifusão no País, com constante adequação à evolução
tecnológica e em harmonia com a busca de maior desenvolvimento social;
(…)
considerando a importância e a oportunidade de promover a redução do custo e a
ampliação do acesso à banda larga, bem como a aceleração do uso e da cobertura
do SBTVD-T, resolve:
Art. 1º – Estabelecer diretrizes para a aceleração do acesso ao Sistema
Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – SBTVD-T e para a ampliação da
disponibilidade de espectro de radiofrequência para atendimento dos objetivos do
Programa Nacional de Banda Larga – PNBL”.
O artigo seguinte determina à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que
inicie os procedimentos administrativos para a verificação da atribuição,
destinação e distribuição da faixa de 698 MHz a 806 MHz para o atendimento dos
objetivos do PNBL, uma vez que atualmente ela é utilizada para a prestação do
serviço de radiodifusão e que tais transmissões não podem ser comprometidas. Já
o art. 3º dispõe que, constatada a viabilidade, o leilão dessa faixa do espectro
deverá considerar, entre outros, os seguintes princípios:
“II – aceleração da cobertura de grandes regiões, zonas de periferia urbana e
áreas remotas, com banda larga móvel de quarta geração;
III – incentivo à ampliação da infraestrutura de transporte de telecomunicações
de alta capacidade em fibra óptica em todo o País, em especial nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste;
IV – crescimento da demanda de serviços de banda larga móvel por setores de
segurança e de infraestrutura, a expansão da cobertura de serviços em rodovias e
o atendimento aos grandes eventos internacionais, em especial os Jogos Olímpicos
e Paraolímpicos”.
Apesar dessas disposições legais e regulamentares, a proposta de Edital
submetida à consulta pública não apresenta obrigações que envolvam qualquer das
possibilidades seguintes: ampliação da cobertura do serviço; aceleração do
atendimento dos compromissos de abrangência do Edital para a faixa de 2,5 GHz;
ampliação da capacidade de rede para a prestação do serviço; redução dos preços
ao usuário final praticados no Serviço Móvel Pessoal, em especial no que se
refere ao acesso à Internet em alta velocidade.
Algumas delas constam como condicionamentos para que as operadoras, se quiserem,
utilizem outra faixa de radiofrequência para atender os compromissos de
abrangência delimitados no Edital da faixa de 2,5 GHz. Tais condicionamentos não
serão aplicados caso a operadora se utilize de outras faixas, inclusive a faixa
de 700 MHz, para complementar sua cobertura nos municípios em que o compromisso
já tenha sido cumprido. Assim, os condicionamentos podem se aplicar ou não, a
depender da decisão da empresa.
Esses condicionamentos estão detalhados no Anexo II-B da proposta de Edital, que
trata dos compromissos e condições de uso da faixa de radiofrequências de 700
MHz. O item 18.1 prevê que caso as operadoras vencedoras do leilão de 2,5 GHz
utilizem qualquer outra faixa de frequência para cumprir as metas estabelecidas
nesse leilão, elas deverão atender os compromissos de abrangência previstos para
o atendimento de áreas rurais por meio da faixa de 450 MHz (item 4 e subitens do
Anexo II-B do Edital de Licitação 004/2012/PVCP/SPV – ANATEL).
Outro condicionamento se encontra no item 18.2 do Edital, estabelecendo a
obrigação de provimento de capacidade de rede de transporte de dados com taxa de
transmissão de, no mínimo: (a) 500 Mbps para cada Estação Radio Base que
utilizar quaisquer faixas de radiofrequências destinadas ao cumprimento dos
Compromissos de Abrangência até 31 de dezembro de 2016; e (b) 1 Gbps para cada
Estação Radio Base que utilizar quaisquer faixas de radiofrequências destinadas
ao cumprimento dos Compromissos de Abrangência até 31 de dezembro de 2019.
Não há, portanto, a previsão obrigatória de novas metas. Há condicionamentos
para a utilização de outras faixas de radiofrequência para o atendimento dos
compromissos de abrangência assumidos na licitação da faixa de 2,5 GHz, caso as
operadoras optem por fazê-lo.
Neste sentido, a proposta de Edital ora em consulta pública parte do
entendimento de que a combinação das metas dos leilões de 2,5 GHz e 450 MHz são
suficientes para garantir boa cobertura, qualidade, oferta do serviço em
condições acessíveis e em cronograma de atendimento que atende às necessidades
da população. O Intervozes se opõe a essa compreensão.
O cronograma de metas de cobertura do leilão da faixa de 2,5 GHz vai até
dezembro de 2019. A totalidade dos municípios entre 30 mil e 100 mil habitantes
deverá estar atendida com LTE até dezembro de 2017. Já a totalidade dos
municípios abaixo de 30 mil habitantes será contemplada apenas em dezembro de
2019, estando a primeira etapa, referente ao atendimento a 30% dos municípios
abaixo de 30 mil habitantes, definida somente para dezembro de 2017. Segundo o
edital da faixa de 2,5 GHz, esses municípios deverão ser atendidos por meio
dessa faixa ou com oferta de tecnologia equivalente ou superior ao 3G.
Com relação às metas rurais estabelecidas no leilão da faixa de 450 MHz, as
obrigações estão muito aquém das necessidades das populações dessas áreas no que
se refere ao acesso à Internet. Aprofundando o fosso entre cidade e campo, as
obrigações da faixa de 450 MHz, destinadas a todas as áreas compreendidas no
raio de 30 Km dos limites da localidade sede municipal, referem-se à oferta de
conexões de 256 Kbps, com 250 MB de franquia de dados, até dezembro de 2015.
Essas conexões devem ser elevadas para 1 Mbps, com 500 MB de franquia, até
dezembro de 2017. As obrigações não precisam necessariamente ser atendidas por
SMP.
Em ambos os casos, tanto na faixa de 2,5 GHz quanto na faixa de 450 MHz,
consideram-se cumpridas as obrigações com a cobertura de 80% da área objeto da
obrigação. Assim, sempre se permite que uma parcela de 20% dessas áreas fique
sem cobertura. Até o momento também nenhum leilão de radiofrequência para a
prestação do SMP envolveu obrigações de atendimento de estradas e rodovias,
lacuna expressamente mencionada na Portaria n. 14/2013.
Ainda, interessa registrar que às operadoras vencedoras dos lotes nacionais do
leilão de 2,5 GHz também foram alocadas parcelas da faixa de 450 MHz com as já
citadas obrigações de atendimento à área rural. Desse modo, os grupos Claro,
Vivo, Oi e Tim já devem cumprir metas em relação à área rural, em moldes
semelhantes ao que é colocado como condicionamento no item 18.1 do Anexo II-B da
proposta de Edital para a licitação da faixa de 700 MHz. Embora não fiquem muito
explícitas, as obrigações adicionais que poderiam ser exigíveis na hipótese da
aplicação do condicionamento presente no item 18.1 seriam: (i) o atendimento das
metas rurais necessariamente com SMP; (ii) o atendimento das metas rurais em
âmbito nacional no caso dos lotes 1 a 4 da faixa de 700 MHz (ressalvando que no
lote 4 há 89 municípios que não estão incluídos), abrangendo área maior do que
as localidades cobertas pela divisão de lotes no leilão da faixa de 450 MHz – o
que poderia aumentar a quantidade de prestadores de banda larga na área rural.
Por outro lado, caso algum dos lotes do leilão da faixa de 700 MHz seja
arrematado por um novo prestador, isto é, por uma operadora que não tenha
obrigações decorrentes da licitação da faixa de 2,5 GHz, esse novo prestador não
terá nenhuma obrigação de cobertura para o Serviço Móvel Pessoal. Será
praticamente a venda do direito de uso de uma relevante faixa do espectro de
radiofrequências sem qualquer meta de atendimento fixada a esse prestador.
Se a desconsideração do interesse público chama a atenção no caso de novos
prestadores, o mesmo deve ocorrer para aqueles que já possuem obrigações
decorrentes do leilão da faixa de 2,5 GHz + faixa de 450 MHz. O intervalo de
frequências entre 698 MHz e 806 MHz, aqui considerado como “faixa de 700 MHz”,
para a Região em que se inclui o Brasil, foi internacionalmente definido pela
UIT (União Internacional de Telecomunicações) para a transmissão móvel de dados.
Tal definição reduz a insegurança em torno da utilização da faixa, facilitando
também a disponibilidade de equipamentos, por um preço melhor, destinados à
prestação do serviço móvel de dados nessas frequências. Além disso, as
características da faixa de 700 MHz permite a cobertura mais ampla de áreas,
inclusive remotas, com uma quantidade menor de estações se comparadas às
características das frequências mais altas do espectro, como a faixa de 2,5 GHz.
Trata-se do desperdício de uma oportunidade preciosa a realização do leilão da
faixa de 700 MHz sem (I) o estabelecimento de obrigações relacionadas à
aceleração das metas do leilão de 2,5 GHz com uso de tecnologia superior ao 3G
(e não equivalente) e ampliação da cobertura para além dos 80%; (II) a melhoria
das pífias metas delimitadas no leilão da faixa de 450 MHz para as áreas rurais;
(III) a previsão de determinações relacionadas à cobertura de estradas e
rodovias; e (IV) a definição de obrigações relacionadas a preço, reduzindo os
valores dos planos de banda larga móvel, em especial aqueles que possuem maiores
franquias de dados.
Mais do que desperdício de oportunidade, a proposta de Edital ora em discussão
está em contradição com os princípios para o uso da faixa de 700 MHz aprovados
pelo Ministério das Comunicações e vai na direção oposta ao tratamento do acesso
à Internet como um serviço essencial ao exercício da cidadania, o que é
reconhecido no Marco Civil da Internet. O leilão que poderia se constituir como
marco na ampliação da inclusão digital no Brasil, em termos de cobertura,
qualidade e preço, tem como prioridade a arrecadação de fundos para o Tesouro
Nacional. O Governo Federal espera arrecadar nesse leilão mais de R$ 7 bilhões
(para além dos recursos que serão destinados ao ressarcimento dos radiodifusores).
Recursos que ao invés de serem investidos no acesso à banda larga pela população
através da determinação de obrigações para as operadoras no Edital de licitação,
serão absorvidos pelos cofres públicos sem destinação definida.
Essa opção do Poder Público reproduz a problemática lógica de administração dos
fundos públicos ligados ao setor de telecomunicações. Anualmente, bilhões são
arrecadados para o FUST, o FUNTTEL e o FISTEL. Contudo, em geral esses recursos
não são destinados nem para a universalização dos serviços essenciais de
telecomunicações, nem para o desenvolvimento tecnológico das telecomunicações,
tampouco para a fiscalização dos serviços pela Anatel, havendo constante
contingenciamento desses recursos para que a meta de superávit primário seja
atingida.
O aspecto profundamente negativo da opção do Poder Público em priorizar a
arrecadação no leilão da faixa de 700 MHz se agrava ainda mais pelo fato de o
Governo Federal não tratar os serviços de telecomunicações associados ao acesso
à banda larga, em especial o SCM, como serviços essenciais. Assim, o
estabelecimento de obrigações razoáveis para a oferta de banda larga pelas
operadoras de telecomunicações termina sendo feito por meio dos leilões de
radiofrequência. Trata-se de destinação compatível com a concepção do espectro
como bem público, também em razão de ser recurso escasso (art. 157 da Lei Geral
de Telecomunicações). Entretanto, a prioridade do leilão da faixa de 700 MHz
expressa na proposta de Edital submetida à consulta pública não é o acesso à
banda larga de qualidade pela população.
O Intervozes vem, assim, apresentar a sua crítica veemente à opção arrecadatória
tomada pelo Governo Federal e pela Anatel, solicitando que o enfoque prioritário
desse leilão seja revisto para estabelecer obrigações às operadoras de
telecomunicações que tenham em vista os pontos I a IV apresentados acima.
A priorização da inclusão digital da população brasileira passa, ainda, pela
reserva ao Poder Público de bloco de espectro maior do que está sendo previsto
nesse Edital (referente ao bloco de 703 a 708 MHz e 758 a 763 MHz),
possibilitando o seu uso para políticas públicas de acesso e uso da Internet. Em
2006, a Comissão Interamericana de Telecomunicações (CITEL) adotou os intervalos
764-776 MHz e 794-806 MHz para uso governamental. Não é necessário que o Brasil
adote a mesma divisão, mas o Intervozes defende que o ordenamento da faixa de
700 MHz garanta um bloco maior ou um intervalo adicional para uso público, tendo
o propósito específico de promoção de políticas públicas.
Portanto, no que diz respeito à prestação do SMP e à banda larga, a contribuição
do Intervozes para o Edital da faixa de 700 MHz reivindica que:
a) O Governo Federal e a Anatel revejam a prioridade arredacatória da licitação
da faixa de 700 MHz, para exigir das operadoras obrigações de investimento no
sentido de: (I) acelerar as metas do leilão de 2,5 GHz com uso de tecnologia
superior ao 3G (e não equivalente) e ampliar a cobertura do serviço para além
dos 80% da área objeto da meta; (II) melhorar as pífias metas delimitadas no
leilão da faixa de 450 MHz; (III) ampliar a cobertura de estradas e rodovias; e
(IV) reduzir os preços dos planos de banda larga móvel, em especial daqueles que
possuem maiores franquias de dados.
b) Reservar bloco maior do espectro ou intervalo adicional (de no mínimo 5 MHz +
5 MHz) para uso público, com o propósito de promover políticas públicas de
acesso e uso da Internet.
2. Recanalização da radiodifusão de sons e imagens
Um segundo aspecto acerca do qual o Intervozes gostaria de fazer sua
contribuição a esta consulta pública diz respeito à destinação dos canais de
televisão que hoje encontram-se alocados na faixa a ser licitada.
Atualmente, os canais de 52 a 68 do UHF, destinados, em sua maioria, à TV
aberta, entre eles os canais de emissoras do campo público, a exemplo das
emissoras do Poder Legislativo, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), das
universidades e o nascente canal da Cidadania, encontram-se alocados na faixa de
708 a 748 MHz e 763 a 803 MHz. A Norma Geral para Execução dos Serviços de
Televisão Pública Digital nº 01/2009, aprovada pela Portaria nº 24 de 11 de
fevereiro de 2009, do Ministério das Comunicações, estabelece, por exemplo, que
os canais de 60 a 68 do espectro serão destinados exclusivamente aos Serviços de
Televisão e de Retransmissão de Televisão Pública Digital.
No entanto, a política de mudança da alocação da faixa mencionada retirará essas
emissoras dos canais já consignados, sem uma definição precisa até o presente
momento de para onde as mesmas serão transferidas. Até o último dia para o
recebimento de contribuições desta consulta pública, não haviam sido tornados
públicos os planos de canalização que mostram a realocação de todas as emissoras
públicas que hoje se encontram na faixa de 708 a 748 MHz e 763 a 803 MHz.
Tampouco existe a previsão de regulamento, norma ou portaria que defina a
prioridade entre canais de geradoras com licença de radiodifusão, canais
secundários e canais de emissoras públicas no momento da recanalização da
radiofusão para outra faixa do espectro.
O mesmo vale para novos canais do campo público, previstos no decreto 5820/2006,
que instituiu o SBTVD-T no país, como os canais da cultura e da educação. Até o
presente momento, não há qualquer garantia – além de declarações dadas por
representantes do Ministério das Comunicações e da Anatel – de que, após o
leilão da faixa em questão, haverá espaço no espectro para a criação de novos
canais do campo público.
A ausência de definição clara da reserva de espectro para o campo público –
medida prevista na Portaria nº 24/2009 e que vai ao encontro do princípio
constitucional de complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal
de comunicação – prejudicará ainda as perspectivas de expansão da Rede
Legislativa de TV, ora em curso, diante da redução de espaço disponível nas
cidades que ainda não contam com canais da TV Câmara e TV Senado.
Vale salientar o quanto a existência do conjunto desses canais na televisão
aberta é relevante à diversidade na programação e à pluralidade dos prestadores
do serviço. E destacar que foi o próprio governo federal que alocou esses canais
na faixa dos 700 MHz, que agora será leiloada. No mínimo, essa questão revela
uma total falta de planejamento de médio-longo prazo por parte do governo
federal, que agora pode ser prejudicial aos canais públicos.
Outro aspecto que merece esclarecimentos por parte da Anatel e do Ministério das
Comunicações é o cronograma desocupação da faixa em questão e, consequentemente,
de ressarcimento e montagem das novas estruturas para as emissoras que serão
obrigadas a mudar de canal. Nas audiências públicas promovidas pela Anatel para
tratar das Consultas Públicas 18 e 19 esse questionamento foi constante entre os
diferentes atores do setor. No caso das emissoras do campo público, tal
informação é ainda mais estratégica, diante do montante de recursos em questão,
cujo impacto é certamente significativo para suas operações.
Neste sentido, uma questão ainda sem resposta é o que ocorrerá com as emissoras
que pretendiam montar após o leilão (portanto, sem previsão de ressarcimento de
investimentos) novas antenas e novos canais e deixarão de fazê-lo porque,
segundo a proposta de edital, não haverá o ressarcimento de tais investimentos.
Tal perspectiva pode levar a um “congelamento” da expansão de canais públicos,
uma vez que o ressarcimento previsto inclui os investimentos somente até a
publicação do edital (agosto/2014) e o pagamento pelas operadoras vencedoras do
leilão à Entidade Administradora do Processo de Redistribuição e Digitalização
de Canais de TV e RTV (EAD) se dará em anos. Não há definição, portanto, de
quando os canais públicos vão começar efetivamente a funcionar nas novas
frequências.
Por fim, ao longo das audiências públicas já citadas, ficou evidente que os
problemas de interferência entre o 4G e a radiodifusão de sons e imagens se
agravam consideravelmente nos televisores que possuem antena interna.
Consideramos que não está claro como os consumidores que se enquadrem nesse caso
serão orientados e auxiliados a prevenir esses problemas. Em especial, se haverá
algum trabalho da EAD no sentido de conduzir um processo de instalação de
antenas externas, o que nos parece recomendável.
Além disso, no que se refere ao auxílio dos usuários para os custos envolvidos
na transição da TV analógica para a digital, o Edital da faixa de 700 MHz prevê
o atendimento das famílias cadastradas no Cadastro Único dos programas do
Governo Federal. Ainda que essas famílias devam ser tratadas com prioridade, há
um número não desprezível de famílias que não se enquadram nos critérios do
Cadastro Único (renda mensal de até ½ salário mínimo por pessoa ou renda mensal
total de até 3 salários mínimos), mas que encontrarão dificuldades financeiras
para adquirir um televisor digital ou adaptar seu equipamento analógico. Pela
proposta de Edital apresentada, essas famílias serão consideradas somente se
houver saldo remanescente no final do projeto de ressarcimento.
Assim, no que diz respeito à recanalização do serviço de radiodifusão de sons e
imagens a partir do leilão da faixa de 700 MHz, a contribuição do Intervozes
para o Edital reivindica que:
a) O Edital só seja publicado quando houver a garantia apresentada publicamente
da mesma quantidade de canais anteriormente garantidos na reserva presente na
Portaria 24, de 2009 (9 canais);
b) O Edital só seja publicado quando for apresentado publicamente quais canais
serão destinados às emissoras prestadoras do Serviço de Televisão Pública
Digital que serão retiradas da faixa objeto do edital em todos os municípios
onde elas já possuem consignações e para os canais previstos no Decreto 5820
(Canal da Cidadania, Canal da Educação, Canal da Cultura);
c) As prestadoras do Serviço de Televisão Pública Digital tenham preferência em
relação aos canais secundários na recanalização;
d) Que ao menos 20% da arrecadação do leilão sejam destinados ao custeio da
implantação da infraestrutura de transmissão para as prestadoras do Serviço de
Televisão Pública Digital;
e) Haja garantia para as prestadoras do serviço de Televisão Pública Digital que
os novos canais dentro da faixa de 13 a 51 sejam consignados a partir do fim do
prazo considerado para efeitos do ressarcimento relativo à retirada das
emissoras da faixa objeto do edital.