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13/06/14

• Artigos e "posts" do jornalista Renato Cruz + 03 textos sobre "Inovação"

Olá, "WirelessBR" e "telecomHall Brasil"!

Estou colecionado os títulos dos textos do jornalista Renato Cruz, no Link, blog de tecnologia do Estadão.

Aqui está a referência no Portal WirelessBRASIL e, mais abaixo, estão transcritas três colunas sobre inovação.

Artigos e "posts" do jornalista Renato Cruz

Renato Cruz - Resumo biográfico [Fonte]

Renato Cruz nasceu em São Paulo (SP) no dia 24 de maio de 1973.
É graduado em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) desde 1995; na mesma instituição obteve os diplomas de Mestrado (2000) e de Doutorado (2006) em Ciências da Comunicação.
Iniciou a carreira em 1996 como colaborador da Revista Nacional de Telecomunicações, veículo impresso e virtual da área de novas tecnologias e ali permaneceu até 2001.
Em seguida foi para o jornal O Estado de S.Paulo onde passou a trabalhar como repórter da área de tecnologia e, posteriormente, a escrever para o caderno Link e o de Economia para os quais produziu inúmeras reportagens e especiais sobre assuntos de novas tecnologias, telecomunicações em geral e negócios do setor.
No veículo, também acumulou o trabalho na reportagem impressa com a atividade de colunista do Blog Estadão, sobre os temas de sua especialidade. No grupo esteve por quase 12 anos cobrindo o gigantesco mundo corporativo das telecomunicações que abrange ainda área do varejo e os relacionamentos com os usuários de novas tecnologias.
Em março de 2006 lançou o Blog do Renato Cruz onde passou a postar os textos e matérias produzidos, além de ampliar os horizontes de cobertura do setor. Mantém o blog no ar atualizado.
No início de 2012 ingressou como professor da graduação em Audiovisual no Centro Universitário Senac. Em dezembro desse mesmo ano voltou a atuar para o jornal O Estado de S.Paulo, dessa vez, como colunista do caderno Economia onde escreve e comenta sobre negócios do setor de telecomunicações e novas tecnologias.
Em 2013 passou a acumular as atividades do impresso, do blog e as aulas no Senac com a atividade de colunista da Rádio Estadão 700 AM; aos ouvintes do veículo informa sobre as novidades do mercado das novas tecnologias.
É autor dos livros O que as empresas podem fazer pela inclusão digital (Ethos/CDI, 2004); TV digital no Brasil: tecnologia versus política (Senac São Paulo, 2008) e O desafio da inovação: a revolução do conhecimento nas empresas brasileiras (Senac São Paulo, 2011). Todas as obras na linha das perspectivas a respeito de inovações tecnológicas.
Foi um dos colaboradores do e-book Para entender as mídias sociais - vol. 2, organizado pela jornalista Ana Brambilla, e lançado pela Editora Globo em março de 2012. O livro eletrônico e gratuito foi produzido com a colaboração voluntária de 37 pesquisadores e profissionais da área. Contato: renato@renatocruz.com

Textos recentes:
08/06/14
A invasão dos robôs
06/06/14
Dinheiro não basta para inovar
01/06/14
Política de tecnologia
25/05/14
De onde vem a inovação
18/05/14
A explosão do vídeo
11/05/14
Barreiras às startups
04/05/14
A lógica das redes sociais
27/04/14
Neutralidade polêmica
23/12/14
Os problemas do Marco Civil

Veja os Textos  anteriores de Renato Cruz
aqui, no Blog, no website ou nas Colunas do Estadão

Um abraço cordial
Helio Rosa
Portal WirelessBRASIL


Transcrições

Leia na Fonte: Coluna de Renato Cruz
[25/05/14]  De onde vem a inovação - por Renato Cruz

Qual é o papel do governo na inovação? Em seu livro The entrepreneurial state (O estado empreendedor), a economista Mariana Mazzucato argumenta que o Estado tem um papel essencial, que vai além do investimento em pesquisa básica e educação e de criar condições favoráveis à atuação da iniciativa privada.

O interessante é que ela utiliza exemplos dos Estados Unidos, país em que predomina a ideia de que o principal papel do governo é sair da frente e deixar o mercado livre. Ela chega a falar que os EUA têm uma política desenvolvimentista oculta, em que os programas de incentivo são pulverizados em vários departamentos e agências governamentais, o que faz com que as pessoas percam a visão geral do que está sendo feito.

Quando fiz uma série de reportagens especiais sobre o Vale do Silício, que concentra várias das principais empresas de tecnologia americanas, muitos entrevistados destacaram o investimento feito pelo governo em projetos de pesquisa em universidades como Stanford e Berkeley, logo depois da Segunda Guerra, para explicar o sucesso da região. Também falaram sobre a estrutura tributária da Califórnia, que incentiva o investimento em empresas nascentes.

Mas a ação do governo não para por aí. Os militares garantiram a compra de quase a totalidade dos chips produzidos pelas empresas americanas nos primeiros anos da indústria de semicondutores.

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa, na sigla em inglês) teve um papel essencial para o setor de tecnologia de informação. Além de financiar projetos, ela fez a ponte entre pesquisadores, empresas e investidores e garantiu contratos no governo. A internet surgiu a partir de um projeto da Darpa.

Mariana Mazzucato argumenta que o “governo empreendedor” tem a responsabilidade de abrir novos mercados e de desenvolvê-los até que a iniciativa privada se sinta segura para investir.

Um capítulo trata da Apple, normalmente apontada como exemplo de trabalho de um empreendedor visionário. Sem desmerecer Steve Jobs, a autora mostra que a empresa não teria acontecido sem investimentos governamentais que deram origem ao serviço de localização GPS, à internet e às baterias de íons de lítio, entre outros.

Antes de abrir o capital, a Apple chegou a receber US$ 500 mil da Continental Illinois Venture Corp., fundo que participava do programa do governo americano de incentivo a pequenas empresas. A assistente virtual Siri surgiu de um projeto no Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI, na sigla em inglês), financiado pela Darpa. A tecnologia de multitoque da FingerWorks, adquirida pela Apple em 2005, foi desenvolvida na Universidade de Delaware, com dinheiro da Fundação Nacional da Ciência (NSF) e da Agência Central de Inteligência (CIA).

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Leia na Fonte: Coluna de Renato Cruz
[01/06/14]  Política de tecnologia - por Renato Cruz

O Brasil está mal em tecnologia e inovação. Quando pensamos nos eletrônicos, temos uma política antiquada, que impõe barreiras ao mercado interno para atrair montagem de produtos finais no País. Existem alguns benefícios, como empregos gerados por aqui e investimento obrigatório em pesquisa, que, na prática, acaba gerando desenvolvimento de software e treinamento de mão de obra.

Os resultados, porém, são ruins para o consumidor e para a própria competitividade da economia brasileira. A tecnologia da informação é hoje insumo básico para qualquer setor econômico, e os celulares e computadores brasileiros estão entre os mais caros do mundo. A indústria instalada aqui não é competitiva, principalmente por causa da carga tributária, de gargalos logísticos e da falta de produção local de componentes.

O iPhone e o iPad, da Apple, são produzidos em Jundiaí, interior de São Paulo, e na China. Em Jundiaí para o Brasil e na China para o restante do mundo. O videogame Xbox, da Microsoft, é fabricado em Manaus e na China. Em Manaus para o Brasil e na China para o restante do mundo. A atual política de eletrônicos não conseguiu criar uma indústria de nível mundial, e somos todos prejudicados.

Existe uma visão consensual de que é difícil mexer nos impostos no Brasil porque muitos setores recebem algum benefício e, na hora de se propor alguma mudança, a oposição de vários grupos é grande, por medo de que esses benefícios se percam.

Só faz sentido proteger uma indústria por tempo limitado, para que ela ganhe força para competir no mercado mundial. No caso brasileiro, essa estratégia de tornar a produção local apta a conquistar outros países ou não existe ou não funciona.

A gente também vê políticas inadequadas e antiquadas em outras áreas da tecnologia. Um exemplo é o Plano de Banda Larga, criado no governo passado e renovado neste governo. O plano sempre foi marcado por objetivos modestos, levar conexões de baixa velocidade a certo número de casas sem que houvesse um acompanhamento mais rígido de metas e objetivos. Sem esse plano a banda larga teria crescido menos? Talvez. Mas, com um plano mais estruturado, seria possível fazer mais? Com certeza.

As pessoas reclamam da má qualidade do serviço de telecomunicações no Brasil, e não existe uma visão de longo prazo de onde se quer chegar com essa infraestrutura essencial. O conceito de universalização que as telecomunicações utilizam até hoje vêm da segunda metade da década de 1990, e diz respeito à telefonia fixa. Os objetivos a serem alcançados são um remendo do que foi definido na época da internet discada.

Neste ano de eleição presidencial, onde está a discussão sobre esses temas?

Regulação

O economista Arthur Barrionuevo e o jurista Pedro Dutra lançaram o livro Direito e Economia das Telecomunicações (Editora Singular), que reúne artigos sobre temas importantes do setor. Em seu conjunto, os textos defendem a livre iniciativa e a livre concorrência nas telecomunicações, e também a autonomia da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Independência

O modelo de agências reguladoras para setores de infraestrutura foi adotado com o objetivo de proteger as políticas setoriais de interesses políticos de curto prazo. Criada em 1997, Anatel tem cinco conselheiros com mandatos não coincidentes, que terminam um por ano. Isso faz com que um presidente eleito só tenha maioria no conselho em seu terceiro ano, e garante ao investidor que não haja mudanças repentinas de política.

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Leia na Fonte: Coluna de Renato Cruz
[06/06/14]  Dinheiro não basta para inovar - por Renato Cruz

Nos últimos anos, o governo tem feito um esforço para financiar a inovação no Brasil.Os empresários vêm se mobilizando em torno do tema, essencial para a competitividade. Os indicadores de inovação,no entanto, avançam muito pouco, quando avançam.Por que isso acontece?

Financiamento é somente um dos componentes necessários para que a inovação deslanche. O governo americano, por exemplo, coloca muito dinheiro em ciência, tecnologia e inovação, por meio de diversas agências e departamentos.

O algoritmo de buscas do Google foi criado quando Larry Page e Sergey Brin faziam doutorado em Stanford, e participavam de um projeto financiado pela National Science Foundation (NSF), agência americana de apoio à pesquisa e à educação. O Vale do Silício surgiu na Califórnia graças a grandes investimentos do governo em pesquisa nas universidades da região depois da Segunda Guerra.

Mas não é só isso. Por aqui, ainda não são comuns projetos que nascem na universidade e se transformam em empresas.O relacionamento entre setor privado e academia tem melhorado recentemente, mas ainda existem muitas incertezas. Uma delas, apontada na durante o evento Fóruns Estadão – Inovação, Infraestrutura e Competitividade, na quarta-feira, diz respeito à propriedade intelectual. As empresas fecham acordo com universidades públicas e depois o acordo acaba sendo contestado na Justiça.

Um fator importante que dificulta a inovação no Brasil é a falta de internacionalização. Se um setor é protegido por impostos de importação, por exemplo, as empresas não precisam ser tão competitivas, e por isso não sentem tanta necessidade de inovar.

Muitas companhias brasileiras são voltadas para dentro, tendo como única ambição atender o mercado interno. É muito diferente do que acontece com as startups americanas. Você visita uma companhia recém-criada por lá,com três pessoas trabalhando, e eles já têm planos de dominar o mundo. As empresas de tecnologia de Israel, até pelo tamanho do país, nascem sempre com pretensões internacionais. Países como Japão, Coreia e agora China tiveram sucesso em criar gigantes globais de tecnologia. Tirando a Embraer, onde estão os nossos?

Uma exceção no cenário brasileiro é a agricultura. Antes da Embrapa, estatal de pesquisas agrícolas, a região do Cerrado era vista como inadequada à produção. Foi com muita tecnologia que as commodities brasileiras se tornaram competitivas no mercado global,apesar de todos os problemas de infraestrutura logística.

Grandes empresas instaladas no País, de capital nacional ou estrangeiro, investem em inovação. Mas a maioria das pequenas e médias está fora desse jogo.Elas consideram o processo de inovação muito caro e incerto, e não se arriscam nem mesmo a tentar.

Existe uma ideia errada de que, para inovar, é necessário desenvolver tecnologia. Mas não. O conhecimento transformado em dinheiro no processo de inovação não precisa ter origem na própria empresa. Ele pode vir da academia, de centros de pesquisa e até de clientes e fornecedores. O importante é o resultado que se tem a partir da tecnologia, e não sua origem.

A burocracia que torna tudo difícil por aqui também paralisa as atividades inovadoras. Existem mecanismos tributários interessantes de apoio à inovação,mas muitas empresas sentem insegurança de usá-los, porque não sabem se esse uso será contestado posteriormente pela fiscalização.

Para inovar, é importante poder errar e tentar de novo. No Brasil, isso é bem mais difícil. O risco que o investidor corre, ao colocar seu dinheiro em uma empresa iniciante, não se limita ao valor desembolsado. Em outros países, se a empresa quebra, ele perde o dinheiro e pronto. No Brasil, pode herdar o passivo da empresa que quebrou, e perder seu patrimônio pessoal para pagar as dívidas que sobraram.

No Vale do Silício, existem empreendedores que criam duas ou três empresas fracassadas antes de seu primeiro sucesso. Por aqui, se quebrar, o empreendedor pode levar muitos anos até conseguir se recuperar.

Para a inovação decolar no Brasil, falta ambiente econômico adequado. E também falta ambição. Tanto das empresas quanto das políticas públicas. Enquanto existir essa mentalidade voltada para dentro, de atender e de proteger o mercado interno, vai ser difícil inovar.