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Fonte: UOL Economia

[23/01/06] 
Brasil Telecom e Oi tentaram colocar o modelo de operadora virtual em prática em 2004   

 SÃO PAULO _ As operadoras de celular Brasil Telecom GSM e Oi (do grupo Telemar) tentaram, em 2004, viabilizar a criação de um consórcio para disputar uma licença de telefonia móvel em São Paulo com um modelo parecido ao das operadoras virtuais conhecidas pela sigla em inglês MVNO.
 
 Ricardo Sacramento, na época presidente da Brasil Telecom GSM e hoje no comando da Amazônia Celular, conta que a idéia era manter duas marcas distintas, "como uma empresa de produtos de consumo", em uma única faixa de freqüência, que seria licitada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) naquele momento.
 
 Para evitar os custos da montagem de uma nova rede no estado, no qual esse consórcio chegaria como quarto entrante _ depois de Vivo, TIM e Claro _ elas pensavam em "comprar no atacado" minutos das operadoras já estabelecidas para revenderem aos seus clientes.
 
 Segundo o executivo, a Anatel "sinalizou que gostaria da idéia", ainda que não tenha firmado nenhum compromisso de autorizar. Na opinião de Sacramento, no entanto, "a agência deverá criar as condições favoráveis" ao surgimento desse tipo de operadora.
 
 Ele conta que o plano de negócios previa a chegada do lucro em cerca de oito anos. "Uma empresa que não está em São Paulo tem uma lacuna enorme. Os grandes clientes corporativos têm suas sedes em São Paulo", comentou.
 
 As duas companhias, entretanto, acabaram não entregando proposta no dia do leilão da Anatel. Sacramento disse que não poderia falar pelo grupo Telemar, mas informou que, no caso da Brasil Telecom GSM, o processo não avançou "porque o momento societário era ruim" na empresa. A companhia, na época gerida pelo Opportunity, já tinha divergências com os demais sócios _ fundos de pensão e Telecom Italia.
 
 Sacramento tem sido um fervoroso defensor do modelo do modelo das MVNOs, ainda que não esteja pessoalmente envolvido em nenhum projeto desse tipo. Em sua palestra na Futurecom, congresso anual de telecomunicações que aconteceu em outubro passado, chegou a se candidatar a ser "o primeiro presidente da primeira MVNO do Brasil", já que estava de saída da Brasil Telecom GSM e ainda não tinha destino profissional acertado.
 
 Segundo Sacramento, as empresas de telecomunicações estão se tornando muito grandes. "Até 2020, só restarão 10 grandes grupos de telecomunicações em todo o mundo, mas alguns nichos de mercado se sentem melhor assistidos quando atendidos por empresas menores, com presença mais local", justificou.
 
 Na sua opinião, o modelo das MVNOs deve enfrentar uma resistência inicial por parte das atuais operadoras. "Mas diante do crescimento esperado para o número de usuários de celular no país nos próximos anos, elas vão preferir ter um grande cliente comprando milhões de minutos para revender a nichos", afirmou.
 
 A estimativa de Sacramento é que o número de usuários de celular no Brasil cresça "apenas 10%" em 2007 e algo como 5% no ano seguinte. "(A opção da MVNO) será uma receita incremental para as atuais operadoras, já que suas redes já estão lá, instaladas", afirmou. Em 2004, o crescimento no número de usuários de celular foi de 41,5% e, em 2005, de 34%, segundo dados da Anatel.  (Taís Fuoco | Valor Online)