WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> MVNO - Mobile Virtual Network Operator --> Índice de artigos e notícias --> 2006
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Rafael Frade é Consultor de Negócios e Tecnologia da Promon.
O mercado de telefonia móvel no Brasil apresentou uma rápida expansão nos
últimos anos, com taxas de crescimento superiores a 30% ao ano, segundo dados da
ANATEL. No entanto, os números observados nos dois primeiros trimestres de 2006
mostram uma aparente desaceleração desta expansão, forçando as operadoras de
telecomunicações a efetuar um ajuste de curso, passando de uma estratégia de
aquisição de clientes para um foco maior na sua retenção e no incentivo à oferta
de serviços mais sofisticados visando aumento do ARPU (Average Revenue per User).
É nesse novo cenário que surgem oportunidades para as MVNOs (Mobile Virtual
Network Operator) - operadoras “virtuais” cujo modelo de negócio baseia-se na
prestação de serviços de comunicação em que a premissa de propriedade de rede
não é obrigatória. Nesse contexto, as MVNOs alugam capacidade de terceiros e
concentram atenção em dimensões como customer care, billing, comercialização,
comunicação e marketing, todasligadas ao relacionamento com os clientes finais.
Tipicamente associam um rol de serviços convencionais a uma marca de grande
apelo para um determinado público alvo e/ou ofertam um “mix” de serviços
diferenciados mais atraentes a nichos específicos de mercado.
A associação de serviços a uma marca possibilita que a operadora virtual,
através de sinergias com a sua operação principal, alavanque-se sobre menores
custos de aquisição de novos clientes – aliados, em tese, a uma maior taxa de
retenção – o que resultaria em um maior valor por cliente no tempo (customer
lifetime value), ampliando assim o horizonte de competitividade. Como exemplos
de MVNOs, cujo modelo tem entre seus principais sustentáculos um reconhecido
brand ligado a conteúdos e serviços, temos empresas como Virgin Mobile, Disney
Mobile e ESPN Mobile. É possível pensar em combinações como, por exemplo,
equipes de futebol com grandes torcidas ou mesmo grandes empresas varejistas.
MVNOs que exploram serviços especializados para segmentos de nicho representam
outra instância de formatação do modelo. A Boost Mobile, uma subsidiária da
Sprint Nextel Corporation, é um exemplo de operação que adota como estratégia a
oferta de serviços premium para seus assinantes, em sua maioria jovens,
comercializando músicas e jogos que utilizam poderosos recursos multimídia e
customizações para rodar em modernos handsets.
Mas, não só novos players podem aproveitar os benefícios de uma rede virtual.
Operadoras sem presença em 100% do território nacional podem entrar em áreas
onde não possuem cobertura sem necessidade de grandes investimentos em
infra-estrutura, utilizando-se do modelo de aluguel de rede. Outros potenciais
beneficiados com o modelo são operadoras triple play (com oferta centrada na
tríade TV + acesso Internet banda larga + telefonia) que poderiam migrar para um
negócio quad play (ie., inserindo telefonia celular ao seu portfólio de
serviços) sem precisar se associar a uma operadora de telefonia móvel, ou seja,
tornando-se ela própria a operadora - neste caso, virtual.
À medida que a penetração de acessos a se aproxima da saturação e com os
devidos avanços na regulamentação, o surgimento e amadurecimento de modelos de
negócio como MVNOs ficam mais próximos da concretização no mercado brasileiro.