WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> MVNO - Mobile Virtual Network Operator --> Índice de artigos e notícias --> 2006
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Fonte: Radialistas-RS
[20/09/06]
O plano
secreto da RBS - por Leonardo Attuch
Circula em sites especializados em comunicação, material publicado pela Istoé
Dinheiro e que revela os planos da RBS de entrar no mercado da telefonia com
marca própria. O material também traz números relativos ao faturamento e
crescimento do Grupo. Dê uma conferida:
A sigla, desconhecida da maioria dos mortais, é a que mais tem sido pronunciada
nos corredores da RBS, o maior grupo de mídia da Região Sul do País, ligado à
Rede Globo. Foi assim na segunda-feira 11, na última reunião do conselho de
administração, comandada por Nelson Sirotsky, o presidente da RBS, e Pedro
Parente, o seu diretor-executivo, que foi chefe da Casa Civil no governo FHC.
Na prática, significa Mobile Virtual Network Operator e, como o próprio nome
indica, trata-se de um operador virtual de telefonia móvel. O plano MVNO da RBS,
que vinha sendo mantido em absoluto sigilo, foi obtido com exclusividade pela
DINHEIRO e prevê a entrada do grupo num novo nicho de atuação: o de telefonia
celular.
Nos três Estados do Sul, esse mercado já é muito disputado e atendido pelas
gigantes Vivo, TIM e Claro. A diferença, agora, é que a RBS não seria apenas
mais uma operadora, no sentido tradicional. Seria uma operadora virtual, que
compraria pacotes de minutos das telefônicas e revenderia, com uma marca
própria, aos seus clientes. Procurados pela DINHEIRO, Sirotsky e Parente
preferiram não comentar nada sobre o projeto, mas não negaram a informação.
O plano faz todo o sentido para uma empresa como a RBS, avalia Virgílio Freire,
que é um dos principais consultores do País na área de telecomunicações.Tem
grande chance de dar certo. BRAINPIX Branson, o pioneiro: Dono da Virgin criou
uma MVNO que virou exemplo de sucesso Elaborado sob medida pela consultoria
McKinsey para a RBS, o documento confidencial obtido pela DINHEIRO foi um dos
últimos esboços do projeto, impresso exatamente às 17h48 do dia 3 de agosto.
O documento diferencia uma operadora tradicional de uma MVNO. Enquanto a
primeira tem de investir fortunas em operação de rede e infra-estrutura, como as
antenas e as estações rádio-base, a segunda cuida apenas da interface com o
cliente, fazendo o marketing do produto e também agregando novos conteúdos.
Para uma empresa de mídia como a RBS, dona de 55 veículos de comunicação, entre
jornais, rádios e emissoras de televisão, há duas vantagens óbvias. A primeira é
a possibilidade de reduzir drasticamente o custo de divulgação com propaganda. A
segunda é a capacidade de oferecer conteúdos exclusivos, como um pacote de
notícias locais e os lances de um Grêmio e Internacional para torcedores
fanáticos. Segundo a Mckinsey, ao firmar uma parceria com as operadoras móveis
tradicionais para revender os minutos, a RBS conseguiria alavancar o valor dos
seus ativos, como as marcas e o conteúdo jornalístico. Além disso, de acordo com
os consultores, fortaleceria a sua ligação com públicos jovens, o que é
estratégico para editoras de jornais que, a cada ano, vêem seu público
envelhecer e essa é uma das questões que mais preocupam Sirotsky, o presidente
da Associação Nacional de Jornais.
O modelo MVNO já foi testado em várias partes do mundo, mas o grande exemplo de
sucesso é o da Virgin Mobile, criada em 1999 pelo bilionário inglês Richard
Branson. Hoje, a empresa tem cinco milhões de clientes no Reino Unido, nos
Estados Unidos,na Austrália e na África do Sul e já foi apontada várias vezes
nesses países como a marca mais admirada no mercado de telefonia celular, mesmo
sem jamais ter investido uma única libra em infra-estrutura de rede. Além disso,
como a Virgin é também uma gravadora, ela tem facilidade para disponibilizar, em
primeira mão, uma série de ringtones musicais aos seus clientes.
Um outro sinal de que o valor da telefonia celular hoje está mais ligado ao
conteúdo do que à engenharia foi a decisão anunciada pela Telecom Italia de se
dividir em duas empresas: uma de banda larga e mídia e outra de infra-estrutura
de telecomunicações.
É a prova de que a RBS caminha na direção correta, diz Virgílio Freire. Há
excesso de oferta de infra-estrutura e escassez de conteúdo de qualidade no
celular. Na prática, o plano MVNO da RBS representa a volta do grupo gaúcho à
área de telefonia. Em junho de 1998, quando a Companhia Rio-Grandense de
Telecomunicações (CRT) foi privatizada, a RBS uniu-se à Telefônica e participou
do consórcio vencedor. Meses depois, quando veio a privatização do Sistema
Telebrás, a RBS pretendia oferecer um lance pela Brasil Telecom, mas foi traída
pela decisão da Telefônica de adquirir a Telesp, o que fez com que a própria
participação na CRT acabasse sendo vendida.
Todos esses movimentos eram decorrentes da intuição da família Sirotsky de que
haveria uma forte convergência entre mídia e telefonia celular. Pedro Parente,
que conduziu algumas privatizações no governo FHC e chegou à RBS em 2003, também
tem sido um entusiasta da idéia. Agora, depois de um forte crescimento do grupo,
que viu o faturamento saltar de R$ 538 milhões para R$ 860 milhões entre 2002 e
2005, o projeto de entrar com tudo na telefonia finalmente amadureceu. R$ 860
milhões é o faturamento anual do grupo RBS, dono de 55 veículos de comunicação
R$ 93 milhões foi o lucro registrado no balanço do último exercício 5 milhões é
a base de clientes da Virgin Mobile, a maior MVNO do mundo.