WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> MVNO - Mobile Virtual Network Operator --> Índice de artigos e notícias --> 2007
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: ITWeb
[08/10/07]
Operadora virtual está distante da regulamentação - por Carlos Eduardo Valim
Está longe de acontecer a regulação para permissão das operadoras móveis
virtuais, empresas que têm marca mas não têm infra-estrutura. A falta de clareza
da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Ministério das
Comunicações sobre o tema e o receio de entrar em atrito com as concessionárias
colocam a discussão longe da pauta de prioridades do governo e, com isso, o
Brasil continua fora de uma tendência mundial.
As MVNO (sigla em inglês para operadora virtual de rede móvel) são empresas,
normalmente vindas de outro setor, que vendem serviços de celular de marca
própria, mas como não possuem rede, alugam a de uma concessionária, pagando por
tempo de uso. Elas colocam novas marcas conhecidas no mercado e aumentam a
competição. Virgin, ESPN e Disney entraram no negócio nos Estados Unidos, com
resultados diversos. A primeira virou o maior sucesso do modelo, enquanto as
outras duas fecharam as portas. Na Europa, esse perfil de operadoras tem tido
mais facilidade.
Segundo o consultor espanhol da Everis, Jesús Martin Tello, um motivo para o
surgimento das virtuais em alguns países foi o interesse da agência reguladora
local em aumentar a competitividade. Mas para se fazer isso é preciso cuidado.
“Quando um país precisa de muito investimento em telecom, a competição pode
baixar margens e as operadoras entendem a mensagem como uma falta de incentivos
para investir”, diz.
No Brasil, o consultor acredita que a chegada do modelo não receberá apoio das
operadoras já instaladas. Apesar de agregarem receita adicional por alugarem a
rede, a competição seria prejudicial devido à baixa receita por usuário (Arpu).
Para não desagradar as empresas, a Anatel estaria evitando discutir o tema.
As características do mercado são decisivas para definir como as operadoras vão
se posicionar frente às virtuais. “Na Europa, elas foram bem recebidas porque
surgiram quando havia penetração de celulares superior a 100% na população. Já
as operadoras americanas não gostaram pois o modelo apareceu quando havia 60%”,
diz Tello.
No Brasil, a penetração ainda nem chegou aos 60%. A maior parte dos celulares é
de pré-pagos e neles a receita média é baixa, de R$ 5 a R$ 7 por mês, afirma o
diretor de regulatório da Vivo, Alberto de Mattos. Para ele, preocupa a inclusão
no edital da consulta pública de terceira geração (3G) a obrigatoriedade de as
operadoras disponibilizarem espectro a qualquer empresa que solicite. “Podemos
(e já fazemos) aluguel de banda entre nós, por determos licenças equivalentes,
mas alugar banda para quem não cumpre as mesmas regras é complicado”, advertiu
Mattos, durante o FutureCom, em Florianópolis.
Aliás o assunto foi pouco comentado durante o evento na última semana, o que
pode ser avaliado como termômetro indicando que o momento é desfavorável para a
chegada desse modelo de negócio. O tema teve destaque em 2006, quando até o
presidente da Brasil Telecom GSM na época, Paulo Sacramento, anunciou que em
2004 sua empresa tentou fazer parceria com a Oi para criar uma MVNO em São
Paulo.
Perguntado se a questão das virtuais deixou a pauta da Anatel, o superintendente
da agência Edilson Ribeiro dos Santos disse que “umas tecnologias pegam e outras
não”. Para ele, a questão teria menores riscos se houvesse resolução para a
desagregação de rede. “Se uma virtual começar a crescer e roubar mercado da
operadora da qual utiliza a rede, ela pode ser boicotada.”
No norte da Europa, as virtuais apareceram sem regulação, com sucesso no Reino
Unido, Noruega e Suécia. Mas a Dinamarca é um caso em que elas prejudicaram o
mercado. “Lá surgiram apenas MVNO de baixo custo e, para competir, as operadoras
de rede pararam seus projetos de 3G”, conta Tello.
Na Bélgica, por outro lado, há maior participação de virtuais, que representam
20% do mercado. E, inclusive, a Base, que era terceira colocada, com fatia de
5%, decidiu comprar virtuais, chegando a 20% do segmento.
A Virgin Mobile, do grupo de Richard Branson, foi a primeira a aparecer, em
1999, e se tornou o maior exemplo mundial, fechando junho com mais de 4,8
milhões de clientes. Ela usava a rede da Sprint e tinha melhor avaliação dos
usuários que a própria operadora de quem dependia para oferecer serviços. “Muito
do seu sucesso se deve a ter conseguido um acordo com a operadora de rede que
hoje seria impossível”, avalia Tello. A Sprint Nextel acabou comprando
participação na MVNO, que há duas semanas, anunciou oferta de ações, que deve
superar os US$ 467,5 milhões.
Não há um modelo único. Cada empresa pode inventar o seu, defende Tello. De
empresas do varejo, como Casas Bahia a companhias aéreas, como Gol e TAM, são
citadas como possíveis candidatas. “Há dois tipos de empresas que se interessam,
aquelas com grande valor de marca, grande base de clientes e canal de
distribuição, e as operadoras fixas que podem criar uma móvel virtual para
chegar ao quadri-play (telefonia fixa, móvel, internet e TV a cabo).”
O certo é que, uma vez regulamentada, a rapidez de surgimento de virtuais é
grande. No Chile, o primeiro país sul-americano a aprovar as MVNO, a expectativa
é que entre seis e oito meses apareça a primeira. Na Espanha, em um ano surgiram
cinco, sete devem estrear até o fim do ano e, em 2008 outras cinco virão.
(Colaborou Thaís Costa)
* O jornalista viajou a convite do FutureCom