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Fonte: Teletime
[02/10/09]
As operadoras virtuais estão para chegar. E agora? - por Petrônio Nogueira,
da Accenture
Embora o cartão na sua carteira seja de uma administradora, o logotipo estampado
nele deve ser de uma empresa de outro segmento de negócios. Entre as
possibilidades estão a bandeira do posto de combustível próximo à sua casa, uma
companhia aérea que tenha um programa de milhas para as suas viagens ou até
mesmo qualquer empresa de varejo.
Da mesma forma, o telefone celular – e a identidade de marca associada aos
serviços oferecidos de voz, dados e vídeo – também poderá ser de uma companhia
com uma atuação não tradicional neste dinâmico setor. A Virgin Group, a Poste
Italiane (Correios Italianos) e a ESPN, entre outros, estão contribuindo para a
expansão de um segmento que não para de inovar. Elas atuam como Mobile Virtual
Network Operators (MVNOs).
Uma operadora de MVNO não tem espectro, rede ou infraestrutura de
telecomunicações. Em contrapartida, para atuar nesse mercado ela traz dois
valores importantes para a atração e retenção de clientes: a sua marca e o
relacionamento já existente com uma base significativa de usuários. Para atuar
como um provedor de serviços de telefonia móvel, a companhia adquire a
capacidade de rede de operadoras móveis tradicionais e oferece serviços para os
seus próprios consumidores.
A Europa liderou o movimento de MVNO na última década e os Estados Unidos também
já investiram nesse mercado. No momento, a alternativa chega aos países
emergentes, como Brasil e Índia. Por aqui, a definição de como será essa
operação será colocada em consulta pública pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) nos próximos meses. Quando regulamentado, o
questionamento do título deste artigo será respondido pelas próprias forças de
mercado que estabelecerão o verdadeiro interesse das empresas entrantes neste
novo modelo de negócios.
O objetivo das MVNOs é focar nos mercados complementares aos atualmente
atendidos e atingir um público que seja uma meta compartilhada com as operadoras
móveis. Com a união de forças, as companhias só têm a ganhar.
Enquanto as primeiras geram uma relação mais intensa do cliente com sua marca e
receita com serviços diferenciados, as segundas ampliam a sua base de usuários e
otimizam a utilização da sua infraestrutura.
Mas como tornar o negócio possível, já que os serviços de telecomunicações não
são o core business das MVNOs? Nesse ponto entram em cena as Mobile Virtual
Network Enablers (MVNEs), que são as responsáveis pela oferta e manutenção de
toda a infraestrutura de TI necessária para o suporte aos processos de negócios
das empresas. Entre as suas funções estão a gestão do relacionamento com os
clientes, o controle do sistema de faturamento, além da configuração dos
aparelhos celulares e dos SIM cards.
Para exemplificar como as empresas podem utilizar as suas capacidades para a
prestação de serviços móveis, um caso de sucesso é o da Poste Italiane. A
companhia de correios italiana anunciou no começo de 2007 a intenção de se
tornar uma MVNO. Com isso, sua estratégia era ampliar o portfólio de serviços
postais e oferecer aplicações financeiras pelo celular.
A operadora virtual PosteMobile permitiu que os usuários realizassem uma série
de atividades facilmente, com segurança e baixo custo. Os clientes, além de
realizar serviços “postais” por celular - como passar um telegrama - podem
controlar e recarregar seus créditos, realizar transferências financeiras e até
pagar contas. Apenas no primeiro mês de operação, a nova empresa atraiu cem mil
usuários, e em dois meses já era a líder em serviços MVNO na Itália. A efetiva
negociação dos serviços de rede e, principalmente, a utilização de um MVNE foram
os fatores críticos de sucesso nesse caso.
A Poste Italiane ainda capacitou seus colaboradores para comercializar serviços
móveis em seus 13,8 mil postos de atendimento, aproveitando-se de sua
capilaridade. Utilizar a rede já estabelecida de relacionamento com os
consumidores e a oferta de funcionalidades diferenciadas também foram decisivos
para o êxito da PosteMobile.
No Brasil, apenas quando a oferta estiver regulamentada será possível avaliar as
possibilidades de mercado e o interesse das empresas e consumidores.
No entanto, as oportunidades de aumento de receita e retenção de clientes sempre
parecem interessantes.
Quando essa corrida começar, ao aproveitar experiências internacionais, as
empresas de varejo, mídia e entretenimento podem sair na dianteira.