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Leia na Fonte:
e-Thesis
[07/12/11]
Convergência de serviços móveis pré e pós pagos e MVNO: dobradinha de sucesso
- por Jana de Paula
O binômio convergência dos serviços de telefonia móvel pré e pós pagos e MVNO
(redes móveis virtuais) cria pelo menos dois fenômenos importantes no mercado
global de telecom. O primeiro é desvelar para as operadoras que atuam em
mercados em fase de saturação um segmento de usuário que, mesmo de baixo ARPU
(percentual de receita por usuário), pode significar novos ganhos. O segundo é a
possibilidade de gerenciamento único dos dois serviços, cuja conseqüente redução
de custos pode ser repassada em novos serviços de valor agregado, a preços mais
acessíveis, ao público de massa. É interessante, também, notar que estes
fenômenos ocorrem simultaneamente nos mercados desenvolvidos (EUA, Canadá e
Europa, por exemplo) e nas economias emergentes, inclusive no Brasil.
Na
conversa por telefone que manteve com o e-Thesis, Renato Osato (foto), CEO da
Amdocs no Brasil, destacou que estes fenômenos ocorrem tanto nos mercados
maduros, onde as assinaturas pós-pagas respondem por 80% do total de
subscrições, contra 20% das pré-pagas, quanto nos mercados emergentes, onde
ocorre exatamente o inverso, ou seja, 80% das assinaturas são pré-pagas. Além
disso, Osato salientou que parte do que se registra, neste segmento, nos
mercados maduros começa a ser transferido para o Brasil.
"Lá fora há vários clientes pedindo às operadoras para migrar de planos pós
pagos para outros, pré pagos; ou há todo um contingente de novos clientes que
ingressam nas bases de assinantes das operadoras através do pré-pago. Há também
forte demanda de clientes que desejam ter parte de sua conta pós-paga, para os
serviços de voz, e parte pré-paga, para serviços de dados e outros, como SMS",
acrescenta Osato.
É claro que neste novo comportamento dos usuários de telefonia móvel dos
mercados maduros há o fator crise econômica, que afeta sua capacidade de gastos
mensais com serviços em geral. Mas, além desta decisão primária de controle das
despesas, há outro fator preponderante. O usuário começa a ver no serviço pré
pago outras características convenientes. Por exemplo, um só usuário quer ter
sua conta própria pós-paga mas quer que a de seus filhos seja pré-paga e, o
principal, que isto seja feito de maneira simples e transparente.
Nos EUA, especificamente, surge um mercado importante que, até há pouco tempo,
era subexplorado pelas operadoras, ou seja, o dos imigrantes. Este usuário pode
não ter renda suficiente para ter aprovado um cadastro de serviço de telefonia
móvel pré-pago. Mas tem dinheiro vivo para carregar seu celular de créditos e,
ao sentir que se ampliam as possibilidades deste serviço, tende a reservar uma
quantia mensal para adquirir créditos regularmente.
"A grande sacada das operadoras dos EUA é atrair este novo grupo de usuários.
Pois se este cliente é de baixo ARPU e significa uma entrada menor de receita,
seu atendimento elimina nas operadoras a gestão de contas a pagar, por exemplo",
avalia Osato.
No Brasil
Esta convergência dos serviços móveis pré e pós pagos começa a ser avaliada com
interesse no Brasil. Embora seu mix de serviços apresente situação oposta ao que
se vê lá fora (a preponderância é dos serviços pré-pagos) a experiência pode ser
aproveitada no mercado local, sobretudo neste momento em que a base de
assinantes já atingiu 100% de penetração. Esta convergência, por exemplo,
permite criar novos pacotes de serviços ‘wallet'. Uma das principais destas
tendências para adoção no mercado brasileiro é a criação de vários ‘bolsos' ou
‘carteiras' de serviços para um único usuário. Ele pode ter dois ‘bolsos'(um de
voz e outro de dados), três bolsos (voz, dados e SMS) etc., de modo a escolher o
que vai consumir e como pretende pagar. "É importante salientar que há soluções
para múltiplos bolsos num ambiente unicamente pré pago ou convergente. O
importante é que neste mundo convergente a chamada do usuário não é previamente
enviada para um sistema que vai detectar se a fatura é pré ou pós paga. No
instante seguinte à chamada feita, ela já está no sistema convergente, que já
detectou esta informação. Assim, a chamada e é controlada e tarifada e, tempo
real", explica Osato.
Segundo o CEO da Amdocs, a convergência traz vantagem para a operadora - que
reduz a quantidade de plataformas a ser gerenciadas - e para o cliente final,
que pode ter serviços de valor adicionado com economia de despesas. No caso da
banda larga móvel que permite uma série de downloads, a fatura pode ser
gerenciada online, pelo usuário. Ele é informado se seu limite de crédito para
dados se esgotou, se vai querer adquirir novos créditos ou se vai optar por
pagar os novos créditos na fatura do pós-pago, no caso de ele ter uma.
Mas, onde as MVNO entram nisso?
Segundo Osato, a convergência dos serviços de telefonia móvel pré e pós pagos
podem Sr o diferencial número um para o nascimento de uma próspera MVNO. Ao
surgir com uma plataforma convergente a MVNO já dispõe de um serviço
diferenciado. "Não se pode esquecer que o fator determinante do sucesso de uma
MOVNO é sua proposta de valor muito específica. Ora a vantagem de uma rede
convergente mais um forte canal de distribuição faz toda a diferença", avalia
Osato.
É o fato de a MVNO já surgir de um forte canal de distribuição, seja este um
banco, uma cadeia de lojas, um grupo de usuários etc., que permite a redução
e/ou diluição de custos que permitem fazer dinheiro. "Em suma, para uma MVNO a
questão principal é como justificar o caso de negócios", completa Osato.
Assim, o CEO da Amdocs vê com otimismo este segmento de mercado, em curto prazo.
"Acreditamos que já no primeiro semestre de 2011 veremos o surgimento de boas
oportunidades de negócios", prevê ele. É claro que muito depende da
possibilidade de um novo entrante após a licitação da Banda H. A possibilidade
de formar parcerias imediatas com MVNOs pode atrair grandes investidores
mundiais, como ocorreu em outros mercados, como o da Alemanha, por exemplo.
Neste ínterim, a Amdocs comemora os contratos no mercado global, fechados em
2010, para a prestação de novos serviços pré-pagos com capacidade avançada de
faturamento em tempo real. Clientes da América do Norte, Ásia e Europa já
adquiriram as novas plataformas da companhia, para suportar perto de 100 milhões
de assinantes pré-pagos. Um exemplo é recém anunciado projeto de rollout de LTE
pré-pago da MetroPCSs, nos EUA, e o lançamento da nova operadora pré-paga
Mobilicity, no Canadá, que montou sua operação de faturamento LTE em cinco
meses. Estes dois contratos da Amdovs seguiram modelos de serviços gerenciados.
A Vesta anunciou, em outubro, uma nova solução de cobrança pré-paga da Amdocs e
hoje, para cobrança em tempo real e capacidades de reabastecimento, para maior
controle da parte do cliente e um banco de dados sobre os níveis de satisfação
de seus consumidores pré-pagos.