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e-Thesis
[01/11/10]
MVNOs trarão agilidade aos serviços de telecom - por Jana de Paula
A finalização do processo de regulamentação das operadoras móveis virtuais (MVNO)
é aguardada com ansiedade no país. A próxima data chave é 4 de novembro próximo,
quando o Conselho Diretor da Anatel deve avaliar a proposta submetida à consulta
pública, com algumas alterações que vêm de encontro aos interesses dos players
deste segmento. Por exemplo, a obrigatoriedade de as empresas credenciadas se
associarem a uma só operadora de origem pode ser revista. Mas, para muitos dos
envolvidos no negócio das MVNO, o importante neste novo mercado que se abre é o
novo ritmo que as credenciadas podem impingir aos novos serviços de telecom. Na
grande maioria oriunda de segmentos alheios às telecomunicações, as candidatas a
MVNO podem trazer uma agilidade nunca vista e ampliar a expertise das operadoras
virtuais móveis, as MNOs.
Em geral, as MVNOs não são de telecom, mas provêm de áreas como varejo e
finanças. Assim, enquanto as MNO estão acostumadas a um ritmo de quatro a cinco
campanhas de vendas por ano, o varejo, por exemplo, tem um pique bastante
diferente. Nos grandes magazines, as campanhas são semanais, senão diárias, o
que tende a transformar a velocidade de reação dos negócios e criar um novo
universo de fidelização e atração da clientela de massa.
Como lembra Renato Osato, principal executivo da Amdocs no Brasil, as grandes
empresas de varejo têm modelos de negócios bastante diferentes dos das MNO.
"Elas não entendem nada de billing, da tecnologia de oferta de serviços móveis,
mas são hábeis em programas de análises e, conectadas à tecnologia de
telecomunicações, podem incrementar todo o business".
Assim, o que se espera de um modelo de negócios de MVNO é a criação de um
produto de telecom com a características do modelo da credenciada. Se ela for da
área de varejo, o produto de telecom virá atrelado às características típicas
deste segmento, ou seja, com muitas aplicações de serviços para as caixas
registradoras, as centrais de estocagem e um programa de fidelização que leve em
conta o ritmo de um mercado de massa
"As candidatas a MVNO da área de varejo não sabem o que é billing, rating etc. É
preciso traduzir suas necessidades em produtos de telecom e, assim, lançar uma
série de serviços sem esquecer de que os resultados são no prazo de dias, poucas
semanas" reforça Osato.
Com duas fortes candidatas à MVNO no país - os grupos Pão de Açúcar e Carrefour
- o segmento de varejo é encarado por Osato como o principal deste mercado no
país. O segundo mercado é o m-banking, para as transferências de fundos. Os
imigrantes que habitam as maiores cidades do país representam, segundo o
executivo, uma demanda reprimida inconteste e que deverá ser alvo de dezenas de
iniciativas das instituições financeiras e de cartão de crédito.
Mas, o modelo de MVNO é de atendimento a nichos e reduzir sua capacidade aos
segmentos de varejo e bancário é subestimar este mercado. Quaisquer nichos com
influência sobre um grande público - como as igrejas e os grupos étnicos - são
fortes candidatos ao credenciamento da rede virtual móvel.
Liudvikas Andriulis, Chief Marketing Officer (CMO) da Effortel, responsável pela
MVNO do Carrefour na Bélgica, nos conta o case da MVNO Daily Telecom, também
administrada pela Effortel, e voltada para a comunidade chinesa da Itália. A
Effortel é uma Mobile Virtual Network Enabler (MVNE) que provê plataforma para
processamento e gerenciamento de serviços para MVNOs e atua ela mesma como uma
MVNO em parceria com o Carrefour, em várias cidades do mundo.
"Os chineses idealizaram a Daily Telecom como uma operadora exclusiva da sua
comunidade na Itália. Através dela é possível enviar mensagens, checar e-mails e
uma série de serviços, todos no idioma mandarim. Até o cadastro dos usuários na
rede é feito no idioma nativo. O sucesso da idéia foi imediato: 90% da
comunidade chinesa na Itália, composta de 500 mil pessoas, já aderiram à rede",
conta Andriulis.
O executivo polonês salienta que outros itens chaves para o sucesso deste tipo
de modelo de operação virtual é que ele seja barato e, a infraestrutura, enxuta.
Ele lembra que algumas das MVNOs gerenciadas pela Effortel têm de dois a três
profissionais para gerenciar toda a rede!
Caso este modelo de rede virtual móvel para comunidades étnicas seja transposto
para o Brasil, será de fazer inveja à Daily Telecom. A comunidade asiática de
São Paulo é quatro vezes maior que a da Itália - 2 milhões de pessoas. Também
está longe de ser reduzida a comunidade de nordestinos que vivem em São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além da necessidade de relacionamento com seus
familiares em suas cidades de origem, a falta de meios fáceis e baratos de
transferência de fundos pessoa a pessoa causa uma enorme dor de cabeça aos
usuários e é visto como um nicho bastante rentável para bancos e administradoras
de cartões de crédito.
Os dois executivos, assim, admitem a ansiedade com os anúncios do governo a
serem feitos em novembro próximo. Além da possibilidade de tornar os serviços de
telefonia móvel acessíveis a um público maior (hoje eles são considerados o 9º
mais caro do mundo) há a possibilidade que se abre com a licitação da Banda H
(3G). Um player que se considere em desvantagem, hoje, pode ver, com a abertura
do negócio de MVNO, uma nova vantagem para atuar no país, acreditam os
executivos.
A cobertura do e-Thesis na Futurecom 2010 foi patrocinada pela Inmarsat